O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 18
Aqueles que Queremos Proteger


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem rs,
Desculpem a demora para postar :)



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                                         Quatro

 

De todos os sonhos que tive, esse foi o mais real e mais incrível. Todos os Legados que eu tinha e esses poderes todos, era como se eu fosse invencível, aquela luta foi fantástica. Já sonhei várias vezes com Lorien antes do ataque, com coisas que aconteceram comigo no passado, coisas que deveriam ter acontecido comigo se Adam não tivesse mudado o destino, mas isso. Dessa vez foi diferente, esse sonho foi insano não foi uma visão de Adam, foi algo que aconteceu depois que ele veio para cá.

Acordo depois que a minha versão do futuro acabou de devastar um exército mogadoriano semelhante ao que devastou Lorien e ainda conseguiu capturar uma nave gigantesca. Seria incrível se não fosse impossível eu ter aquela quantidade toda de Legados e não me cansar de usá-los. Mesmo assim, sorrio com esse sonho, por mais infantil que ele tenha sido.

Não estou na cama do meu quarto no bunker e então lembro da minha luta com Nove. Eu fico surpreso por ter demorado tanto tempo para perceber que vim parar na enfermaria, aqui a cama não é tão confortável e o ambiente frio e escuro não é tão agradável. Pode ser meio irônico, mas conto nove macas no ambiente.

— Acordou. – uma voz masculina fala da cama da minha frente. E percebo que é Nove. – Achei que iria ficar dormindo o dia todo depois daquela briguinha.

Nove está sentado e sua aparência está ótima. A parte frontal do abdômen onde acertei uma bola de fogo não tem nenhuma queimadura e ele não parece ter nenhum roxo ou sangramento. Ele está sentado envergado olhando para mim com meia sobrancelha levantada.

— Acho que Seis te ensinou algumas coisas legais. – ele conclui massageando o queixo onde eu o acertei.

— É, eu tenho mérito também. Eu fui um bom aluno.

— Claro, Quatro, ninguém está discordando disso. – ele sorri e se levanta da cama. Percebo que Nove já tinha de recuperado a muito tempo e que estava ali esperando que eu me levantasse para poder ir embora.

— Quanto tempo eu dormi? – pergunto tentando me por de pé, mas meu corpo ainda está muito mole por causa da batalha.

Nove me ajuda a levantar e andamos um pouco até minhas pernas se adaptarem com meu peso novamente. Ando um pouco e vejo outra maca ocupada, por um momento eu penso em Seis e acho que ela possa estar ali, mas então noto que é um garoto.

Ele tem cabelo castanho e comprido malcuidado, como se não cortasse a meses por não ver o barbeiro. Está muito magro beirando a desnutrição, e alimentado por soro e está respirando com ajuda de aparelhos. É o mesmo garoto que chegou junto com Nove e os outros de West Virginia, demoro para reconhecer seu rosto. Ele não era assim, é o número Cinco.

— Eu achei que iria ficar que nem ele. – Nove comenta e pela primeira vez noto culpa em sua voz, ele se culpa pelo estado de Cinco.

Os dois iriam se tornar inimigos, mas não sei o que Adam ou provavelmente os Adams fizeram para impedir a traição de Cinco com a Garde, mas deixar o garoto em coma e nesse estado foi muito errado. Irei ter que conversar com eles.

— Não tem como ajudá-lo? – tento soar esperançoso.

— Acha que não tentamos pedras da cura e medicina humana? – Nove comenta, pelo jeito eu acho que o ofendi pela minha ingenuidade, é claro que tentaram. – Só o Legado de cura da número Sete pode salvá-lo.

Fico tentado a contar meu sonho para Nove. Eu no futuro usando todos os Legados, mas com a cara de culpado que ele está, provavelmente ele iria achar que sou louco. Impossível por mais poderoso que um Garde seja ele tenha tantos Legados como aquele cara tenha, era surreal.

