Adam estava ajudando a Deena? O motivo dela é compreensível mas qual seria o motivo dele? Adam até me ajudou a encontrar Ziva, coisa que Deena recusou.

—Qual motivo Adam teria? - Gibbs pergunta.

—Não faço a menor ideia. - Zi responde como se estivesse vasculhando suas lembranças atrás de um motivo. E, como sou desprovido de qualquer amor à vida, arrisco perguntar:

—Ciúmes? - Ziva me fuzila com os olhos mas responde, rapidamente:

—Não. - Acho que foi o olhar que ela me lançou mas nenhuma outra pergunta foi feita sobre o assunto. Gibbs quebra o silêncio que tinha se instalado dizendo:

—Vamos nos situar no caso.

—Temos dois corpos lá embaixo. Um se parece comigo e outro com o Tony. - Ziva começa.

—As mensagens apontam para Deena Bashan. - Fala McGee.

—E agora a diretora do Mossad nos liga dizendo que Adam Eschel é cúmplice do Deena. - Eu completo.

—Podemos checar os voos que saíram de Israel nas últimas 48 horas para ver se eles estavam em algum voo. - Tim sugere.

—Chequem a última semana. - Ziva fala. E ao perceber que todos as olhava, completa: Se Adam está envolvido ele pode muito bem ser o assassino.

—Ziva tem razão. Cheque a última semana. - Disse Gibbs antes de fazer sinal para Ziva e eu o seguirmos até o elevador, ele o desliga assim que entramos.

—Orli disse mais alguma coisa? - O chefe pergunta olhando diretamente para Zi.

—Identificou os dois como atores israelenses, ambos no começo da carreira. Ela já notificou as famílias. Os corpos devem ser enviados à Israel assim que possível. - Algo ainda parece errado mas não tenho tempo de perguntar pois assim que Gibbs religa o elevador e as portas se abrem ouvimos McGee falar, ou melhor gritar, de sua mesa:

—Chefe, consegui encontrar Adam e Deena! - Nós três voltamos para a sala da equipe e esperamos McGee falar:

—Adam Eschel chegou em DC 7 dias atrás, tinham mais dois israelenses no voo com ele Shirah Perl e Gideon Abramian. - McGee coloca as fotos dos passaportes na TV e vemos que os dois outros israelenses são os corpos em nosso necrotério. Tim continua: 

—Porém Deena Bashan só embarcou hoje em um voo em Tel Aviv com destino à DC.

—Que horas o voo chega? - pergunta Ziva.

—Ele chegou há duas horas. - Timmy responde.

—Não precisa. - Falo e aponto para meu celular onde uma mensagem acabara de chegar.

         "Se quer salvá-la  me encontre no porão do 

           seu chefe em 30 minutos. Sozinho. -Deena"

Eu deveria obedecer e ir sozinho mas não confiava em Deena Bashan e não poderia arriscar, era da vida de Ziva que estávamos falando e se tem algo que esse caso me ensinou é que não poderia viver sem ela.

—Como ela sabe o endereço do Gibbs? - Perguntou uma Abby assustada e que não tínhamos visto chegar.

—Adam. Ele deve ter lido os arquivos do Mossad sobre a morte de Ari. - Responde Ziva.

—O que vocês vão fazer? - Abs pergunta ainda assustada.

—DiNozzo vai encontrá-la. Nosso chefe responde.

Quando ele fala isso eu logo procuro o olhar de Ziva que serve apenas para provar o que eu já sabia: Ela não quer que eu vá. A pequena israelense, que estava sentada em minha cadeira, faz sinal para eu segui-la até as janelas, chego ao lado dela e ela logo começa, num tom alto o suficiente para eu ouvir mas baixo o suficiente para que o som não chegue até os outros:

—Você não pode ir, é perigoso, ela vai ter o Adam como apoio e vai saber o que aqueles dois malucos estão pensando em fazer. Você não pode se arriscar tanto assim... - eu a interrompo: 

—Zi, eu vou ficar bem. Nós vamos ficar bem. - Digo e dou um beijo em sua testa. Ela suspira e continua:

—Se você vai, eu vou junto. Se vamos acabar com isso, o faremos juntos.

—Vai adiantar se eu tentar te convencer a não ir? - Pergunto, mesmo já sabendo a resposta.

—Não vai adiantar nada, querido. - Ela diz, deposita um beijo em minha bochecha e vai falar com Gibbs. De alguma forma ela o faz concordar com aquela ideia maluca.

Chegamos na casa de Gibbs e ainda faltavam 10 minutos para o fim do prazo. Ziva dirigiu. Nós dois descemos até o porão e ficamos parados de frente para a escada.

—Você não deveria ter vindo. - Digo, quebrando o silêncio.

—Meio tarde para isso. - Ela retruca.

—Ela foi bem clara no 'sozinho'. - Eu falo, frisando a última palavra. Zi vem até mim, remove o meu comunicador, remove o dela e os deixa em cima da mesa. Ela se aproxima, me abraça, mas ainda ficamos cara-a-cara, ela olha em meus olhos e fala:

—Você não entendeu não é? Aquele dia no aeroporto.

—Não entendi o quê?

—Ani ohevet otcha. Ela sussurra, com nossos lábios quase colados e não preciso de aplicativo de tradução ou de um dicionário de hebraico ao meu lado para entender o que ela falou e, de repente, a frase no aeroporto fez mais sentido. Quando ela disse que eu era amado ela não estava tentando me confortar. Ela estava dizendo que me ama.

—Eu também te amo. - Sussurro de volta. Trocamos um beijo rápido mas ainda cheio de sentimentos por conta das palavras ditas há pouco. Nos separamos,colocamos os comunicadores de volta e esperamos nossa indesejável companhia.

