O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 8
A Fuga de West Virgínia




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  Adentramos na porta gigantesca sabendo que iriámos entrar naquela área enorme de uma base mogadoriana com o objetivo de pegar a arca do primeiro Garde que conheço e para ser sincero não foi uma boa primeira impressão. Enfim, segundo a segunda Garde que conheço, essa causou uma ótima impressão, que impressão somos o grupo de ataque mais ridículo de ataque.

            Sandor ajeita o smoking e entra com o fuzil mirando em possíveis alvos mogadorianos que possam estar. Nada está lá, além de um rugido monstruoso que o faz se jogar contra uma rampa de acesso caída para se proteger. Eu e Cinco entramos agora e noto melhor como é a besta mogadoriana.

            Ele é um símio gigantesco com braços longos e aparência agressiva e violenta. Ele ruge e bate com os braços no peito para mim. Esse monstro deve ter uns 15 metros de pé a cabeça e os braços tem mais 8 metros, com certeza não vai ser fácil derrotá-lo. Abaixo dele próximo há uma caldeira com um líquido borbulhante vejo a arca de Cinco próxima dela.

            Areal aparece e ruge de volta para o monstro, eu fico impressionado a sua bravura, mas a besta mogadoriana nem pareceu nota-lo.

— Como vamos derrotar isso? – Cinco me pergunta nervoso.

            Ouço barulhos de tiros. Vejo balas ricochetearem na pele da criatura, alguns locais elas entram, por mais enorme que o monstro seja, ele não é tão forte a ponto de ser blindado para resistir o calibre da arma, ainda mais que conhecendo esse cara, ele provavelmente a modificou a arma para dar algum tipo de dano extra.

— Vai ficar o dia todo dando tiro neles até morrer. – eu falo sincero.

— Eu estou aberto a sugestões, garoto prodígio. – ele fala usando meu apelido antigo.

— Cinco, mesmo sem planos vamos começar a bater nessa coisa feia, não vou ficar aqui deixando a princesa guerreira zoar a gente. – eu começo a correr para o teto da caverna e ativo meu Legado.

            Meu cajado já está em modo de batalha e vejo que Cinco já acabou de virar o garoto mais valioso de toda a história de puro diamante e começa a socar o macaco gigante. O garoto toma um soco e cai em cima de passarela onde deveria ser um caminho de passagem de mogadorianos. Fico preocupado que o Cinco tenha morrido, mas como não sinto nada no tornozelo acredito que ele não tenha morrido.

            Salto sobre o monstro. E aciono o cajado cravando ele no pescoço do monstro. A criatura urra de dor e tenta alcançar até mim, mas não consegue. Sandor aproveita e o acerta com vários tiros, vejo vários acertarem no peito da besta. Areal está transformado em forma de urso com garras gigantes e escala as pernas dele e continua atacando.

Por mais que tentemos, parece que nada está adiantando. O monstro me pega e me arremessa longe. Ouço Sandor gritar meu, mas não me macho ao invés disso uso minha telecinese, para reduzir minha própria queda e começo a correr pelas paredes da caverna.

O monstro me ignora e tenta acerta um alvo mais fácil. Ele usa seu braço monstruoso para esmagar Sandor, meu estômago gela – não, depois disso tudo que fizemos, ele não pode morre. Quando o braço do monstro se choca com o chão ele treme. Quando ele tira o punho do lugar não acho o corpo do meu Cêpan.

Ouço barulhos de tiros vindo do ar e vejo uma água gigante e Sandor em cima dela descarregando um pente inteiro do M-16 no gorila gigante. Vejo outra coisa sair voando e vejo que Cinco se reergueu. Ainda conseguiu manter na forma de diamante mesmo depois da pancada, vejo que o monstro se afastou da caldeira de líquido quente ácido, tenho uma ideia muito louca.

— Cinco! – eu berro para o menino-diamante. – Diamante é o material mais resistente do mundo.

— Idai? – ele diz. – ele se machuca, mas mesmo assim é bem resistente.

            Aponto para a caldeira e ele olha pra mim. E difícil notar a expressão do garoto estando naquela forma, mas posso jurar que vi ele ficar com medo ao notar minha ideia.

