O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 19
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Valeu pelos comentários galera,
Espero que gostem, finalmente o pessoal do passado/presente vai voltar para a ação agora hahaha



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Seis

Acho que estou exagerando um pouco com John, mas depois daquele dia em que fiquei exposta e voltamos a treinar juntos. Eu estou pegando muito mais pesado com ele. Eu quero que as coisas voltem a ser como antes e esquecer aqueles beijos. Todo aquele sentimento que deixei sair quando estava me sentindo fraca, não posso me permitir sentir isso por alguém numa guerra. John é um romântico e já tem a namoradinha humana dele, estou surpresa por ele ter perdido o foco nela e olha como ele cresceu. Não posso permitir que agora eu me torne uma distração para ele e ele se torne uma para mim.

                Estamos trocando golpes na área de treinamento, estou pegando leve dessa vez e John está com um sorriso besta na cara enquanto troca socos comigo. Ele está mais lento e mais previsível, decidi intensificar o treino. Uso minha telecineses e faço um mogadoriano que usamos para esmurrar sair voando e acertá-lo pelas costas. John nem o percebeu e os dois saem rolando pelo chão da sala.

— Isso foi golpe baixo! – ele fala empurrando o boneco para longe dele, outra vez ele caiu nesse truque com um mog. – Você não sabe usar truques novos.

— Você não está levando a sério John. – faço questão de falar de maneira mais séria possível para que ele perceba que não estou brincando.

— Já que é assim. – Ele começa a intensificar o Lúmen até que ele começa a criar uma luz que ficar formando uma espiral em sua mão até assumir a forma de uma bola de fogo do tamanho de uma bola de futebol. – Lá vai!

                Ele a joga contra mim e eu nem sequer desvio da bola. Concentro o meu Legado de manipulação dos elementos e faço a bola reduzir de tamanho até parecer que foi uma chama acendida por um fósforo e apago com meus dedos.

                Fico invisível e avanço contra ele, provavelmente se os outros nos vissem iriam ficar preocupados por estarmos treinando pesado com Legados. Sempre precisamos usar pedras de cura depois da batalha porque ficamos machucados demais, só que se iremos em missões novamente eu não quero arriscar ser incapacitada de novo como da última vez. Precisamos ficar mais fortes.

                Acerto um soco na clavícula do John e o deixei desequilibrado sem conseguir mexer o braço esquerdo. Agora ele começa a esboçar um pouco de reação e me acerta com uma onda de telecinese me jogar alguns metros para longe e me dá um chute na canela e em seguida um soco na barriga. Fico sem ar por alguns momentos e minha invisibilidade falha, John já consegue reparar que em alguns momentos que me movimento rápido consegue ver alguns vislumbres do meu corpo se movimentando pelo ar, eu não deveria te falando dos meus pontos fracos para ele.

                Enquanto me afasto mancando de perto dele, John está com o braço esquerdo pendendo de maneira mole ao lado do corpo. Consigo esboçar um sorriso agora, não quero ter coisas de casais com ele. Estamos em guerra e não temos tempo para essas coisas.

— Sabe, eu preferia as coisas de outra maneira. – Ele fala tentando não demonstrar a dor que está sentindo por causa do braço deslocado e tenta me dar um sorriso sedutor.

                Reviro os olhos e vou até o canto da sala onde estávamos guardando a pedra da cura. Eu a encosto em mim e a dor que sinto é horrível, todo os ferimentos que sofri de John causados no nosso combate vem dobrados. Tento resistir ao impulso de ceder a dor até que finalmente passa. Minha canela fraturada e os roxos estão novos em folha. Jogo a pedra para John ele faz o mesmo, para ele vai ser pior por causa da fratura na clavícula. Por um momento achei que ele tivesse deslocado, se tivesse feito isso provavelmente teria que tentar colocar o osso no lugar antes de curar.