— Vamos conseguir ajudá-lo, Nove. – consigo prometer a ele. – Vamos trazer a número Sete para cá e salvar o Cinco, eu prometo.

Uma pessoa pigarreia e entra na sala. Maggie entra e está segurando um pano na mão, ela está olhando para mim e Nove desviando um pouco o olhar.

— Oi... – ela estende o pano para Nove e está um pouco constrangida. – Sandor me pediu para lhe trazer uma camisa, ele não quer que fique gripado.

Ela evita olhar para Nove sem camisa e está muito vermelha. Nove pega a camisa e agradece a vestindo. É a primeira vez ele consegue uma camisa sem ter uma estampa de parque temático.

Olhando para Maggie eu tenho uma ideia. Ela não estava viva antes, mas talvez possua algum Legado ainda em desenvolvimento.

— Maggs, você já tentou curar o Cinco?

—Ãn? Não John... – ela me olha com uma mistura de curiosidade e receio. – Não tenho Legado de cura, pelo menos não que eu tenha desenvolvido.

— Você gostaria de tentar? – saio da frente para deixar o caminho disponível caso ela queira arriscar a sorte.

Maggie fica olhando o corpo inconsciente de Cinco por alguns momentos. Acho que ela está julgando se a tentativa é válida, olho para Nove em busca de apoio e ele também está prestando na decisão da menina.

— Desculpa gente. – ela declina. – Eu não sei como forçar um Legado a “sair” e nem sequer sei como funciona um poder de cura, mesmo que o tivesse acho que não saberia como o fazer despertar.

Eu quero insistir mais um pouco só que Nove se interpõe.

— Tudo bem Dois, não precisa ficar mal por isso. À número Sete vai conseguir ajudar ele.

— Obrigada. – vejo que o alívio por tirar esse peso das costas dela é sincero. Não irei tentar convencê-la a fazer isso, acho que Maggie não tem o pode de curar as pessoas.

Olho para Cinco novamente. Lembro que ele talvez vá causar muita dor para todos nós, mas que tente se redimir. Ele tem uma personalidade difícil, é prepotente e explosivo. Pelo menos nas minhas memórias, será que ele mudou?

Mesmo que ainda continue sendo uma pessoa questionável, ninguém merece morrer aos poucos com ácido mogadoriano corroendo o corpo dele. Eu preciso salvá-lo, acho que já passou da hora de pararmos só de treinarmos e irmos para luta.

/_ /

Mais tarde no meu quarto com Henry eu comento com ele sobre o estado do número Cinco e descubro que a ideia de por os membros da Garde feridos lá na enfermaria depois dessa luta foi proposital para que o víssemos. Os Cêpans perceberam que nós não estávamos prestando atenção na real situação e que como uma das missões de ir encontrar a Sete era pra salvar o Cinco, tínhamos que saber o peso da missão.

— Ótimo! Então quando vamos partir para lá? – pergunto de maneira exaltada. Já que nos mostraram o Garde ferido, espero que seja logo.

— Daqui há 5 dias. – Henry me responde. – Lamento John, estamos preparando as coisas ainda e não podemos pular etapas, mas decidimos que vocês não irão precisar lutar mais uns contra os outros.

Me sinto aliviado por isso, meu duelo com Nove já foi o suficiente. Não quero precisar ter que lutar contra Um, Maggie, Seis e até mesmo Adam. Prefiro me focar em ajudar Sete e salvar o Cinco.

Sam nos observa quieto com Bernie Kosar em no seu colo. Ele tem estado bem distante esses dias, não sei qual é a tarefa que deram a ele, mas deve estar muito focado nela porque ainda nem sequer me disse qual é.

—Nesses dois dias eu irei lhe explicar sobre sua Herança e sobre seu passado. - Henry fala e o vejo andar até a cama dele e puxar um objeto do tamanho de um microondas para fora dela e a colocar em cima da cama.

