—Anthony Edward Stark!-Natasha rosnou quase avançando em cima do moreno que se encolhia no sofá quase pulando em Steve mesmo que o outro não parecesse mais calmo-Exlique-se!E explique-se agora!

   O gênio assentiu nervosamente. Estavam todos na sala de estar, menos Bruce que estava na enfermaria fazendo vários exames no AI que não era mais um AI.

—Eu já expliquei!-Ele saltou do sofá, tentado manter distância da ruiva irada.

—Não explicou bem-Clint cruzou os braços-Falar que seu robô ganhou vida miraculosamente não é uma boa explicação. Esse tipo de coisa não acontece desde Pinóquio.

—Muito engraçado, Legolas- O homem franziu as sobrancelhas então olhou de esguelha para a Viúva Negra- Certo, certo, quer que eu explique? Ok, eu vou explicar: Olhe, havia a máquina que restaurava tecidos, havia um Jarvis quebrado e havia eu, o gênio, bilionário, playboy, filantropo...

—E que vai ficar sem dentes se não ir logo ao ponto-Acrescentou Thor-Lady Romannof parece sanguinária... Mais sanguinária que o comum, temo eu.

—Ok- O homem coçou a nuca, se apressando-Eu fiz alterações na máquina para ela restaurar circuitos ao invés de tecidos. Ela sobrecarregou, pifou e de repente havia um garoto na sala.

—Mal lhe pergunto Tony- Steve ainda parecia mais do que só um pouco irritado-Que tipo de alterações fazem uma pessoa criar outra?

   O Stark corou subitamente e olhou para o chão, murmurando algo inteligível.

—O quê?-Clint indagou, sem ouvir.  

  Falou de novo. Qualquer coisa a ver com ‘’finito’’.

 Compreensão inundou a face da ruiva.

—TONY STARK, VOCÊ NÃO FEZ O QUE ACHO QUE FEZ?!-Ela gritou perplexa com pressuposta irresponsabilidade do bilionário.

—Sim, eu fiz!-Explodiu ele, obviamente perdendo a paciência também após a sucessão de desastres que estava sendo aquele dia-Eu usei uma Joia do Infinito, ok? Achei um pedaço minúsculo no meu laboratório, nem brilhava mal azul era! O cetro do Loki havia soltado- a, então usei na máquina, achei que mal não faria e que iria aumentar sua potência!

   Antes que todos pudessem começar a chama-lo de estúpido inconsequente (o chamavam assim com frequência admirável, mas nunca sem razão), Bruce apareceu na sala de estar.

—Então?-Steve indagou com a curiosidade se mesclando com a raiva- Como é?

—Ele não é humano-Concluiu Bruce solene. Sério e impassível.

—O quê?!-Anthony descruzou os braços, a cor fugindo-lhe da face-O que há com ele? Tem alguma doença ou defeito?

—Não!-Exasperou-se o doutor com a calma desaparecendo de seus modos-Esse é o problema! Está tudo certinho, totalmente perfeito, tudo milimetricamente no lugar! Nem uma carência ou falha! E tecidos, órgãos, sistemas assim, tão perfeitinhos, não podem ser reais! Dá tudo um... Toque de artificial-Derramou tudo e Tony deu um suspiro aliviado, estava temendo algum defeito. Seria perturbador fazer seu AI vir a ser humano e logo após vê-lo definhar por ter ‘’algo faltando’’- Bem, só falta fazer mais uns, os neurológicos, mas não há pressa pelo visto tudo nele é impecável e...

  Então um grito o interrompeu. Um grito agudo de pura e extrema dor vindo da enfermaria.

  Tony e Bruce se entreolharam e correram para lá.

 Em uma maca, o jovem que outrora fora levado, em grande calma, para a enfermaria estava convulsionando com espasmos espalhando-se por todo corpo.

—Tony, imobilize-o, cheque as pupilas- O médico pegou um líquido esbranquiçado e começou a encher uma seringa-Estou preparando o sedativo.

   O engenheiro fez o que lhe foi dito, mas não houve necessidade de abrir seus olhos, os mesmos estavam saltados.

 E azuis límpidos. Mas um dourado descomunal tomava espaço, lutando, engolfando o azul dentro dos orbes em uma batalha nem um pouco natural.

’’É a mesma cor da forma 3D de Jarvis. ’’notou o homem estupidamente.

As pupilas estavam minúsculas, sendo oprimidas pela batalha estranha de cores que se mesclavam de maneira bizarra.

—Anthony... -Balbuciou o jovem que parecia perdido em um devaneio febril- Starks... Steve Rogers... Nick Fury... Natasha... Clint, Gavião Arqueiro...Thor, Asgard, Loki...Iniciativa Vingadores...Jarvis, AI. Inteligency Artificia.— Os olhos reviravam loucamente. Dourados. Azuis. Ambos.

  Tony estava assustando para dizer o mínimo. Na verdade seu estomago há muita havia se comprimido para virar uma bolinha que caberia em sua mão fechada tal era seu desespero.

