Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra escrita por Sah


Capítulo 22
Fei Wal Ira


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas, outubro foi bem complicado. Espero voltar com a periodicidade normal !



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Suni

Existem coisas sobre mim que ninguém sabe.  O dia em que eu descobri que dobrava metal foi um dia que eu nunca irei esquecer.  Eu não entendo ainda do por que eu fiz isso. Se eu não tivesse cogitado ser tão boa para isso, eu nunca teria feito.

Eles fazem um teste com todos nós, os dobradores de terra. Uma exigência do clã do metal. Quase sempre dá negativo, e comigo também deu. Mas, eu queria mostrar para mim mesma que eu era capaz de tudo por isso eu treinei por alguns dias sem sucesso, até que em uma ocasião expecifica eu consegui. Depois que a sensação de poder foi embora, a única que eu senti foi medo. Medo de me levarem, como aconteceu com o Kieran. Medo de nunca mais ver ninguém que eu amo.  

Eu não sou uma pessoa que segue ordens, gosto da liberdade de seguir os meus próprios ideiais. Meu sonho é viajar pelo nosso mundo, conhecer todas as culturas. Da região do polo norte até o sul. 

Eu sinto essa sensação ruim nesse momento, esse medo. E parece que ele está me consumindo aos poucos. Meelo ainda não olha direto para mim. Ele está imerso em seus próprios sentimentos. Estamos aqui nessa escuridão, no meio de uma tempestade sem saber o que fazer. Ver Mira ser levada daquela forma, foi demais para nós dois. Mas, eu não posso permancer assim. Nós dois não podemos. Temos que dar um jeito de conseguir resgatá-la e trazê-la de volta.

— Meelo, já pensou em alguma coisa? – Eu pergunto chamando a atenção dele.

Eu não sou muito de pensar, eu prefiro agir, por isso deixo isso com ele.

— Eu não sei. – Ele me diz em um sussurro.

Meelo não é assim. O preço da traição do seu pai e da sua tia foi alto demais, e isso o está fazendo desmoronar.

Eu não costumo ser pessimista, mas essa sensação está me fazendo acreditar que nada vai dar certo. 

Naquele momento eu só penso em fugir e me esconder, deixar que tudo isso passe. Mas, eu não sou assim, eu posso fazer alguma coisa.

— Meelo, nós não podemos ficar sem fazer nada.

— E você acha que eu estou fazendo o que? Eu estou pensando Suni! Eu ...

Ele cai em lágrimas na minha frente. Eu conheço Meelo desde sempre, eu nunca o vi dessa forma. Ele nunca chorou assim na minha frente. Ele sempre se mostrou calmo e sereno. Eu me aproximo dele e o abraço com força. Ele parece surpreso no inicio, mas aceita o meu abraço no final. Meu rosto fica quente ao fazer isso. É uma sensação estranha, mas boa, comparado a tudo o que eu estava sentindo.

Quando eu o solto, ele parece melhor.

— Obrigada. – Ele diz  baixinho.

— Meus abraços constumam ser curadores. – Eu digo brincando. 

— São. – Ele me diz e meu rosto cora.

— Suni. Você ainda tem contato com o Fei, não é?  -- Ele me pergunta

Fei? Isso me deixa surpresa, como ele sabe do Fei?

— Não faça essa cara. Você acha que eu não sei dele, e de todos os outros escondidos? Você é a pessoa menos discreta que eu conheço.

— Bem, sim. Eu ainda tenho contato.

— Precisaremos dele e de quem mais puder ajudar. Vamos invadir aquele lugar e tirar a Mira de lá.

Fico animada. Finalmente o Meelo está fazendo alguma coisa, mesmo que seus olhos ainda mostrem toda a sua dor.

Normalmente Fei fica fora do radar por muito tempo. Na verdade acabamos sempre nos encontrando por acidente. Como na primeira vez que eu o vi.  

Eu já tinha ouvido falar sobre eles. Esse dobradores que são difíceis de rastrear, o conselho sempre falava deles, e por consequência o meu pai.

Fei Wal, ele é o menos discreto deles, e mesmo assim nunca foi pego. Por ventura ele tinha arrumado confusão com outro dobrador e acabaram chamando muita atenção. Por sorte eu estava matando aula, para variar, e passando por ali. Apartei a briga e fiz um amigo.

— Certo, eu vou atrás dele.

—Eu vou ficar para tentar planejar melhor o nosso plano. Nos encontraremos  á uma quadra do palácio presidencial daqui a 2 horas.

— Combinado. – Assim eu me despeço de Meelo e vou atrás do Fei.