Ouvimos o som da porta e alguns segundos depois Deena Bashan aparece no topo da escada:

—Achei que tinha sido clara em relação ao sozinho. - ela diz e eu olho rapidamente para Ziva. - Mas eu imaginava que ela não o deixaria vir só. 

—O que você quer Deena? - Ziva a enfrenta. 

—Não ficou óbvio ainda? - Nesse momento vimos uma sombra e alguém escondido atrás da porta. Adam.

 Deena continua: 

— Foi aqui não foi? Que você o matou. Matou seu próprio irmão para poder se juntar ao NCIS.

—Ele tinha perdido o rumo, já não era mais a pessoa que você conhecia. - fala Ziva

— Quem não sabe o que está falando aqui é você. Nunca soube. - Deena responde, gritando. Ela estava nervosa. Ziva estava nervosa.  E eu estava entre as duas. Resolvo tirar a dúvida que tenho desde a hora em que Ziva recebeu a ligação de Orli:

— Seu motivo é óbvio, ela matou o amor da sua vida. - Além de ser completamente maluca, mas preferi deixar essa parte de fora. - Mas qual o seu motivo Adam?. - O homem, que estava calado até então responde:

—Ela é culpada pela morte do meu irmão. - Ótimo, os dois são malucos. Acho que ele notou nossa cara de confusão porque continua: 

—Se ela tivesse ficado de fora do caso ou nunca tivesse envolvido o NCIS meu irmão poderia estar vivo. 

—Ele estava envolvido na morte de dois agentes americanos! E foi a namorada dele do VEVAK que o matou, eu não estava no quarto porque se estivesse teria feito, ele tentou me explodir! E Ari estava envolvido com terroristas, estava se tornando um deles! Ele era da minha família, se você o conhecesse tão bem como diz saberia que ele preferiria morrer a se tornar a pessoa horrível que estava se tornando.

Os próximos momentos acontecem como flashes. Bashan saca uma arma e a aponta para Ziva.Como um reflexo saco a minha arma e a aponto para Bashan. Adam aponta a dele para mim e Ziva aponta a arma, que Gibbs a deu por segurança, para Adam. E assim ficamos os 4 naquela situação. No primeiro disparo aquilo viraria um caos. Ouvimos um barulho no lado de fora o que não seria de grande importância no momento se não fossem os disparos que ocorrem segundos depois.

Ziva POV

Ouvimos um barulho no lado de fora e disparos em seguida. Adam cai mas não sem disparar contra Tony antes. Quando vejo Adam cair, viro minha arma em direção a Bashan. Vejo pelo canto do olho que Tony caiu. Eu o chamo e ele não responde.

Começo a ficar desesperada e, num ato impensado atiro no ombro de Deena e ela derruba a arma. Vou até Tony que foi atingido no tórax, ele está semi-acordado e sorri quando chego perto. Tento estancar o sangramento enquanto grito para alguém chamar a emergência, eu sabia que fora Gibbs quem atirou em Adam, era parte do plano. Quando vejo Gibbs, McGee e Bishop entrando no porão falo novamente:

—Alguém pode por favor chamar a emergência, ele não está bem! - Enquanto Gibbs reportava o ocorrido para a atendente Bishop e McGee levavam Bashan.

—Não foi nada grave. - Fala McGee olhando para mim e eles levam a maluca, algemada, para fora do porão.

Não era minha intenção matá-la, ou machucá-la, eu não queria voltar a ser aquela pessoa. Ouço a ambulância se aproximando e olho para o homem caído ao meu lado. Não havia percebido até esse momento mas estava chorando, muito. Eu não podia perdê-lo, não podia me imaginar num mundo sem ele. Ele me mantinha boa e me fazia sorrir até nos piores momentos. Nunca consegui por em palavras a falta que eu senti dele, eu tentei. Comecei a escrever milhares de e-mails para saber se ele estava bem, se estava feliz, mas nunca tive a coragem de enviar, tinha medo da resposta, além de nunca ter encontrado as palavras certas. Como você diz para uma pessoa que a ama e sente saudades mas que precisa continuar sozinha? E agora ali estávamos. Seu coração batia devagar, seu sangue estava por todo lado e eu sussurrava coisas para manter ele alerta. Ás vezes ele concordava ou discordava com a cabeça, ás vezes apenas resmungava ou simplesmente não respondia. Senti os paramédicos me afastando, senti alguém me abraçar, Gibbs. Ele me abraçou e sussurrou:

—Ele vai ficar bem Ziver. Ele vai ficar bem.

Não me deixaram ir na ambulância junto com Tony. Algo sobre o espaço ser pequeno e ele precisar de muitos cuidados. Então fomos de carro até o hospital, Gibbs dirigiu e chegamos junto com ambulância. A equipe de trauma já o aguardava na entrada, eles o levaram para dentro e uma enfermeira nos dirigiu a uma sala de espera e nos deixa ali, algum tempo depois Jimmy, Abby e Ducky chegam e se juntam ao nosso grupo. Abby me abraça e fala que vai ficar tudo bem. No começo ficamos em silêncio mas depois de um tempo o silêncio começa a incomodar, começamos a conversar sobre coisas leves e lembrar de histórias. Eu não prestei muita atenção na conversa, parecia que estava em uma bolha ou sonhando, não estava 100% ali. Algumas horas depois uma médica aparece eu a reconheço, era uma das médicas que tratou o Tony. Ela chega perto de nosso grupo e pergunta:

—Alguma de vocês é Ziva David?

—Sou eu. Como ele está? - Digo.

—Relativamente bem. Mas precisamos conversar.