 Bruce chegou com uma seringa e enfiou na veia saltada do pulso juvenil. O líquido deslizou para dentro do corpo e Jarvis relaxou. Os orbes ficaram do dourado digital que aparentemente o pertencia e ele os fechou.

 O doutor mediu a temperatura dele com as costas da mão.

—Febril- Murmurou, crispando os lábios.

—O que há com ele?-Tony indagou.

 O homem deu de ombros. Não sabia.

—Vou examiná-lo assim que acordar. Os neurológicos funcionam melhor quando o paciente não está sobre efeitos sedativos- Explicou- Nos resta descansar e esperar pelo amanhã.

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 Estavam todos tomando café da manhã. O clima era suave, uma vez que a noite havia coberto os acontecimentos como uma fina camada de gelo. Frágil, mas ninguém pretendia andar sobre ela. Poucas eram as coisas que afastavam os Vingadores de uma refeição saudável.

—Latte não é tão bom quanto expresso!-Insistiu Tony- Latte é bom, mas um Expresso bem-feito nem pode ser comparado!

—Tony, eu gosto mais de Latte!-Repetiu Steve-Porque Latte é melhor!

—Sinceramente, rapazes-Natasha suspirou-Existe algo sobre o qual vocês não briguem? Ontem foi sobre o que mesmo? Mussarela ou cheddar?

—Mussarela-Rosnou o Cap.

—Cheddar-Silvou o Stark.

—Panquecas e calem a boca-Bruce serviu a mesa com as panquecas e waffles.

—Prefiro encher a boca-Thor lambeu os lábios.

—Ei, deixa um pouco para mim, ok?-Clint lutou por um waffle.

—Sou um rei filho de Barton!-gritou Thor-Tenho apetites de rei!

   Antes que o Barton falasse que era um gavião e por isso tinha apetites de gavião, alguém abriu a porta. E eles pararam de falar.

Então a camada de gelo encheu-se de fissuras e rachou.

—Jarvis?-Indagou Tony, olhando para o garoto.

  O mesmo estava puxando a calça moletom para cima dos quadris estreitos. O cabelo castanho estava parecendo um ninho de passarinhos e a blusa que descia até mais do que devia fazia-o parecer menor do que realmente era. Os olhos de um dourado incomum esquadrinharam o local, como animal assustado que procura a ameaça.

—Oi?-Sua voz era suave e dócil. Quase temerosa.

  Natasha pigarreou. O que se fala para um robô que acaba de virar gente? Provavelmente não existia um manual com 5 passos rápidos para isso. Assim, a ruiva decidiu-se pelo óbvio.

—Está com fome?-Puxou uma panqueca da pilha de panquecas de Thor e colocou em um prato limpo, oferecendo a ele quase como se oferece um tratado de paz.

 O rapaz corou um tanto, então assentiu.

—Vem comer, então-Steve chamou, puxando uma cadeira e batendo suavemente em seu assento.

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—Então você lembra-se de tudo?-Bruce perguntou olhando para o garoto com uma curiosidade médica.

—Tudo- Confirmou, batendo de leve na cabeça-Ficou tudo bem salvo no meu HD...Quero dizer, cérebro-Deu um sorrisinho tímido.

—Então, lembra-se do que aconteceu ontem? Da sua crise?- Prosseguiu o doutor, a mão no queixo.

—Eu lembro-me da minha cabeça doer ao ponto de quase explodir e de gritar. Foi muito estranho, como se houvesse um filme de tudo que eu sei passando por diante dos meus olhos- Ele remexeu-se na maca da enfermaria, desconfortável.

—Vamos fazer um exame e ver o que tem de errado, ok?-Bruce sorriu-lhe, amigável, ao passo que Tony, igualmente presente e muito mais silencioso, limitava-se a continuar sentado placidamente em uma cadeira e a fitar o jovem meio receoso em acreditar que aquele garoto de aparência frágil era quem era, afinal, Jarvis o conhecia de cor e salteado!

 E isso deixava o gênio estava confuso e assustado. Combinação pouco comum para alguém como ele.

 Mas nunca confidenciou todos os segredos para ninguém! Sua lógica sempre fora bastante simples: Todos eram humanos e humanos são seres pouco confiáveis, eles são falhos e não devem fidelidade a ninguém e se devessem, não seriam como as máquinas que existem apenas para isso. Com as máquinas você pode contar, Jarvis era uma máquina e com ele, Tony tinha contado. Todavia agora o AI era humano e, consequentemente, também não lhe devia fidelidade.

 Estava mesmo assustado.

 Tentava ignorar o incômodo fato enquanto assistia o Banner tirar alguns raios-x do jovem.

 Tony fez uma careta. O que não daria para saber o que realmente se escondia naquela cabeça que sabia mais dele do que ele mesmo.

Pena que raios-x não mostram esse tipo de coisa.

—Então Bruce?-Levantou da cadeira, olhando de esguelha para o jovem. Falaria com ele depois- Que se passa nesse corpo artificial e perfeito?