Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra escrita por Sah


Capítulo 6
Alinhados


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Desculpem a demora para esse capítulo, ele deveria ter sido postado há uma semana atrás, mas aconteceu umas coisas com o meu notebook e eu acabei ficando sem acesso ao arquivo, ai eu tive que reescrevê-lo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676067/chapter/6

Mira

Tudo estava errado. E assim minha empolgação foi decaindo no decorrer da luta.  Riku estava bem, na sua melhor forma. Seu fogo impressionava a todos. E Haru simplesmente não estava a sua altura, mas tudo mudou.

 Ele não conseguiu dobrar o ar. O último elemento que eu tinha aprendido, um elemento que requer um estado de espírito especifico. Que por alguma razão desconhecida por mim eu consigo atingir.  O ar o elemento natural do avatar Aang, o elemento que a Avatar Korra teve mais dificuldade de aprender. Eu nunca soube a relação de Haru com esse elemento, mas eu sabia o minha, o ar estava conectado com alguma coisa dentro de mim.

Ele caiu de joelhos no chão. Podem-se ouvir vaias e xingamentos. Até Sina, que estava ao meu lado riu, e eu nunca tinha o visto fazendo isso.

Meu coração acelerou e meu estômago começou a dar voltas, eu senti um sono e uma fraqueza que me fez deslizar no banco.

— Está tudo bem? – Suni perguntou.

— Sim, eu acho que sim.   

Eu me ajeito e olho diretamente para ele, nossos olhares se cruzam, e é nesse momento que eu sinto. 

Quando Korra me mostrou o seu passado, eu me senti assim, uma conexão estranha, como se eu sentisse o que ela sentiu ao me mostrar aquilo.

Agora eu sinto o que ele sente, e isso bate de frente com o que eu sinto de verdade. Ele quer ganhar essa luta, a todo o custo. 

Ele sente frio, uma presença errada que o preenche, mas diferente de mim, ele gosta disso. Os minutos vão passando e a luta chega ao seu ápice. Eu não consigo mais manter a consciência, sou sugada por uma escuridão. O frio tenta me dominar, me levar para a escuridão mais profunda. Assim eu sinto dor, meu corpo todo tenta lutar contra isso, mas eu não consigo, é como daquela vez, na primeira vez eu dobrei a água, eu estou pronta para aceitar o meu fim.

— Mira? – Uma voz me tira do escuro

As coisas clareiam aos poucos. Eu finalmente posso sentir o meu corpo, a dor foi embora.

— Korra? – eu a reconheço.

Finalmente eu consigo ver a sua silueta me encarando.

— Onde eu estou?

Ela suspira.

— Estamos  no limite, de novo...

Olho ao redor, milhões de cores explodem na minha cara, formas  estranhas e brilhantes dançam aos meus olhos, é difícil me focar, mas eu consigo olhar para Korra, ela parece triste, quase brava. Fico tentada a perguntar o que é isso de limite e o que é tudo aquilo que eu estou vendo , mas me contenho.

— Está tudo bem?

— Não! Eu estou brava! Eu quero dar uma surra do Haru!

— Ah, o Haru. Isso tem haver com ele né?

— Sim, ele é o culpado de tudo. Eu o avisei para não ir com o Unac, e veja no que deu!  

— Você sabe o que aconteceu com ele?

Sua expressão suaviza um pouco.

— Sim. Veja.

Ela aponta para o horizonte brilhante, nele algumas imagens se formam.  Nele eu vejo o rosto de Unac, uns 20 anos mais novo.

— Esse bastardo! – Ela soca o ar – Tudo é culpa dele. Ele conseguiu fragmentar a nossa alma. 

— Fragmentar?

—Quando ele congelou o Haru o objetivo dele era preservar a alma para seus experimentos  e também  impedir a nossa reencarnação, mas diferente do que houve com o Aang que foi um evento predestinado, com o Haru foi forçado.   Ele permaneceu semimorto. Unac  usou uma tecnologia para manter os sinais vitais. Eles chamam isso de morte cerebral.  Mesmo  assim o ciclo avatar teve que continuar  E aquele fragmento ficou para trás. Como eu já havia dito nós compartilhamos a mesma alma, o que nos faz diferentes são as memórias e o tipo de criação que tivemos.  E tudo isso ficou no corpo de Haru junto com uma coisa mais perigosa.

— Mas , e a nossa ligação? Nos fomos separados não é?

— Sim.  Mas não é possível sustentar um corpo somente com memórias, por isso ele precisa da energia que emana da nossa alma. É como se vocês dividissem uma mesma vida em corpos diferentes, com memória, conhecimentos e sentimentos diferentes. 

— Eu ainda não entendo.

— Eu sei, eu também não entendia muito. Mas Raava me mostrou.

