Love, Love Day escrita por Kunimitsu


Capítulo 4
|Charli|




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Love, Love Day

Charli

 

A loja se encontrava movimentada demais naquele dia.

Não se era para menos, já que aquela data era para os enamorados passarem o dia mimando ou sendo mimado, pelas mais diversas regalias que seu parceiro (a) poderia dispor. E por tal, uma loja que era especializada em doces dos mais variados tipos, como aquela, era normal que houvesse um vai e vem incessante de clientes em busca do presente ideal. Não era à toa que havia alguns atendentes que pareciam querer sair correndo de seu trabalho cansativo.

Estava difícil para o garoto de o cabelo acastanhado conseguir esconder seu sorriso ao ver algumas expressões de seus funcionários. Alguns mesmos lhe mandavam uma silenciosa súplica pelo olhar que Charli habilmente ignorava. Não era por maldade que fazia isso, mas que era por infelizmente não ter pessoal suficiente para atender toda aquela demanda de pessoa. Até mesmo Charli estava ocupado, pois uma de suas funções era ficar no caixa; e também como gerente tinha que se certificar que as coisas andavam bem na loja que era de sua família.

E nem Charli, o primogênito dos donos da loja – a Paradise’ Chocolats—, tinha alguma folga ou pausa naquele dia. O rapaz já havia chegado um pouco tarde devido a alguns assuntos em sua faculdade; não se poderia dar ao luxo de parar naquele instante, mesmo que o adolescente quisesse. Até mesmo seus dois irmãos mais novos estavam ajudando, ensacando as compras dos clientes.

Todavia, ainda que tivesse alguma folga não saberia como aproveitá-la. Pois, namorada nem tinha. O que não significasse que seu coração não estivesse de alguma forma domada. Porque ele estava. E tudo se dava ao crédito a certa garota espoleta e mais altruísta que conhecera num dia muito parecido a este. Adele. Este era o nome da garota que o enfeitiçara, que o detinha na palma da mão mesmo sem saber deste fato. Só que infelizmente, sua doce menina era inalcançável ao ver de seus olhos castanhos.

Já que a mesma sempre dizia estar gostando de alguém— uma pessoa muito avoada, pelo o que entendera –, apenas nunca revelara o nome do tal garoto. E todas às vezes que tocavam nesse assunto, Charli sentia seu coração dilacerar pouco a pouco graças ao seu amor unilateral. Contudo, o pior de tudo, o que lhe fazia sentir raiva dessa pessoa que Adele gostava, era ver a garota com o rosto caído em decepção ao final da conversa. Quem quer que fosse o rapaz, ele deveria saber a sorte que tinha; pois Adele era uma menina preciosa.

— Você está bem distraído hoje, Charli.

O referido sentiu seu coração acelerar loucamente ao reconhecer aquela melodiosa voz.

Virando-se, os olhos de Charli se depararam com uma jovial adolescente de cabelos curtos e repicados; com uma longa franja nas laterais e um pouco que caiam sobre seus olhos que tanto lembravam o maior de limões verdes. No entanto, ao contrário do fruto, Adele era a mais doce pessoa com quem convivera. A mesma que lhe sorria calorosamente, seus olhos com um brilho maroto.

— Adele... – sussurrou, sendo incapaz de conter um suspiro ou que o sorriso largo formasse em seu rosto.

— Oi Charli, vejo que está ocupado hoje, ? – indagou risonha apontando para as duas caixas nas quais o rapaz segurava. O mesmo que se encontrava no deposito atrás da loja devido a certo produto já ter sido esgotado das prateleiras. – ‘Tá tudo bem trabalhar tanto assim? – a preocupação no tom de voz da menor fez com que o coração do moreno se aquecesse.

— Está tudo bem. Já ‘tô acostumado sabe? – tentara dar de ombros de forma despreocupada, mas as caixas limitavam seus movimentos. E também não arriscaria derrubá-las. Seus pais o matariam se estragasse os produtos antes mesmos de serem vendidos.

— Oh, certo! – ela soltou um risinho nervoso, cutucando com o dedo indicador distraidamente uma das bochechas normalmente em um tom de doce de caramelo; mas que no momento exibia uma peculiar sombra de vermelho.

Adele estava envergonhada e aos olhos de Charli parecia a criaturinha mais bela.

Ei, vocês dois. – a voz infantil se fez presente, fazendo com que os dois adolescentes percebessem que não eram os únicos no recinto. – Parem de namorarem. E você tem trabalho a fazer, irmão.