Minha arca.

— Sério? – pergunto sem conseguir conter minha empolgação. – Vai me explicar todos os itens que tem dentro dela?.

Henry sorri. Ao longo dos últimos dias ele desenvolveu algumas rugas à mais e seu cabelo se tornou um pouco mais grisalho, mas ainda continua sendo ele.

— Demais, posso ver também Henry? – Sam pergunta deixando Bernie sair para esticar um pouco as pernas no quarto. – Ou é uma daquelas coisas do tipo Cêpan e Garde que eu não posso saber?

— Na verdade pode ficar, inclusive, eu iria sugerir parar chamar a Seis também. – Henry fala de maneira casual. – Acho que sei um pouco sobre os pais dela, ela poderia gostar de saber alguma coisa.

Isso foi praticamente uma intimação para chama-la e eu saio do quarto respirando firme. Ainda não consegui superar o quase beijo de novo com Seis, fiquei triste por ela não ter aparecido lá na enfermaria para saber se eu não estava bem ou ter me dado pelo menos tapinha nas costas de “Muito bem, derrubou um cara gigante”. Só que esse não é o estilo de Seis.

O quarto que ela divide com Um é o terceiro à esquerda depois do meu. Assim que chego dou duas batidas e espero alguém atender, torço para Um ter se metido em algum canto com Adam porque iria ficar constrangido se tivesse alguma piada debochada dela comigo e Seis e para minha sorte quem abre e à própria Seis.

Meu coração dispara quando a vejo. Ela está com um short e camiseta simples, mas nunca achei isso mais sexy em alguém. Seu cabelo está preso num rabo de cavalo e ela apoia um pé na pena enquanto com os braços se encosta na porta. Lembro do nosso quase beijo e sinto uma vontade irresistível de comentar dele com ela, mas só fico calado.

— Oi? – Seis é quem fala. Cara eu sou um idiota, não estou entendendo o que está acontecendo comigo.

— Oi , Seis. – estou tão nervoso que não consigo achar as palavras.

— Está tudo bem John? – ela pergunta preocupada largando a pose e se aproximando um pouco de mim. – Sofreu algum trauma na sua briga com Nove?

—Não! – digo mais exaltando que gostaria. – Foi um empate, não soube.

— Soube, a Um me contou. – ela fala como se isso não a espantasse. À reação de Seis pelo meu feito acaba com toda a minha alegria, ela parece mal se importar comigo.

Ficamos nos encarando por um longo silêncio constrangedor. Estou me sentindo idiota por isso.

— Vai dizer pelo que veio? – ela pergunta

— Sim. – digo sem emoção agora tentando controlar minha raiva pela indiferença de Seis. – Nos próximos dias Henry vai comentar sobre a minha Herança e meu passado, ele chegou a conhecer um pouco os seus pais então lhe convidou para ir também, se quiser.

Seis fica me observando com seus olhos cinzas que mudam de cor o que intensifica mais ainda sua expressão blasé para mim.

— Okay, só isso? – ela fala.

— É. – digo saindo da frente da porta e me afastando. – Boa noite.

— Boa noite... – ouço ela responder, mas não ouço a porta se bater. Acho que ela está me observando de longe.

Abro a porta do quarto e entro.

De tarde no dia seguinte estou sentado com Henry, Sam e Bernie Kosar e começamos a tirar as coisas da minha arca e as organizando por ordem do que Henry acha do que podem ser. Estamos com um caderninho anotando e organizamos os itens com as seguintes categorias: Armas, Recursos, Facilitadores e Desconhecido.

— Nem todas as coisas eu sei o que podem fazer. – Henry comenta rindo. – Os Anciões tinham muitos mistérios...

                Começamos a catalogação com as coisas mais simples. A adaga e o bracelete que já sabíamos para que serviam os colocamos como armas. Henry encosta no rubi do bracelete e sorri ao admirar a pedra. Suponho que a rocha tenha uma história que ele irá contar.

