Amoridade: Lembranças Danificadas escrita por Ella


Capítulo 14
A Vida




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Sábado, 21 de Novembro. (Madrugada)
Tony se afasta devagar:
  - Vamos entrar... 

  - Okay. - Georgia enxuga as lágrimas. - É melhor mesmo. 

  - Sim. - Ele a ajuda a levantar e caminham para fora da cobertura. 

Entrando no quarto de hotel, veem Luna na sala esperando por eles.
  - Onde está Taylor Alyce?  

  - Já está no quarto dela, filho. - Responde.

  - Ainda bem... - Georgia se senta no sofá.

  - Vou pegar umas coisas para tratar seus ferimentos. - Ele informa saindo. 

  - Como se sente, querida? - Sua tia pergunta atenciosa. 

  - Não sei dizer, mas sei que poderia estar pior, então não estou tão mal assim... - Diz cansada. 

  - Pronto. - Tony chega com uma maleta. - Deixe-me ver seu tornozelo. 

Um pouco tímida Georgia estica a perna. O jovem estudante de enfermagem examina cauteloso e preocupado. Após cuidar de seu pé e tornozelo, ele sobe até seu rosto:
  - Está cortado, pode arder. - Avisa.

  - Tudo bem. - Fala mansa. 

Luna observa tudo com milhares de pensamentos. Ele limpa seu ferimento na bochecha, e olha bem no fundo de seus olhos que exalam mágoa. Desce até sua boca cortada, engole seco.
  - Abra um pouco a boca. - Pede e ela obedece. 

"Aish... Por que tinha que ter machucado logo nos lábios?!
Tentação..."

Se mantém controlado:
  - Pronto. - Levanta rápido. - Melhor ir descansar agora. 

  - Sim. - Concorda mesmo sem sono. - Boa noite, tia. Boa noite, Tony. Até mais tarde. - Deseja. 

  - Boa noite, querida. 

  - Boa noite, Georgia Emanuelly. - Abaixa levemente o rosto tentando não mostrar a timidez. 

Geor balança a cabeça e sobe até seu quarto. Luna encara Tony enquanto ele guarda as coisas:
  - O que houve? - Pergunta vendo a expressão fechada de sua mãe. 

  - Tony... a Georgia? - Indaga. 

  - O que tem ela? - Questiona caminhando. Ela vai atrás. 

  - Está na cara seu interesse por Geor. - Comenta. - Tony, não faça isso...

  - Mãe. - Respira fundo. - Fomos criados juntos, somos praticamente da mesma família, e a vida é minha. Minha vida, não se esqueça disso. - Frisa. 

  - Não acho certo o que está acontecendo. - Conta o vendo sair.   

  - Não sei ao que se refere, mesmo assim eu não me importo. Boa noite. - Sai sério. 

Amanhece, o hotel desperta aos poucos.
No quarto dos Wood, eles se arrumam para ir embora. Depois de organizar tudo, tomam café da manhã ligeiro. Georgia e Taylor são as últimas:
  - Vocês escolhem lugares difíceis . - Taly comenta terminando de comer sua torrada.

  - Por que? - Geor se levanta. 

  - Como vamos nos comunicar no México? - Indaga e a encara.

  - Eu falo espanhol fluentemente, seu irmão também. Seus pais sabem um pouco. Você também sabia, eu te ensinei, mas acho que sua memória também apagou isso. - Deduz. 

  - Hum. - Resmunga e sai sem falar mais nada. 

  - Taly...? - A chama, olha para os lados e não a vê. Respira fundo. - Aish. 

Saindo do hotel eles pedem um táxi e esperam. Da janela do quarto, Mex vê quando eles entram no táxi e partem; observa.

10h:34 da manhã, chegam no aeroporto e fazem o check-in para embarcar de 11:40. Já dentro do avião, decolam sem atraso.
  - Aff, odeio turbulência. - Tony se segura forte. 

  - Já já passa, Tony. - Geor diz doce e sorri leve. 

Ele retribui o sorriso sem perceber, quando nota tal sorriso automático, abaixa o rosto e olha pela janela.

México, Cidade do México.

— Onde vamos ficar aqui? - Taylor pergunta já no táxi.

  - Na casa de uma amiga da minha mãe. Eles emprestaram a casa, moram na Califórnia oficialmente. - Georgia conta quieta. 

  - Quantos amigos... E todos ricos... - Chegam e veem a bela casa. Nada muito exagerado. 

  - Vamos descer. - Luna manda. 

Retiram as malas do táxi, e agradecem ao motorista. Instalados nos quartos, Sra. e Sr. Wood decidem descansar da viagem. Aproveitando o silêncio, Taylor assiste filme na sala, e Georgia conversa com a mãe no telefone:
  - Estou bem, mamãe. - Responde a uma pergunta feita. 

  - Que bom, filha. Estamos com mais saudades, sua irmã e eu.— Informa. 

