O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 7
Batalha em West Virgínia




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Nove

— Dá um tempo Cinco! Você vai acreditar mesmo nisso? – eu ainda estou preso pelo braço metálico do garoto.

                Minha raiva só aumenta. Cinco era um chorão até agora que implorava pra viver e quando eu vou matar um mogadoriano ele avança em mim com fúria? Que bastardo traidor. Se ele não me soltar logo eu vou cagar pra todos e vou matar esse moleque junto com o tal de Adamus.

— Você não me ouviu Nove? – Adam fala de novo. – Sandor está lá fora te esperando com a Um para poder tirar vocês daqui.

— Espera... Que eu acredite nisso... – falo com dificuldade, se Cinco continuar desse jeito minha traqueia vai ser esmagada.

— Cinco, largue ele. – Adam fala com uma voz firme e autoritária.

                Sinto um alívio momentâneo, mas o braço de ferro ainda envolve meu pescoço.

— Mas senhor, ele vai tentar te matar assim que soltá-lo. – Cinco fala preocupado com o mogadoriano.

                Senhor? SENHOR? ESSE MERDA TA DE SACANAGEM! I

                Meu sangue ferve agora. Nenhum Garde, ninguém que saiba o que os mogadorianos fizeram com Lorien pode chamar um simples ser dessa maldita raça de você, quanto mais de senhor. Eu não acredito nisso.

— Não vai não. – Adam fala com um sorriso cínico. – Ouça Nove, a Garde precisa de você, é o membro com maior força física e o melhor estrategista, se sacrificar para matar um mogadoriano é idiotice e se você me matar, jamais saberá como desativar o campo de força para sair da base.

                Eu começo a olhar para todos os cantos da base tentando achar algum tipo de botão vermelho que poderia desativar esse tal campo de força.  Não seria tão fácil assim, pelo menos Cinco se afastou de mim e voltou a forma de garoto magrelo quase desnutrido de carne e osso traidor maldito que eu vou quebrar a cara quando sair daqui. Respiro fundo, só posso confiar em Adam, embora ache que isso vai me matar.

— Okay... – falo relutante. - Como saímos daqui?

                Adam sorri com minha aceitação de uma verdade inexorável. Ele é minha única chance de sair – eu quero acreditar que Sandor está lá fora me esperando, mas não direi isso para ele é claro.

Vejo que Adam se aproxima do quadro de um homem horrível que tem uma cicatriz roxa logo abaixo do pescoço. Nem preciso que me digam quem é o feioso. É Setrákus-Ra. Percebo que Cinco sabe quem ele é também, porque estremece um pouco ao ver a imagem daquele cara – pelo menos ele não é fiel a todos os mogadorianos, só à Adam, talvez ele realmente esteja do nosso lado. Ele joga o quadro no chão e a moldura se parte revelando vários sistemas.

— Eu poderia desativar, mas isso delataria a eles que sou um traidor. – Adam fala num tom sombrio. – Cinco, preciso que você destrua o painel de controle com seu Legado de Externa.

— Pode deixa, senhor. – ele fala com presteza.

                Ver Cinco agir como cachorrinho de Adam ainda me dar vontade de vomitar mesmo assim. Realmente terei que ter uma conversa com ele quando saímos daqui.

                Cinco pega uma do bolso uma barra de ferro que deduzo ser a mesma que ele usou para me estrangular quando eu tentei matar Adam. Tenho que admitir que o Legado dele é interessante. Ao se concentrar, o corpo de Cinco começa a absorver as propriedades do ferro e a pele dele começa a escurece e logo depois a ficar reluzente. O garoto está blindado

                Ele se aproxima do sistema de defesas da base mogadoriana e começa a socar o painel. A cada soco ele fica mais destruído, começam a voar engrenagens, fios e alguns parafusos até que finalmente Cinco se cansa. E volta ao estado normal.

— Bom trabalho. – eu digo.

— Valeu. – ele sorri para mim.

— Eu poderia ter destruído isso rápido também se tivesse meu cajado. – digo lembrando nostálgico da minha arca.

— Fiquem amigos depois. – Adam nos adverte.