— Está louco? E se der errado. – ele berra.

— Não vai! Acredite em mim, vou distrai-lo enquanto você vira nosso míssil assassino de macaco gigante.

— Okay... Que seja! – Cinco berra desesperado indo na direção da caldeira.

            Corro novamente contra o monstro enquanto Sandor sobre Areal me cobre dando tiros na besta. Uso minha velocidade para reduzir minha distância entre minha e a criatura e preparo meu cajado e salto. Aterrisso no braço dele, ele fica balançando alucinadamente para tentar me jogar fora, mas minha antigravidade não me deixa cair, corro no braço dele até chegar no pescoço e soco o queixo do monstro. Ele ruge de raiva, mas mesmo com minha força, mal sente o golpe eu salto sobre ele e cravo meu cajado no olho dele. Dessa vez sim o Monstro grita de dor eu posso ver o desespero dele para me tirar dali.

— Quando quiser Cinco! – Berro.

            O garoto que nem um míssil de verdade da caldeira. E posso ver que ele brilha incandescente na direção da cabeça do gorila, espero até o momento exato e puxo com toda minha força o cajado para fora do olho da besta e salto para o teto na hora me que vejo Cinco atravessar o gorila entrando pela boca e saindo pelo crânio como se fosse de papel.        

            Vou andando até o chão e vejo Areal e Sandor aterrissarem e a Quimera virar um lobo de olhos dourados. Sandor caminha até a arca e pega, noto que Cinco ainda pinga ácido líquido incandescente, mas quando ele retira sua armadura de diamante ela desaparece junto com o ácido e ele fica com a aparência normal de magrelo de calça rasgada sem camisa.

— Consegui Nove... – ele murmura e cai no chão.

            Eu o pego e levanto nas costas. Não queria admitir, mas ele lutou bem. Olho para Sandor e ele sorri, temos muita coisa que conversar e embora eu não queria. Acho que eu não irei me safar por muito tempo dessa conversa.

— Vamos, meu garoto. – ele fala me dando uma tapinha nas costas. – Vamos pra casa...

            Quando ele diz isso, algo dentro de mim. Algo que nunca mais achei que fosse sentir volta, esperança talvez? Uma sensação quente, nem nos meus melhores sonhos no início do meu cativeiro eu achei que seria possível. Caminhamos para a saída da caverna da besta mogadoriana e voltamos para o túnel, só espero não acharmos mais tantos mogs nos detendo.

                                                           Um

            Ainda estamos nos encarando como se nada estivesse acontecendo ao nosso redor, ambos sabemos que não deveríamos estar aqui. As regras da missão eram claras “pegar o magrelo e o cabeludo e meter o pé”, mas eu precisava vê-lo, Adam do futuro sabia disso e agora que estou aqui não posso ir embora sem ele comigo.

— Adam... – começo a falar.

— Um, por favor, não peça isso. – ele fala com uma voz triste.

            Vejo um olhar de tristeza nele. Droga, por que eles têm que ser assim? Tudo bem, são a mesma pessoa, mas caraca, o que custa.

— Você não precisa mais ficar aqui, a Garde já começou a se reunir, sua missão aqui acabou é muito arriscado continuar esqueça esse lugar e venha comigo, por favor Adam. – falo em tom de suplica.

            Me detesto por isso. Eu não tinha entendido porque estava tão forte e determinada nessa missão, meus Legados estavam em perfeita sincronia desde que começamos a lutar aqui, achei que erar o treinamento fazendo efeito. Mas então lembrei das memórias do Adam do futuro olhando o número Quatro, de como ele lutava melhor quando estava perto da humana, aquilo o motivava.

— Um... – Adam murmura, percebo que minhas palavras o atingiram. – Eu sei que a Garde está começando a se reunir agora.... Por isso eu preciso continuar, existem coisas que eu ainda preciso fazer aqui para proteger vocês.

            Proteger a gente? Fico com raiva desse comentário e acho graça. Por que eu via que o Adam do futuro quando não tinha Legado se sentia frágil e fraco. Agora esse aqui parado me olha como se ele mesmo sem nada pudesse resolver todos os problemas da Garde. Eu sorrio, por mais que ele esteja sendo meio louco ao achar isso.

