Não existe coisa melhor do que a companhia daqueles que amamos. Já que hoje é sábado e são os últimos dias de nossas férias, resolvemos levar Chloe ao parque de diversões.
— E então princesa? Onde agora? - pergunta Gil assim que a retira das xícaras
— Eu quero ir no carrossel papai - diz Chloe caminhando e pulando
— Vamos lá então!
Assim que o brinquedo começa a funcionar Chloe dá um Largo sorriso de felicidade. Gil me abraça, beijando meus cabelos.
— Obrigado honey! - diz ele
— Pelo o quê? - murmuro confusa
— Por me amar depois de todo o sofrimento que fiz você passar. Por me dar uma família. Há dez anos atrás, eu não achava mais possível ter. Vocês são a minha vida.
— Vocês também são minha vida - digo e o beijo
Estamos andando quando Chloe vê um cachorro de pelúcia rosa e decide que o quer. Então Gil fazendo a vontade dela pega a arma de bolinhas e tenta acertar a nave.
— Acho que não sei mais como manejar uma arma- fala Gil fazendo beicinho quando acaba o tempo.
— Deixe -me tentar- digo e pego a arma.
Para acertar o alvo eu faço uma análise de como ele se mexe. Sabendo que ele se mexe sempre igual, aponto para cima, enquanto ele está para baixo e para os lados. E atiro, e o acerto.
— Oba! - diz Chloe enquanto pega o cachorrinho
— Muito bem! Agora posso dormir tranquilo sabendo que minha esposa ainda sabe como manejar uma arma - murmura Grissom sorrindo e pega minha mão.
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Quando voltamos para casa já é fim de tarde. Enquanto Chloe toma banho, estou sentada no colo de Gil, na cadeira de balanço no quintal, contemplando o céu, que agora está roxo e rosa.
— É uma linda visão - murmura Gil
— Verdade, a natureza é linda. - digo a ele
— Não estou falando da natureza. Estou falando de você. - sussurra Gil me olhando
Sorrio para ele e o beijo colocando meus braços em torno de seu pescoço, enquanto ele me acaricia as costas com uma mão e a outra aperta gentilmente minha coxa. Interrompo o beijo sorrindo.
— Você não perde a oportunidade, não é? - murmuro para ele
— Para te tocar? Nunca! -sussurra Gil sorrindo e me beija.
— Sara... você já pensou sobre a nossa conversa? Você está evitando esse assunto há uma semana. - murmura Gil hesitante
— Você já sabe a resposta, Grissom! - digo levantando do colo dele
— Mas Sara, já se passou muito tempo. Ela está disposta à fazer parte da sua vida. - fala Gil tentando me fazer mudar de idéia - Chloe merece conhecer a avó e ela merece saber que tem uma neta.
— Se passaram sim, muitos anos. Mas na minha memória, as lembranças estão bem vivas e eu não quero que Chloe se apegue à ela, para depois ela ir embora! - eu afirmo para ele - Olha, eu não quero discutir com você. Então a conversa acaba aqui!
Eu entro em casa e vou até o quarto de Chloe, que está sentada em torno da mesinha rosa que tem em seu quarto, enquanto fingi que toma chá com o ursinho que ganhou no parque. Será que Grissom tem razão? Devo deixar ela entrar em nossa vida? Laura Sidle, minha mãe, encontrou meu telefone e me ligou.
" _ Claro, eu vou chamar ela. Foi um prazer falar com a senhora.
Escuto Gil falando ao telefone assim que saio da lavanderia, ele faz um sinal para que eu vá até ele e me entrega o telefone sem dizer nada.
— Quem é? - pergunto à ele e ele apenas aponta para o telefone.
— Alô? - digo hesitante
— Sara... Oi - diz uma voz feminina emocionada
— Como...?
E no mesmo momento eu sei quem é. Laura Sidle. Como ela conseguiu o meu telefone? Penso imediatamente em desligar.