                Ele se aproxima de mim e me entrega a espada de um dos mogadorianos mortos e dá pra Cinco uma pedra de diamante. Me sinto estranho, ele está arriscando tanto para nós, por mais que despreze os mogs e saiba que eles não fazem nada de graça. Esse mogadoriano parece ter algo de diferente dos outros.

— Por que não vem com a gente? – eu pergunto.

— É perigoso, senhor. – Cinco fala em tom de súplica. – Como irei cumprir a promessa se o senhor ficar aqui?

                Promessa? O que Adam fez com esse garoto?

                Noto que ele se aproxima com uma expressão fraternal para o garoto e sorri.

— Cinco, você está livre. – ele diz. – Não me deve mais nada, lute com seus irmãos da Garde... Agora vá!

                Noto a relutância no garoto. Mas ele concorda, Cinco por mais chorão e bundão que seja tem algo de soldado e uma ordem é uma ordem. Ele abre a porta e fica do lado de fora me esperando para começarmos a correr para nossa liberdade.

— Nove... – ele me chama. – As plantas da base estão com Sandor e Um, peguem a arca de Cinco, ela está protegida por uma piken poderosa, precisará da força de todos juntos para derrota-la, Cinco não é mal Nove, ele só é confuso. Só quer se sentir incluído em algo, seja amigo dele.

                Não sei por que ele me diz isso, começo a me aproximar da porta quando Adam me chama de novo.

— Diga a número Um... Que nós irmeos nos encontrar de novo Nove... Por favor, diga isso a ela.

                Eu êxito antes de sair. O modo como ele falou de um, à uma nota de carinho na voz dele, como se houvesse uma história entre eles dois. Será mesmo que ele e Um? Seria possível? Isso justificaria Adam estar do nosso lado talvez, um mog que ama uma loriena. Parece uma coisa boba dessas que humanos gostam de ler, famílias rivais que os casais se apaixonam e no final os dois morrem Shakespeare.

— Direi... – murmuro.

                Abro a porta e encontro Cinco me esperando. Dou um tapinha nas costas dele e começamos a andar pelo corredor esperando encontrar um batalhão de mogadorianos nos esperando para nos interceptar, mas para minha surpresa. Não tem ninguém ali para me recepcionar. Faço muxoxo, eu esperava mais do início da minha fuga.

                Ouço o sinal de alerta soar sobre minha cabeça.  Já começaram a festa sem mim.

 

 

                                                                               Um

                Sandor aproveitou que temos que esperar e trouxe mais dos seus brinquedos. Um drone em forma de torradeira carrega a arca do Garde dele e um carrega a minha estão parado atrás de nós e serão acionados quando precisarmos é só ele apertar o botão do relógio dele. Ele está com um rifle de alta precisão com silenciador mirado já na cabeça de um mogadoriano com infravermelho que irá nos mostrar quando o campo de força abaixar e por fim um rifle M-16 carregado com balas modificadas e pistolas, supernormal.

                Quanto a mim, estou com meus Legados, minhas luvas que fazem parte da minha herança, minha pedra de cura – espero não ter que usar – e por fim uma Quimera que estou dependendo de desativarem a proteção para ela entrar comigo.

— Estou ficando impaciente. – Sandor murmura. – Tem vinte minutos, será que deu errado?

                Noto o tom de preocupação em sua voz. Também estou preocupada, mordo meu lábio inferior ao pensar nisso, mas me sinto horrível, por que não estou muito preocupada com Nove ou Cinco. Tenho medo por ele, o idiota sempre se arrisca demais.

— Sandor, se eles tivessem morrido. Eu já estaria gritando que nem uma histérica e você teria que estar me dando cobertura. – digo dando um sorriso debochado.

— É acho que tem razão. – ele assente e se tranquiliza.

                Eu tinha uma visão de diferente de Sandor. Quando nos encontramos ele meio que tentava dar em cima de mim descaradamente, mas com o passar do tempo eu percebi que ele fazia isso para não enlouquecer de preocupação por causa do sumiço de Nove. Então comecei a ajuda-lo com as conquistas nas nossas paradas, era meio divertido e tinha que admitir que ele até que tinha uma ou outra cantada boa.