                Depois de nos curarmos subimos para ver como estão as coisas com os outros. Estão todos animados porque finalmente vamos saber quem irá para as missões e poderemos nos preparar direito e torcer para que na próxima vez que nos virmos todos estejamos juntos de novo. Amanhã será o grande dia, e eu me sinto já ansiosa, quero ir para a Espanha ajudar a Sete e trazê-la até aqui para ajudar o Cinco.

                Adamus nos convocou as 18 horas na própria sala do bunker. Acho que é o ambiente com mais espaço para toda essa gente. Vejo pelo relógio que ainda temos uma hora antes que a reunião comece e me despeço de John quando ele se vira para o quarto dele no corredor. Ele hesita e eu também, mordo meu lábio queria muito beijar John de novo, mas não é adequado. Precisamos focar nos objetivos, me despeço dele com um aceno e vou para meu quarto tomar um banho e me arrumar.

                                               :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

                Não sei o que estava esperando para uma reunião de guerra, mas certamente não era isso. John e Sam sentado no sofá jogando uma partida de vídeo game enquanto Maggie estava sentada discretamente ao lado deles parecendo esperar alguém. Um avançando violentamente contra as pizzas enquanto Adam a observa meio atônito, Bernie Kosar e Areal brincando um correndo atrás do outro em suas formas caninas. Os Cêpans conversando rindo compartilhando alguma história de Lorien. Não parece nada com uma reunião para debater uma missão, parece uma festa, uma festa de despedida.

— Quem foi o engraçadinho! – Nove aparece gritando atrás de mim. Ele está com o rosto vermelho de vergonha e parece furioso, mas nada disso parece intimidar ninguém na festa. Ninguém consegue levar a sério um cara marombado com uma camisa estampada com o chapéu do Pateta. – Quem foi que deixou só essa caminha para que eu vestisse? Desembucha!

                Todos começam a rir da cara dele e isso o enfurece mais ainda. Eu também não consigo conter um riso, por mais metido a machão Nove não consegue bancar a pose com essa camisa.

— Achei a sua cara! – Um fala quase deixando um pedaço de pizza cair da boca.

— Tenho que concordar. – Falo sorrindo para ele.

                Nove nos fuzila com os olhos, por um estante acho que ele vai desenvolver um Legado de mudar a cor da pele para vermelho de tão envergonhado que está.

— Parem de ficar aprontando com meu menino, suas garotas más! – Sandor fala, mas está caindo na gargalhada e dá um pedaço de pizza para seu protegido.

                Ele pega a pizza e começa a devorá-la, acho que está começando a relaxar com a nossa brincadeira. Eu esqueço um pouco de todos os problemas, estou mais relaxada com a pressão dos últimos dias depois dessa brincadeira. Sinto uma vontade tremenda de ficar com John como ficamos naquele dia, que mal faria? Estamos comemorando, mas algo me impede de continuar. Adamu Sutekh não está aqui, fico intrigada com isso, por que será?

                Ando até Henry, acho que o real nome dele é Brandon. Ele está conversando alegremente com Conrad. Quero perguntar se ele sabe mais alguma coisa sobre minha família, desde aquela última vez em que fui, não tive coragem de ir vê-los, não queria chorar como da última vez. Acho que se ele me falar sobre meus pais em público, pelo menos eu irei ter que me segurar de alguma maneira.

                Estou do lado deles e espero que terminem de falar, estão conversando animados sobre coisas que lembro vagamente como “ADL”, “Kabarak” e algo sobre a coleção de pôsteres de uma tal de Devektra que Sandor tinha e ficava olhando e cantando as músicas no quarto dele enquanto achava que ninguém olhava, mas o colega dele via e grava. Depois mostrava para todos os outros e ficavam rindo disso. Estou começando a acha-los meio idiotas, só que evito falar isso em voz alta. Quando finalmente o assunto acaba eu vou tentar puxar Henry para conversar Adamus aparece.

                A expressão dele é tão sombria que sinto um frio na espinha. Eu volto aos tempos em que era prisioneira em West Virginia e um Mog me torturava e torturava minha Katarina todos os dias até que um dia eu cedi e comecei a dar informações falsas. Só para que ele finalmente parasse de tortura-la e acabasse com seu sofrimento.