Wenka e Willi, o que fazem aqui? – indagou Charli as duas crianças no limiar da porta do depósito; seu rosto estava franzido, enquanto usava as caixas para esconder seu constrangimento.

As suas crianças, com idade de doze e sete anos, eram os irmãos mais novos de Charli; que anteriormente estavam na loja ajudando com as vendas. Mas que a demora do irmão de voltar os fez os irritado – mesmo que em parte entendesse afinal, quem fora mesmo que mostrara a Adele onde o moreno estava?

Charli observou com cuidado os mais novos. Wenka detinha os cabelos albinos e olhos maliciosos, como sempre tinha consigo um pirulito vermelho nos lábios. Já o mais novo, mesmo em idade tenra mostrava certa indiferença em assuntos mundanos; tinha cabelos em um preto acinzentado e olhos caídos.

, Charli, os clientes estão querendo esses chocolates. – informou Willi aproximando-se dos mais velhos com um leve indício de curiosidade brilhando nas íris cinza. – Você vai levar ou ficar aí, namorando nas escondidas?

Os mais velhos coraram, desviando o olhar.

Charli pigarreou envergonhado pela insinuação do irmão, infelizmente falsa.

— W-Willi, para de brincar. – o moreno suspirou, percebendo que a amiga deslocava-se desconfortavelmente. Isso o entristeceu um pouco. – Eu já irei. Adele...

Ah, não se preocupe com sua querida amiga Charli. – Wenka manifestou-se, encostando-se na parede e com os olhos estreitos em contida malícia. – Além disso, ela e nós temos assuntos a resolver.

— Assuntos? O que é isso? – indagou o rapaz com desconfiança. – O que estão aprontando?

— N-nada Charli. – Adele lhe assegurou, sorrindo fracamente. – Eu... Eu apenas aceitei a brincadeira deles. Aí Charli, é melhor você ir, assim não entra em confusão com seus pais.

Charli queria refutar com ela, contudo conteve-se ao ver os olhos tão determinados da garota. Suspirando, o rapaz assentira saindo do depósito com um último olhar para o grupo inusitado que deixava para trás. Rapidamente já estava dentro de Paradise’ Chocolats, dando as caixas em mãos para algum funcionário qualquer enquanto voltava para o seu posto na caixa registradora no lugar da pessoa que pedira para substituí-lo.

Admitia estar preocupado com Adele, pois conhecia os irmãos que tinha e sabia que a brincadeira mencionada era difícil; se não fosse alguém astucio, nunca poderia saber o que queria. Espera! Adele estava tentando descobrir algo? Pensou o moreno surpreendendo-se. Franziu o cenho, curioso. Nada vinha a mente para Charli sobre o que Adele poderia querer saber.

Alguém pigarreou trazendo o moreno de volta a realidade e assim vendo que havia clientes formando uma fila a sua frente. Desculpando-se, voltara ao trabalho. E não fora muito tempo depois que, para sua total surpresa, uma jovem de pele amorenada e de olhos brilhantes aparecera com sua compra em mãos.

— Adele... – murmurou surpreso, antes de recompor-se e notar a caixa quadriculada vermelha com detalhes em dourado. – “Aphrodisiaque’s Love”? Sabor caramelo, hun?

Yay, irei tentar enviar para a pessoa que gosto. – informou Adele olhando o maior por baixo de seus cílios longos. Um leve sorriso nos lábios com expectativa. – É seu chocolate preferido.

O universitário sentiu seu coração cair. Esse era também seu chocolate favorito.

Era irônico esse chamado destino, não? Pensou Charli com pesar.

— Oh, claro. – Charli disse indiferente e escondendo sua expressão de tristeza por uma com indiferença. – São € 5, 67.

O maior viu a amiga suspirar, o rosto quase mostrando certa mágoa ao pagar.

Estranhando e se sentindo mal por ter feito a sua garota agir desse jeito, Charli estava prestes a falar com ela; muito possivelmente para pedir desculpas pela sua atitude. Contudo, a garota já partia da loja com pressa e deixando para trás um pasmado moreno para trás.

— Você sabe como estragar as coisas, não? – a questão repentina viera de seu lado, por nada menos que por Willi que lhe sorria sagazmente.

— És tão ingênuo, hun? – dessa vez quem fora a falar fora Wenka com igual sorriso de seu irmão mais novo.