— Veja Um! – ele exclama animado. – Está começando a desparecer a barreirar.

— Precisamos de uma distração para eles não acionarem o alarme até nós entrarmos. – eu falo com vontade de rir. Adoro essa parte.

                Sandor me olha como se fosse maluca, mas eu não ligo. Saio da arbusto que estamos escondidos e começo a caminhar fazendo minha melhor cara de desesperada indo na direção dos mogadorianos. E gritando que nem histérica.

— Socorro moços! – berro. – Me ajudem, eu me perdi!

                Eles apontam as armas pra mim e rosnam, claro que esse teatro é ridículo e claro que ninguém acreditaria que eles não pessoas com essa cara pálida, dente feio e rosto que parece cruzamento de uma lagartixa branca com tubarão. Mas eles não notam a mira laser de um rifle na cabeça até que a cabeça do primeiro explode virando cinzas na hora. O outro corre para apertar o alarme, mas eu o puxo pra mim usando a telecinese, ele cai no chão com as pernas se batendo no ar e em seguida ele toma um tiro na cabeça também se desintegrando.

— Que coisa feia, eu peço ajuda e eles me apontam armas. – falo rindo comigo mesma.

— Você e louca, querida. – Sandor fala se aproximando com seu rifle já em mãos.

— Eu estava esperando por isso há muito tempo Sandor. – digo para ele.

                Aciono as luvas. Elas começam a se expandir até ficarem cinco vezes maior com revestimento metálico e cobrirem praticamente todo meu antebraço e fazerem meus punhos de ferro parecerem uma bola de basquete. No início foi difícil controla-los, mas com o tempo, eu aprendi o jeito e até consegui mesclar a utilização dela com meus Legados.

                Sandor fica as admirando, sei que como inventor ele deve estar imaginando como cada uma das articulações mecânicas da luva funciona e como ela se torna de tecido. E vira um objeto metálico e bla bla bla. Ele é mais legal dando em cima de mulheres.

— Eu posso estudar essa belezinha depois? – ele fala com os olhos brilhando de empolgação.

— Desculpa, Sandor. Patente única. – eu falo e começo a andar ignorando os protestos dele.

                Começamos a adentrar na base e noto que mais alguém conseguiu entrar. Estava tão empolgada com a missão que esqueci que que talvez Areal não pudesse nos acompanhar, mas para nossa sorte, o gás foi desativado também. Me sinto mais empolgada, contudo, isso dura pouco, pois ouço sons de alguém chegando.

                Ouvimos o barulho de alguém vindo pelo túnel da esquerda o que nos força a virar para direita. Onde não era nosso caminho, ficamos ali parados por cinco minutos esperando os vinte mogadorianos passarem até finalmente a área ficar completamente livre de inimigos. E noto Sandor pegar a planta que Adam nos mandou e examiná-la de novo.

— Ainda não gravou esse negócio? – pergunto.

— Só estou tirando algumas dúvidas. – Ele fala. – O que dificulta as coisas é que se Nove e o outro Garde entrarem em confronto de vai adiantar ter uma planta?

                Ele está certo. Se queremos chegar neles,  vamos ter que atrair atenção, sorrio. Por mais louco que seja , eu tive uma ideia e Sandor vai detestá-la, não estou afim de brincar dos filmes de James Bond dele. Eu gosto mais de filme de porradaria. Eu me levanto, noto que Sandor resmunga um “O que vai fazer Um?”, mas eu quero ação, Adam me disse que estão com a metade dos mogadorianos que eles deveriam ter em dias normais. Isso me dá mais coragem para fazer o que iria fazer.

— Hey! – eu berro para os mogadorianos que estavam quase no final do corredor. Todos se viram como se fossem máquinas na minha direção. – Mog-bundões.

                Noto que um deles corre e aperta um botão vermelho na parede e toda a parte de cima do túnel começa a ficar vermelha. Sorrio, ouço Sandor, correr para o meu lado com arma a postos, e Areal se transformar numa mistura de lobo dourado com dentes expostos de 30 centímetros.

