Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra escrita por Sah


Capítulo 5
Fogo contra fogo


Notas iniciais do capítulo

Como eu havia dito, esse capítulo havia ficado pronto com o outro, por isso ele foi postado bem antes.
Um super capítulo. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676067/chapter/5

Haru

Eu nunca fui assim antes, ninguém nunca me tirava do sério assim. Por que esse garoto me irrita tanto? Eu tenho que dar uma lição a ele, e assim eu terei um pouco mais de respeito. Eu não senti confiança por parte dessas crianças, por isso eu preciso mostrar a todos a minha verdadeira intenção.

Mesmo que meu objetivo em vir aqui fosse outro. Eu apenas queria vê-la, me sentir melhor novamente.  Eu preciso do apoio dessas crianças para o que estar por vir.

O diretor parece chocado. Ele não se move.Eu sinto o medo dele. Ele acha que eu o culpo pelo o que houve. Ele fazia parte do conselho e era um dos únicos que não concordava com o que faziam comigo, mas ele também não fez nada para impedir.  Eu não guardo ressentimentos dele, mas ele não será diretor por muito tempo.

— Podemos ir para a Arena? – eu exigi.

— Sim, mas...

— Nada de mas, nós temos que fazer isso. Esse garoto é muito insolente e precisa entender como as coisas são agora. Ou você quer que eu nomeie outro diretor? – Eu o ameacei.

Ele engole em seco.

— Certo, vamos então.

Ele se dirigiu aos outros alunos.

— Os outros seguirão com a programação normal.

— Não. Eu quero que todos assistam. Todos devem ver isso.

Isso  me dá uma ideia.

Me aproximo de Hina e falo no ouvido dela.

— Chame seu irmão e toda a jurisdição do departamento. Ligue para a secretaria do presidente e peça que remarque nosso encontro.

Ela concorda e sai com um ar de eficiência. 

Percebo que Mira me olha com um pouco de rancor.

Ouço uma voz no fundo da minha mente:

 Essa era a sua amiga não é? E é justamente por isso que eu preciso da lealdade dela, para mostrar para todos que nem os seus amigos acreditam em você. 

Sigo com o resto para a maior arena. Acabo encontrando Kiha, a mulher que me procurou quando eu voltei e me contou tudo sobre a Mira, ela  foi como uma mentora para esse novo mundo.

— Senhor. – Ela reverencia.

— Não precisamos disso. Já nos conhecemos bem o suficiente.

— Eu ouvi que você irá batalhar contra um dos alunos.

— Sim, Riku.

— Peço que tome cuidado. Ele não é um garoto normal.

— Bem, eu também não sou um garoto normal.

— Eu sei disso. Mas...

— Kiha, você acredita que eu sou o Avatar não é? 

Eu sinto a dúvida dela. Ela havia me contado em como a Mira havia a derrotado. Ela achou que ela havia entrado em estado de avatar, mas  eu a convenci que não. Que isso era impossível, e que por ser lua cheia, no solstício de inverno isso poderia acontecer com qualquer dobrador de água em perigo. 

Eu tenho algo em mim que nega qualquer evidência de que Mira seja a Avatar uma voz que me diz a verdade. Que ela é apenas uma consequência, um reflexo do mundo atual, uma tentativa falha. Ainda mais depois que eu descobri mais sobre a sua origem.

Mas não é hora de ficar pensando essas coisas. Há prioridades.  Primeiro tenho que conseguir o respeito  dessas pessoas, mudar esse governo e depois descobrir como me livrar dessa dependência que eu tenho com essa garota.  

A arena é desconhecida por mim. Há tecnologias que eu ainda não entendo, 15 anos é muito coisa para a evolução tecnológica.  Mas o básico está lá. Fontes de água, piras de fogo e chão de terra batida. Há telas enormes por todos os lados e as arquibancadas são posicionadas bem distantes. Tudo para a segurança dos espectadores.

Fico no centro aguardando que as arquibancadas se encham. E isso acontece. Não só os alunos da turma de dobra, mas a escola inteira ,acho que todos estão curiosos. Eu ainda não mostrei ao mundo a minha dobra. Como eu posso dobrar os quatro elementos. E isso fará bem a minha imagem.

O garoto Riku, ele também aguarda sentado, conversando com a Mira e o bisneto do Aang, como é o nome dele? Eu não procurei saber, nada naquela família me apetece só a pequena Nari. Nós temos alguma ligação, ela disse que nos encontramos no plano espiritual, e eu acredito nela.

Esperamos um pouco mais que o previsto, eu queria que Sina visse isso. Eu sei que ele também cuida do caso do Riku.

