O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 11
Sala de Treinamento




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Dois

                De tarde finalmente nós fomos conhecer a Sala de Treinamento do bunker.

                Soube que o Cêpan de Nove desde que foi encontrado estava ajudando na construção dela, mas que Adam do futuro a estava planejando já tinha algum tempo. Infelizmente, não havia uma dessas no bunker onde eu e Conrad ficávamos.

                Depois que quase assinei minha sentença de morte que de alguma maneira eu realmente morri por um dia, nós nos mudamos para os Estados Unidos e passamos a morar em um bunker em Montana nas Montanhas Rochosas, era bem triste e isolado. Até que finalmente recebemos o chamado para vir pra cá.

                Já havia conversado com a Um algumas vezes, usávamos telefones de satélites privados de que impedia a facilidade de acesso dos mogadorianos para hackearem e mesmo assim falávamos por códigos. Agora que estou aqui e tem tantos Gardes reunidos, parece tudo tão mágico.

                Tivemos que nos separar em grupos para que todos pudessem chegar ao andar da Sala de Treinamento, porque pelo que pude entender. Ela tem quase o tamanho do bunker inteiro, com subdivisões para cada tipo de treinamento.

                Quase todos os Cêpans descem logo então as pessoas que ficam esperando o elevador voltar para descermos são eu, Seis, Um e estamos esperando Nove sair do banho – de novo. Não que isso me incomode, claro.

— Nunca pensei que você fosse do tipo que enrola pra querer ir pra pancadaria, Nove. – Um zomba de Nove quando ele chega.

                Dessa vez Nove está usando uma camisa do Capitão América, eu sinceramente acho que combinou com ele. Nove para do meu lado e sinto meu rosto corar, e espero que não tenha percebido isso.

— Sinceramente, quando formos para Chicago eu vou ter minha vingança por isso Um. – ele resmunga, pelo fato de estar usando esses tipos de camisas.

                Um dá uma risada sínica na hora que o elevador chega. Fico feliz pelo ambiente descontraído estamos quase todos reunidos, queria que Cinco estivesse acordado, eu temo pela vida do menino. A julgar pelo estado dele, ele foi muito maltratado pelos mogadorianos, acho que não teve a força de vontade de Nove para resistir, mas pela história que me contaram, ele lutou bravamente no final e por isso chegou naquele estado, não seria justo ele morrer agora.

                Quando o elevador chega me impressiono com o lugar. É uma área imensa branca e no centro uma cabine de comando e vejo que já temos uma pessoa lá dentro, a área deve corresponder mais ou menos a sala do bunker mais a sala de jantar, vejo que tem um stand de tiro fechado para abafar o som e uma área que deve ser reservada para combate corpo a corpo que também é fechada para o resto do salão.

                Vejo Conrad e Henry parados ao lado de uma mesa com as nossas arcas já apostas numa mesa e me surpreendo com a eficiência. Acho que já devem ter duas pessoas dentro do stand de tiros porque noto um dos alvos se mexendo para trás com o impacto de algo.

— Bem-vindos! – Adam do futuro aparece de algum lugar.  – Essa é a Sala de Treinamento que projetamos para vocês.

                Estamos todos animados olhando para a sala. Acho que a única que parece não ter ligado muito é a Um, não sei se ela já tinha vindo treinar aqui antes, ou se ela realmente acha que não precisa de treino nenhum.

— Achamos que vocês vão precisar de um pouco de treinamento de equipe, já que daqui há duas semanas teremos que partir em duas missões separados contra os mogadorianos. – Quem fala agora é Henry. – Por isso Sandor que está já apostos decidiu dividir as sessões dos treinos em etapas, a primeira serão treinamentos individuais, contra os robôs inventados por eles para treinar a destreza e movimentos de vocês, a segunda será o combate corpo a corpo, vocês irão ter parceiros de luta ao longo de três dias diferentes e também irão ter combate com robôs, os últimos dois dias terão combates em grupo para treinar vocês a trabalhar em equipe.

— Seu velho maníaco por robôs. – Nove fala brincalhão para o homem no cockpit. – Trouxe a Sala de Aula para cá.

                Sandor dá de ombros, como se aquilo não fosse de se surpreender.  

— Depois que um certo alguém deu um piti e destruiu a de Chicago eu ainda não consegui terminar de concertá-la, então por enquanto teremos que usar essa daqui.