— Adam... Eu... – as palavras ficam presas na minha garganta.

            Vejo que ele começa a se aproximar de mim e me lembro da cena no avião. Quando tudo começo, nós no abraçamos de novo. Adam agora é um pouco mais alto que eu e ficamos assim até que eu me inclino um pouco para cima para olhá-lo e ele me olha a também e nos beijamos. Foi um beijo suava, mas eu começo a chorar por saber o que terei que fazer.

            Ponha a mão na barriga de Adam, mas continuo o beijando mais um pouco. Queiro aproveitar um pouco mais. Ele percebe minhas lágrimas e entende o que farei, mas não toma nenhuma reação. Mando uma pequena Onda Sônica que o joga contra parede e o faz cair inconsciente.

            Me aproximo dele e beijo suavemente seus lábios.

— Me desculpe.... Por favor..., mas eu não posso suportar a ideia de te perder...

            Lembro de Como o número Quatro se comportava por ter perdido a pessoa que amava, como aquilo o devastou. Os mogadorianos são monstros, se eles descobrissem que Adam é um traidor iriam mata-lo e assim eu perderia as duas pessoas que cuidaram de mim além de Hilde, não posso suportar isso, talvez, o Adam do futuro não desaparecesse imediatamente, ele é meio confuso explicando essas coisas de futuro, mas se o Adam do meu tempo morresse, como eu iria saber? Não haveria cicatriz, ele poderia ser torturado por meses, eu nunca saberia onde ele estaria.

            Eu o levanto pela telecineses e saio pelos escombros da porta da sala. E começo a seguir pelo túnel correndo, não aguento mais um segundo nesse lugar, quero ir embora desse lugar e voltar para o bunker, quem sabe dar mais uns beijos no Adam se ele não me odiar. O que seria perfeitamente plausível pelo que acabei de fazer com ele.

            Ouço grito de mogadorianos vindo, mas para minha sorte eles estão virando de um corredor bem longe de mim cerca de cem metros ainda. Para meu azar, eles me viram, assim como eu os vi. Eu fico com raiva, não aguento mais combater esses caras hoje, eles não param de vir, dessa vez eles parecem formigas, se fosse para chutar diria que são uns 50. Eles correm e vejo os da frente pegarem já seus canhões e mirarem em mim. A minha raiva explode e bato com o pé no chão com força.

            Bato com o pé no chão e crio faço o corredor deles tremer e ceder por completo. No início só algumas rachaduras e pedras pequenas caem, mas depois pedras enormes começas a cair e o caos reina. Eles desistiram de tentar me matar e começaram a correr pela sua vida, mas já era tarde quando finalmente me calmo o túnel que eles estavam vindo foi completamente selado por mim, agora é só um monte de pedras amontadas.

            Caminho com meu mogadoriano adormecido por mais alguns corredores, esperando encontrar Sandor e os outros. Eu me sinto horrível por tê-los abandonado, devo ter parecido uma louca. Só por causa do recado que Nove me deu, acho que eu esperava que Adam estivesse junto com eles desde o início.

            Quando estou começando a ver a saída ouço um barulho de porta de metal se abrindo e um rugido com mais sons de tiros – eles não desistem nunca! – Aciono meu Campo de Força pra bloquear os disparos mogadorianos e coloco o corpo desmaiado de Adam a frente. Quando chegamos na saída eu me arremesso para fora ainda bloqueando os disparos com meu Legado e dessa vez eu vou ter que usar toda minha força. Eu penso eu Hilde sendo covardemente assassinada, lembro dos mogadorianos tentando me matar e lembro do futuro vejo toda aquela dor, vejo a número Seis morta na praia, as dores do Adam do futuro, do número Quatro “Eu não quero esse futuro”.

            Eu nunca criei um tremor como esse. Dessa vez foi realmente um terremoto, ouvi barulhos das coisas explodindo na base mogadoriana, berros dos que estavam me perseguindo sendo esmagados, pude sentir as bases dos túneis construídos pelas montanhas cederem. Sorrio para mim mesma, acabou, minha primeira base mogadoriana destruída, será que eles vendem adesivo disso para pôr no carro?

