Love, Love Day escrita por Kunimitsu


Capítulo 3
|Castiel|




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Love, Love Day

Castiel

 

Na opinião de certo ruivo de cabelos tingidos, o dia começara péssimo.

Primeiro de tudo, naquela manhã o rapaz ruivo tinha a pretensão de acordar mais cedo que seu habitual apenas para poder levar seu fiel amigo – seu cão Demón— para o seu veterinário. Contudo, o despertador na qual colocara para tocar, lhe ‘deixou na mão’ e assim perdendo não só o horário para o veterinário, bem como o da escola. Teve sorte que o Doutor aceitou Demón, ainda que Castiel tivesse que buscar seu cão apenas depois da escola. Ainda lhe proporcionava certo alívio.

O problema começou quando chegara a sua escola, Sweet Amoris, que naturalmente detinha os portões fechados àquelas horas e por isso tivera que escalar e então pular o muro. Para sua grande irritação e contribuindo para seu péssimo humor piorar. Apenas se dava o luxo de comparecer a escola para que não fosse ameaçado novamente de ter os pais chamados devido as suas constantes faltas. Irônico, pois o garoto tinha sua própria emancipação. Além disso, Castiel secretamente guardava outro motivo que preferia negar até seu dia de morte.

Se ele era orgulhoso? Muito.

Contudo, a vida estava lhe ensinando que todo esse orgulho não estava levando-o para um bom caminho. Ou ao menos, era isso que vinha acontecendo nos últimos dois dias. Pois, tudo o que o guitarrista menos queria era ter uma discussão acalorada com a garota na qual estava gostando. Gostando até demais. Admitia apenas para si mesmo – e talvez para Lysandre, seu melhor amigo – que estava sentindo uma nova forma de gostar muito mais intenso da vez em que sentira por Debrah.

Poderia até não ser um sentimento incômodo – ao contrário, era ótimo sentir o peito aquecer-se com apenas um sorriso daquela pessoa em sua direção –, mas havia algo que fazia com que Castiel não conseguisse ser verdadeiramente sincero com Ekatherine. Mesmo sabendo que a mesma merecia que ele minimamente fosse verdadeiro.

No entanto, o fã de Winged Skull não conseguia fazer algo tão simples.

Andando pelo pátio de Sweet Amoris, o ruivo se estabeleceu atrás dos arbustos, sentando-se atrás de uma frondosa árvore. E lá, colocando seus fones de ouvido ao som de sua banda favorita, Castiel fechara os olhos cinza, relaxando um pouco. A primeira aula já havia começado a uns bons quinze minutos, então resolvera por esperar para entrar na próxima; o que seria um alívio já que não queria que logo de manhãzinha se deparasse com a tediosa aula da professora Delanay.

— Você não toma jeito, não?

A voz era fina e com certo ar de arrogância fingida.

Castiel rapidamente reconheceu a dona da voz. Demelza.

O rapaz abrira os olhos apenas para se deparar com uma moça de cabelos pretos curtos rentes a altura do queixo; a pele cor de bronze suave. Demelza encontrava-se ajoelhada ao seu lado, uma sobrancelha fina erguida. Um sorriso ladino presente nos lábios pintados de um roxo profundo, combinando com as íris ameixa que a garota detinha.

— Ora, ora, Demelza o que lhe trás a minha humilde presença? – indagou o ruivo com igual sorriso da outra, a mesma que revirara as órbitas coloridas.

— Humilde? Nem tanto. Já covardia... Têm muita, hun? – alfinetou a morena sentando-se despreocupadamente ao lado do garoto, o mesmo que lhe mandara um olhar irritado na qual ela não fora afetada.

Bufando com raiva, arrancara com brutalidade os fones de ouvidos que ainda estava usando, então cruzando os braços de frente ao corpo. Demelza apenas maneara a cabeça diante da atitude do maior, mas nada disse, pois sabia ter cutucado em uma ferida do ruivo. Contudo, não poderia deixar de conter sua boca, afinal Ekatherine era sua amiga e queria vê-la feliz, mesmo que fosse ao lado de um garoto com fama de encrenqueiro. Ademais, sabia que Castiel poderia ser bom para aqueles que detinham seu apreço, depois de tudo, os dois ainda eram primos. Ela sabia o que o ruivo tingido era capaz de fazer.