  - Também sinto saudades, mamãe. - Suspira. - Vou tentar ligar mais vezes. Desculpe por não falar muito contigo. 

  — Está tudo bem, querida. Não tenho tido muito tempo, tenho vários projetos para resolver. Sinto até que estou dando pouca atenção para sua irmã.— Lamenta. 

  - Vai conseguir. Eu sei que vai ficar tudo bem. - Diz otimista. 

  — Vai sim, filha. Tenho que sair agora. Nos falamos mais tarde. Beijos, eu te amo! — Exclama amável.

  - Eu também te amo mamãe, você e Giovanna. Até!

  — Até, meu amor. 

Após desligar, Geor vai tocar seu violão num canto tranquilo da casa, longe das reclamações de Taylor. Toca e canta "Human".

"I'm only human
And I bleed when I fall down
I'm only human
And I crash and I break down
Your words in my head, knives in my heart
You build me up and then I fall apart
Cause I'm only human..."

Jantam em casa, pedem pizzas e batata frita; fast foods. Taylor é obrigada a arrumar a mesa depois da refeição por não ajudar na limpeza da casa quando chegaram, ela fica com muita raiva.

Tony anda pela casa observando cada um, a mãe que lê, o pai que vê os jornais mais atuais da cidade, Taylor vendo TV novamente, e Georgia... Não a acha.

Tony on.

Georgia está sumida, mal vi ela hoje. Também, passei o dia trancado no meu quarto, como sempre. Não está em seu quarto, nem na sala, talvez... Claro!

Observador on.

Tony abre a porta da sala e vê Georgia na varanda.
  - Não acha que está frio? - A pergunta. 

  - Hã? - O vê atrás de suas costas. - Na verdade, não. 

  - Hum. - Senta ao lado dela no batente. - O que está fazendo? 

  - Apenas pensando... - Suspira forte. 

  - Sei como é. Eu penso muito. - Olha para frente. 

  - Eu sei. - Afirma. 

O celular dela apita. Chega uma mensagem:

"Felipe:
E aí, Georgia?
Saudades!"

Passando o rosto, Tony  lê e franze a testa:
  - Ainda fala com esse garoto?! - Indaga. 

  - Hã? Nã... Bem... Não sei. - Diz confusa. 

  - Ainda gosta dele? - Interroga. 

  - Gostar? Eu... - Gagueja. 

  - Georgia Emanuelly! - Destaca e a encara. 

  - O que foi? - Pergunta o vendo irritado. 

  - Vai respondê-lo?! Não vê a hipocrisia nessa mensagem?! - Indaga. - Se esquece que ele causou tudo isso? 

  - Não, não foi ele. - Se levanta. - Não foi ele. 

  - Está o defendendo. Ele e a Sabrine fizeram o que fizeram por serem quem são. Hipócritas! - Põe-se em pé. 

  - Eu sei que eles erraram, mas a culpa dessa loucura não é só deles. A culpa é minha. - Relembra. 

  - Aff, não comece. - Reclama. 

  - Não começar?! Tony... - Respira lentamente. - Não há um dia da minha vida ao qual eu passe sem me questionar sobre a nossa vida atualmente. Antes de dormir, quando estou só, quando estou compondo, numa reclamação da Taly, numa resposta seca dela... Em tudo, tudo me faz voltar no tempo e lembrar principalmente daquele acidente. - Conta aflita. 

  - Ei... Ninguém te culpa, Georgia Emanuelly... - Fica sem voz. 

  - Mas eu sei que a culpa é minha. - Frisa segura disso. - Se eu tivesse conversado com a Taly antes de tudo e deixado meu orgulho de lado, estaríamos agora em Toronto aproveitando nossas férias, fazendo qualquer coisa... Menos isso. Eu sei que Felipe e Sabrine contribuíram, mas não foram eles que.... que.... - Engole o choro. - Ela se jogou na frente do carro para me salvar e hoje é como se fosse outra pessoa. Eu continuei viva, mas em troca perdi minha vida para uma confusão. Em troca perdi minha melhor amiga, e todos os dias eu gostaria de voltar no tempo para mudar tudo isso, desde o começo... 

  - Não se culpe tanto, vai acabar ficando doente mentalmente.

  - Eu não me importo. O meu maior karma é essa vida de agora. Toda ação tem uma reação. Me sinto tão... Ruim. - Enfraquece a voz, sem forças para continuar. - Não é só a Taly que está diferente, também estou, e não sei se gosto disso. 

Ela entra em casa o deixando sozinho para pensar.

Mesmo sendo cedo para dormir, 21 horas, Geor sobe até o quarto onde fica sozinha. Deitada na cama, hipnotizada com a luz que surge na janela até o teto, ela relembra tudo que já aconteceu.

Georgia on.

É tão difícil carregar esse peso. Carregarei para sempre. Tony não entende... Ele sabe que a culpa é minha, está nos olhos dele que ele sabe, mas continua mentindo para tentar me ajudar. Não adianta, eu sei.