                Adamus observa cada um de nós, e se senta. Acho que todos pararam de sorrir. A festa acabou e a missão irá começar, sei que serão duas. Um grupo será responsável por ir encontrar a Sete e outro irá para uma outra missão que ainda não nos foi divulgado.

                Sam e John desligam o vídeo game e se posicionam no sofá ao lado de Maggie. Vou para o outro sofá e me sento também junto com Nove e Um. Os Cêpan e Adam sentam na mesa de jantar como se formassem uma espécie de conselho, todos eles já devem saber quem serão os membros das missões. Fico com raiva disso, eles já decidiram e fizeram suas escolhas, talvez eu não possa ir ajudar Sete e tenha que ir na tal da outra missão porque eles decidiram isso. Quem são eles para fazer isso? Olho para Nove, ele está tencionando o maxilar, acho que sente o mesmo que estou sentindo, ele quer ir nessa missão de resgatar a Sete para poder salvar o Cinco. Sinceramente com relação a John, eu não sei se prefiro que ele vá comigo ou se vá em outra missão, acho que prefiro que fique comigo. Eu preciso dele, por mais que nunca vá admitir em voz alta.

— Acho que primeiro eu devo parabenizar vocês. – Adamus começa com um discurso motivacional. Sério? – Eu vi que estão desenvolvendo bastante bem os seus Legados e espero que continuem cada vez mais. Só que agora está na hora da guerra começar, tudo que fiz foi para lhes ajudar, com a ajuda dos outros que me trouxeram para cá. Tivemos uma segunda chance. Não sei se teremos uma terceirar, as batalhas começarão agora e sei por contra própria que não irão parar tão cedo eu adorei conhecer todos vocês e reconhecer alguns de vocês...

                Sua expressão está mais suave agora. Ele está olhando para todos nós, entendi agora porque ele não esteve conosco. Para Adamus deve ser mais difícil, esse não é seu mundo, nos ver aqui é como ver uma sombra de tudo que já passou ele se vê apenas como alguém para nos ajudar e não uma pessoa que recebeu uma segunda chance como todos nós. Sinto pena dele.

— A outra missão será uma invasão na base mogadoriana de Plum Island. – quem fala agora é Adam, ele aperta um botão e uma imagem de uma fortaleza situada numa ilha aparece na parede branca. – Ela fica em Nova York, iremos mandar uma equipe para lá enquanto outra equipe irá investir contra os mogadorianos na Espanha.

— Por que devemos invadir uma base mogadoriana? – eu pergunto.

— Quimeras. – Henry que me responde. – As Quimeras que vieram na outra nave foram capturadas pelos mogadorianos e levadas para lá. Adam conseguiu evitar que fizessem muitos experimentos com elas, mas se não nos apressarmos pode ser que elas estejam mortas ou pior quando chegarmos, porque ele era a única pessoa que impedia o cientista de fazer experimentos nelas alegando que queria vê-las antes.

                Um se mexe desconfortável no sofá ao ouvir isso. Ela ainda se sente desconfortável por ter tirado Adam do posto de comando da base de West Virginia, o tipo de atitude romântica que não quero tomara por causa do John.

— Recebemos relatos de Gregory que já estão sendo avistados mensageiros mogadorianos na cidade de Santa Tereza. – Adamus fala para não perder o raciocínio do seu pensamento. – Isso quer dizer que o ataque será em breve, precisamos extrair todos os lorienos de lá imediatamente. Para isso já compramos um avião particular que se encontra no Aeroporto Internacional de Orlando pronto para decolar amanhã.

— Show! – Nove fala batendo as mãos na minha frente de empolgação quase esbarrando em mim.

                O Cêpans se olham por um momento. E Henry toma a frente deles para nos dizer quem irá para onde, agradeço por isso. Se fosse Adamus a quem dar as cartas muito provavelmente iria dar confusão caso um de nós não goste da missão que for designado e eu acredito que isso já vai rolar.