Além disso, ela não poderia ver os dois desmoronarem aos poucos. Queria poder ajudar, de alguma forma. Agoniava-lhe ver seus dois amigos brigados, principalmente quando envolvia um sentimento tão forte quanto o amor era. Demelza era uma das poucas pessoas que poderia entender a relação de Castiel e Ekatherine; que muito se baseava na cumplicidade entre eles. A morena ficava fascinava quando via que os dois poderiam se entender mutuamente apenas com uma simples troca de olhar.

Mas o mal dos dois era a teimosia, então o orgulho no caso do ruivo sentado ao lado.

Demelza não entendia como eles poderiam ser tão cúmplices e ao mesmo tempo tão cegos um para com o outro.

— Então... O que lhe fez não estar presente na aula? – a pergunta de Castiel tirara a morena de seus devaneios. A garota o olhou, corando e assim atiçando a curiosidade do mais velho que lhe mandara um sorriso arrogante. – Não me diga que estava com o senhor jogador de basquete?

— Isso realmente não lhe diz respeito, Castiel. – retrucou, revirando os olhos e tentando conter o rubor de ficar mais intenso. – Além disso, seu nome é Dajan. Poderia ao menos lembrar o seu nome. Pensei que fossem amigos.

— Éramos até ele se envolver com a minha priminha. Aí, a história é outra Demelza. – deu de ombros com o cenho franzido e a voz lacônica.

— Oras, então você pode namorar, enquanto eu não? Isso não é machismo, hun? Pensei que Ekatherine tinha colocado algum juízo em sua cabeça oca, priminho. – resmungou sentindo-se ofendida, não que parecesse ter algum efeito no garoto.

— Não seja dramática, ‘tá? – replicou e bufando enquanto revirava as órbitas cinza. – Mas me diga, o que vocês planejam fazer hoje? – continuou a dizer agora com um sorriso de canto um tanto malicioso.

— Eu nem disse que estávamos juntos, idiota. Mas para sua informação, sim, temos alguns planos que não irei lhe dizer. – comentou sorrindo matreira ao que Castiel estreitara os olhos em desconfiança. Demelza bufou, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha pronta para ouvir a reclamação do outro.

Contudo, surpreendentemente Castiel ficara em silêncio.

Demelza franziu as sobrancelhas estranhando o jeito silente do primo. Os minutos passaram, mas Castiel nada dizia assim como a morena que aos poucos se inervava com o silêncio que se tornava incômodo. Suspirando, a garota dissera com certa irritação na voz:

— Tudo bem, me fala o que está de errado. – pediu ela, mordendo os lábios em preocupação misturados a impaciência. O ruivo demorou a responder, no entanto soltara um suspiro antes de dizer:

— Apenas me lembrei que eu e Ekatherine tínhamos planos para hoje também. – confessou em um sussurro, os olhos fitando o céu límpido e sol resplandecente.

— Entendo... – maneou a cabeça de leve, os lábios franzidos. Suspirou. Como iria confortar o primo? – Olha, não sei tudo o que levou os dois a brigarem, mas sei o suficiente. E sei que és orgulhoso demais e ela muita mais teimosa para conversarem como gente civilizada. – ela vira que Castiel iria refutar, porém levantara a mão pedindo silêncio que a contragosto o outro aceitara; Tomando fôlego, continuou: - Castiel, sabe qual é seu problema? Você tem medo! Não senhor, você vai me ouvir! Quieto! Sim, você tem medo de algo acontecer como com Debrah, mas você está ofendendo Ekatherine ao compará-la com aquela ratinha fajuta.

— É claro que Ekatherine não é igual à Debrah! Não sou idiota. – sibilou um irritado guitarrista de cabelos vermelhos acima dos ombros. – É por isso e outros motivos que gosto dela...

— Mas está agindo como um! Ouça, não deveria ter medo se sabe disso. Assume, porra, esse relacionamento de vez, os dois ficam se enrolando. – reclamou, exasperada. A morena poderia ver todas boas coisas que existia entre os dois amigos, bem como também conseguia ver seus erros.

Castiel voltara a ficar em silêncio que Demelza sabia que o ruivo estava a pensar.

Sorriu, os olhos cor de ameixas brilhando.

— Além disso, você tem uma boa oportunidade agora. – comentou de forma casual a garota que olhava em algum ponto ao longe.