            Meu corpo se deixa levar pelo cansaço e fico de joelhos no chão ofegante. Vou engatinhando até Adam e o ponho no meu colo enquanto tenho de recuperar minhas forças para ir andando até o carro, mas ouço passos de alguém se aproximando. Fico alerta pego minhas luvas, pois não tenho mais forças para usar meus Legados.

            Quando vejo que quem sai do arbusto é um Golden Retrieven de olhos dourados eu relaxo. Areal, ele vem e começa a me lamber, mas depois fica rosnando para Adam até que eu o empurro para longe e depois lhe dou um esporro por isso. Sandor aparece logo atrás do Quimera e me olha e depois olha para a base mogadoriana que começa a sair fumaça de dentro da entrada.

— Você sabia que a gente já tinha saído? – ele me pergunta de um jeito irônico.

— Eu tive uma vaga intuição. – falei dando um sorriso sarcástico.

            Ele olha para Adam no meu colo e revira os olhos. Posso perceber que já deve saber algo do mogadoriano que ajudou Nove a escapar, só não deve saber que é o mesmo Adam que tem nos ajudado.

— Então foi essa sua missão que obrigou a nos deixar efrentar um macaco de 15 metros... – ele murmura. – Ele vai na mala.

            Eu reviro os olhos.

                                                           Nove

            Até na minha cela na base mogadoriana eu me sentia mais confortável do que no carro de Sandor. Não por que ele teve essa ideia brilhante de vir fazer uma missão de resgate num Porshe, mas ela com certeza não foi a ideia mais genial do mundo e ele se recusa a tentar trocar de carro, então eu estou com as pernas quase levantadas porque meus pés estão em cima da arca que está no chão do banco do carona da frente, enquanto as duas outras arcas e o resto das coisas estão na mala. Mas não é tão culpa disso, porque agora temos o passageiro extra mais desejado do momento o Comandante do mal, não tão do mal Adamus Sutekh mogadoriano abalador de corações.

            Olho para traz e o vejo ainda desmaiado com a número Um dormindo em cima do seu peito, não posso evitar de sentir um pouco de inveja desse cara. Ela é muito gata, mas isso é uma guerra e garanto que devem haver outras Gardes gatinhas prontas pra mim. Sorrio ao pensar nisso, ainda mais se o resto dos caras forem que nem Cinco, ele mandou muito bem e também está apagado no carro, então eu sei o que vai rolar agora entrem mim e Sandor.

— Nove.... Precisamos conversar... – ele fala fazendo um esforço.

            Sei que para Sandor esse tipo de demonstração de afeto paternal é difícil e para mim falar disso também é então sempre tentamos ao máximo tentar evitar falar dessas coisas, mas eu sabia que iríamos ter que falar em algum momento. No fundo eu não queria que chegasse.

— Eu lamento se demorei pra te achar... – ele fala e noto um tom triste e melancólico na sua voz.

— Um ano Sandor... – falo mais ríspido que queria.

            Ele para o carro e aproveito para esticar as minhas pernas já doloridas e saio. Meu Cêpan sai também e vem atrás de mim. Estamos em algum de parada turística de paisagem que não tem ninguém, então podemos desabafar à vontade sobre o que quisermos.

— Eu tentei, nunca parei de te procurar. – ele fala e segura meus braços. – Você não sabe o quão foi difícil...

— A com certeza! – eu digo o cortando e o afastando de mim. – De ter sido muito difícil me procurar olhando pro traseiro bonito da número Um

            Percebo que fui longe demais e Sandor me olha irritado.

— Quer me dizer qual foi o motivo de nós termos entrado nessa enrascada e você ser capturado pelos mogadorianos?

            Ele me pega de surpresa. Por mais que eu não quisesse me lembrar, parece que foi em outra vida, ainda lembro de Maddy. A humana que me apaixonei, ela me traiu para ter o pais de volta e depois os mogadorianos a mataram na minha frente a torturam, sei que Sandor tem razão, foi minha culpa.