— Como o único de nós que sabe pilotar um avião é Sandor ele se ofereceu e a proposta foi aceita por nós para ir na missão da Espanha. – Nove comemora ao meu lado com um soquinho no ar, claro que se o Cêpan dele for a chance que ele vá é alta. E isso não passa despercebido por Henry que olha meio indiferente. – Eu irei também pois fui o líder dos Cêpans responsáveis por trazer vocês aqui e tinha uma boa relação com Adelina, esses serão os Cêpans que irão. Dos Gardes quer irão, precisaremos de John já que é meu protegido e assim como eu somos procurados nesse país por terrorismo, teremos mais facilidade de locomoção fora dos Estados Unidos que dentro dele e a Seis irá conosco, pois o Legado de Invisibilidade dela irá nos facilitar para entrar no avião, infiltração no convento e como provavelmente teremos uma batalho a céu aberto o controle do clima será de grande valia.

                Agora é minha vez de comemorar. Não sou tão espalhafatosa quanto Nove, mas olho para John e sorrimos juntos um para o outro, fico aliviada em saber que não vou precisar me preocupar se ele estará bem invadindo uma base mogadoriana para resgatar Quimeras. Meu amigo do lado pelo contrário está furioso com sua camisa do Pateta, acho que na hora que ele for falar vai até dar a risada icônica do personagem.

— Por que eu não vou com eles? – Nove fala olhando para Sandor ofendido.

— Bom meu amigo de parque temático, você ouviu a explicação? Local aberto, procurados e pilotar avião. – Sandor fala sorrindo, mas noto que ele não quer se prolongar nesse assunto com Nove na nossa presença. Sei que o objetivo dele de querer ir é nobre, eu provavelmente iria insistir em ir também. – Precisaremos do seu poder de demolição na outra missão.

                Todos estamos parados esperando que eles dois parem a discussão. Nove tinha se levantado para poder se tornar mais altivo ao tentar se impor, a questão é que a escolha da camisa que deixaram para que ele usasse deixava tudo que ele falava cômico.

— Anda logo cara, senta antes que eu tenha que chamar o Mickey e o Donald para te deixar mais calmo. – John fala rindo para ele.

                Nove faz um gesto feio para ele e se senta emburrado.

— Bom. – Henry pigarreia para tentar recuperar a atenção de todos e o foco para continuar. – Para a invasão iremos usar os Adams, os irão se infiltrar como mogadorianos. Ainda tem pouco tempo que Adam foi extraído por um da base. – Ele faz uma pausa olhando a Garde ela parece querer entrar no sofá para se esconder. – Então acredito que irão acreditar se ele disser que conseguiu escapar se inventarmos que ele fez isso ao abater um Garde, levando o colar de um Garde como prova que o abateu e mais um como prisioneiro.

— Poderiam dar o troço que deram para Um, Dois e Três beberem e forjarem a morte deles, assim o Garde poderia se infiltrar como morto e depois acordar lá dentro. Assim teríamos dois Gardes lá. – Sam sugere se manifestando pela primeira vez.

— Mas ai teríamos uma cicatriz do Garde abatido, se estivermos em combate ou os outros que não souberem desse plano podem se desesperar. Isso iria acabar gerando um problema. – John deduz a mesma coisa que estava pensando. O plano de Sam até que é bom, mas se o encantamento ainda nos der cicatrizes então estaremos ferrados se elas começarem a brilhar eu nem loucas no meio de uma batalha.

— Não havia pensado nisso. Plano burro, apaguem. – ele comenta constrangido.

— Conrad irá nessa missão para auxiliar na extração das Quimeras, Dois, perdão Maggie irá como a prisioneira infiltrada junto com os Adams e irão levar Areal junto também. Iremos dar um jeito de deixar os dois juntos com as Quimeras. Assim todos irão conseguir sair juntos, Nove você irá ser responsável por abrir caminho para o grupo matando todos os inimigos que encontrar até que todos consigam sair da base.

