Love, Love Day escrita por Kunimitsu


Capítulo 5
|Dajan|




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Love, Love Day

Dajan

 

era a quinta vez que o rapaz se olhava no espelho.

O garoto detinha a pele escura com fortes traços de um afro-descendente e com os olhos amendoados; que no momento via apreensivo, seu próprio reflexo no espelho dentro do guarda-roupa de seu quarto. Dajan sentia-se nervoso toda aquela manhã, mas agora parecia que sua ansiedade havia atingido um novo patamar.

E o motivo de todo aquele nervosismo? Devia-se ao fato que em pouco tempo, o moreno sairia com a namorada para comemorar seu primeiro ano de namoro. Era algo que alguns até poderiam rir diante de toda a apreensão de Dajan, contudo o jogador de basquete tinha consciência que era uma data importante para sua amada Demelza. Ainda mais que também era o dia dos enamorados.

Suspirando, Dajan fechara a porta do móvel, pegando sua carteira e a guardando, saíra de seu quarto naquele pequeno apartamento em que vivia com os pais. Despedira-se rapidamente dos mesmos, não querendo ouvir toda a ladainha que os mais velhos iriam fazer se o visse vestido com suas melhores roupas. Amava seus pais, mas às vezes – ou quase todo o tempo – tratavam o moreno como se ainda fosse um bebê. Tanto que fora um choque quando Dajan trouxera a namorada para jantar em sua casa.

Por sorte ao descer o táxi que chamara minutos antes já estava o esperando na calçada. Poderia não ser muito longe da casa de Demelza, mas vistos os seus planos seria bom já ter um automóvel a sua disposição. Enquanto no carro estufado e com agradável aroma de amora, Dajan observava o mundo além da janela de vidro. Estava sendo bem óbvio que as ruas estavam movimentadas, com decorações em vermelho e rosa com branco; a forma de um coração era o que não faltava.

Chegava a ser quase enjoativo.

— Rapaz, chegamos. – a voz do motorista tirou o moreno de seus pensamentos.

— Sim, obrigado. Por favor, espere mais um pouco. – pediu abrindo a porta e saindo do carro.

A sua frente era uma casa de tamanho médio e com um belo e bem cuidado jardim. Dajan engolira em seco antes de se direcionar até a porta, segurando com firmeza o buquê de rosas que trazia consigo. Não demorara muito para alguém atender ao seu chamado, aparecendo um homem de pele cor de bronze, olhos miúdos e rosto enrugado devido ao sorriso grande ao reconhecer seu genro.

— Olá Dajan. Entre, entre. – pediu de forma amistosa e dando passagem ao menor.

— Boa tarde senhor. Obrigado.

Dajan, em relação aos seus sogros sentia-se afortunado e ao mesmo tempo, não. Por um lado, seu sogro apesar de ser um homem corpulento de meia idade e com a cara de ranzinza; era uma pessoa compassiva e receptiva. Foi o primeiro da família a aceitar o namoro da sua única filhinha. É claro, ambos tiveram aquele conversa que todo pai zeloso faz. Depois disso fora rápido para os dois virarem camaradas, principalmente se o assunto for o basquete.

No entanto, o jogador teria que ser muito sortudo para não ter algum membro da família não gostar de si. E é aí que aparecia o suplício do moreno, que se resumia em duas letrinhas pequenas, mas de grande peso: sua sogra. Incrível como uma mulher tão miudinha poderia deter tanto poder – prova disso eram seus gélidos olhares intimidadores. E por mais que a mulher já havia admitido para si que aprovava o rapaz junto a sua filhinha; Não queria dizer que a mesma conseguia controlar seu super protecionismo para com sua única menina.

O adolescente sempre se sentia estranho na presença da sogra.

Como naquele momento...

Dajan e seus sogros encontravam-se na modesta sala da casa, o moreno sentado em uma poltrona de frente ao casal mais velho enquanto esperavam a descida de Demelza. O rapaz até conseguia manter uma boa conversa com os sogros – mais com o homem do que com a esposa do mesmo que não parava de avaliá-lo com as sobrancelhas enrugadas.

E quando finalmente Demelza descera as escadas, o moreno não conseguira conter o suspiro de alívio de escapar. Para logo então perder o fôlego ao ter seus olhos acastanhados pregados a forma esbelta da namorada. Maravilhosamente, linda, pensou o garoto dono dos cabelos castanhos escuros presos em várias trancinhas e juntados em um elástico formando um pequeno rabo-de-cavalo.

Engolindo em seco aproximara-se de sua namorada, reparando em como seu esvoaçante – mas não tão curto – vestido em camadas realçava sua pele de cobre e seus hipnóticos olhos cor de ameixa. Era até engraçado que ambos haviam escolhido o dourado para vestir naquele dia. Dajan estaria todo de preto, dos pés até o blazer, se não fosse pela camisa de um dourado fosco.

— Belas rosas. – Demelza disse sorridente quando o namorado lhe entregou o bem feito buquê.

— Mas não se comparam a tua beleza. – o rapaz murmurou apreciando o rubor subir nas bochechas da garota dos curtos fios negros.

Demelza bicou-lhe uma maçã do rosto moreno, agradecida.