                Vejo a expressão de Nove se tornar meio constrangida. Ele fica olhando para os pés como se estivesse se lembrando dessa tal cena vergonhosa que Sandor mencionou.

                Recebemos autorização para nos aproximarmos das nossas arcas e pegarmos as armas que quisermos utilizar das nossas arcas que para utilizar nessa sessão de treinamento. Conrad tem que me ajudar com isso ele me ajuda a abrir a minha e pegamos uma caixa lórica que tem o que seria o que chamo de um par de lentes de contato lórico. Ele funciona de uma maneira muito estranha, primeiro. Ele é fácil de colocar é só posiciona perto dos meus olhos e eles exercem uma atração um com o outro para se encaixar, e com eles eu posso desativar qualquer tipo de aparelho eletrônico, é bastante útil. Vejo que Um não precisa de ajuda para abrir sua arca. Isso porque sua Cêpan já foi morta, é um privilégio triste. Nove já estava com uma espécie de cano cilíndrico na mão que presumo ser da sua arca. Só Seis que não pega nada e vejo que duas arcas estão ali sem ninguém mexer nelas.

— De quem são essas duas? – pergunto para Henry.

— Uma é de John e outra é do Cinco. – ele me responde.

                Compreendo o que significa. Ainda não vi John na Sala de Treinamento e Cinco está em coma, percebo então que Seis não possui uma arca, troco um olhar triste com ela. E vejo que ela entendeu e para de me olhar, me sinto idiota por isso.

— Onda está seu Garde, Henry? – Seis pergunta e percebo que está um pouco mal humorada por John não estar ali.

                Acho o Cêpan também não aprovou muito a ausência de Quatro, pois a única coisa que fez foi apontar com a cabeça para a parte de combate pessoal. Pelo que pude ver aquela sala tem alguns bonecos em forma de mogadorianos para os que querem treinar sozinho, mas não notei nenhum tipo de atividade física intensa lá dentro. Seis revira os olhos e caminha mal-humorada lá para dentro.

— Então.... Podemos começar? – Sandor pergunta e vejo que está ansioso para pôr seus brinquedos em ação conosco, não sei por que, mas isso não me deixa muito animada.

— Eu tenho escolha? – Um pergunta acionando suas luvas gigantes.

— Você prefere ficar beijando seu namorado mogadoriano? – Nove a provoca acionando o cano dele o fazendo se transformar numa espécie de cajado. – Não tem medo de pegar germes mogadorianos?

— Não. – Um fala dando um sorriso sínico para ele. – Para falar a verdade, acho que vou beijar meu namorado mogadoriano na sua cama quando não você estiver no seu quarto.

                Nove faz uma careta e finge fazer vômito. Sandor revira os olhos e começa a ativar os mecanismos da Sala de Aula. Vejo algumas partes das paredes entram e de dentro delas saem canhões de 30 centímetros, alguns objetos aparecem voando e me surpreendo pela variedade absurda do que parecem ser eles, alguns são torradeiras voadoras, outras são fritadeiras e tem um ferro de passar também – O Cêpan de Nove tem um jeito bastante excêntrico para construir coisas.

— Quando quiserem. – Ele sorri.

— Eu estou tendo um déjà vu. – Nove fala dando um sorriso de alegria e se preparando para o combate.

                                                                               Seis

                Encontro John dando socos em um mogadoriano de mentira na parte de treinamento físico. Ele dá socos tão fracos que me dão dó, o mog mal se mexe com seus socos e vejo que pela sua expressão ele se esforça para fazer isso. Acho que até o amigo nerd dele conseguiria fazer algo melhor que isso. Não sei por que, mas isso me deixa com raiva, eu lembro do John Smith do vídeo, o número Quatro, aquele cara, era forte. Eu podia ver, que ele perdeu tudo, não tinha absolutamente mais nada, mas ele ainda lutaria.

                Esse John estava triste porque teve que mandar a namorada embora. Isso é uma guerra e francamente estou surpresa por ele ter dito que ela deveria ir, estava achando que teria que ser Sarah a tomar a decisão. Quando John dá um soco na cara do mog e a cabeça dele não se mexe eu me irrito, me aproximo por trás do boneco mogadoriano sem que ele perceba e o soco com toda minha força. O boneco é bem resiste, porque ele não quebra, mas ele desprende da parte de ferro que o segura na parede para que seja socado e é arremessado em John fazendo os dois serem jogados no chão com força.

