Barreiras Culturais. Volume 2 escrita por Richard Montalvão


Capítulo 20
Capítulo 20 - Situação no elevador.




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O lado ruim de morar em cidade grande é o trânsito, não que o volume de carros fosse grande naquela noite, o inconveniente mesmo, foi a distância que tivemos que percorrer para conseguir retornar. Sung-Joon tinha razão quando reclamou de ter errado a entrada, por causa disso andamos vários quilômetros para conseguir chegar em casa. 
    Finalmente chegamos, entramos pela garagem, estacionamos o carro e agora precisávamos subir de elevador, o apartamento de Sung-Joon fica no décimo terceiro andar. Quando entramos o elevador estava vazio, até que segundos antes da porta fechar, ouvi alguns passos apressados em direção ao elevador, em seguida uma mão impediu que a porta fechasse, duas garotas entraram. Sung-Joon já não estava nada satisfeito de estar sem camisa no carro, imagina agora em um elevador com duas garotas. Eu me divertia com a cara que ele fazia, estava muito envergonhado. Sempre que ele fica com vergonha o rosto fica muito avermelhado, era impossível não saber como ele estava se sentindo. 
    Este elevador que leva até a garagem é muito lento, tinha percebido isso desde o primeiro dia, não sei porque ele é assim, pois o outro que leva até a entrada principal tem a velocidade de um elevador normal. Mas algo pior que a velocidade do elevador eram as risadinhas que as duas patricinhas davam, elas estavam olhando para Sung-Joon pelo reflexo na porta espelhada. Eu até cheguei a me divertir um pouco com situação, algo apenas momentâneo, me irritei quando elas começaram a apertar os botões de vários andares na intenção de que o elevador fique parado em um andar sem que ninguém tenha solicitado. Elas estavam fazendo de propósito para poder ficar olhando Sung-Joon sem camisa. Ele estava muito constrangido, pois tinha percebido a intenção delas antes de mim, mas não podia falar.
    Já não aguentava mais os olhares delas, por isso me posicionei na frente dele, impedindo que elas conseguissem vê-lo pelo reflexo da porta espelhada. Encarei uma delas pelo reflexo, era um aviso, mas fui ignorado e agora elas estavam se aproximando pelo lado, queriam chegar mais perto, uma delas chegou bem perto, mas finalmente o elevador parou no oitavo andar, mesmo não sendo o nosso andar, eu decidi que iríamos ficar por ali mesmo. Peguei na mão de Sung-Joon e arrastei ele para fora do elevador. Finalmente a porta fechou e as patricinhas irritantes seguiram para longe.

—Vamos de escada, esse elevador é muito lento.

    Sung-Joon parecia satisfeito com a minha ação, eu nunca tinha demonstrado este tipo de comportamento.
    Antes do primeiro lance de escadas, Sung-Joon parou, eu ainda arrastava ele, puxando pela mão. Ele me puxou de volta, pegou minha outra mão, agora estávamos parados no meio da escadaria, olhávamos nos olhos um do outro. Sung-Joon parecia me admirar, seu olhar me mostrava um sentimento de afeto muito grande, era como um agradecimento, não por ter acabado com aquela situação constrangedora, e sim por ter demonstrado que me importava com ele, mesmo perante uma situação tão boba.

—Fábio... Por que você parou na minha frente? Por que me puxou para fora do elevador?

Embora Sung-Joon soubesse as respostas, ele queria ouvi-las da minha boca.

—As garotas... elas estavam fazendo aquilo de propósito para ficar olhando para você.

—Isso te incomodou? Te deixou com ciúmes?

—Não é ciúme, apenas queria tirar você daquela situação.

—Mas você disse que eu não deveria ter vergonha de mostrar o meu corpo.

—Não é para mostrar para qualquer um.

—Para quem eu posso mostrar?

    Não quis responder, pois não queria admitir meus sentimentos por Sung-Joon. Ainda não sei bem o que sinto por ele, preciso de mais tempo para entender, para decidir o que realmente quero. Sung-Yong-hyung ainda está na minha cabeça, não seria fácil superá-lo. Outra paixão não era exatamente o que queria, não por enquanto, nem sei se aguentaria estar apaixonado por dois ao mesmo tempo. Embora eu tentasse trancar meu coração, tinha a sensação que Sung-Joon golpeava a porta, e estava quase conseguindo derrubar.

    Finalmente conseguimos chegar em casa, foram tantos degraus, minhas pernas tremiam, eu parecia um velho de 80 anos. Apenas eu estava assim, pois Sung-Joon parecia ter feito apenas alguns aquecimentos. Na hora eu pensei que se Sung-Joon tivesse toda essa resistência na hora do sexo, eu nunca mais conseguiria sentar.

     Agora só precisava de um banho, seguido de uma longa noite de sono. Entrei no meu quarto, parti direto para o chuveiro. Após o banho eu deitei na cama, mas não conseguia dormir. Tinha a sensação que a camisa que eu usava, estava me espetando, levantei para trocar de camisa, revirei minhas coisas atrás de uma que não me incomodasse, e no meio das minhas camisas eu encontrei uma que não era minha, uma camisa preta com o número 1989 estampado na frente. Foi como uma pancada na cabeça, lembrei de Sung-Yong-hyung e uma tristeza me consumiu, aquela era uma das camisas dele, provavelmente tinha esquecido, pois estava no meio das minhas coisas. E para piorar a minha situação, aquela camisa não tinha sido lavada, ela ainda continha o cheiro dele. Isso foi o suficiente para me derrubar, só me restou deitar na cama, ainda abarçado com a camisa dele, tinha até esquecido de trocar a minha, ela já não me incomodava mais, agora apenas uma coisa me dominava, a falta que sentia de Sung-Yong-hyung. 
    Ainda deitado, abraçado com a camisa preta, sentindo o cheiro dele presente nela, ouvi a porta abrindo. Sabia que era Sung-Joon, nem me dei ao trabalho de olhar, apenas sentia os movimentos do colchão quando o peso de seu corpo se aproximava de mim. Enfiei a camisa por baixo do meu travesseiro, não queria que Sung-Joon soubesse.

—Fábio, posso ficar aqui com você?

    Não podia negar, e nem queria, a presença dele estava me fazendo bem, só não queria que ele me visse chorando. Eram sensações misturadas, sentia falta de Sung-Yong-hyung, e ao mesmo tempo sentia que estava traindo Sung-Joon. Tentava segurar meu choro, Sung-Joon estava próximo de mim, conseguia sentir a respiração dele, até que ele entrelaçou uma de suas pernas nas minhas, e em seguida senti o peso do braço de Sung-Joon na minha região abdominal. Ele parecia confortável, deixei que dormisse assim. Eu também estava me sentindo bem com ele tão perto, logo peguei no sono.


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