                Nove agora está sorrindo com a ideia. Nada melhor que se deixado de fora da missão principal que receber permissão para matar quanto mogadorianos puder aguentar, é quase um rodízio de matança para ele.

Ainda faltam duas pessoas, Um e Sam ela está olhando para Henry com medo de perguntar o que irá fazer para ajudar. Eu sei que o amigo de John está trabalhando no sistema de computação com a ajuda de Adam, mas por que eles a deixaram de fora.

— O que eu vou fazer? – ela pergunta tentando controlar suas emoções, ela está com medo da resposta e eu não posso tirar um pouco da razão dela.

— Você irá ficar aqui. – quem responde é Adamus de maneira altiva que me deixa desconcertada, novamente como um mogadoriano. – Precisamos de alguém para proteger o Cinco e Sam.

                Um se levanta e quase joga o sofá no chão no processo. Ela estava segurando o braço do sofá quando se levantou e olha para os Cêpans com raiva e em seguida para todos da Garde com a mesma raiva. Ela está com ódio, acho que vai criar um terremoto ali mesmo par demonstrar sua contrariedade.

— Vocês vão em missões e eu vou tomar conta de um desnutrido e um nerd?

                Vejo que Sam parece magoado com o que ela falou. Eu gosto da Um, mas tem momento, principalmente quando ela está com raiva que não mede as palavras dele.

— Precisamos de alguém para protege-los. – Adamus fala ríspido com ela.

— Sério? Por que não deixa alguém com menos treinamento? – ela indaga. – Eu tenho todos os Legados mais desenvolvidos, por que devo ficar?

— Porque uma dessas missões é culpa sua. – o modo que ele fala é frio, quase como se não se importasse em como iria ferir os sentimentos da menina. Um se afasta de todos e sai, sinto um pouco de pena dela, mas Adamus tem razão. Temos uma responsabilidade a mais por culpa de um erro dela.

                Ele senta de novo e todos ficamos parados por um tempo sem saber o que fazer. Perco a vontade de tentar arranjar um lugar para ficar a sós com John uma última vez, essa pode ser a última vez que vejo todas essas pessoas vivas e metade delas está com raiva uma das outras agora. Me levanto e vou dormir sem falar com ninguém.

 

                                                    Nove 

 

                Ainda estou magoado por não ir na mesma missão que Sandor, tanto que estou deitado virado para parede fingindo que estou dormindo para que ele não tente um daqueles papos que tenta ter toda noite comigo desde que me resgatou. Sempre agindo como se nossa relação fosse algo frágil, mas vai deixar que cada um de nós vá para um canto diferente em continentes diferente sem que se importe se essa pode ser a última batalha que estaremos vivos.

— Hey parceiro. – ouço a voz dele vindo do outro canto do quarto. – Sei que está chateado, mas não fique assim se estou te mandando com Conrad e os dois branquelos é porque eu confio que você vai pôr pra quebrar. Mate uns mogs por mim.

                Ignoro ele e fico calado. Não irei falar nada, estou furioso demais com Sandor para isso. Embora eu tenha medo da nossa última briga como acabou mal e tenha medo de estar sendo tão estúpido quanto da última vez.

— Sabe, você amadureceu muito. Se tornou tão forte. – ele fala e faz uma pausa. – Eu as vezes acho que já não tenho mais nada para te ensinar entende? Você já independente de mim Nove, não precisa de mim para nada, só para abrir uma caixa. Sei que está com medo de não nos vermos de novo e eu disse que não iria deixar nos separarem, mas não vão parceiros, estamos entre amigos. Os mogadorianos não vão nos separar, vamos sobreviver há isso como sempre fazemos, acredita em mim?

                Não respondo. Estou chorando em silêncio, eu quero acreditar que verem Sandor de novo, ele é tudo que eu tenho, ao contrário de Quatro que tem Henry, Bernie Kosar que as vezes conversa comigo – sim eu tenho telepatia anima também, mas não fico espalhando isso. O amigo humano e até mesmo Seis. Se eu perder Sandor quem me resta?