— É uma joia rara da sua família John, tem estado na sua geração há anos. Dizem que seu pai deu a sua mãe e antes pertenceu a sua avó que pertenceu a seus bisavôs que participaram de guerras em Lorien que nenhum de nós podia comentar ou pesquisar. – ele comenta. Não sabia que em Lorien haviam segredos militares, ainda mais bélicos, muito menos que meus ancestrais haviam participado deles.

                Separo os dois artefatos em um canto e escrevo eles em armas no bloco. Depois eu pego o macrocosmos, coloco na lista facilitadores. Henry me explica que ele também tem como função nos ajudar na localização e comunicação com o resto da Garde, já que não podíamos confiar nos humanos totalmente e que quando chegado a hora iríamos ter que nos juntar eles criaram esse mecanismo de comunicação e um meio de nos lembrar de onde viemos.

— Hey Sam, quer ver como era o meu planeta? – pergunto fazendo as esferas funcionarem com a telecinese e criando uma réplica do sistema solar de Lorien.

— Claro! Queria ter minha câmera aqui, os figurões da Nasa se mataria para estar no meu lugar. – ele fala rindo.

                Noto que Henry também sorri e começo a iluminar a esfera do tamanho de uma bola de tênis que é Lorien como está agora. Um planeta cinza e sem vida e a faço voltar a ficar verde e com rios quando alguém bate na porta, mas eu ignoro. Estou tão imerso na visão do meu planeta natal que ignoro qualquer um que possa estar aqui. Fico admirando Lorien por longos minutos até que vejo a silhueta de alguém entre mim e a esfera quase a tocando.

— É lindo! – a voz de Seis fala. – Eu havia esquecido de como era lindo...

                Os olhos de Seis estão brilhando de cores diferentes conforme ela olha para as paisagens diferentes de Lorien. Quando ela foca mais as florestas ele fica verde e quando foca mais os rios, fica um azul mais acinzentado como o mar. Não havia reparado que ela estava aqui e sua presença faz meu Lúmen falhar. A esfera volta a ser cinza e a expressão de Seis fica pesada de novo.

— Decidiu vir? – pergunto seco.

— Você me prometeu respostas. – ela responde com o mesmo tom de voz que eu.

                Percebo que Henry e Sam notaram a aspereza que estamos nos tratando e ficam sem jeito com isso. Então Sam decide se apressar e colocar as esferas onde estamos separando os facilitadores e pega uma pedra amarela redonda.

— O que essa faz? – ele pergunta.

— Essa é a Xitharis. – eu respondo.

— Como sabe? – Noto a curiosidade de Henry se aguçar ao perceber o meu conhecimento repentino da minha arca.

— Adamus tem uma, o meu eu do futuro a deu para ele, quando viajou no tempo. – Eu explico.

                Henry assente pensando no que eu acabei de dizer. Eu não entro em detalhes, ter que explicar que vi todo aquele rastro de morte e destruição no futuro seria demais para mim e sinceramente não estou no clima para este tipo de coisa. A não ser se for para falar do sonho em que uso uns 40 Legados diferentes destruindo um exército mogadoriano. Isso seria irado.

— É da nossa primeira lua. – ele diz. – Ela canaliza o um Legado que vocês queiram transferir para outro Garde e quando ele a tocar vai ter esse poder por um curto período de tempo.

— Irado! Isso funciona com humanos? – Sam pergunta.

— Sinceramente? Não sei. – Henry fala. – Acho que podemos classificar ela como arma.

                Anoto isso no bloco e coloco a pedra ao lado da minha adaga e do bracelete. Toda essa tarefa está um pouco divertida. Embora ainda ajam coisas que eu ache que nem eu e nem Henry saibamos para que irão servir. Coloco a pedra de cura e o sal lórico que ainda resta como facilitadores para reduzir o tempo das coisas.