— Que merda Um! – ele berra. – Vai nos matar!

— Agora eles vão nos achar. – eu digo confiante, se isso não nos matar.

                Os mogs começam a disparar. E eu aciono meu Legado de campo de força e começo a bloquear todos os tiros. Eles começam a ficar todos presos no ar na minha barreira impenetrável invisível, noto que alguns ficam grunhindo de frustração, depois uso minha telecinese e rebato os disparos contra eles. Três mogadorianos que estavam na frente são mortos com os próprios disparos. Noto o medo começar a crescer neles.

— Aquele túnel vai dar onde? – eu pergunto.

— Onde eles deixam pikens e kraulls. – Sandor examina calmamente a planta, enquanto eu seguro mais uma saraivada de disparado canhões. – Mas não onde está o que guarda a arca do número Cinco...

                Perfeito

                Bato com o pé com força e concentro meu Legado de Geokinese no teto bem em cima do grupo de mogadorianos que disparam em nós. O teto começa a tremer e rachar, de repente duas pedras se desprendem dele esmagam seis mogadorianos o resto se joga no chão para não morrer e nessa hora começo a avançar junto com meu grupo.

                Sandor começa a atirar com seu rifle, contra um mogadoriano que tentava rastejar até o canhão próximo a ele. Antes que conseguisse alcança-lo foi abatido com um tiro no peito, Areal pega um mogoadoriano que mal conseguiu se levantar e o mata jogando contra o teto e em seguida contra a parede e contra a outra parede usando sua mandíbula poderosa, depois ele pega outro e com uma só mordida parte o mogadoriano no meio. Vejo que quatro mogadorianos se levantaram, e estão armados com suas espadas e adagas e avançam contra mim.

                Deixo eles virem. Estou com a adrenalina a mil, quando dois avançam eu o bloqueio com as luvas de ferro, vejo que dois outros aproveitam e tentam me acertar nas brechas com as adagas e então uso meu legado de campo de força criando uma proteção perfeita ao redor do meu corpo. Quando as adagas se chocam em mim eles são arremessados contra a parede. Eu vejo os dois com as espadas tentarem me atacar de novo e dessa vez eu revido, desvio do golpe de um e acerto o esterno do outro com um soco. Com o poder da luva mais a minha força o mog e arremessado dez metros e se desintegra no ar antes de cai no chão. Vejo que os outros três se juntam para tentar um ataque conjunto. Eu os ataco soco o mog do meio e utilizo o meu Legado de Onda Sônica combinado com o soco. Os três mogs são desintegrados assim que são atingidos.

                Eu rio, me sinto viva. Depois de anos treinando naquele bunker com o Adam do futuro, finalmente estou tendo ação. Noto que Areal e Sandor também fizeram a parte deles. Sandor começa a recarregar a munição da arma e Areal muda de forma para uma espécie de camelão que se camufla e começa a andar mais a frente para checar o local.

— Temos que ir andando. – eu digo. – Se eles forem espertos, será só seguir os mogadorianos que irão nos encontrar.

— Ou nós acabaremos matando todos. – Sandor fala sério, mas noto que ele quer sorrir, ele está se divertindo no fundo.

                Começo a ouvir rugidos um pouco mais a frente.

                                                               Nove

                Finalmente encontramos nosso primeiro grupo de mogadorianos para lutar nos os vimos do nosso corredor da base, eles estavam seguindo para o corredor da esquerda quando no os interceptamos. Eu começo a correr pelo teto usando minha antigravidade, vejo alguns mogs tentarem acompanhar meus movimentos e ficarem um pouco zonzos por causa da minha velocidade. Aterrisso atrás deles começo a dizimá-los com a espada em mãos, vejo que o maior deles que parece mais com um humano assim como Adam, ele levanta uma espada imensa com as duas mãos contra mim, mas é atingido por um míssil e se choca contra a parede. Percebo que o mog está com o pescoço quebrado ele começa a se desintegrar de um jeito diferente dos outros, mas finalmente morre, vejo que quem o matou foi Cinco.