                Pego no sono em algum momento e quando acordo sinto minha testa doída pela noite toda que passei enfiado de cara com a parede. Não foi uma boa ideia, acho que fui muito idiota por não ter aproveitado a última conversa que posso ter tido com Sandor. Quando me levanto vejo uma camisa social muito bonita na cadeira com um bilhete escrito. Para o meu Menino Pródigo. Velho sentimental idiota.

                Saio do quarto com a camisa ainda na mão e vou até o quarto que Seis e Um dividem e bato na dele com força. Ninguém responde, bato mais uma vez mais forte, acho que se continuar assim vou quebrar a porta, mas não ligo eu preciso falar com elas. Finalmente alguém abre a porta. Acho que se não estivesse tão afoito eu iria apreciar melhor a visão de sei com shortinho de camiseta de dormir.

— O que você quer Nove? – ela me pergunta mal humorada. – Foi a Um que colocou a camisa do Pateta para você usar, mas acho que você até curtiu, está com ela até agora.

— O que? – Olho para a camisa ridícula que estou vestindo e faço uma nota mental para me vingar de Um quando tive a oportunidade. – Seis preciso que me escute, preciso lhe pedir um favor.

— Lá vai... – ela murmura para mim. Sei que já tive minhas desavenças com ela e mereço um pouco disso.

— Seis, por favor. Proteja Sandor. – eu olho no fundo dos olhos dela e peço novamente. – Não deixe que nada aconteça com Sandor, por favor Seis.

                Ela me olha espantada. Acho que não esperava uma atitude séria minha, mas estou desesperado, Sandor é tudo que eu tenho e Seis já teve uma Cêpan assassinada. Eu vejo nos olhos dela cada vez que olha para um de nós com nossos Cêpans. Ela olha como se sentisse um vazio no coração, não inveja.

— Por favor Seis, eu pediria ao John, mas você sabe como ele é. – eu digo. – Ele é romântico demais, provavelmente vai estar mais interessado em proteger seu traseiro, que é bem bonito por sinal...

— Eu já entendi Nove! – ela me corta sendo ríspida. Okay eu não precisava falar da bunda dela. – Eu não vou deixar nada acontecer com Sandor, eu prometo a você.

                Me aproximo de Seis e abraço. Sinto meus olhos ficarem marejados um pouco e um alívio percorre meu corpo. Eu precisava saber que alguém de confiança iria cuidar dele, largo Seis quando ela começa a gemer de dor e tentar me empurrar.

— Desculpa. – digo sem jeito e tentando sorrir. – Obrigado Seis.

— Tudo bem. – ela fala tentando recuperar a postura de durona.

— Então, boa missão. – digo me afastando do quarto dela.

— Para você também. – Seis fala fechando a porta. Aposto que vai voltar a dormir mais um pouco.

                Estou saindo para o corredor quando dou de cara com Maggie, ela está me olhando com uma cara meio triste. Geralmente ela fica com uma expressão mais neutra, sei lá, nunca nos falamos direito. Sempre a achei meio distante comigo embora legal.

— Tudo bem? – eu pergunto.

— Sim... – ela fala com uma expressão vazia com dois livros na mão agarrados. – Estava indo levar algumas coisas que quero levar para a viagem, serão quatro dias até Nova York, é bom levar alguma distração.

                Concordo com a cabeça. Fico imaginando o quanto Maggie ouviu da minha conversa com Seis, ela deve estar me achando patético agora. Um cara implorando para uma pessoa para proteger a vida do seu Cêpan como se ele não pudesse se proteger sozinho. Ainda estamos parados um de frente para o outro em um silêncio constrangedor.

— Bom, eu vou arrumar minhas coisas. – eu digo finalmente indo para o lado tentando sorrir. – Te vejo no carro, não se atrase.