                Seis se aproxima das coisas da minha arca e pega um cristal que está brilhando de maneira estranha. Meus olhos também são atraídos para aquele cristal, quando ela o toca imediatamente o larga gritando.

— O que foi isso! Não toquem nessa coisa! – ela nos alerta. – A sensação foi muito ruim.

                Henry coça a barba por fazer enquanto todos se afastam da pedra como se ela fosse uma granada prestes a explodir. Por fim, ele tira a fronha do travesseiro e envolve a pedra cuidadosamente com ele para que nenhum de nós a toque, acho que nem ele sabe direito para que esse objeto serve. Ele olha para mim e coloca o objeto calmamente na arca. Eu marco desconhecido.

— Isso foi estranho. – eu digo, encaro Seis em busca de alguma informação mais conclusiva que apenas um grito louco para não tocarmos.

— Confie em mim, John. Aquela pedra.... Não era boa coisa, tive uma sensação estranha. – ela diz com medo na voz. Seis estar com medo é algo inédito e sombrio para mim.

                Pego um diamante de coloração preta e o examino com cuidado. Ele parece ser muito diferente, embora pareça ser um diamante a coloração é parecida com uma outra pedra, algo mais fosco, eu o mostro para Henry. Ele a pega e olha com cuidado até chegar uma conclusão.

— É um Cristal de Utgard. – ele explica. – Quando entra em contato com qualquer recipiente tipo de água por 1 minuto e depois retirado ele congela tudo em um raio de 100 metros.

— Isso vai fazer sucesso num churrasco no verão. – Sam fala rindo.

                Sorrio também. Até que é um artefato útil, eu anoto ele nos Facilitadores e coloco junto com o resto sobram agora apenas algumas coisas. Um grupo de folhas secas, um cubo azul e uma estrela de loralite, eu pego o cubo e mostro para Henry.

— Sustento. – Ele explica. – Ponha na boca e terá uma fonte inesgotável de nutriente, no caso do seu que é azul, ele provavelmente lhe dará água.

— Como os meus pais eram Henry? – Seis pergunta pegando todos nós de surpresa, achei que ela os conhecesse melhor que eu lembrasse dos meus. Já que Seis é alguns meses mais velha que eu.

                Henry se senta numa cadeira e se endireita para começar a falar. Sei o que está fazendo, ele está começando a se lembrar de Lorien, da sua esposa que a pouco tempo me falou dela. De todos os seus amigos que morreram, é doloroso, mas meu Cêpan consegue manter a calma e sua expressão se torna serena na hora de contar as coisas.

— Eu ouvia bastante histórias sobre seus pais. – ele começa. – Sua mãe Lyn era uma pessoa bastante bondosa, era ótima amiga de Lara e Liren sempre frequentava a casa deles e levava você para brincar com John. Ela tinha o Legado de Criocinese, controlava o frio, adorava fazer vocês brincarem no meio da neve...

                Vejo a expressão brava de Seis se desfazer quando ele começa a falar essas coisas. Ela começar a ficar com os olhos marejados, sinto um aperto no coração eu quero ir para o lado dela e começo a ter uma sensação de déjà vu, olho para Sam e ele me incentiva com a cabeça a ir para perto dela. Me levanto se sento na cama ao lado de Seis e coloco meu braço no seu ombro. Ele parece aceitar o meu afeto e coloca a cabeça no meu ombro.

                Henry sorri ao ver isso, mas tenta não demonstrar nada do tipo que nos deixe constrangido e continua falando.

— Seu pai Arun era diferente. Rigoroso e forte, tinha Legados de Regeneração e Externa, era praticamente invencível em combate. Um dos Gardes mais poderosos que ouvi falar, diziam que iria virar um dos Anciões do jeito que ele era, quando uma moça lutar eu lembro dele...

