O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 16
Três




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Três 


Achava que minha vida seria um eterno tédio andando junto com Greg apenas observando essa Garde magrela até que finalmente avisto dois mensageiros mogadorianos avistando pelas redondezas da cidade de Santa Tereza. Eu sinto vontade de rir com minha sorte.

Justamente no dia em que recebi autorização para seguir a menina até a escola em que tem aula e ficar atento caso acontecesse algo suspeito. Bom, acho que eu posso classificar dois batedores alienígenas numa cidade num fim de mundo como algo suspeito, certo?

Decido segui-los, se eu tiver sorte eles não estarão esperando que eu seja a pessoa que estão procurando e conseguirei pegar os dois de surpresa, estou há muito tempo querendo acertar as contas com esses cretinos.

Quando fui rastreado pelos mogs na África eu consegui fugir graças a ajuda de Adamus Suketh, claro. Só que isso teve uma repercussão, os mogadorianos começaram a destruir o vilarejo inteiro e mataram as crianças daquele local e todas as pessoas que as ajudavam morreram também foi um massacre e só acabou quando tomei uma espécie de líquido que me fez dormir por um dia inteiro. Acho que Adamus e Greg estavam esperando pararmos de correr para que o mogadoriano voltasse e achasse a sua fonte que nos avisou do ataque e cessar a caçada. Sou grato por estar vivo, mas quero o sangue dos mogadorianos pelo que fizeram com aquelas crianças.

Eu os sigo de longe por entre as moitas próxima a escola de Marina, mal eles sabem que essa Garde é tão mal treinada que mesmo sendo uma das mais velhas pode ser facilmente morta. Quando Greg me contou que a Cêpan dela largou suas obrigações para se tornar freira eu tive nojo dessa mulher, cheguei a sugerir mais de uma vez para irmos lá e pegarmos a menina a força se fosse necessário e deixarmos essa desertora morrer naquele convento se fosse necessário. 

— Ela é uma amiga, Três. – Greg falou em seu tom tranquilo e sério de quem nunca de estressava com nada. – Se nós desistirmos de um sequer do nosso povo, como poderemos reergue-lo?

Essa filosofia de livro de 1,99 me irritava as vezes, mas eu não podia negar que se não fosse por Gregory eu já estaria morto a essa hora e ele é um Cêpan bem sábio. Talvez eu deva dar uma chance para essa Cêpan e essa Garde magrela que não parece ter nenhum Legado muito forte.
Os mogadorianos se esforçam para olhar o pátio da escola pelas grades, estão tão concentrados na tarefa que consigo me aproximar tão sorrateiramente que chego a ficar a três metros de distância deles sem que me percebam. Poderiam matá-los sem que percebessem agora, não há ninguém nos observando então eu preciso aproveitar essa chance.

— Não tem vergonha de espiar menininhas na escola? – eu debocho deles e dou um chute na bunda de um dos mogadorianos. – Seus tarados!

O mogadoriano que eu chutei bate de cara na grade e faz um estrondo tremendo. Me arrependo na hora porque acho que posso ter chamado alguma atenção, mas ninguém vem, o seu amigo demora demais para entender o que está acontecendo e aproveito para usar minha telecinese e bato com a cabeça do mogadoriano novamente na grade.

— Seu vermezinho! – o mogadoriano grunhe pra mim sacando uma adaga do sobretudo dele. 
Ele avança para cima de mim esquecendo o companheiro caído no chão por causa das minhas investidas. 
O primeiro golpe do mogadoriano é uma investida desesperada na direção da minha barriga. O mog tem pouca técnica e eu poderia tentar desviar, mas esse idiota ainda não se tocou quem eu sou então deixo meu Legado funcionar. A adaga do mogadoriano desse sedenta e quando vai atingir meu corpo ela atravessa direto.
A cara de espanto do mogadoriano quando seu golpe me atravessa como se eu fosse um fantasma vale mais que qualquer coisa. Aproveito esse momento e faço minha mão ficar solida novamente e pego a outra adaga que está presa no cinto dele e em seguida a faço fica intangível novamente enquanto ele termina de me atravessar e quase bate de cara numa árvore.

— Cuidado ai! – digo fingindo preocupação.

— É ele o Garde! – o mog rosna para o companheiro que está tentando se pôr de pé.

Acho que chegou a hora de matar o raivoso. Ele investe contra mim uma série de golpes com a adaga dele e eu consigo desviar deles com a minha própria agilidade ou com meu Legado, o mog tem a desvantagem de ser uns 15 centímetros maior que eu, o que me torna mais um alvo mais difícil. Aproveito isso e abro uma ferida na perna do mog com sua própria adaga e depois a enfio na barriga dele e torço.