                Ele joga o boneco para o lado e me olha com raiva, vejo que seu semblante mudou, antes ele estava com uma cara de cachorro que caiu do caminhão da mudança, agora está com cara de cachorro que eu pisei no rabo dele.

— Qual a sua Seis! – ele rosna pra mim.

— Fala sério Johnny. – eu falo como se não tivesse feio nada demais. – A namoradinha foi embora e vai ficar com essa cara de idiota aí socando um mog como se tivesse alisando ele? Tem certeza que está vendo um mogadoriano aí? Para mim parece que você vai beijá-lo daqui a pouco.

— Você não entende. – ele fala com uma cara confuso.

— Não! Quem não entende é você. – falo direta. – Estamos em guerra Quatro.

                Ele se levanta e me encara com raiva. Tem algo de diferente no John, não é o mesmo de ontem. Alguma coisa mudou, estou quase acreditando que tem alguma coisa a mais que Sarah, mas mesmo assim não justifica ele estar agindo desse jeito.

— Isso não tem nada a ver com a Sarah!

— Okay! Os mogadorianos não estão nem aí para os seus motivos, eles vão te matar, não importa quais são suas emoções então treine e deixe suas emoções para depois.

                Ficamos nos encarando por alguns segundos. John é alguns centímetros maior que eu, mas eu tenho condicionamento físico superior, com certeza eu acho que ganharia dele numa luta.

— Lute comigo. – exijo.

— O que? – percebo que ele está chocado com a minha atitude. – Hoje não é o dia do combate corpo a corpo Seis.

— Idai? Você não vai participar do treino de destreza mesmo e posso ficar invisível para mim isso não muda muito desviar de tiros. Lute comigo John. Está com medo? – eu o provoco.

                Ele sorri para mim. Para minha surpresa John simplesmente tenta me atacar com um soco direto com sua esquerda eu desvio e tento bandar ele usando seu próprio corpo, eu consigo e o vejo com um olhar de espantado ao cair no chão soltando um grunhido de dor.

— É sério? – eu falo rindo dele. – Quando vamos começar Johnny?

— Agora! – ele dá um salto e fica de pé e tenta me dar outro soco dessa vez sou obrigada a recuar.

                Eu revido e contra-ataco com uma série de socos. Dou dois diretos de esquerda e um gancho de direita, John consegue esquivar deles e tenta me acertar com um chute, o canalha está mirando na minha perna machucada – não sabia que John gostava de jogar sujo. Eu me esquivo para esquerda e passo uma rasteira nele fazendo-o cair no chão de novo.

— Qual é Quatro, você está pelo menos tentando? – provoco-o. – Pense que sou um mogadoriano que estou tentando raptar sua preciosa Sarah, o que você faria? Iria deixar ele te passar duas rasteiras e levar ela? Agora entendo o porquê de ela ir embora com o jogar de futebol americano.

                Dessa vez eu consigo. John rola para o lado no chão e se levanta, ele corre para cima de mim como um touro e começa a me socar, eu desvio dos socos dele com facilidade no início e acerto um soco na barriga dele, mas John parece que nem sentiu. Acho que o provoquei demais, ele me acerta um direto na barriga que me faz ficar sem ar e depois um cruzado no ombro. Percebo que mesmo com raiva ele não mira nenhum ponto vital – sempre um gentleman. John coloca a perna por de trás das minhas e puxa para me jogar, no chão, mas eu prendo junto com ele caímos juntos.

                Ficamos rolando no chão da sala tentando prender o outro para imobilizar. Finalmente eu consigo prender John em um mata-leão ele fica xingando de frustração por perder de novo para mim. Eu rio, mas pelo menos agora ele teve uma boa tentativa. Nós lutamos bem

— Desiste? – eu pergunto sorrindo. – Lutou bem, John.

— Ainda não... – ele murmura ofegante apontando a mão para o meu rosto.

                Eu não havia previsto que as lanternas não mão dele poderiam fazer isso. Uma luz ofuscante me cega e instintivamente eu ponho as mãos nos olhos. Eu não consigo ver, mas percebo que John colocou os joelhos em cima dos meus braços e colocou uma das mãos pressionando o meu pescoço. Quando o borrão branco some um pouco eu vejo que ele está com um soco apontado para o meu rosto e sorrindo triunfante.

— Desiste? – ele pergunta.