O ruivo a olhou intrigado antes de seguir a mesma direção do olhar da prima. Prendera a respiração ao ter os olhos cinza focados na forma esbelta que se aproximava de seu esconderijo por entre os arbustos. Demelza levantou-se, pegando sua mochila no processo e despediu-se do ruivo, mesmo sabendo que o outro mal a ouvia já que estava muito concentrado na garota que andava até eles. Ekatherine.

Quando Ekatherine aproximou-se, Demelza já estava longe, não que ambos notaram a sua ausência, estavam mais preocupados em fitarem-se. Um momento constrangedor se estendeu entre os dois adolescentes, ambos apenas observando um ao outro. Seus olhos conseguiram refletir tudo o sentiam. Mágoa, tristeza, decepção, raiva, angústia, preocupação, arrependimentos...

—... Oi. – a garota dona das mexas compridas de um preto azulado murmurou, sentando-se em frente ao ruivo depois de hesitar. Seus olhos límpidos estavam baixos, pousados na grama bem cortada.

— Oi. – sussurrou Castiel, ainda um pouco atordoado de vê-la a sua frente. – O que faz aqui?

— Sei lá... – deu de ombros, com um dos dedos enrolando algumas mexas em volta do dedo pálido. – Quando soube que você não estava em sala, quis vir aqui. Não sei por que, talvez... Conversar?

— Quem foi que a persuadiu? – quis saber, um leve sorriso de canto que tanto Ekatherine gostava.

Alaska e Lynn. – informou, revirando os olhos azuis claros em divertimento. Olhou para o ruivo seriamente. – E você? Demelza?

— Sim... Sabe como ela é insistente. – resmungou com sua carranca característica em sua face. – Sobre o que eu disse aquela vez... – Castiel hesitou sendo observado atentamente pelos olhos estreitos da outra. O ruivo suspirou uma das mãos bagunçando o cabelo. – Ei, me desculpe okay? Eu não queria dizer que você era uma distração daquela cobra peçonhenta. Você... Você é diferente.

— Eu sei... Agora eu sei, mas não quer dizer que não me magoou. – contou com os olhos caídos e marejados. Castiel sentiu seu estômago afundar ao ver a expressão abatida da outra. Verdadeiramente sentia-se merecedor do tapa que recebera daquela vez quando brigaram.

— Eu... Hhu... Eu tive m-medo. – ele sussurrou em um tom tão baixo que não duvidava que a menor não conseguisse ouvi-lo. O que não parecia o caso, já que morena lhe mandou um olhar surpreso. – Sei que é diferente de Debrah, mas...

— Castiel, eu entendo. – Ekatherine lhe mandara um sorriso compreensivo, surpreendendo o maior. – As meninas me fizeram entender isso. Mas Cast, como você mesmo disse que sou diferente. Então, será que pode dar uma chance para mim?

Castiel se recuperara de seu momentâneo torpor, sorrindo matreiro.

— Não seria eu a pedir-lhe isso? – indagou aproximando-se da outra até ter seus rostos próximos, os narizes se tocando. Ekatherine sentiu seu coração martelar impiedosamente em seu peito em expectativa. – Ekatherine, quer ser a namorada desse lindo e maravilhoso idiota?

A morena riu com seu ser transbordando de felicidade ao passo em que se jogava nos braços daquele que sentia ser seu eterno amado. Finalmente ouvia as palavras que tanto sonhara em escutar e poderia então dizer aquilo que firmava uma nova fase de sua vida; A mesma que iria aproveitar jovialmente como naquela réstia de dia e esperava ter aquele ruivo de temperamento quente ao seu lado, sempre a segurando com seus abraços.

Sim!

E um beijo selou aquela silenciosa promessa feita, inconscientemente, por ambos.


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Notas finais do capítulo

Olá sweets!
Sim, mais um capítulo! Espero que tenham gostado!
Eu não tenho certeza se fiz tudo certo ou não em relação temperamento do Castiel, mas pelo menos vale uma tentativa, oui?
Pra quem não sabe, 14 de fevereiro, o dia dos namorados francês não é feriado, então as atividades dos cidadãos - incluindo os estudantes - continua na mesma.
Além disso, o nome original do cão de Castiel é Demón, mas foi adaptado para Drago na versão português.
Informações para quem não sabia...
Então, o próximo é: |Charli|
Até logo, Kunimitsu.



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