Quando ele entra ele olha direto para a irmã.  E depois para Riku.

Ele não gosta do que vê, assim se aproxima da arena e pede para falar comigo.

— Pois não? Algum problema, Sina?

— Problema? Você é maluco. Ele ainda está em tratamento, e você vai fazê-lo lutar?

— Eu não sou maluco. Segundo o que eu sei, ele é! E eu não estou o obrigando, ele quer isso tanto quanto eu.

— As consequência serão, graves, terei que fazer um relatório sobre isso.

— Faça, esse é o seu trabalho não é?

Como eu gosto de irrita-lo. Ele é apenas uma sombra de burocracia que me ronda, nada mais que isso.

Todos estão aqui. Eu dou um sinal para os técnicos da arena. Vamos começar.

— As regras são simples. O ganhador será aquele que fará o outro desistir. Sabemos que em batalha de dobras o vencedor é aquele que permanece na arena, mas hoje será diferente. Só com a palavras “ Eu desisto” a batalha será decidida.  

Uma humilhação necessária, eu  o farei cuspir essas palavras.

Ouvimos a sirene. A batalha irá se iniciar.

Nos dirigimos ao centro da arena. Nas regras diz que é necessária uma saudação, mas ignoramos totalmente essa tradição. Eu só consigo ver os olhos do garoto. Azuis como as chamas que ele produz.

Fogo azul, eu já cheguei a pensar que isso fosse uma lenda. Eu só conhecia a história da rainha louca, Azula. Que me perseguiu quando eu era o Avatar Aang e morreu sozinha em um hospício. Mas me disseram que existiram outros que o governo tentou conter e esconder e a Azula só é conhecida por ter sido filha de um imperador da época.  E agora temos o garoto a minha frente, seu passado é um mistério até para o departamento, ele apenas foi um órfão entregue em uma lixeira para uma família pobre. E assim que sua dobra  foi descoberta, eles tentaram explorar o garoto, a única coisa que eles conseguiram foi uma morte calorosa pelas suas  mãos. E é incrível como ninguém fez nada, apenas o entupiram de remédios e o deixaram conviver em sociedade. Isso irá mudar, será o primeiro passo. Todos merecem sofrer as consequências dos seus atos, não importando se são dobradores ou não.

Riku se posiciona, ele usa uma roupa simples, muito inflamável, por cima de tudo uma cota de malha fina na cor preta, imagino que essa não pegue fogo, uma pena.  Minha roupa também é aprova de fogo, uma tecnologia desenvolvida pelas indústrias Varrick. E falando nisso alguém acena energeticamente de cima da arquibancada. Venon, não imagino quem contou isso para ele, mas é bom ter uma torcida, alguém que vibre pela minha vitória, por que pela cara dos demais, ele é meu único torcedor.

Mira também olha para mim, mas diferente de Venon ela vibra pelo Riku, e estranhamente isso me deixa incomodado.

As mãos dele se agitam um pouco, e é possível perceber a fumaça saindo das suas mãos. A mágica se forma, o temível fogo azul da o ar da sua graça.  Nunca havia visto isso ao vivo, é assustador e lindo ao mesmo tempo.   Me concentro e faço a minha parte. Apesar de não ter muita prática uma chama contida e fraca aparece na palma da minha mão. Dobra de fogo nunca foi a minha especialidade, a terra sempre foi o meu apoio. O elemento do meu povo, da minha nação. O chão vibra aos meus pés. E com Mira por perto sei que consigo usar o meu poder total, ao menos era o que eu pensava.

Ele ataca primeiro, óbvio. O fogo azul é quente e queima o oxigênio ao meu redor. A intenção dele é me deixar acuado no canto da arena. Assim eu tenho o prazer de retribui-lo. O chão vibra e eu consigo sentir o bloco se formando, estapeio o chão, para dar mais força ao ataque.

O bloco se move com toda a velocidade, por pouco Riku não desvia.

— Essa foi a minha resposta a seu ataque. —eu grito para ele. 

Ele ri como um lunático.

— Essa foi a sua resposta?  -- ele tenta se conter para falar. – Você quer me matar de rir? Essa é a sua resposta?  

Ele me subestima muito.

— Está vendo aquela garota ali? – Ele aponta para a filha do Mansur, um dos traidores do conselho. – Ela é a melhor dobradora de terra que eu conheço, e você não chega nem aos pés dela. Esse bloco de terra é uma poeira comparada ao poder dela.

Isso me deixa ainda mais bravo.

