Barreiras Culturais. Volume 2 escrita por Richard Montalvão


Capítulo 3
Capítulo 3 - Problemas




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 A noite de quarta-feira já tinha chegado, 20 horas marcava no relógio. Sung-Yong-hyung não tinha retornado ainda, já estava ficando preocupado, ele sempre voltava, mesmo se não tivesse vontade de falar comigo ou algo do tipo. Decidi sair do apartamento. Comecei andando pela rua do apartamento, fui até  o final, mas não encontrei ninguém.  Era estranho não ter ninguém nessas ruas. Segui o caminho até chegar ao final, virei à esquerda. A rua em que estava agora era maior, permitia dois carros passarem ao mesmo tempo, diferente da rua do apartamento que era estreita. Andei por pouco tempo, até que cheguei no final dessa rua, ela só tinha uma curva para a direita, mas ainda possuía ruas estreitas na esquerda. Decidi voltar, e entrei na primeira rua estreita. Ela estava bem escura, apenas um poste estava aceso, com uma luz alaranjada.
    Embora a rua fosse bem cumprida, ainda dava para ver seu fim, e justamente no final desta rua eu vi uma silhueta, que vinha na minha direção. Ao nos aproximarmos, conseguia ver que era Sung-Yong-hyung, ele estava vindo por aquela rua, provavelmente estava voltando para casa. Continuei indo de encontro à ele, mas assim que ele se aproximou da área iluminada pela luz laranja, três caras o cercaram. Lembrando da situação acontecida há poucos dias, me escondi atrás de um equipamento de ar condicionado muito grande. Por causa do barulho, eu não conseguia ouvir nada do que eles falavam, mas era possível ver o que estava acontecendo. Sung-Yong-hyung, estava sendo ameaçado por aqueles três caras, ele dava passos lentos para trás,  até que o cara do meio partiu para cima dele, de longe eu vi que ele tinha algo nas mãos, talvez um porrete, ou mesmo um cano. Sung-Yong-hyung, conseguiu desviar do golpe, mas em seguida o cara que estava pela direita tentou um soco, mas Sung-Yong-hyung defendeu com o braço. Uma tristeza imensa me dominou, não teria como ajudar, ele seria morto, eram três contra um. Vendo que o cara da direita tinha sacado um punhal, decidi que precisava fazer algo, por sorte minha, havia uma caixa de lixo do outro lado, corri até lá, encontrei umas garrafas de vidro dentro do recipiente. Peguei duas, uma em cada mão, e na hora em que o cara do punhal partiu para desferir um golpe, joguei a garrafa o mais perto possível da confusão. Os caras se assustaram, e um deles até  recuou. Aproveitei a oportunidade e surgi da escuridão gritando.

—Sung-Yong-hyung, por aqui! Rápido!
Ele passou pelos três caras em um movimento rápido, e veio correndo em minha direção. Quando ele estava mais perto de mim, joguei a outra garrafa na direção dos três, e ouvi quando um deles gritou um xingamento.
Começamos a correr juntos, éramos mais rápidos que os outros três. Corremos muito, quando minhas pernas já não aguentavam mais, eu diminui a corrida, olhei para trás e não vi mais ninguém.
—Quem eram aqueles caras? (Perguntei ofegante.)
—Ainda não tenho certeza. Podem ser das gangues, ou apenas ladrões. (Sung-Yong-hyung, respondeu ofegante.)

Andamos em direção a um parque, que nunca tinha visitado antes. Fomos até o final dele, lá encontramos um rio que cortava a cidade. Sentamos na grama para descansar de todo aquele esforço.

—Hyung, você está bem? Eles te acertaram?

—Apenas meu braço está doendo por causa do soco, mas estou bem.

—Temos que voltar para o apartamento. Vamos?
Enquanto me levantava, Sung-Yong-hyung me puxou pela mão, cai sentado na grama. Olhei em direção à ele para entender o que estava acontecendo. Ele estava de cabeça baixa, segurava minha mão, conseguia sentir o tremor nela.

— O que foi, Hyung? Você está sentindo alguma coisa?
Mas ele não respondia.
Peguei no rosto dele, e quando inclinei em minha direção, vi um Hyung chorando, lágrimas infinitas caiam de seu rosto.

—Fale, hyung. O que está sentindo? Não precisa esconder seus sentimentos o tempo todo.
Em uma voz baixa e chorosa, ele falou que não conseguiria mais viver sem mim, mas também não conseguiria viver longe de Yoon-Sang. Ele estava sem chão, pois logo eu estaria partindo, e sua relação com Yoon-Sang já não era mais a mesma coisa.
Não tinha como responder, aquela foi a primeira vez que vi Sung-Yong-hyung, que sempre teve aquela personalidade fria, chorar por minha causa. A ocasião que tinha ocorrido na fábrica abandonada foi diferente,  estávamos entre a vida e a morte naquele local, e nossas lágrimas eram de alegria por estarmos vivos.
A única coisa que consegui fazer, após ouvir tudo, foi deitar na grama o mais perto possível dele. Logo ele se deitou também, mas seu rosto estava virado para o outro lado. Ficamos ali por algum tempo, ele já na chorava mais, estava mais calmo. Levantei e puxei ele pelo braço,  ele se levantou. Seguimos para o apartamento, abraçado com Sung-Yong-hyung. Nenhuma palavra foi dita, mas eu sabia que conseguiria ficar ao lado dele por mais 4 meses caso estendesse meu intercâmbio. Agora estava mais fácil permanecer ali, já que ele também queria a minha presença, ele só não expressava.


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