— Por favor, não desligue! - murmura ela rapidamente - Só escute, está bem? Eu sei que errei em muitas coisas, principalmente com você, Sara. Eu paguei por meus erros. Eu mudei querida, não sabe em como fiquei feliz em saber que você foi para uma faculdade, se formou, tem uma carreira e é casada! Eu queria ter sido mais presente e ter estado na sua formatura e no seu casamento. Oh querida você deve ter ficado linda de noiva! E seu marido parece um bom homem nas fotos das revistas e ao telefone. Você escolheu bem querida! E eu... - ela continua mas eu a interrompo
— Você me ligou para comparar o meu casamento com o seu? Para comparar o meu marido com ele? Para descobrir que você não soube escolher e eu soube ? Eu não sou você, graças à Deus!! - digo com raiva e vejo Gil se aproximando com uma cara de reprovação.
— Eu sei que você nunca viveria como eu vivi... - explica com uma voz chorosa e eu a interrompo
— Não mesmo! Eu teria pensado em meus filhos, teria me separado dele assim que ele me levantasse a mão. - afirmo para ela- Era simples! Mas você tinha que complicar a vida de todos nós.- digo quase gritando
— Eu só peço uma segunda chance e que me perdoe. Por favor, minha filha! - implora ela chorando
— Perdoar? Acha que é assim que as coisas funcionam? Acha que pode me ligar anos depois e esperar que eu te chame de 'mamãe '. Sinto muito Laura, Mas as coisas não funcionam assim! - murmuro rapidamente
— Eu infelizmente não posso mudar o passado e ter feito parte da sua vida. Mas eu quero muito fazer parte do seu futuro. Quero estar com você em todos os momentos. - fala ela
— Já acabou? Eu tenho mais o que fazer- digo desligando o telefone.
Quando me viro, vejo Gil olhando pra mim com cara feia.
— Ela é sua mãe, Sara!
— Deixou de ser há muito tempo! - digo com convicção
— E se fosse Chloe? Se ela dissese essas coisas para você? Como se sentiria? - pergunta Gil
— Sem chances disso acontecer! Sabe porque? Porque não sou igual à ela! "
Naquele dia, nós discutimos por causa dela. E desde então, ele vem tentando falar sobre isso. E olhando para Chloe agora me lembro de quando ela perguntou se eu não tinha uma mãe, eu ia dizer que não quando Gil interrompeu falando que ela estava viajando do outro lado do mundo e Chloe disse que queria conhece-la.
— Oi mamãe - diz ela sorridente
— Oi amor- falo dando um sorriso
— Quer tomar chá com a gente? - murmura ela
— Quero! - digo e me sento no chão ao lado dela e a abraço.
Fico sentada ali, vendo Chloe brincar, sendo criança, inocente, sem ver a maldade no mundo. Eu tive minha infância roubada, com a idade dela tinha que fazer tudo por mim mesma. E se ela realmente mudou? E se ela realmente não teve escolhas? Ela nos protegeu dele, quando ele queria nos bater, ela não deixava e acabava apanhando por isso. Dean, meu irmão mais velho estava se viciando em drogas e fugiu de casa um dia antes de tudo explodir e ela matar ele. E eu vi tudo.
— Ah então aqui estão as mulheres da minha vida- diz Gil encostado na porta
— Vem papai, senta aqui com a gente- diz Chloe e Gil vem e se senta do meu lado, me abraçando.
— Estamos bem honey? - murmura ele
— Claro amor! - sussuro para ele que me dá um beijo na testa.
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Estou deitada na cama, enquanto Gil está lendo uma história para Chloe. Assim que ele entra no quarto, se deita em baixo das cobertas e me puxa para o seu peito.
— Com frio? - diz ele me esfregando o braço
— Eu estou bem! - respondo para ele e sorrio o beijando.
— Acha que sou boa esposa e boa mãe? - murmuro querendo saber se posso ser igual a ela
— Com certeza! Você é uma ótima esposa, se não fosse não teria me casado com você - responde brincalhão me arrancando um sorriso - Mas falando sério honey. Você é maravilhosa. Me surpreende quando me pergunta quando estou indo para o trabalho, se estou com frio e eu digo que não, e então no meio do turno, sinto frio e lá está na mochila um casaco reserva que você sempre coloca. Você faz de tudo por Chloe, tudo. Até aturar as baratas de laboratório que você odeia e ela adora. Então sim, você é uma boa esposa e boa mãe!
— Obrigada! - sussurro o beijando