O caos ainda assola essa cidade. Tudo está escuro e chove sem piedade. Eu não ligo de me molhar, de me sujar de lama. Nunca linguei para essas coisas. Piso com vontade nas poças que se formam pelo caminho. Os cascalhos não machucam os meus pés. As solas dos meus pés são duras, firmes, o resultado de andar descalça por tanto tempo, desde que eu aprendi a andar e aprendi a dobrar.

Ainda sinto as vibrações dos carros do governo, dos passos dos soldados, por isso me desvio do caminho, ando até chegar a uma praça. Ela está escura, algumas árvores caíram por força da tempestade. Mas, posso sentir a terra pura sob os meus pés.

Há algumas coisas que as pessoas esqueceram e ficaram escondidas, só no conhecimento de pessoas especiais. Como os grandes túneis que passam por toda Republic City, conhecimento só dos dobradores de terra daqui. Não é fácil encontrar um deles, eu mesma só tomei conhecimento desse há alguns meses, quando eu fugi do meu aniversário, quando me libertei das ameaças da Suki. Eu estava realmente preparada para fugir de tudo isso e ao procurar um dos tuneis, eu localizei esse aqui. Apesar de ser velho e imprevisível, eu sozinha,  consigo lidar com ele, caso haja um desmoronamento.

Não confio em mim para proteger ninguém, mas eu tenho esse tipo de sentimento suicida e não ligo se só a minha vida corre perigo, então desço para o túnel velho e escuro.

Desde muito cedo na escola é nos ensinado a usar os pés para nos localizar, técnica que foi criada por Toph Beifong, porém ninguém nunca a dominou totalmente, eu mesma tenho dificuldades, por isso acabo pisando em vários lugares que não deveria. O túnel está escuro, úmido e cada vez mais apertado, tateio em volta para sentir a terra em minhas mãos, e assim posso sentir aonde eu estou.

As pessoas sempre dizem que a terra é o elemento mais previsível, porém eu discordo dessa afirmação. Sinto pequenos tremores sob os meus pés, tremores que não me trazem uma sensação muito boa. 

Cerca de 15 minutos depois, eu acho outra saída do túnel, uma entrada ligada ao porto oeste e assim eu saio daquele lugar quase caustrofóbico.

Lá fora as coisas estão iguais, escuras e chuvosas.  Olho para o rio mal iluminado, com a força da chuva , ele está cheio, sua correnteza fica cada vez mais forte.  Vou em direção as docas.  Fei não está aqui, disso eu sei, como todo dobrador de água, ele tem medo do rio,  mas sei quem pode me dizer aonde ele está.

Claro que ele está observando a chuva, não conheço ninguém mais fanático pela água como esse velho.  Yue Bay, é assim que ele gosta de ser chamado, tal como o rio.

— Garota, sai da frente! – Ele me diz.

— Senhor Yue?

—Você está me atrapalhando.

Dizem que a familia dele era uma familia de dobradores de água, mas na época da avatar Korra,  a dobra de seu pai foi retirada por Amon, e nenhum de seus filhos conseguiu desenvolver a dobra. Assim ele culpa, Amor por ter feito isso, e culpa Korra por não ter evitado isso.  Ele é um velho um pouco maluco, sempre o encontro divagando por aqui, os que as pessoas não sabem e que mesmo vivendo em seu próprio mundo, ele não deixa de viver no nosso.

— Ah, senhor Yue, eu preciso de um favor!

— Eu já não disse para sair da frente?

— Preciso encontrar Fei Wal! – Digo sem rodeios

Seu olhar se ilumina quando eu digo o nome do Fei, mas logo se transforma em uma carranca.

— O que você quer com aquele inútil? Aonde já se viu, um dobrador de água como ele? Meu pai teria vergonha de tê-lo conhecido.

— Bem, eu imagino que sim. Mas, o senhor sabe aonde encontrá-lo?

— Aquele inútil não faz nada! Só fica lá perto das torres importunando todo mundo.

— Que torres são essas?

— Torres? Eu disse torres? – Ele coloca as mãos na cabeça. – Eu quis dizer Sohee!

— Muito obrigada senhor Yue.

Eu já sabia aonde achá-lo. Ele estava com a Sohee. E Sohee, só vivia em um lugar.

Apesar de ter 15 anos, eu ainda não entendo o que essas pessoas tem na cabeça. Sohee é uma delas. Uma garota, dobradora de terra, que vivia 100 % do seu tempo bêbada. Fei Wal já me disse que ela era um desperdício, mas saber que ele estava com ela  me dizia que ela não era uma desperdício completo.