— Esse jogo é para dois Johnny. – dou um sorriso sarcástico e utilizo minha telecinese e arremesso John para longe de mim até a parede.

                Ele se choca contra ela e ouço um gemido de dor. Fico invisível e vou até ele para que não possa usar o mesmo truque em mim até que seja tarde demais.  Paro na frente dele e pressiono os braços de John contra as costas dele até ele gemer de dor para não conseguir se concentrar, me sinto um pouco mal, acho que poderia deixa-lo ganhar na primeira tentativa, mas não sou de pegar leve. Nossos rostos estão há 5 centímetros um do outro e sorrio para ele.

— Desiste?

— É... – ele fala murmurando gemendo de dor. – Dessa vez você venceu.

— Não se esqueça disso Johnny. – dou um beijo na bochecha dele. – E eu peguei leve.

                Solto John e percebo um alívio repentino quando ele é solto. Não ainda por que dei um beijo na bochecha dele, mas foi bom ver um Quatro diferente do bundão romântico que corre atrás da namorada humana. Ele lutou bem até me impressionou um pouco.

— Você luta bem Seis. – ele fala arfando, mas agora já está de pé. – Como aprendeu a lutar assim.

                Eu dou de ombros como se isso não fosse nada, mas até que gostei um pouco do elogio.

— Minha Cêpan Katarina, ela aprendeu vários tipos de artes marciais aqui da Terra e me ensinava eu tentei aprender todas ao máximo sempre gostei delas, acho que sempre tive aptidão para isso. – Estou o encarando, seja o que estava deixando ele angustiado agora se foi a expressão de John se suavizou. – Posso te ensinar depois dos treinamentos se quiser.

— Adoraria Seis! – John fala empolgado.

                Não sei porque, mas gostei dessa ideia também de podermos passar um pouco mais de tempos juntos. Percebo que passamos tempo demais aqui, estamos perdendo horário de treinamento, John tem razão, hoje não é dia de treinamento físico.

— Podemos treinar um pouco mais, sei lá. Já estamos aqui mesmo. – John sugere.

                                                                                   Nove

                Estou correndo pelo teto sendo perseguido pelas duas torradeiras que Sandor manda para cima de mim. Ele está dando gargalhadas, acho que passou bastante tempo pensando nisso já que na última vez que nos vimos há um ano atrás eu tinha acabado de desenvolver esse Legado de antigravidade. Já tentei abater essas benditas torradeiras duas vezes, mas elas são ágeis demais o que torna uma tarefa de paciência derrota-las.

                Vejo que Dois está tendo dificuldade em desviar dos canhões que estão focando nela. Ela de vez em quando é obrigada a fazer um disparo de uma rajada óptica em um deles para desviar um ou outro deles, mas ela evita destruí-los, como Sandor – meu “querido e amado” Cêpan disse, é uma tarefa pra treinar nossa destreza. Os únicos que parecem estar levando isso a sério somos eu e Dois, porque Seis foi procurar Quatro e até agora não voltou. Caraca será que todo mundo vai se dar bem aqui menos eu? E Um está parada de pernas cruzadas no centro da sala usando seu campo de força para bloquear tudo que mandam nela.

                Adamus está olhando mal-humorado para ela. Acho que ele queria que a garota estivesse levando um pouco mais a sério o treinamento e não estivesse tirando sarro de todos nós.

                A torradeira faz um disparo de eletricidade que me faz ter de pular de onde estava. Eu me jogo em queda livre por alguns minutos e depois uso minha telecinese para amortecer a queda quando chego no chão. Um canhão dispara e noto que Maggie não percebe que ele vai acertá-la a tempo.

— Cuidado! – eu grito, mas eu mesmo preparo meu cajado e rebato o disparo como um jogador de beisebol, não se ainda estou ressentido, mas rebato o tiro em cima da número Um. Ela toma um susto com o disparo que não esperava e me olha feio.

— Fez de propósito! – rosna para mim.

— Desculpe! – imito o sorriso falso que ela gosta de dar as vezes.

                Ajudo Maggie a se levantar e ela faz um disparo com seus Raios Ópticos para bloquear uma rajada de raios. Caramba! Eu mal ajudo a garota e já estamos quites. Essa foi rápida, bastante diga-se de passagem.

— Acho que vocês já podem parar com o passeio, não é crianças? – Sandor fala rindo. A não ele deu a risada psicopata.

— Se prepara, Dois. – eu murmuro para ela. – Agora o bicho vai pegar.