Mas Charli nada pode dizer, pois seus irmãos deixaram-no e demais clientes apareciam. O moreno passou há próxima uma hora e meia remoendo as palavras dos irmãos ao mesmo tempo em que atendia as remessas de pessoas. Ainda encontrou-se com Castiel e sua – oficialmente – namorada Ekatherine que aproveitavam o dia de forma aprazível. Além deles, seu amigo Dake aparecera para comprar uma abundância de chocolates e ainda prometendo que Charli logo, logo conheceria a felizarda do surfista. E também, o último de seus conhecidos fora a jovem Dorothy, uma das melhores amigas de Adele.

E foi quando aquilo acontecera.

O movimento havia abrandado um pouco e o caixa se encontrava sem clientes, apesar de alguns circularem pela loja ainda. Passava um pouco do meio tarde quando um garoto vestindo roupas que reconhecera ser de uma floricultura da família de uma amiga – aparecera em Paradise’ Chocolats.  Os olhos estreitos observaram em volta antes de pousarem na figura de Charli e seguindo até o mesmo.

— Boa tarde, será que você conhece uma pessoa chamada Charli? Fui informado que ele trabalha aqui. – disse o rapaz de sardas no rosto.

O moreno engoliu em seco, engasgando antes de recompor-se e pigarrear.

— E-esse seria... Eu sou Charli. – informou o dono dos atônicos olhos castanhos. O entregador sorrira antes de estender a sua entrega.

— Aqui, parabéns! – disse colocando uma sacola de papel de tamanho médio, colorida em marrom e vermelho, enfeitada com alguns laços. Era um belo artesanato. – Bem, então adeus. Já fiz meu trabalho...

Charli só pode assentir, pois se encontrava concentrado demais no presente que recebera. Hesitou um momento antes de pegar o pacote para si, já vendo um pequeno buquê – com cinco mudas – de suas flores favoritas, as Amarílis. E também uma caixa de Aphrodisiaque’s Love e nela ainda continha colado um cartão. Charli rapidamente pegou o envelope rosa pálido, abrindo-o e lá havia um cartãozinho com uma escrita a mão.

“Charli, 

Espero que com esses dons possa entender, finalmente, que é a ti que meu coração pertence.

De sua menina.”

— Irmão, você entende agora? – a pergunta viera de Wenka na qual abria um novo pirulito, degustando do doce.

Todavia, o mais velho nada disse, já que o mesmo tentava não se afogar na auto culpa.

— Charli, acho que você tem um lugar para ir. – Willi comentou casualmente, mas seus olhos mostravam um claro comando.

Não foi preciso dizer mais nada, Charli já se livrava de seu avental do trabalho, colocando o cartão de volta na sacola e pegando a mesma, saindo às pressas da loja. Não se importava que estivesse abandonando o serviço de forma tão abrupta e imprudente; a única coisa que pensava naquele momento era como fora tão idiota por não ter percebido todos os sinais que Adele lhe dava.

E como se num filme, tudo lhe passava a mente, de todos aqueles meses desde o dia em que se conheceram até o presente. Agora entendia o porquê que Adele aceitara a brincadeira de seus irmãos, era porque queria saber mais sobre si. Lembrava que semanas antes Adele tentara descobrir seus gostos, mas Charli em sua ingenuidade, nada dissera de concreto. Que parando para pensar agora, nem sabia o motivo de não ter sido sincero com a garota.

No entanto, uma nova chance parecia iluminar seu caminho, e sabia ser a última.

Aproveitaria como se aquilo lhe fosse seu sopro de vida.

Charli parara de correr a poucos metros da entrada do parque, onde do lado do portão de ferro uma Adele cabisbaixa estava. Não tardou a chegar até ela, surpreendendo-a. Sabia que a mesma estaria ali naquele horário, já que a menor havia mencionado sobre certo conserto.

Adele sorrira, maravilhada.

— Doce menina minha, também tens meu coração.

— Charli...

Sem demora, jogou-se nos braços dele e selando seus lábios.

Finalmente.


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Notas finais do capítulo

Olá sweets!
Aí está! Enfim, espero que tenham gostado, hun! ^^
Pra quem não sabe, ou não jogou, Charli e seus irmãos aparecem no episódio especial de páscoa (2013 se não me engano). Eu adoro esses três coelhinhos, principalmente porque houve inspiração em Willy Wonka e companhia! ^3^
Okay, esclarecimentos... 5,67 euros (a moeda francesa) equivale a 24,60 reais brasileiros. E só pra curiosidade, as flores Amarílio são conhecidas por estarem relacionadas a elegância e orgulho, combinados com a timidez. Além de serem belas.
Então, o próximo: |Dajan|

Até logo,
Kunimitsu.



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