Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra escrita por Sah


Capítulo 23
Corrompidos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, prometo que em dezembro com as férias, irei compensá-los.



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Haru 

O caos assola esse lugar. O fogo se alastra pelos corredores próximos as escadas. Ele quer abrir uma passagem.

Os soldados de Tzar são inúteis. Mesmo com todo o equipamento contra fogo eles têm medo de se aproximar. O fogo azul é realmente assustador, eu já o enfrentei antes. Pode ser difícil de lidar, mas é como qualquer outro fogo.

— Por que o sistema de segurança não se ativou? – Eu pergunto a um dos meus assistentes.

— O sistema se reiniciou. A tempestade contribuiu para isso. – Ele se explica.

Bem, parece que até a natureza está contra mim. Mas, vou fazer como sempre, ir contra ela e contra todos. Eu não estou 100 %. Estranhamente eu não me senti revigorado ao estar perto dela, talvez por ela estar dormindo? Eu não sei, mas realmente eu não posso depender disso nesse momento.

— Quero que chame todos os dobradores de água.

Pelo menos não lidarei com isso sozinho.

Riku não cede durante nenhum momento. Acho que ele está sendo ajudado pelos outros dobradores que estavam ali.

São 8 dobradores de água, entre eles uma  criança de 10 anos e até um  senhor de 77 anos que dedicou sua vida a medicina, ambos sem nenhuma experiência de combate.

A grande maioria dos dobradores da escola de combate não aceitou as minhas condições. Assim sou forçado a usar essas pessoas.

Olho para o rosto deles. Parecem tão assustados como os soldados.

— Preciso da ajuda de vocês. Essas pessoas estão destruindo o prédio, soltaram prisioneiros muito perigosos. Eu sozinho não consigo fazer isso. Mas, com a nossa união, sei que conseguiremos impedi-los.  

Eles não parecem acreditar.

— Onde está Kiha? – Eu pergunto notando a falta dela.

— Ela foi chamada. Mas, não tivemos resposta.

Kiha é uma excelente dobradora de água, e pelo o que eu sei, deu aula para Riku e conhece todos os seu truques, ela é essencial para que isso dê certo.

— Vá atrás dela. – Digo para ele.

Assim me viro para aqueles rostos assustados.

— Todos estão sentido a água passando pelo encanamento?  -- Pergunto.

Todos confirmam.

— Bem. Quero que todos vocês façam uma esfera, a maior que conseguirem.

A água dos canos está fervendo, eu sinto isso também. O cano estoura e aquela água vaza, inundando todo o corredor.

A maioria consegue fazer a esfera perfeitamente, mas a garota de 10 anos não consegue fazer.

—Eu não consigo. – Ela lamenta.

Fraca

Eu ouço no fundo da minha mente. Não precisamos de pessoas fracas.

— Tente de novo. – Eu digo rispidamente.

Ela choraminga. Posso sentir o medo saindo dela.

— Nós não precisamos de pessoas fracas. Se você quer chorar, vá para outro lugar. – Digo para a garota.

— Eu não sou fraca. – Ela toma coragem e me diz.

— Então me mostre.

A esfera dela, não saiu como as outras. A pontada de raiva que a envolveu fez milagres. A esfera era até maior que a minha. Assim eu percebi que o que eu sentia dentro de mim era contagioso. Era como se meu espírito criasse braços de energia e envolvessem todos a minha volta. E só precisava de um gatilho.

Me virei para os outros.

— Todos vocês são fracos. Inuteis! Eles vão acabar com vocês! 

Não funcionou com todos. A maioria tinha um espírito inabalável, principalmente os mais velhos. Mas, os jovens, eles realmente eram influenciáveis.

Fiz com a minha esfera um escudo de água, todos me imitaram. Apesar de tudo estávamos em sintonia. Assim nós podíamos avançar.

Eram 10 nos total. Todos atrás do garoto em chamas.

— Imobilizem. – Apontei para o Riku.

Meu chicote de água não conseguiu vencer a barreira de fogo que se formava, assim vi que ele não estava atacando sozinho. Dois outros dobradores de fogo estavam dando apoio. 

Eles não iriam conseguir fugir.

A sintonia que eu sentia com os dobradores de água era assustadora, era como se eles conseguissem ler meus pensamentos, faziam tudo o que era necessário em ordem quase perfeita. 

Riku se pôs mais a frente, uma pequena fagulha de eletricidade estralou em seus dedos. Isso era um problema. Apesar de dobrar os quatro elementos, eu nunca me especializei em uma subdobra, não deu tempo, eu não tinha ideia de como prosseguir.

Um rapaz vestido de azul gritava ordens a Riku, eu não conseguia ouvir, mas vi que ele apontou para o teto. Ele iria acabar com a energia que estava quase se restabelencendo.

Em uma explosão, tudo ficou escuro. Eu não conseguia ver nada. Nem uma fagulha azul na minha frente. As lanternas que havíamos trago não funcionavam. Estava um completo breu.

Expandi a água no chão, tentando sentir o que estava a minha frente, porém sem sucesso, era como se ninguém mais estivesse ali.