Bati três vezes na porta do bar. Ele estava fechado por causa do toque de recolher, mas uma coisa que eu sei desse bar, e que ele não fechava nunca. Eu percebi facilmente pelas vibrações que vinham dos meus pés. Havia um porão, e nesse porão, tinha pelo menos 50 pessoas.  Fui até os fundos do bar. Destranquei o cadeado com cuidado, e tentei deixar imperceptível a minha dobra de metal. As vibrações aumentaram e segui até a porta do porão.

A primeira coisa que eu vi quando cheguei lá foi uma cadeira voando e batendo na parede. Havia várias pessoas rindo, mas tambem havia pessoas se remoendo de raiva. O que era aquilo? Uma briga? 

O lugar era mal iluminado, mal tinha uma luz perto do balcão do bar. O cheiro de bebida era nojento e aquelas pessoas pareciam estar todas bêbadas.

Achar Sohee não foi difícil, ela estava gritando com uma garrafa na mão. Seu cabelo escuro estava solto e bagunçado.  Apesar de parecer ter 25 anos, ninguém realmente sabia a idade daquela mulher.

— Sohee? – Eu disse me aproximando.

Ela me ignorou, estava rindo de algo que eu não sabia.

— Sohee? – Eu disse de novo.

E de novo fui ignorada. Respirei fundo e a peguei pelo braço.

— O o que vocêee?

— Não tenho tempo para isso, Sohee! Eu preciso encontrar o Fei!

Ela tentou se desvincular. Até que eu senti o primeiro bloco de pedra se chocar com o meu braço.

— Me soltaaa! – Ela disse entre soluços.

Doeu,  claro que doeu, mas não tenho tempo para dobradores medíocres. 

Estava pronta para dobrar e fazer Sohee me escutar por mal, mas alguém pegou o meu braço.

— É melhor não fazer isso aqui Suni.

Era Fei Wal.

— Ela ainda é a estrela desses bêbados.  Não queremos  uma batalha de dobra de terra nesse lugar apertado.

— Fei! Estou tão feliz em vê-lo.

Ele sorriu para mim.

— Feliz? O quanto você está feliz? O suficiente para me dar um beijo?

Aproximei-me dele. Ele já estava preparando os lábios, assim eu beijei uma de suas bochechas e sujei a outra com um pouco de terra.

— Você nunca me decepciona garota. – Ele disse satisfeito. -- Bem o que posso fazer por você? De novo?  

— Temos, problemas sérios.  – Eu disse alto.

— Problemas? Ah, Suni. Sempre estamos com problemas. Ainda mais com esse golpe de estado e inicio de uma ditadura pior que a outra. E isso só me fez chegar a conclusão que vivemos um problema.

— Chega de filosofia barata Fei, eu preciso da sua ajuda.

— De novo? Assistir aquele julgamente não foi tortura o suficiente?

— Eu preciso da ajuda de todos vocês. Mira foi levada, e você sabe que eu nunca abandono um amigo.

Fei coçou a cabeça. Ele também parecia levemente bêbado.

— Então temos uma coisa em comum, Suni. Kitten também foi levado.

Eu fiquei surpresa.

— Kitten? Tem certeza?

Kitten é um dos escondidos, ele é um dobrador de terra tão bom quanto eu. Eu sempre o venci em batalhas de dobras, mas eu sempre achei que ele escondia alguma coisa.

— Sim, nem os vimos chegar. Parece que não somos tão escondidos assim.

— E você está aqui bebendo? Deixou seu amigo ser levado?

— Suni. Nem tivemos chance, eles nos dominaram por completo. Quase não consegui escapar.

Fei parecia realmente triste.

— Mas, você vai deixar as coisas assim? Não vai revidar?

— Como eu queria ser tão positivo como você. Porém, não há nada que eu possa fazer.

— Quem é o melhor dobrador de água medicinal que eu conheço? Quem conseguiu deter a Mira em estado  Avatar de me matar? Para mim você consegue fazer muitas coisas.

Enquando conversávamos Sohee se aproximou devagar, ela estava muito alcoolizada.

— Quem é o melhor líder? Quem me deixa beber o quanto eu quiser e ainda me salva de ter um coma alcoólico?  -- Ela disse de uma forma confusa, mas conseguimos entender.

— Quem me salvou de ser levado pelo rio? – Alguem disse ao fundo.

Outras pessoas se manifestaram, assim eu pude perceber que todos aqueles bêbados barulhentos, não eram só isso. Eu estava cercada pelo exército que iria me ajudar a resgatar a minha amiga.


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Notas finais do capítulo

capítulo de ligação. Todos os novos personagens apresentados serão importantes para a história.



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