–Tony, Tony, Tony! Acorda!- Ziva "delicadamente" me chacoalha na cama para que eu acorde
– Já to indo!
– Agora, Tony!
– Já está vestida?
– É, algumas pessoas gostam de acordar cedo. Já fiz seu café, tome e se arrume que eu quero sair em 20 minutos.
– Está bem, mamãe.
Ziva joga uma almofada em mim e sai do quarto. Corro contra o tempo, Ziva não gosta de esperar, com o dia que temos pela frente era melhor não fazer a ninja esperar.
Deixamos o carro no estacionamento, e pegamos o elevador até a sala da equipe. Chegando lá não temos tempo nem de nos atualizamos e somos interrompidos pelo pessoal do FBI e da CIA.
– Senhorita David, queira nos acompanhar!
– Não. - Ela diz, Ziva devia ter se desacostumado com a forma estadunidense de lidar com as coisas.
– Como assim, não? Acreditamos primeiro que havia matado uma pessoa, depois descobrimos que estava morta. Agora a senhorita aparece viva enquanto uma sósia está morta. Tem que dar muitas explicações Ziva David.
Ziva estava para responder de forma atravessada quando o Diretor Vance aparece e diz:
– A ex-agente David só chegou na cidade ontem à noite, então ela não é uma suspeita de assassinato. O caso diz respeito a uma ex-agente e qualquer parte da investigação que não seja bem feita, e que acabe pondo em dúvida injustamente o trabalho da senhorita David, pode acarretar em pedidos de apelações e revisões de todos os casos em que ela trabalhou. Além do mais seus chefes concordaram que o caso fique com o NCIS pois vocês já estão com uma centena de casos em aberto acumulados. Agradeço a disposição de vocês, mas o NCIS dá conta.
O Diretor diz e pede para que um agente os acompanhe até a saída. É engraçado a forma que o Diretor mudou com a Ziva desde a morte de Bodnar, é como se ele se sentisse agradecido por ela garantir que ele pagasse pelo o que fez.
– Então, novidades no caso?- pergunto a todos
– Abby tem, eu iria para lá assim que terminasse de procurar por desaparecidas com a descrição da clone da Ziva. Mas vocês podem ver o que ela descobriu.
– Clone? Sério McGee? Você acha que isso aqui é um episódio de Orphan Black?- Digo rindo antes de irmos para o laboratório
– O que tem para nós Abby?- pergunto
– Como imaginávamos, ela não é sua irmã Ziva, DNA não bate nem com você ou com qualquer outra pessoa em qualquer banco de dados. Falei com o Ducky, ele disse que ela fez várias cirurgias plásticas para ficar parecida com você. Totalmente assustador. Analisei várias amostras de sangue da cena do crime, só tinha sangue dela. A garota é um beco sem saída.
– Mais alguma coisa?- Ziva pergunta, ela está um pouco calada demais.
– Sim, como foi a noite?- Abby questiona, com um sorriso malicioso.
Ziva olha para mim e faz sinal para que pague a aposta que fizemos no carro enquanto vinhamos para o NCIS. Abro minha carteira e passo 5 dólares para ela, que guarda no bolso antes de responder uma Abby ansiosa.
– Nós dormimos. - ela diz, só assim, apenas aguçando a curiosidade da nossa cientista viciada em cafeína.
– Dormiram? Juntos, separados? Vamos me digam algo!
Ziva chega perto da Abby, como se fosse lhe confessar um segredo e diz:
–Você realmente precisa sair desse laboratório Abs. A falta de sol está afetando seus miolos.- ela sai rindo me deixando para trás.
Abby com uma cara enfezada me dá um tapa no ombro.
– O que? Por que?- digo confuso e sai atrás de Ziva que já está segurando o elevador
– Porque deixar a garota morrendo de curiosidade? - pergunto
– E perder a diversão?
O elevador se abre na sala da equipe, Gibbs ainda não estava lá. O que era muito estranho com tudo o que estava acontecendo.
– McCloneClub novidades com o banco de desaparecidos?
– Não, nada. Ou ninguém deu falta dela, ou ela não é daqui.
– Faz sentido. Os contatos de Bashan estão em Israel, ela é médica lá. - Ziva diz
– Supondo que seja realmente Deena Bashan, não podemos ficar com só essa possibilidade.- comento
– Não tem como não ser, Tony. Muitas pessoas me odeiam, mas poucas sabem sobre a gente.
– E se ela não estiver se referindo a mim?
– Ela está sim, Tony. Dá para perceber, quem mais poderia ser o "ele"? Ainda mais depois do que ela te disse naquele hospital.
– Ziva, ela é uma médica! Porque ela arriscaria a carreira dela?
– Porque eu matei quem ela ama!- Ziva grita- O que você acha que eu faria se você fosse morto?
Bishop nos interrompe pigarreando e dizendo timidamente:
– Com licença, mas eu tenho novidades. Porém elas não são nada boas, todas as imagens do hotel foram apagadas remotamente. O sistema deles foi invadido. Estou tentando rastrear o IP do hacker.
– Continue tentando então. - Ziva diz de forma grossa, nós nos encaramos desde a sua última frase.
– Zi...- digo
Ela apenas da um sorriso fraco de desculpa para Bishop que entende e volta para a sua mesa.