  - Geor, ainda tem pizza no forno, caso queira, é só pegar. - Luna avisa. 

  - Está bem, tia. Obrigada! - Agradece educada. 

Eu preciso de alguém para conversar...

Observador on.

Escorre uma lágrima triste. Uma grande luz entra pela janela, Georgia se levanta assustada:
  - Não pode ser... Já faz tanto tempo. - Paralisa. - Papai...? 

Georgia on.

Ninguém sabe, somente a Taly sabia. Desde a morte de meu pai, é como se nos momentos mais difíceis e importantes eu sentisse a presença dele. Mas essa presença foi ficando cada vez mais escassa. Seria uma grande surpresa ter ela novamente, quando eu mais preciso de ajuda.

Observador on.

  - Você está aí? - Chora. - Papai... Eu me sinto só, muito só. - Abaixa o rosto sentada na cama. - Eu não tenho a mamãe, a tia, a Lika, a Giovanna, ou o senhor, não tenho a Taly... - Levanta o rosto, as lágrimas caem. - Tia Luna e tio Lucas são ótimos, mas não me ajudam como preciso, eles tem problemas maiores, como a filha deles sem memória... Culpa minha. - Suspira e soluça. - Não sei se estou falando com o nada... Se estou louca... Ou se está realmente aí, de qualquer forma, obrigada por me ouvir. Não sei se entende... Mas estou sem ninguém aqui. 

Domingo, 22 de Novembro.
Se preparando para saírem e aproveitarem a viagem, as meninas terminam de se arrumar e encontram o restante na sala.
  - Prontas? 

  - Sim. - Geor sorri.  - Podemos ir. 

Tony a admira.

Eles chegam no local determinado:
  - Por que um museu? - Taylor questiona já entediada.

  - É o museu nacional de antropologia. - Específica. - É bem interessante.  

  - Parece tedioso. - Acentua. 

Dentro são levados a várias áreas, algumas mais interessantes que outras:
  - É... É chato mesmo. Como eu imaginava... 

  - Você adorava essas estátuas e.... 

  - Adorava. - Frisa. - Quer saber, vou tonar isso divertido. - Some. 

  Um tempo depois perceber a ausência de Taylor:
  - Onde está a Taly? - Geor pergunta olhando para os lados. - De novo não. 

Um pouco assustada com algumas imagens, Georgia procura por Taylor com todos. Passando pelas áreas anteriores:
  - Taly...

Surgindo de trás de uma estátua, Taylor pula na frente dela a assustando bruscamente. Assustada Georgia esbarra em Tony atrás dela. Ele a segura:
  - Opa. - A solta rápido. - Taylor Alyce, pare de brincar e sumir. Estávamos preocupados. 

  - Mas agora que ficou divertido. - Sorri sarcástica. 

  - Temos que ir embora se quisermos ver o pôr do sol. - Lucas informa.

  - Aah não. - Resmunga. 

  - Vamos Taylor! - Sua mãe a chama a atenção. 

O caminho é calmo, mas um pouco tenso, não há conversa. Ao chegarem, sentam num banco na praia:
  - É um belo jeito de terminar o dia. - Geor diz admirando a paisagem. 

  - Sim. - Tony concorda. 

  - É só um pôr do sol. - Taylor discorda. 

  - É a marcação do término do dia e chegada da noite. - Geor detalha. - Se eu não estivesse com meu pé machucado, pulava as ondas. 

  - Ainda pode fazer isso. - Tony assegura.  

Ele se abaixa na frente dela:

  - Suba! - Pede. 

  - Hum? - Fica envergonhada. 

  - Vou te ajudar a pular as ondas. - Informa. - Pode subir nas minhas costas. Georgia Emanuelly, não tenha medo. 

  - Está bem. - Ela sobe desajeitada. - Assim está bom? 

  - Você que tem que dizer. - Sorri e caminha. 

Chegando no mar, ele começa a pular as ondas com ela nas costas, o que fica muito divertido. Ele sente algo desconhecido por dentro quando a faz sorrir, contudo é uma boa sensação, que o faz bem.

Georgia on.

Isso é um tanto diferente da relação que tínhamos antes, era como se fosse algo "profissional" na maioria das vezes. Mesmo tendo essa relação, somos amigos e sei que posso confiar nele, porém agora tem algo diferente. A Taylor está certa, Tony ainda faz meu coração bater diferente, mas não é "ainda", é "está fazendo" meu coração bater diferente. Não sei como processar tanta coisa na minha mente.

Observador on.

Caminhando pela praia com Georgia nas costas, Tony aproveita para sentir como seu coração está reagindo.
  - Ora, ora, ora... - Mex aparece do nada. - Que coincidência!

Georgia desce desajeitada quase caindo de susto:
  - Mex... - Resmunga.  

  - Filho da mãe... - Tony emana raiva.


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