O mogadoriano grita de dor e começa a se contorcer no chão até começar a virar poeira a partir das feridas que fiz nele. 

— Maldito lorieno! – seu amigo que finalmente recuperou-se do chute no traseiro avança agora contra mim.

Esse eu planejei algo especial para mata-lo. Ele não tenta me abater com uma adaga, puxa direto uma espécie de arma que eu consigo arrancar de sua mão com a telecinese e aproveito para dar um chute na perna do mogadoriano. Mensageiros são fáceis de derrotar, eu queria fazer isso com um soldado, mas terei que fazer isso com este. Faço a adaga que peguei do amigo dele ficar intangível e coloco minha mão dentro do peito dele.
O mogadoriano não percebe o que vou fazer e vem com as duas mãos ávidas para me estrangular, deixo ele pensar que irá conseguir fazer isso e então eu largo a adaga lá. Quando eu tiro minha mão do peito dele sem a adaga o mog se afasta de mim e começa a tentar abrir seu próprio peito com as mãos.
Eu o observo cair no chão e ficar sufocando sem fazer nada eu acho que a deixei próxima do coração e do pulmão. Ele deve estar sentindo uma dor insuportável, vai morrer após sentir muita dor.
— Não é legal quando a criança revida, né? – chuto a cabeça do mogadorian enquanto ele está morrendo.
Caminho até a arma dele e a pego. Ela é pequena e prateada, não parece com os temíveis canhões mogadorianos, deve ser algum tipo de pistola mais prática que dão para os mensageiros. Fico apontando ela para o mog e ele fica me observando como se pedisse para que eu o matasse, fico imaginando que isso deve ser uma vergonha para a raça dele.
Ouço alguém vindo dos arbustos. É Greg, ele está me olhando mexendo na sua barba já grisalha, sabia que não iria me deixar vir sozinho. Depois disso ele nota os grunhidos de dor mogadoriano agonizando no chão e me olha com uma expressão que me faz sentir a pior pessoa do mundo.
— Agora torturamos as pessoas?
— Pessoas? – Não consigo esconder a raiva e aponto para o mog. – Greg, esse verme é um mog, ele não merece pena, não merece viver, ele é uma assino cruel e sem piedade que matam crianças.
O mog tenta falar algo, mas cospe sangue negro. Greg observa isso e depois me olha, sua cara de desaprovação pelo que fiz está me matando.
— Pelo que estou vendo, quem está sendo cruel e sem piedade, não é mogadoriano.
Primeiro sinto raiva por ele me comparar por essas criaturas, mas depois eu penso que no fundo há alguma razão. Gregory tem razão em querer me proteger disso, ele sempre me falou que existem limites em matar para viver e matar para se divertir. Eu não sei mais se estou fazendo justiça torturando esse mog. Aponto a arma dele mesmo para a sua cabeça e respiro fundo para tomar coragem e atirar. O mog me encara e logo depois com um som pequeno ele tem uma bala na cabeça e se desfaz em cinzas.
Greg o matou. Olho para ele incrédulo por te-lo o matado depois de ter dito que era para eu ter feito isso.
— Ele era minha responsabilidade. – ele fala se se retirando para dentro dos arbustos e eu o sigo. – Se eu tivesse vindo com você teríamos os matado rápido.
— Eu sou responsável por minhas ações. – digo sério.
— Verdade... – ele fala se voltando para mim e agora está sorrindo e mais calmo. – Só que eu tenho um silenciador na arma. Vamos Três, de tarde iremos encontrar aquela pessoa que estávamos procurando.
Agradeço. Finalmente estamos começando a ter um pouco mais de emoção, não aguento mais isso sabendo que a Garde está praticamente toda unida lá nos Estados Unidos treinando para chegarem aqui chutando todo mundo e eu aqui só observando. Tento imaginar como devem ser. O tal de John Smith que destruiu um exército mogadoriano que invadiu a escola dele, só de pensar na Garde aqui eu fico animado. Não nessa tal de Marina que fica andando por aí fazendo pintura em pedras e rezando em igreja, tenho suspeitas que ela seja realmente uma de nós.