— Você voa? – pergunto animado.

— Sim... – ele diz meio sem graça. – Achei que queria ajuda.

— Eu conseguia dar conta do recado, esse aí nem era tão grande.

                Caminhamos pelo corredor de onde eles vinham, e encontramos mais um grupo de mogadorianos, esse tinha alguns monstros que pareciam doninhas mutantes. Uma delas foi muita rápida e pula em cima de Cinco, foi tão rápida que ele mal conseguiu tempo de ficar de metal antes dela feri-lo. Não posso dar atenção ele agora, a outra doninha assassina vem pra cima de mim e pulo no teto me agarrando nele.

                Ela me olha furiosa e começa a rosnar. Um mogadoriano aponta o canhão para mim, mas salto sobre ele enterrando a espada em seu esterno fazendo-o desintegrar na hora. Outro mog corre na minha direção e o derrubo com soco poderoso que o faz cair no chão e não levar nunca mais. A doninha morde minha panturrilha e grito de dor, mas alguém a retira de mim, é Cinco, ele a pega com fúria e a rasga ao meio segurando com as duas mãos.

— Valeu... – Digo me envergonhando disso.

                Detesto ter precisado da ajuda dele. Cinco é um chorão que implorou pela vida e chamou um mogadoriano de mestre, podemos estar tendo que sair juntos desse inferno, mas jamais irei considera-lo como igual, não irei querer deixar o melhor pedaço de carne para ele, ou dizer pra ele sentar ao meu lado. Cinco é um covarde.

— Por que você chama aquele mogadoriano de senhor? – pergunto.

                Sei que é idiota e estamos em fulga, mas preciso saber logo disso. Vejo que a expressão do garoto é confusa como se nem ele soubesse como explicar.

— Ele me prometeu.... Que se eu o obedecesse... – ele fala incerto. – Se eu fosse bom, ele iria me deixar viver e iria mandar os mogadorianos pararem de me surrar...

                Sinto vergonha e pena de Cinco. Um Garde se tornar submisso há um mogadoriano é a coisa mais humilhante que já ouvi, eles não podem nos matar fora da ordem. Eles tinham medo de mim, nunca tentaram fazer nada comigo.

— Eles sabiam que não podiam fazer nada letal comigo... – Cinco continuou. – Então me davam socos e chutes e ficavam rindo, diziam que eu era fraco, eu tentei uma vez quando tinha a externa, foi aí que eles descobriram meu Legado, então me davam tiros para me paralisar.

                Isso é verdade, eles podem não poder nos matar, mas podem nos torturar e Cinco não é fraco, deve ter sido um prato cheio para o mogadorianos. Descido que já ouvi demais dessa coisa deprimente.

— Vamos. – eu encerro o assunto apontando para o lugar de onde vimos os mog indo. – Foi de lá que eles vieram.

                Começo a sentir uma dor lancinante na panturrilha quando começo a correr. Isso é ruim, começo a mancar e ouço um rugido. O corredor é largo, deve ter uns oito metros, mas o monstro que está nele cobre todo o espaço, é um piken gigante com cabeça de polvo que bloqueia o corredor de um lado ao outro, não posso ver o que está acontecendo, mas percebo que ele enfrenta outra batalha. Os outros. O monstro tem vários olhos é depois da cabeça ele parece uma lesma, é uma coisa nojenta. Ele ruge com a batalha que está enfrentando do outro lado.

— Cinco. – eu falo me virando pra ele. – Está na hora de mostrar que não é um mijão inútil.

                A adrenalina toma conta e minha dor some. Cinco pega o cano e fica de ferro de novo, eu vou andando pela parede da direita até ficar no teto e cinco decola pela esquerda. Ele começa a desferir uma sequência de socos nos olhos do polvo que me impressiona sua ferocidade, algo que me deixa uma nota mental, ele muda de comportamento, quando usa esse Legado. Eu cravo a espada na lateral do monstro e ele urra de dor, mas me ignora, está focado em Cinco, de dentro do corpo de lesma formam tentáculos que o agarram.