Gibbs finalmente chega e pela cara dele não é nada bom.
– Bishop, McGee peguem suas coisas.
– E eu chefe?
– Você fica com a Ziva procurando informações.
– Por que? O que houve?
– Nada DiNozzo.
– Como assim nada? Estão indo para uma cena de crime, você chefe está com roupas de cena de crime. O que houve?
–Nada que interesse aos dois no momento.
– Chefe com todo o respeito, mas eu sou um agente dessa equipe. É claro que me interessa totalmente!
– Tony porque tem que ser tão teimoso?- o chefe grita, mas não de uma forma usual. É como se ele estivesse realmente sentido.
– Porque tem gente novamente querendo ferir a minha família!
– E você acha que eu não sei?
– Não é o que está parecendo. - respondo sem pensar
– DiNozzo, elevador agora!
Todo mundo na sala da equipe se olha, Ziva passa a mão delicadamente pelo meu braço me encorajando antes de eu ir. Sigo o chefe até o elevador, entramos e ele desliga o elevador.
– Por favor, apenas fique fora disso!
Por favor? O chefe realmente disse isso? Ele religa o elevador e pede que eu diga para os outros descerem. Os outros vão, não sem antes me olharem profundamente.
– Você está pensativo! - Ziva comenta, ela está sentada em sua antiga mesa e eu na minha.
– Isso não é normal! Não é!- digo e me levanto
– Você vai atrás deles? Gibbs falou...
– Eu sei o que Gibbs falou, e é justamente por isso que eu vou!
– Tony se Gibbs mandou nós não irmos, deve ser outro corpo. Provavelmente outra eu.
– Eu sei agora que você está viva. Você está comigo, eu aguento. Você ainda lembra como rastreia?
Ziva me olha pensativa, em dúvida se fazia ou não. Mas senta em minha mesa e rastreia o número de Gibbs. Quando Ziva me dá o endereço eu saio correndo. Ziva corre atrás de mim.
– Acho melhor você não ir. - digo
– Eu já estou indo. - ela responde e entra no elevador
Chegando no local, passo pela barreira policial com o distintivo do NCIS e digo que Ziva está comigo. Ao chegar perto da porta McGee está ali e tenta impedir minha passagem.
– Amigo, não tem nada aqui.
– Como não tem McGee, tem um corpo ai. O que está acontecendo?- digo e consigo passar por ele e ir até o corpo.
É quando me vejo morto, não eu. O meu rosto, um terno como o que eu costumo usar. O corpo que foi enforcado e tinha um buraco de tiro na testa, estava sendo retirado por Ducky e Palmer. Os olhos verdes tão parecidos com os meus aparentavam estar condenados a olhar sempre para o horizonte. Do buraco de bala ma testa havia uma solitária linha de sangue escorrido. Todos me encaram de forma triste. Ziva que chega atrás de mim fica espantada e não fala nada.
Gibbs assim que me vê diz de forma triste e decepcionada:
– Sempre fazendo as coisas do jeito mais difícil, não é DiNozzo?
No corpo tem uma mensagem em hebraico, pego uma luva do kit do McGee, no bilhete está escrito:
הם אינם נשמרים. שניכם עלולים למות. אהבתו לא יושיע אותך. אתה לא חוסך אהובתי. מותו מגיע לאחד מכם!
Tento traduzir:
– Eles não são abutres. Ambos você pode morrer. Seu amor não vai te salvar. Você não está salvando meu amor. A morte vem para um de vocês!
Ziva se irrita e toma o cartão da minha mão e traduz:
–"Não estão salvos. Mesmo juntos vocês podem morrer. O amor de vocês não os salvará. Você não poupou o meu amor. A morte virá para um de vocês!" Ainda acha que Deena pode não estar envolvida?
Ajudo os outros a terminar com a cena do crime, enquanto Ziva espera sentada no meu carro. Assim que termino de ajudar, volto para o carro e todos vamos embora. No caminho, Ziva comenta:
– Gibbs estava certo. Não devíamos ter ido.
– Eu sei, mas ele devia ter sido claro. "Olha não vá, você vai encontrar com você morto"- digo imitando o Gibbs e ela ri- teria sido mais esclarecedor do que apenas um "Não vá!"
– Não acredito que ela fez isso. Quando vamos poder olhar um ao outro sem lembrarmos de um corpo morto?
– Assim que isso tudo acabar. - digo e seguro sua mão.
Subimos até a sala da equipe, guardo minha arma na minha gaveta. O resto da equipe chega em seguida. É quando o meu telefone toca. Atendo, do outro lado da linha é Orli Elbaz que pede para que passe o telefone para a Ziva.
– Zi... É para você!
Ziva me olha desconfiada antes de pegar o telefone.
– Ela disse que é importante- complemento
Ziva atende, eu e o resto da equipe prestamos atenção na conversa que ocorria em hebraico. Ziva desliga o telefone sem expressar qualquer reação.
– Eu entendi certo? Bashan tem um cúmplice?- pergunto conferindo o que pude traduzir do hebraico
Zi apenas acena com a cabeça concordando.
– Quem? - Gibbs pergunta
Ziva pisca como se estivesse voltando e percebendo o mundo ao seu redor, saindo de uma espécie de transe.
– Quem Ziva? - Gibbs pergunta novamente
– Adam Eschel