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    O café que estávamos era aconchegante e bem família. Comum para os daqui dessa região estava sentado com Gregory em uma das mesas tomando um chocolate quente enquanto observava as pessoas nele. Tem cerca de vinte mesas, mas menos de vinte mesas estão ocupadas. A maioria toma café, menos um homem de meia idade que está tomando vinho.
    Eu o observo bem. Aquele é Hector Ricardo, a única pessoa que Marina, a Garde que eu e Greg devemos tomar conta gosta nesta cidade, ele é o bêbado da cidade. Pensar nisso me faz rir um pouco. Uma cidade tão pequena ao ponto de haver uma pessoa com esse título. Hector está atracado com uma garrafa como se fosse resolver todos os problemas da vida dele.
— Ela só se cerca de vencedores. – debocho.
    Greg me olha com uma expressão de desaprovação.
— Você hoje está com sua personalidade especialmente sarcástica.
    Nos encaramos por um tempo e decido e ficar brincando com a colher remexendo o chocolate para ele ficar um pouco mais frio. Está aí um Legado bastante legal, poder esfiar as coisas, jamais me queimar com as coisas com nada.
— Quando os outros vão chegar? – eu pergunto tentando dar um gole no chocolate.
— Semana que vem, segundo Adam. – Greg fala observando Hector, acho que ele queria ajudar aquele pobre homem. Meu Cêpan tem alguma coisa humanitária, acho que foi por isso que ficamos bastante tempo na África. Ele sempre quis tentar ajudar aquelas pessoas a serem melhores.
    A porta do café se abre e vejo uma garota entrar como um furacão. É Marina, por um momento eu acho que ela vai vir falar conosco, mas ela conversa freneticamente com Hector e depois se senta. Eles estão conversando tão intensamente sobre algo e noto que a Garde está triste, se eu tivesse uma Cêpan que tivesse me negado treinamento e esquecido de onde é, acho que também seria triste, ou teria tentado me virar sozinho. 
— Deveríamos ir lá agora. – Sugiro. Acho que seria melhor tentar parar de nos escondermos, essa menina merece saber a verdade.
— Ainda não é o momento. – Greg fala. – Precisamos da Arca dela, a Herança de vocês é essencial para o plano de restaurar Lorien. Tenha paciência, Três.
    Queria saber o que os dois estão conversando, ou me meter na conversa. Ela deve se sentir sozinha, mas não sabe que tem alguém do lado dela que está próximo.
    A porta se abre novamente e outra pessoa estranha entra. Dessa vez quem entra é um homem alto vestindo um casaco longo segurando um vestido velho nas mãos. Ele passa observando todos atentamente no café. Ele tem cabelo e bigode escuro e uma expressão séria de alguém mal, por um momento acho que ele é algum inimigo e me preparo para atacar, mas Greg sussurra para mim “é ele”. O homem caminha lentamente até um canto da sala e fica observando Marina e seu amigo alcoólatra.
— Está aí uma pessoa que sabe ser sutil. – a aparência desse homem é tão suspeita que metade do café o olho quando chegou – Ele sabe de nós?
— Ainda não. – mexe na barba, algo que faz quando está bolando um plano. – Vamos esperar a menina sair.
    Não pergunto como ele sabe disso, esse geralmente é o tipo de momento em que eu deixo os truques que me fazem suspeitar se meu Cêpan não é na verdade um Garde. Ele sempre tem a capacidade de perceber o comportamento de algumas pessoas, não demorar muito para Marina fazer exatamente o que ele disse que ela faria, a garota fica assustada com o homem que viemos procurar e sai correndo quase derrubando a garrafa de vinho de Hector. O bêbado se levanta e vai falar com o homem e nessa hora Greg sinaliza para irmos falar com eles também.
    Caminhamos até os dois e posso ouvir que Hector embora bêbado está tentando manter a voz firme para tirar satisfação com o recém-chegado. Greg coloca a mão a mão no ombro de Hector e sussurra algo no ouvido dele. Não sei o que ele falou, mas o homem pareceu relaxar e saiu do café nos deixando a sós.
— Suponho que eu deveria agradecer. – o bigodudo fala, mas sem parecer realmente muito agradecido por isso.
— Acho que poderia resolver isso sozinho, mas eu precisava conversar com o senhor a sós. – Greg estende a mão para cumprimentar o homem e estou ao lado dele, percebo a hesitação nele. 
    Também estou hesitando. Noto que o livro que o homem estava lendo era PITACO DE ALGUMA COISA, não tive tempo de ler o resto porque estou mais interessado na arma que o homem está puxando do casaco dele. Então institivamente eu mostro meu tornozelo para ele. Os olhos do bigodudo são atraídos como um imã para lá e ele deixa sua arma onde está.