                Vejo Cinco de debater para se soltar, mas embora eu ache que ele não esteja se ferindo, ele não irá conseguir sair daquela armadilha. Com um grito eu salto da parede e corto o tentáculo que o prende. Cinco nem chega a cair no chão, ele me pega no ar e me arremessa na cara do monstro. Ele cria outro tentáculo e tenta me pegar, mas eu consigo pular a tempo e aterrissar no chão.

                Mesmo tendo cuidado de usar a antigravidade pra amortecer a queda, sinto a dor da minha panturrilha machucada. O tentáculo está prestes a me atingir quando o monstro grita de novo. Ele começa a balançar a cabeça como se estivesse sendo pressionado para cima de nós. Alguém o está derrubando.

— Cinco, uma ajuda! – eu grito.

                Ele vem que nem um jato e me pega pelos braços me tirando do raio da queda do monstro, mas depois caímos. Percebo que o garoto está soando exausto – então ele ficar de ferro consome muita energia. Vejo que o monstro ainda está vivo, mas vejo uma pessoa dar um salto e aterrissar em cima dele. No início acho que é uma garota desproporcional com braços gigantes, mas depois vejo que ela usa uma espécie de mãos robóticas. Quando ela soca o monstro solta uma onda sonora que amplifica o poder de impacto fazendo tremer o chão na hora que o desferiu. O piken solta um último guincho antes de finalmente morrer.

                Ouço gritos de mogadorianos chegando. Cinco está exausto e tento chegar até minha espada caída no chão para não deixar mirarem nele. Percebo que sou idiota, por que há uma hora atrás iria deixar esse idiota morrer. Mas não consigo, minha perna dói demais, a adrenalina me abandonou.

                Um dos mogadorianos dispara, mas algo bloqueia o tiro como se fosse uma barreira. Vejo que outro monstro pula por cima do polvo é uma espécie de gorila mutante de seis braços e começa a desmembrar os mogadorianos e criar o caos, depois ele aparece. O idiota é um narcisista desgraçado, com seu melhor Armani com um M-16 e um de seus dronis carregando minha arca. Ele atira fazendo uma pose ridícula, está amando isso, nem sequer olha pra mim, mas eu sei que já me viu. É um babaca.

                Depois que o grupo de mogadorianos é derrotado a garota ajuda Cinco a levantar e checa o ferimento que ele teve na clavícula causado pelo kraull doninha assassina. Ela pega uma pedra da jaqueta e pressiona contra o ferimento dele, vejo que Cinco solta um gemido de dor como sempre, mas depois está bem melhor e novo em folha. Graças a Lorien trouxeram pedras da cura.

— Está bem, garoto? – Sandor me pergunta, como se não ligasse.

                O drone abaixa a arca e a abrimos juntos. Eu o vejo pegar a pedra da cura ele a pressiona na minha panturrilha, mas eu ignoro a dor. Estou procurando meu velho amigo, encontro meu objeto cilíndrico favorito em toda galáxia e o beijo feliz. Noto que Sandor me olha preocupado e me sinto ligeiramente constrangido.

— Estava com saudades só disso? -  ele me pergunta.

— Sentimentalismo quando sairmos daqui. – eu falo sério. – Quanto tempo Sandor?

— Não faça isso com você Nove. – ele me fala com tom sério, mas ao mesmo tempo de carinho. – Eu lhe apresento meus amigos e você me apresenta o seu.

                O gorila vira um lobo de pelo dourado e olhos dourado. Lembro das minhas Quimeras em Lorien, como eles arranjaram uma desças. Seja onde for eu quero uma pra mim. Começo a me anima, ainda mais quando noto que a garota não tem braços desproporcionais. Ela é linda. Loira, pele bronzeada, alta, olhos verdes, parece uma modelo de capa de revista. Dessas que andam com ricaços em iates no caribe e pra completar, ela acabou de matar um piken de 6 metros com luvas e Legado. Eu não esperava me apaixonar hoje.

— Oi... – eu falo dando meu sorriso mai sedutor. – Eu sou o Nove.

                Ela me ignora e se vira pra Sandor.

— Esse é seu protegido né? – ela pergunta com desdém.