                Seis dá uma risada descontraída, eu me sinto bem ao lado dela. Nunca pensei que veria uma versão dela assim, tão sensível e frágil ela me está comigo como se quisesse que eu a protegesse e a apoiasse. Eu gosto dessa sensação.

— Gente, eu tenho que ir ver umas coisas que o Adam está me ensinando sobre rastreamento. – Sam fala olhando para o relógio no pulso e sorri para mim. – Já estou atrasado pelo horário, amanhã terminamos a catalogação.

                Ele se apressa em sair do quarto e Bernie Kosar o segue dizendo que iria sair para fazer coisas de Chimeras com Areal – Essa foi a desculpa mais ridícula que eu já vi alguém dar na minha vida e olha que ele é um cachorro, nem precisaria me dar desculpas, era só sair. Por fim Henry está ali parado nos olhando e então percebe que está sobrando.

— Seus pais estariam orgulhos das pessoas incríveis que estão se tornando. – ele fala caminhando para a porta. Foi o único que não quis dar uma desculpa, ele pelo menos sabe que eu e Seis precisamos conversar.

                Ao invés disso nós ficamos apenas abraçados por vários minutos, Seis ainda está chorando pensando nos seus pais. Deve ser difícil para ela manter essa persona toda durona, eu entendo agora que ela faz isso para não se machucar, já deve ter sofrido muito. Os mogadorianos tiraram o planeta dela, a família, a Cêpan, a arca, não quero que tirem mais nada dela, sei que vai ser ridículo isso, mas eu preciso falar.

— Não vou deixar os mogadorianos te ferirem mais.

                Seis me olha. Por um momento acho que ela vai rir, ela é mais forte que eu. Tanto em desenvolvimento dos Legados quanto em treinamento físico, eu não tenho como cumprir o que acabei de falar, mas eu irei. Não quero vê-la assim. Ao invés de Seis me machucar ela começa a se aproximar de mim, dessa vez nós nos beijamos.

                E foi incrível. Começou lentou e depois eu fui ficando mais agressivo ao beijá-la, a segurei forte pelo cabelo contra meu corpo, nesse momento eu esqueci tudo. Da guerra, de Lorien, do futuro, até mesmo de Sarah, o que importava era esse momento. Eu e Seis aqui.

                Nos beijamos mais algumas vezes e ficamos parados nos olhando, acho que Seis está constrangida. Me sinto mal pelo que fiz, eu acho que estou me aproveitando de um momento de fraqueza, mas meus sentimentos por ela estão cada vez mais fortes.

— Acho que podemos voltar a treinar, temos mais três dias antes da viagem. – digo sério.

— Sim Johnny, tem razão. – ela olha para mim agradecida por eu não tentar perpetuar esse momento de fraqueza dela. Eu quero beijar Seis de novo, mas agora precisamos ter foco.

                Eu a ajudo a levantar e olhamos para as coisas que ainda faltam ser catalogadas. Poderíamos ter terminado tudo hoje, mas acho que valeu a pena postergar isso por mais um dia para fazer o que já devia ter feito se Nove não tivesse dado seu ataque histérico.

                Saímos do quarto e vou com Seis até a porta dela. Ela abre o quarto e percebemos que Um não está lá de novo. Então Seis me puxa para dentro do quarto me abraçando e me beijando mais uma vez, dessa vez foi um beijo mais rápido, como se fosse de despedida. Eu sorrio para ela e ela sorri de volta.

— As coisas não mudaram entre a gente Johnny. – ela fala, tentando mais se convencer disso do que a mim.

                Concordo sorrindo e saio do quarto de Seis. Ela dessa vez fecha a porta rápido, acho que não queria arriscar uma segunda recaída.

                Estou sorrindo que nem um idiota e descido voltar para o quarto antes que tope com Nove ou Um, se um deles me pegar do jeito que estou perto daquele quarto vai ser meu fim. Quando entro no meu quarto eu rio.

As coisas nunca mais serão as mesmas entre mim e Seis.


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