                Um parece que nem está dando ouvidos e fica perambulando pela Sala de Treinamentos. Qual é a dela? Isso está me irritando, estamos juntos e ela está agindo como se isso fosse brincadeira. Tudo bem que tiros não são uma ameaça muito grande, mas ela poderia tentar criar Campos de Força para nos proteger pelo menos.

                Vejo que tonalidade da sala fica vermelha. Isso só pode significar algo ruim. De repente o chão começa a tremer e paredes começam a levantar e mais canhões surgem para todo. Mais cinco torradeiras e dois ferros de passar surgem e dessa vez a velocidade deles é muito maior e vejo que tem algumas alterações que nos outros não haviam.

— Que comece o level insano! – Sandor anuncia. – Sobrevivam 5 minutos nele.  

                Olho para os lados e vejo que não encontro mais nenhum membro da Garde. Fico frustrado – cada um por si, que seja. Corro por entre as paredes que ficam levantando e abaixando de forma aleatória, uma ou outra vez elas surgem já com canhões armados e disparam. Na terceira quando estou andando eu sou acertado. É um choque horrível que me faz gritar de dor, tomara que isso não tenha atraído a atenção das máquinas.

                A luz vermelha continua e ainda dificulta as coisas, eu tenho de achar dois ou até mesmo a idiota dá Um, preciso do Campo de Força dela um pouco para me dar proteção, mas não a encontro.  Corro e desvio de dois tiros de canhão que vem da parede, pelo que percebi eles são tasers, devem me queimar se eu for atingido. Os das paredes que estão no chão são de choque.

                Dou mais dois passos e quase tomo um tiro de canhão uma parede que sobe no chão. Eu uso minha antigravidade e a escalo na hora que ele sobe e salto a parede. Tomo outro tiro nas costas, dessa vez é muito pior e dou de cara com uma das torradeiras. Dane-se que não posso quebrar, é matar ou morrer agora. Tento acertar meu cajado nela, mas a torradeira desviou rápido demais e me acerta um choque. Dessa vez eu caio.

                Sou acertado por outro choque não sei de onde e mais outro. Sinto que minha mão fica mole e largo meu cajado. Estou ficando zonzo e tento me rastejar para alguma parede, e ficar longe da torradeira, o objetivo é sobreviver 5 minutos. Vou tentar isso, mas aí o ferro surge, não entendi o que ele faz até que ele solta um gás na minha cara e tudo fica escuro.

                                                                         Dois

         Quando as luzes começam a ficar vermelhas e Nove me disse que as coisas iam piorar eu tomo uma decisão – preciso fazer a Um parar com essa palhaçada e nos ajudar. Eu caminho até a direção dela, mas aí o mundo começa a ficar de cabeça para baixo.

                Começam a brotar paredes do chão e algumas tem canhões. Logo na primeira eu só consigo desviar por puro reflexo, sei que é trapaça mas desativo uma parede no meio do caminho e ela fica pela metade e volta para o chão sem se levantar por completo usando minhas lentes de contato.

                Olho para trás para ver se Nove viu isso, mas me surpreendo ao perceber que ele não está me seguindo. De repente começo a ficar com medo, não encontro Nove e nem Um nesse caos e estou cercada por paredes armadas por canhões loucos.

                Um dos canhões das paredes realmente me atinge e sinto o taser dele queimar minha pele. Eu grito de dor e corro, estou desesperada, não achava que seria assim esse modo insano. Achei que iríamos ficar juntos e tentaríamos nos defender. Estou tão distraída que bato de cara numa parede que não havia notado surgir bem na minha frente.

                Sinto o sangue surgir na minha boca. Torço pelo menos para não ter quebrado nenhum dente e dou graças a Lorien por não estar de óculos, estou completamente zonza e tomo um choque não sei de onde que fez me cair no chão. Eu tento me fingir de morta embora saiba que isso é ridículo porque são máquinas, devem ter algum programa para checar meus sinais vitais, o ferro voador passa por mim e me dá uma borrifada de gás na cara e eu desmaio.

                                                                          Um

                Quero derrubar Sandor daquele cockpit. Que ideia idiota esse nível insano. Vi que Nove sumiu ele deve ter corrido para algum lugar, mas eu estava com Maggie a vista até pouco tempo atrás, queria poder ajuda-la agora. Não vou deixar eles se machucarem nesse troço doido.