Eu tento atacá-lo com o ar. Posiciono uma das minhas mãos na minha frente e com a outra tento cortar o ar.  Sinto minha força sugada por uma pequena brisa em resposta.

O que aconteceu? Eu já havia dobrado  o ar depois da minha volta. Mas agora, eu me sinto esgotado. 

Ela , foi ela que fez isso com você, ela está com o seu poder. Uma voz traiçoeira fala no fundo da minha mente.

Olho diretamente para ela.  Mira olha para tudo aquilo com um cara de deboche, ela sabe o que está acontecendo. Ela está sugando o meu poder.

Sinto uma lufada de ar quente vindo em minha direção, tento contorna-la, tento fazer a rajada de fogo mudar de lado. Envolvo minhas mãos em chamas vermelhas e tento desviar o fogo dele. Sou empurrado para trás com força, vejo que a minha manobra foi eficiente. Porém quando tudo se esvai minhas mãos estão chamuscadas, o fogo dele queimou o meu.

O suor escorre no meu rosto e minha visão fica turva.   Eu tenho o poder que você precisa. A voz  fala mais alto. Eu tento manter minha sanidade. Jogo mais um bloco de pedra maciça, e me preparo para outro, maior e mais firme.   Sou respondido por um raio. Um enorme corrente de eletricidade corta o ar e meu cabelo se arrepia. Uma nuvem de poeira se levanta e quando ela abaixa eu posso ver a destuição causada.

Ouço risos, a plateia ri de mim, eles apontam e debocham. Essas risadas ecoam e me fazem cair de joelhos.

O poder que você precisa. É fácil , é só aceitar.  Como? Abra a sua mente e tenha vontade, vontade de destruir tudo ao seu redor. Vontade?  Eu tenho vontade, vontade de destruir tudo e construir um mundo novo.  Então não deixe que ela tome isso de você!

Aos pouco consigo ver com clareza. Riku esta com um sorriso.

— Está pronto para falar? Para desistir?

Ele fala mas eu ignoro, eu olho para Mira, ela sabe o que vai acontecer. Os olhos dela estão vidrados, nossa conexão está mais forte que nunca.

Eu sinto o ar finalmente me obedecendo, o poder me inundando. Eu espero aquela sensação, aquele calor que me preenche quando eu entro em estado Avatar, mas não é isso que eu sinto.  Um frio que me faz tremer, uma sensação  estranha, errada mas é tão boa ...

Meus pés formigam e eu consigo impulso suficiente para sair do chão. Voo tão alto que na hora de cair faço a terra quebrar ao meu redor.  Agora eles sabem o que eu posso fazer.

Riku  assopra e uma corrente de fogo azul me atinge, sou jogado para trás mais uma vez, só que diferente de antes eu não me queimo.

Olho para uma das fontes de água, com bem mais dificuldade que o ar, ela vem até mim, a congelo antes de jogar em cima dele.  Ele revida, derretendo, porém ele cai na minha armadilha, ele ficou encharcado.  

Eu não tive tempo de aperfeiçoar subdobras, estava ocupado demais sendo dissecado, testado e congelado, mas sempre quis aprender a dobra de sangue. Mesmo sendo imoral e proibido, eu queria aprender para controlar o corpo deles, dos cientistas, do conselho, de todos aqueles que me observavam como uma experiência. Fazê-los morrer da pior forma possível.

Lembrar disso me dá mais força. Eu dobro a água que está na roupa dele, o faço cair para trás, no buraco que eu criei vagarosamente ao longo dessa luta.

Ando até a borda do buraco. Só é possível ver uma luz azul ao fundo. Vou para trás, eu sei o que ele vai fazer. Como um foguete ele voa do buraco, a chama azul não perde a força e ele continua voando até cair do meu lado da arena.  

Antes de me virar eu sou atingido. Minhas roupas não conseguem dispersar esse calor. Ele ri, enquanto me ataca com o seu poder total.  Azul, azul não consigo ver mais nada além disso.  Tento rebatê-lo, usar fogo contra fogo.  Meu fogo vermelho não é páreo contra o dele, mas combinado com o ar, consigo fazê-lo  mais forte, certeiro. Os gases no ambiente, o faz ficar mais poderoso. E assim ele começa a mudar de cor. Do vermelho para o laranja, chegando ao verde, quase azul. Um azul sujo, impuro, mas é suficiente. Minha energia é quase drenada quando eu o sinto diminuir, ele está parando.

— Eu desisto. – Eu ouço.

Eu paro, estou pronto para me gabar,  mostrar que sou o melhor. Mas ninguém está prestando atenção em mim. Somente em Mira, que está desmaiada com uma luz cegante em seus olhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!