Uma sensação de calor me preenche, uma coisa boa. Que me trás memórias boas.  E o conhecimento que me faltava.  Isso é raava? Eu sei que é.

— O importante Mira, é que você saiba que essa não é o maior problema. Alguma coisa pior ficou com o Haru. Uma coisa que lutamos para manter fundo o bastante para não ser encontrada.  Raava e eu tentamos ao máximo impedir a sua volta, mas com a fragmentação da nossa alma, não conseguiremos mantê-lo  preso.

Tudo começa a ficar frio. E uma forma negra sobrevoa  o céu claro. Eu me abaixo por extinto.

— Isso é só uma parte da minha memória. Não é real, ainda...

— Vaatu.  – Eu falo baixo.

Ela só confirma com a cabeça.  

— O que eu posso fazer?

— Agora? Nada. Você ainda e inexperiente. Você só sabe dobrar dois elementos. A única coisa que você pode fazer é se afastar dele, mas isso será difícil, ele precisa da sua força para sobreviver. 

Um sentimento de impotência me invade.

— Mira,eu já me senti assim antes, e isso quase me matou. Vença esse sentimento  . Lute, aprenda dobrar a terra e depois o fogo. Quando você se sentir fraca na presença dele, se afaste, fuja, lute contra isso.  Por que não sei você sobreviverá na próxima.

As coisas começaram as ficar borradas. E uma luz começa a machucar os meus olhos. Os sons aparecem depois,  pessoas conversando e sons de bip. Me incomodo com alguma coisa presa no meu pulso.

Tento falar, mas eu não tenho forças para isso.

— Mira? Aqui é p doutor Toht, pisque se você consegue me ouvir.

Eu o obedeço. Da onde eu conheço esse médico? Ah sim. Eu me lembro dele.  Foi ele que me ajudou quando eu estive doente, por causa dos problemas que eu tive na cidade da fuligem.

Ele está com uma seringa nas mãos e a aplica em um dos tubos que está ligado a mim.

— Isso te dará energia. – Ele diz com um sorriso de orelha a orelha.

E ele tinha razão.  Eu começo a querer me levantar e o sono vai embora como se nunca tivesse existido .

Me sinto como nova.

— O que aconteceu? – Finalmente eu pergunto.

—  Você está com sintomas de privação de sono e exaustão extrema.  

— Mas eu não me sinto cansada.

— Mira, escute, você quase morreu de cansaço.  Seu pai foi chamado pelas autoridades,você está dormindo direito?

— Sim, estou.

Os olhos deles estão cansados e ele tenta manter o sorriso.  Olho ao redor, eu acho que estou em um hospital.  Há várias macas vazias ao lado da que eu estou e uma enorme janela de vidro me permite olhar o corredor do hospital.

— Acho que posso ir embora, certo?

— Eu não estou aqui para te dar alta. Estou aqui para saber o que aconteceu. Você deixou muita gente preocupada, inclusive o avatar Haru.

A menção ao nome dele faz as minhas costas arrepiarem.

— Ele por acaso está aqui?

— Sim, claro. Ele fez questão de te acompanhar.

— Isso é um problema... – Eu digo baixo.

— O que você disse? – Ele pergunta.

— Nada, só estou pensando alto. – Desconverso.

Ele fica me encarando, esperando que eu diga alguma coisa, mas a única coisa que eu quero fazer é sair daqui.

— Sabe, você não tem um bom histórico médico.   Você quebrou três vezes o seu braço direito, duas o esquerdo. A perna direita uma vez, fora as diversas  contusões. E alem disso tudo ficou em coma por três meses  no meio do ano.  

— É eu tenho a vida muito agitada.

— Isso é o que está no seu histórico, temos também o incidente do incêndio.

— Eu nunca fugi de uma briga , cai diversas vezes quando eu era mais nova e viver na cidade da fuligem não e a coisa mais fácil do mundo.

Ele se levanta e fecha a persiana da grande janela.

—  Mira, eu realmente quero saber uma coisa.  Algumas pessoas disseram  que seus olhos brilharam quando você desmaiou.   Mas foram desmentidas pela  a equipe do Avatar Haru. Você quer me dizem em quem eu devo acreditar? 

Eu fico quieta, não e a hora  de desmentir Haru.  Apesar de nunca fugir de uma briga, eu tenho que ficar mais forte e para isso tenho que  me afastar o máximo dele, e não vou conseguir isso se eu irritá-lo.

— Bem, foi uma batalha de dobras, com fogo de várias cores  e relâmpagos para todos os lados. As pessoas podem ter se confundido, elas veem o que querem no calor da emoção, literalmente.

Ele coça o queixo.

— Estranho, foi exatamente o que ele disse, nas mesmas palavras e até o mesmo olhar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!