                Duas paredes sobem e dão dois disparos. Eu levanto meu escudo bem a tempo, os disparos são fortes, tenho que usar bastante pressão no meu escudo para bloqueá-los e meu pés tem que ser firmados no chão. Meu sangue ferve e destruo uma das paredes com um soco. – Esse nível insano vai ser fácil para mim também.

— Um, eu estava pensando! Eu vi que você é bastante forte e tem esses escudos. – Sandor fala se divertindo. – Então fiquei comigo mesmo pensando em como te fazer suar, aí eu descobri.

                Vieram duas torradeiras para cima de mim eu sorri com essa tentativa. Preparo meu campo de força para bloquear o disparo delas, mas elas mandam um ruído ensurdecedor que afeta minha concentração e bem na hora surge uma parede com um canhão apontado para mim, não consigo levantar meu campo de força e o disparo me acerta jogando-me no chão.

                Fico arfando de dor. Algo me dizia que isso iria acontecer, Sandor deve ter usado esse mecanismo usando a base das minhas próprias luvas – usando meus Legados contra mim. – Tento me levantar e ficar de pé. Dessa vez jogo as torradeiras para longe com minha telecinese. Eles querem jogar pesado eu vou jogar pesado. Bato o pé no chão com força.

                O chão inteiro começa a tremer, mas as paredes não caem. Me desespero, isso nunca aconteceu. Duas paredes surgem dos meus dois lados e quando me viro vejo que mais uma apareceu na minha frente uma atrás de mim. Estou presa sou acertada por um choque de novo e quase tombo com a intensidade do choque, não consigo acessar minhas luvas, estou muito apertada para fazer isso.

— Abrigo antinuclear Um. – Sandor fala. – Seu mentor mog, nunca falou que elas são resistentes a bombas atômicas, é claro que resistem a choques sísmicos.

                Duas paredes começam a se mover e me esmagar uma contra a outra. Me sinto uma pasta de dente, sou uma idiota. Eu vou matar Sandor quando sair daqui e vou matar Adam também porque isso deve ter dedo dele. Começo a gritar para que pare, não sei se eles ouviram, mas a maldita luz vermelha some tudo começa a ficar normal as paredes começam a descer para o chão de volta os robôs de Sandor sumiram e os canhões retrocederam.

                Meu corpo cede de nervoso e fico de joelhos tentando resistir a sensação de não chorar. Não porque eles fizeram isso, eles tiraram nossos Legados praticamente anularam tudo que eu podia fazer, me senti tão inútil. A sensação de que estou de volta à Malásia e estava cercada de mogadorianos, mas dessa vez tiraram meus Legados. Eu choro.

                Vejo uma mão pálida estendida na minha frente. Adam deve estar querendo me dar uma bronca em mim, eu já estava preparada para tomar a da do meu egoísmo da primeira parte do treino, mas não estava preparada para isso. Para me sentir indefesa e sem ação.

— Vai me deixar aqui até quando? – a mesma voz de Adam, mas é um pouco mais suave, embora autoritária.

                O Adam do meu tempo está olhando para mim e vejo que está sorrindo. Eu estava com raiva porque ele não falava comigo e achei que estava me ignorando tão solenemente que ficou no stand de tiros para não falar comigo. Eu aceito a ajuda para levantar e o abraço forte.

                Depois que me recomponho noto o estrago que foi esse treinamento. Maggie e Nove foram nocauteados, sinto um frio na espinha. Se fosse um combate de verdade dois membros da Garde estavam mortos – se fosse um combate de verdade eu também estaria morta. E pior tudo foi por minha causa. Vejo que John e Seis finalmente aparecem, eles estão com algumas marcas rochas, estavam treinando corpo a corpo? Fico com raiva deles também, se estivessem aqui talvez não tivesse sido esse massacre.

                Todos os Cêpans estão agora parados e nos olhando com uma expressão de decepção. Eu sei que foi nosso primeiro treino juntos, mas eu acho que poderíamos ter feito algo melhor que dois sumirem, uma cagar para o treino e depois ter um colapso nele e mais dois serem completamente nocauteados. Vejo que Henry está com expressão severa e Sandor com um sorriso cínico.

— Isso foi ridículo. – Henry fala sem nem olhar para o seu Garde.

— Meu amigo Adam, seu eu fosse você eu iria por minhas fichas na próxima linha do tempo. – Sandor fala sarcástico.


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