— A Um me salvou Nove... – ele me revela. – Eu estava tão desesperado que iria direto para uma armadilha mesmo sabendo que seria uma, para minha sorte, ela também estava lá. Ela derrotou os mogadorianos que queriam me capturar. E depois ela me levou para conhecer um cara, ele disse que já tinham uma pessoa inserida dentro da base West Virgínia que iriam te tirar de lá, que era para esperar um pouco.

            Quando ele me revela isso um turbilhão de coisas vem na minha mente. Imagino eu e Sandor sendo torturados juntos, só que ele pode ser morto e os mogadorianos sabem disso, eles iriam usar isso para saber todas as informações de mim. E eu sei que não falaria ele me treinou para isso, eu acabaria tendo que matar ele para lhe poupar o sofrimento

— Obrigado por vir me salvar, Sandor... – digo finalmente, e estou sendo sincero.

            Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que ele iria vir me salvar. Que Sandor iria aparecer, na verdade, eu nunca sonhei que iria sair dali. Nunca me permiti ter essa coisa chamada de esperança. Sempre achei um sentimento humano demais e muito frágil, ainda mais depois que vi a família de Maddy ser brutalmente assassinada, mas hoje fui salvo por meu Cêpan e uma Garde gostosa, eu fui ajudado por um mogadoriano “bonzinho” e levei de brinde um Garde magrelo. Talvez aja esperança nesse mundo.

            Quando percebo, Sandor me abraça. Eu agora sou maior que ele, ele está chorando, que velho emotivo, nunca esperei isso de meu Cêpan. Vejo algo escorrer dos meus olhos, merda não acredito que também estou fazendo isso. Eu jurei que nunca mais faria isso, mas acho que esse momento eu posso.

— Temos que conhecer umas pessoas... – ele diz se afastando de mim e indo para o carro. – Garanto que tem mais Gardes lá.

            Fico perplexo com a revelação. Mas depois lembro que Adam falou que Quatro e Seis estão juntos e começo a ligar os pontos, espero não sermos os últimos a chegar na festa. Queria chegar mais bem arrumado, estou fedendo com uma calça rasgada e sem camisa, estou quase propondo a Sandor para em alguma loja de roupas bacana no caminho quando dou de ombros. Estamos em guerra agora, vou me preocupar com as garotas depois, além disso, o que chama mais a atenção da mulherada que um cara em fuga de uma prisão?

                                                           Quatro

            Vejo que Sarah não me olha muito feliz quando Seis me arrasta para o quarto onde ela estava se recuperando das feridas da batalha na minha escola. O quarto dela era idêntico ao meu – se vamos ficar aqui, pelo menos Adam poderia personalizar cada um deles, sei lá, pôr os nossos números em algum canto da parede.

            Seis ainda está segurando minha mão quando fecha a porta e ficamos os dois lá dentro sozinhos. Não posso evitar de me sentir um pouco desconforto na situação, quer dizer ela é bonita e minha namorada está na sala ao lado é muito estranho, e ela só sussurrou no meu ouvido que precisava falar algo muito urgente no meu ouvido e que tinha que ser em algum lugar privativo.

            Ficamos nos encarando num silêncio constrangedor. Eu fico olhando para seus olhos cinzas que agora estão assumindo uma tonalidade mais azulada por causa da iluminação. Até que ela fala.

— Temos que sair daqui John.

— Hã? Por que? – eu pergunto incrédulo.

— Ele é um mogadoriano. Você percebeu certo? – ela fala revirando os olhos. – Não podemos confiar neles.

— Certo... – eu digo tentando procurar as palavras certas. – Mas Bernie Kosar disse que ele é confiável e temos Maggie e Conrad que confiam nele.

— A Dois? – Seis caminha nervosa para o meio do quarto. – Você reparou nela? Eu ainda não entendi como ela não morreu e só acreditei que ela é uma de nós por causa do Feitiço e dos Legados, mas tem algo muito estranho nisso, como ela está viva John? Por que não nos contam nada?