Não tardaram a sair da casa, estando ambos ouvindo as excessivas recomendações dos mais velhos para terem cuidado. Já dentro do veículo e seguindo para seu primeiro destino naquela tarde, havia um sentimento de expectativa entre os dois. Afinal, era um dia importante.

Os dois enamorados conversavam trivialidades ao longo do trajeto. Entre os dois, desde o momento em que se conheceram, havia certo magnetismo que sempre os atraía de volta para o outro. Dajan muito bem se lembrava do dia em que conhecera a garota dos incomuns olhos, tal coisa que fora a primeira coisa a chamar a sua atenção para a menina. E o moreno amava aqueles olhos que sempre mostravam suas mais intensas emoções. O jogador ficara encantado com a postura forte – não da mesma forma que o primo dele, Castiel, o cara mais ranzinza que o jogador conhecera –, ou então a sinceridade quase bruta que Demelza detinha; mas que sempre era acompanhada por uma gentileza apaixonante.

Não é preciso dizer que não demorou muito para Dajan cair nos encantos da garota.

Logo, o táxi tomava sua parada, com o adolescente de pele amorenada pagando pela corrida para então o jovem casal seguirem para dentro do local onde apreciariam uma boa refeição.  O local onde Dajan resolvera por levar a namorada para jantar estava decorado de uma forma mais modesta e simplista que outros estabelecimentos que resolveram aproveitar a temática love Day; entretanto, ao contrário de muitos outros locais, o “Fleur Chef’s” apesar de aparente decoração simplista, ainda havia aquele toque refinado que só em grandes restaurantes se poderia comparar.

Ambos foram guiados até a mesa que o moreno maior havia reservado semanas antes daquele dia; apenas provando o quanto o restaurante era concorrido, além de ter preços mais açucarados que a maioria. Contudo, Dajan, por hoje, não pouparia esforços para ver o belo sorriso de sua namorada como tal coisa acontecia agora em que ambos estavam bem estabelecidos e esperando seus pedidos para serem servidos.

— Dajan, esse lugar é... É incrível! – comentou em uma sussurrada Demelza, um pouco aturdida por tamanha beleza, afinal o lugar detinha uma estrutura e comodidade algo entre o fim do século XVIII e início do século XIX; coisas que fascinavam a jovem adolescente.

— Escolhi aqui principalmente porque iria gostar. – confessara Dajan o mínimo de um rubor se espalhando sobre suas bochechas arreganhadas devido ao sorriso satisfeito que adornava seus lábios.

— Oh, você é um doce, sabia? – disse soltando um risinho de menina-moça que tanto o maior gostava de ouvir, mesmo sabendo que a garota ainda sentia-se envergonhada com tal fato.

O jovial casal não poderia negar que as próximas duas horas foram regadas a um puro divertimento enquanto estavam no restaurante. A comida era boa demais para seus paladares, o clima era confortável e além do mais, a música clássica e calmante como plano de fundo fazia com que os adolescentes não quisessem sair.

Ainda arriscaram dançar na pista de dança que havia em frente ao palco onde os músicos tocavam harmoniosamente. Um pouco constrangida, mas não menos que animada Demelza aceitara a mão estendida do namorado. Não eram muitos que se arriscavam na pista e a morena ainda observara que eram os mais novos entre os dançarinos.

Alguns os olhavam de uma forma que fazia Demelza sentir-se entranha.

— Não pensei que ligava para as opiniões alheias. – Dajan lhe disse, murmurando suavemente no ouvida da menor.

— E não me importo. – retrucou franzindo levemente o cenho. O moreno lhe olhara de forma jocosa. – O quê?

— Se não se importa, então por que faz essa cara? – ele indagou pegando a garota desprevenida.

Demelza franziu mais ainda o cenho, antes de algo clicar em seu cérebro e sua expressão iluminar-se. Sorriu. Seu amado estava certo, os olhares que recebiam não deveriam afetá-los. E não vão, pensou convicta antes de depositar um cálido beijo nos lábios carnudos do moreno. E este assentira, satisfeito. Ambos ficaram mais um tempo na pista de dança, aproveitando a presença quente um do outro, ainda arriscando alguns giros em meio aos seus passos.

Eles chegaram ao impasse quando o céu era tomado pelas cores quentes do pôr-do-sol, o vermelho, laranja e amarelo se misturavam em uma obra de arte natural. O jantar foi pago e ambos saíram para o céu aberto, aproveitando a brisa gostosa que passava. Andavam lado a lado, abraçados e sorrisos estampados nos seus rostos.

— Então, que tal irmos ao concerto do parque? – sugeriu o jogador de basquete andando sem preocupação pela estrada de pedras.

— Por que não? Acho ótimo! – concordara Demelza tão animada quanto o mais velho. – Hoje se pode tudo, hun?!

Dajan gargalhou andando de costas e de frente a namorada.

— Hoje a noite é nossa! – exclamou abrindo os braços para o alto.

Demelza riu jogando-se nos braços do amado e assim seguindo pelo caminho.

Estava tudo bem.


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Notas finais do capítulo

Olá!
Me desculpem pela demora! Essa semana - e imagino a próxima também - está sendo corrida para mim e quase não 'tô tendo muito tempo para escrever.
Mas, enfim, aí está! O que acharam?
Espero que tenham gostado.
O próximo: |Dakota|
Até logo,
Kunimitsu.



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