— Não vou. – ela me da um sorriso discreto e se afasta. Acho que eu deveria tentar ser mais simpático com a Dois, ela se esforça um pouco para ser legal comigo. Tentarei me aproximar dela nessa viagem, como ela disse precisaremos de algo para nos distrairmos.

 

                                                      Um

 

                Minha fúria durou a noite toda. Me sinto mal por Seis, quando fico muito mal-humorada perco parte do controle do meu Legado de Geokinese e as vezes crio pequenos tremores. Acho que esse foi o caso. Porque quando eu acordei ela estava com uma cara horrível de quem não dormiu a noite toda.

                Acho que desculpas não adiantariam então saio do quarto e vou tentar espairecer a cabeça. Minha raiva pelo que Adamus me fez ainda continua, com tantas pessoas aqui temos nos falado menos. Ele se tornou tão distante. Ainda mais com Adam do meu tempo aqui, eu achei que fosse ciúmes, mas acredito que tenha algo mais.

                Decido ir para o santuário das Quimeras, a única coisa boa é que ele em breve estará abarrotado de criaturas de Lorien. Terei um pouco da minha casa de volta, a única coisa ruim será ficar em casa esperando. E nem terei meu Areal para me fazer companhia. Quando chego lá encontro Adam sentado na pedra em que compartilhamos o nosso primeiro beijo não-violento-com-sequestro que tivemos.

                Ele me olha e sorri, um sorriso de felicidade e preocupação.

— Sabia que viria parar aqui.

— Ficou esse tempo todo me esperando? – pergunto duvidando um pouco da paciência dele.

                Adam ri pegando uma pedra e a joga no lago.

— Na verdade, não. – eu rio da sinceridade dele. – eu vi você pelo monitor que tinha acordado e deduzi que viria para cá.

— Stalker. – digo o abraçando-o e dou um beijo nele. Tenho medo de nunca mais o vê-lo, me sentirei tão inútil presa aqui sem poder fazer nada.

                Ele me olha e faz um gesto de como “fazer o que? É minha natureza mogadoriana ficar vendo o que crianças lorienas estão fazendo” se existisse um gesto para isso.

— Vai ficar tudo bem. – ele fala como se soubesse o que estou pensando. – Nós vamos conseguir Um, eu prometo. Preciso que fique aqui, o Cinco é minha responsabilidade e o Sam precisa achar aquela pessoa para a gente.

                Fico com raiva do que ele falou. Sam poderia fazer isso por um notebook enquanto estivéssemos em movimento e Cinco seria um maldito traidor, eu vi as visões do Adamus do futuro. Ele matou um Garde e foi quase responsável pela morte dos outros meia dúzia de vezes. Seria um favor para nossa causa se esse cretino morresse de uma vez. Ele é um sociopata.

— Você acha que o Cinco tem correção dessa vez? – eu pergunto. Essa não era hora desse tipo de coisa, mas quero saber se ele acredita na causa pela qual está se arriscando.

— Tenho que acreditar Um. – ele segura a minha mão com ternura. – Ele é minha responsabilidade, eu o fiz ficar daquele jeito para que pudéssemos manipulá-lo para não trair a Garde. Agora ele está morrendo, eu preciso salvá-lo, mesmo que indiretamente. Proteja ele um.

                Concordo. Se isso é importante para ele, eu não posso me recusar.

— Só volte para mim. – eu digo. – Os dois homens que eu amo, que por mais louco que seja, são o mesmo homem só que um veio do futuro e eu os amo de maneiras diferentes podem nunca mais voltar, então por favor. Eu não posso perder os dois.

                Adam apenas me beija. Ficamos nos beijando por um longo tempo, não quero que ele vá. Minha missão de babá de humanos e de Gardes-psicopatas em coma vai começar enquanto os outros arriscam sua vida e meu detector vai ser meu tornozelo. Espero não ter que sentir nenhuma dor.

— Eu vou te ver de novo Um. – Adam me fala me dando um último beijo.

— Eu sei. – digo o abraçando.


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Notas finais do capítulo

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