— Eu... – percebo que agora o homem está com vergonha por quase ter matado gente do seu próprio povo. – Mil perdões.
    Nós sentamos na mesa dele. E deixamos o homem pedir alguma coisa para ele beber enquanto eu tento me acalmar, eu poderia tranquilamente ter desviado das balas com minhas Intangibilidade. Já não sei se conseguiria salvar o meu Cêpan desse ataque.
— Eu sou Greg. – meu Cêpan começa com as apresentações e seguida aponta para mim. – Este é Três.
    O bigodudo nos estuda por um momento.
— Crayton. – ele fala. – Como sabem que eu sou de Lorien?
    Fico perplexo com a dedução do homem. Nós sabíamos da outra nave porque Adam nos contou. Ele havia dito que Crayton iria aparecer hoje no café e que iria afugentar Marina quando ela estivesse conversando com Hector, nos deu a descrição do homem. Agora ele em 5 minutos já descobriu que a gente já sabia sobre ele.
— Se vocês não achassem que eu sou de Lorien não teriam me mostrado a sua cicatriz. – ele comenta olhando pra mim e sua carranca séria suaviza um pouco.
— Eu as vezes gosto de viver intensamente. – tento quebrar a tensão.
    O homem não sorri e se vira para Greg. Eles se encaram por algum tempo e começa a falar sobre como veio parar em aqui na Terra. Aparentemente, eles chegaram aqui usando uma nave de um museu com várias Quimeras que foi restaurada pelo patrão dele que queria levar a filha dele que foi escolhida pelo Ancião Loridas para ser a Número Dez a Décima Anciã. Toda essa história me deixa perplexo, fico imaginando que do porquê de Adamus não ter nos contado isso antes. Quimeras, Número Dez e outra nave.
— Onde está essa menina? – eu pergunto.
— Ela está numa missão. – Crayton fala. Fico escandalizado porque pelo que eu entendi a menina não possui Legado além de mudar de idades e ela deve ter 12 anos. – Está infiltrada no convento tentando achar a arca de Marina.
    Troco um olhar para Greg e sorrio. Se acharmos a arca dessa Garde eu mesmo invado aquele lugar e tiro as duas dali a Herança e largo a Cêpan dela para criar teia se naquele mausoléu se quiser. Assim poderemos fugir e iremos para os Estados Unidos.
— E vocês? Qual a história de vocês? – ele pergunta tomando um gole do café.
    Aí é a parte complicada. Não sei qual será a reação de Greg e então ele começa a contar tudo. Ele conta desde quando fomos rastreados a no Quênia pelos mogadorianos, quando eles começaram a andar por nós com seus mensageiros. Um dia Adam bateu na nossa porta e Gregory lutou com ele, só parou quando o chão da nossa cabana começou a tremer. Ele mandou a gente sair daquele lugar, disse que em breve chegariam os mogs para tentarem me achar e matariam toda aldeia para isso. 
    Nós fugimos pela selva por vários dias. No quinto dia Adam nos achou e disse para Greg que eu deveria beber um líquido verde esquisito que iria me fazer dormir por um dia inteiro e que meu coração iria parar. Ele iria achar que morri, para meu espanto na hora. Greg aceitou, eu implorei para não fazer isso, mas Adam mostrou algo que o fez se convencer que poderia confiar. E eu estou aqui até hoje, desde então estamos seguindo as regras que o mogadoriano está nos dizendo.
    Há cerca de 3 meses estamos vivendo em Santa Tereza porque ele me mandou a gente tomar conta da Marina. Por saber como Gregory é, ele falou para meu Cêpan conversar com Adelina, mas a idiota é muito cabeça dura e rechaçou ele. Ela fez a mesma coisa com Crayton, iremos tentar uma última chance com os outros Gardes quando eles chegarem ou então eu irei ser obrigado a tirar Número Sete daqui.
— Eles vão chegar aqui em uma semana? – pergunta Crayton. Esse homem não para de me surpreender, ele aceitou bastante rápido tudo que acabamos de lhe dizer.
— Sim, sugiro que você fale com a Número Dez para se preparar. – Greg fala assumindo sua expressão zen. 
    Crayton toma um gole novamente do seu café e vejo que ele está pegando de dentro do livro uma foto. Nela eu percebo que são duas pessoas sorridentes com uma espécie de falcão. Uma menina sorridente de cabelos castanhos avermelhados sentada num balando com uma versão de Crayton mais sorridente. Ele analisa a foto ignorando a gente com um aspecto nostálgico.
— Por que me diz isso?
— Abati dois mogadorianos hoje. – eu respondo. – Eram mensageiros, e quando começam a ter muitos mensageiros, é sinal que vão começar a chegar os soldados. Se prepare para lutar


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