                Por um momento noto que Sandor sente vontade de rir. Mas em solidariedade a mim só me dá um sorriso debochado.

— Esse mesmo.

— Prazer, eu sou a Um. – ela fala e se afasta ajudando Cinco a se levantar.

                O garoto está um pouco melhor. Ele conseguiu conquistar um pouco do meu respeito hoje, espero que ele ainda tenha bateria para conseguir lutar. Um tira do bolso uma coisa que parece algum tipo de pó e da para ele comer o que faz Cinco arregalar os olhos e ficar mais disposto.

— Ele não está completamente sem energia. – ela fala. – Só ficou em choque, eu dei um pouco de sal lórico para ele ficar mais desperto.

— Esse é o número Cinco. – eu o apresento. – Vulgo chorão, mas até que ele bate bem.

— Temos que pegar a arca dele ainda. – Sandor fala pegando uma folha de papel.

                Percebo que ele está checando o que parece ser a planta dessa base mogadoriana. Me sinto culpado por ter quase matado Adamus. Ele contou a verdade, o único mogadoriano honesto no mundo e que nos ajudou, e caraca, como nos ajudou, mas ainda quero saber como a número Um está vida. Só que acho que ela não irá me contar isso agora, lembro que tenho que contar ainda uma coisa para ela.

— Ele disse que vocês ainda vão se encontrar de novo... – eu falo para Um.

                A expressão da menina muda. Um parece ser o tipo de garoto debochada que gosta de ser inconsequente e quebrar regras sem se importar com ninguém. Mas ao falar isso, notei uma fragilidade nela, como se eu tivesse tirado algo que ela esperasse conseguir hoje além de nós dois, de repente a sua feição muda. E ela se vira para Henry.

— Vocês conseguem recuperar a arca de Cinco sem mim. – ela fala determinada.

                Fico espantado com isso e noto que Sandor também não esperava essa atitude.

— Um, vamos voltar juntos. – ele fala, só que um já tomou sua decisão e começa a caminha por onde eu havia chegado.

— Eu tenho certeza, que você vai conseguir queimar o anel em Mordor 007, você tem o Tarzan e Bilbo Bolseiro para te ajudar, mas eu tenho que ir resolver uns assunto, garanto que vamos nos encontrar e voltaremos juntos para o Condado. – e com essa citação idiota ela foi embora.

                Tarzan?

                Depois de caminharmos por mais dois corredores finalmente achamos a porta, sei que é porque é estupidamente gigante do tipo não entra nessa merda, se não quiser morrer. Vejo Areal eriçar seus pelos de lobo, eu sei que que o perigo aqui vai ser grande, pois não vejo nenhum mogadoriano de guarda. Sandor recarrega seu fuzil, eu aciono meu bastão e Cinco pega o diamante que Adam deu para ele.

— Isso tudo por sua causa magrelo. – eu vocifero para ele.

                                                   Um

                Eu derrubo um grupo de mogadorianos que protegia a porta com apenas um soco. Estou furiosa comigo mesma, eu abandonei meus amigos, mas eu não aguento mais isso. Mogadoriano idiota, porque ele tem que ser assim. Vejo que ainda tem dois soldados protegendo a entrada. Estou sem paciência. Ele mira o canhão em mim, mas eu o bloqueio com meu campo de força, o outro atira, bloqueio de novo, eles continuam atirando sem efeito. Eles estão em pânico. Minha luva já está acionada e os ignoro e dou um soco combinando meu Legado de Onda Sônica arrebento a porta, arrebento os mogadorianos. Eu não ligo para nenhum deles. Adam está parado de costas para mim atrás da mesa. Percebo que há coisas jogadas e deduzo que o cabeludo tenha tido alguma coisa com isso.

— Por que não estou surpreso? – ele se vira pra mim e sorri.

                Eu esperava que ele estivesse com raiva de mim, mas ele está feliz, eu também estou, se passaram longos anos sem vê-lo, finalmente estamos cara a cara de novo.

— Quanto tempo... – digo tentando dar um sorriso confiante. – Mog-boy.


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