            Também acho estranho isso. Desde que Adam nos pediu para esperar, já se passaram quatro horas e ainda não tivemos nenhuma resposta, já percebi que até os outros já estão cansados de ouvir as histórias engraçadas de Conrad da época que ele vivia na Escócia ou de jogar vídeo games de guerra. Eu tenho a sensação que Seis está sentindo.

— Você acha que estamos sendo prisioneiros? – eu pergunto.

— E você não? – ela aponta para a parede de aço. – Se isso é de ferro é por alguma razão.

            Não respondo nada e ela continua.

— Quatro. Você deve chamar o seu Cêpan e Bernie Kosar, por mim pode levar até os seus humanos de estimação, mas temos que sair daqui. Isso é uma armadilha. Está na cara que é, não percebe? A Dois pode ter nos traído! Se temos a cicatriz, os mogs podem ter arranjado um jeito de ter forjado a morte dela e...

— Isso é loucura Seis... A Dois se arriscou para me salvar. - eu a corto.

            Vejo que Seis não sabia disso. Ela começa a massagear as têmporas para começar a pensar em outras possibilidades, não sei sua história toda com os mogadorianos, mas posso perceber que deve ter sido bem dolorida. Eu realmente não sei o que fazer.

— O que você vai fazer John? – ela me pergunta, mais como uma intimação. – Eu vim até aqui por que achei que juntos poderíamos procurar os outros.

            Eu vou até Seis e seguro o braço dela. Tenho uma sensação quente que me faz me sentir mal por isso, ainda mais por causa de Sarah. Eu sei tudo que Seis se arriscou por mim, mas eu acho que devemos ficar.

— Mais uma hora Seis. – eu digo com convicção. – Se em mais uma hora, ninguém chegar eu vou com você nem que tenhamos que ir só nós dois.

            Ela concorda com a ideia com um sorriso discreto.

— Uma hora então.

            Saímos do quarto e me sento na mesa de jantar ao lado de Henry e Sarah. Não sei como, mas Adam tem um grande estoque de pizza congelada e um forno então a mesa está cheia disso para comer. Pego uma fatia de calabresa e começo a comer e percebo que Sarah está me olhando feio – sério?

— O que Seis queria?

— Plano de fuga caso isso seja uma armadilha. – eu digo enrolando o resto da pizza e colocando na boca.

— Isso, é uma boa estratégia... – Henry murmura, mas noto um pingo de mágoa na voz. – Na próxima me chamem também, ou pretendiam me largar aqui?

            Me sinto envergonhado. Quase digo que foi exatamente isso que prometi a Seis, mas noto um barulho de elevador. E eu nem sabia que existia um elevador aqui. Ele é escondido, como tudo aqui, ele é branco então não consegui notar. Quando se abre aparece o grupo mais eclético de pessoas que já vi na minha vida.

            Conrad e Mark correm para ajuda-los e Henry vai logo atrás. A primeira pessoa que entra e um garoto forte todo definido com cabelo grande que está todo sujo e cheio de machucados, mas parece não estar se preocupando com isso. Ele carrega um garoto magrelo muito menor que ele nas costas, ambos parecem ter minha idade, ele parece ter feridas em carne viva feitas por ácido. Adam aparece e os guia até um quarto desocupado e Maggie corre junto para ajudar nos primeiros socorros, os dois saem depois não estão em pior estado, mas parecem exaustos. Uma garota loira de pele bronzeada muito bonita carregando no ombro um menino muito pálido, percebo que ela quase não aguenta levantá-lo mais e Conrad a ajuda. Ele olha para o garoto e murmura para a menina e ela simplesmente dá de ombros e sai e por último e mais estanho o homem mais bem vestido que achei que veria hoje, se o terno caríssimo dele não estivesse em frangalhos, mas seus óculos escuros estão intactos. Ele entra e dois drones que carregam arcas lóricas chegam juntos com ele, percebo que ele está carregando uma arca na mão. Ele olha para Henry e sorri.

— Brandon!

— Sandor!

            Os dois se abraçam. Enquanto eu dou olhar cínico para Seis que me olha emburrada.

— Vamos ficar eu digo

— Vamos ficar. – ela repete com má vontade.


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