Uma brisa denunciou a tentativa de fuga. Haviam dobradores de ar . E eles criaram uma corrente firme acima das nossas cabeças.  

A água que estava no chão, subiu ao teto em uma rajada violenta, fazendo com que as paredes tremessem.  Mas, nada. Não havia ninguém ali.

Fui ficando impaciente. Era como se todos eles estivem desaparecido.

Um calor explode sob os meus pés. Sou jogado contra uma das paredes. Minha queda é amortecida por uma camada fria de água.

Os prisioneiros estão embaixo de nós. Porém eu não consigo levantar. Não consigo me mexer. É como se toda a minha energia tivesse sido drenada.  

Isso não podia acabar assim. Eu precisava impedi-los.

Ouço uma música estranha tocar no fundo da minha cabeça. Ela vai ficando mais alta até que o breu que me envolve recua. Eu não estou mais no corredor, eu não estou mais no palácio presidencial, eu não estou mais no meu mundo.

O breu toma forma. Como um ser vivo, eu o sinto respirar, uma respiração pesada.

— Fraco.  – Diz a voz que vem da escuridão.

Uma voz familiar, a voz da minha consciência.  

— Quem é você? – Eu pergunto

A risada que sai do breu me arrepia.

— Você realmente não sabe? Ou só fingi?

Eu sabia? Ou só não queria admitir? Eu estou confuso

Um sorriso assustador se forma. Ele flutua ao meu lado até se dissolver.

— Eu achei que já estávamos familiarizados Haru. Quantas vezes você não me pediu ajuda?  Eu não estou o ajudando novamente?

Ajudando? O que aconteceu? Eu não consigo me lembrar. Eu lembro de estar no corredor e depois, os prisioneiros desapareceram. Coloco a mão na minha cabeça. Ela dói.

— Desaparecer?

Um raio corta o breu ao meio e assim eu posso ver aqueles momentos. Depois que a luz se apagou.

Vejo aqueles dobradores que estavam ao meu lado. Porém eles pareciam diferentes agora.

— Não é fácil fazer essas ligações, corromper almas não é tão fácil quanto parece, e nem como costumava ser. Mas, eles acreditam em você, nos seus falsos ideais e aceitaram o preço de conseguir lutar por você, porém você pagou um preço maior ainda.  

Nas imagens eu consigo ver. Eles estavam realmente conectados a mim. Os braços negros estavam visíveis e ligados a mim.

— A você?  Bem podemos dizer que é a você agora. Por que agora, você me aceitou,  não teremos mais distinção.

— Aceitei?

— Bem quase aceitou. Ainda precisamos da garota. Você ainda precisa ser inteiro novamente, você é fraco, principalmente se comparado a ela.

— Como eu faço isso? Ser inteiro.

— Você sabe como. Por isso a trouxe. Porém, aquela dobradora de ar bloqueou o chii da garota. – A voz soa frustrada, quase brava.

— Dobradora de ar? Jinora?

— Pelo jeito, ela não foi corrompida como os outros. Iluminados ainda são um grande problema para mim.

— Você ainda não percebe, mas a partir de agora você verá o mundo com os meus olhos. Verá toda a energia boa e ruim que corre pelos céus, pela terra, pela água e pelo fogo.  Assim em breve poderei te oferecer poder suficiente para derrotar todos os seus inimigos e no fim, você  entregará esse mundo de bandeja para mim. Agora só preciso saber.  Você quer isso?

Eu não consigo sentir nada além dessa vontade, ela é enebriante. Mas, permaneço quieto, algo ainda me prende.

A coisa se envolve em um casulo e toma uma forma escura, quase humana. Ela não parece nem um pouco feliz.

— Raava ainda te influencia indiretamente. Não importa a sua vontade agora, ela não o  deixará escolher. Ela ainda será um impecilho na sua vida. Por isso você precisa ser inteiro. Você ainda é apenas um mísero fragmento.Uma pequena fagulha em um feno de palha. Porém tem poder o suficiente para aos poucos, incendiar todo o resto. Quando você tiver pleno controle, você conseguirá subjulga-la.

A forma de aproxima cada vez mais, sinto frio e calor ao mesmo tempo. Quando percebo consigo olhar nos olhos negros da criatura e percebo que ela e eu somos a mesma pessoa. Apesar de apenas um fragmento eu posso corromper tudo a minha volta. Tal como ela fez comigo.

Quando eu consigo ver a luz. Eu apenas vejo os raios acima de mim. Sinto a chuva sob a minha pele, e vejo ao meu redor. Eu não estou mais no palácio presidencial. Por que ele não existe mais. Ele ruiu e seus destroços estão espalhados por todo o lugar.  

Eu não estou ferido, não estou fraco, porém nao me sinto bem. Tento usar a dobra de ar para sair do buraco que eu estou, porém eu não consigo. Olho para cima de novo e consigo ver linha escuras passando pelo céu. Tento alcança-las. E sou lançado para cima com velocidade. Quando eu olho para a frente, vejo Mira.

Ela está ajudando pessoas sob os destroços. Ela está junto com outros dobradores, tirando os entulhos. Ela finalmente está dobrando a terra. E me sinto de alguma forma estranha orgulhoso dela.  


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