(In)Perfeitos um pro outro -Hayffie escrita por Lady Alguma Coisa


Capítulo 11
Com amor, Effie.


Notas iniciais do capítulo

Olaaa, eu voltei para presentear vocês com um cap novo. Continua um pouco trágico, mas vai melhorar. Boa leitura.



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Effie perdeu a conta de quanto tempo ficou ali, sentada no chão, com a visão embaçada pelas lágrimas que caiam sem parar e o rosto inchado. Ela só queria esquecer, queria apagar aquela conversa horrível que tivera com Haymitch. Queria que não estivesse prestes a deixa-lo, por um momento, ela só queria deixar de sentir. A dor era insuportável, e a decepção, imensurável.

   Angustiada por ter convivido com ele por tanto tempo e, mesmo assim, não conseguir perceber que, na verdade, o Ex-mentor era apenas um homem assombrado pelos fantasmas de seu passado. Fora a dor da perda o deixara fechado a todos. Os comentários irônicos, as grosserias e até mesmo a bebida, eram apenas fachada.

   Trinket nunca se sentira tão vazia, como se nada mais fizesse sentido. Do que adiantava ajudar a todos, colaborar para o desenvolvimento de Panem e ser infeliz? Effie lembrou-se de tudo que já havia sacrificado, do momento em que aceitou ser a escolta dos jogos até o ultimo suspiro da revolução. Ela viu tudo acontecer bem diante de seus olhos, as perdas, a fome, a miséria do povo, os bombardeios e todas as mortes. Mas será que o esforço de todos e inclusive o dela, valeram a pena? Talvez Haymitch estivesse certo no final das contas, tudo que sobrara foi a dor dos dias esquecidos e daqueles que se foram.

   Katnnis adentrou o cômodo vagarosamente, aproximou-se de Effie e a abraçou.

   “Ah Effie, não fica assim não.”, disse ela, dando tapinhas nas costas da amiga que, no momento, chorava em seu ombro.

  “Ele s-se foi.”, Trinket respondeu, ainda soluçando.

   “Eu sei...”, Katnnis não encontrou palavras, era péssima consolando as pessoas.

   A vitoriosa ajudou-a a levantar-se e conduziu-a ao banheiro, Effie lavou o rosto, contendo-se para não desabar de novo.

  “O trem chega daqui a um hora, temos que nos arrumar”, a voz dela soou fraca, mas confiante. Trinket caminhou até a penteadeira, pegou sua maleta de maquiagem, virou-se para Katnnis e disse. “É hora do show.”

   Trinket mudou o vestido simples para algo mais extravagante, colocou saltos maiores e retocou a maquiagem e soltou os cabelos dourados. O novo estilo fugia um pouco da Effie atual, mas não era nem de perto parecido com a Effie antiga. O vestido vermelho tinha um decote um tanto provocante e a maquiagem apesar de leve, era marcante. Mataria qualquer um com aquela roupa, ela se olhou no espelho e tentou sorrir.

   Katnnis fitou-a com perplexidade, mas ao vê-la melhor, a vitoriosa sorriu.

   “É assim que se faz Trinket.”, ela pegou a mão da amiga. “O Haymitch que se foda.”  

  Depois de recolher todos os seus pertences do quarto de hospedes, Effie escreveu uma carta e deixou-a sob o criado mudo. Haymitch teria que escuta-la, nem que fosse por escrito.  Quando desceram as escadas, constaram que o Ex-mentor não estava em casa, mas aquilo não era nenhuma novidade. Peeta chegou logo em seguida, anunciando que o carro que iria leva-los para estação, já estava na porta. Trinket pegou as malas, deu uma ultima olhada na casa, aspirando o perfume do ambiente e revivendo todas as boas lembranças que tivera ali. Como queria voltar no tempo... desejou ela.

   Uma lágrima solitária percorreu seu rosto, ela enxugou-a rapidamente. Effie parou na porta e, antes de fecha-la, sussurrou um adeus.

                                    ********************************              

     Já era meia noite, Haymitch caminhava desnorteado pela rua, tonto demais para achar o caminho de casa. Com uma mão, segurava uma garrafa de uísque quase vazia e com outra, a foto dela, a mulher perfeita que deixara para trás. Suas mãos tremiam, seus olhos estavam vermelhos e algumas lágrimas teimosas insistiam em cair. Ele estava acabado de todas as formas possíveis. Perdera a família, a namorada, todos aqueles jovens que tentara ajudar ao logo dos jogos e agora, a única pessoa que era capaz de fazê-lo feliz, vivo.

   Abernathy gritou, com uma magoa resentida e atirou a garrafa longe. O barulho de vidro quebrado encheu a rua deserta, ele chutou os cacos para longe, como se fossem a causa de sua desgraça. Uma figura pequena e frágil saiu do beco, era uma mulher encapuzada, ao vê-lo ela correu em sua direção e disse:

   “Haymitch, o que pensa que está fazendo?”, ela tirou o capuz, ele demorou um pouco para reconhecê-la, era Greasy Sae. “Peeta me ligou a tarde toda para saber de você, está todo mundo preocupado.”

   Haymitch desequilibrou-se, ainda tonto por conta da bebida. Ela o segurou, evitando que o mesmo caísse no meio da rua. Greasy fitou-o, visivelmente preocupada, o Ex-mentor estava com uma aparência péssima; seus cabelos loiros estavam bagunçados, ele exalava um cheiro horrível e seus olhos cinzentos, que costumavam ter um brilho voraz, encontravam-se cabisbaixos e vermelhos.

   “Vamos pra casa Hay.”, ela tentou conduzi-lo, mas ele ficou rígido, sem sair do lugar.

   “Não quero sua pena”, Haymitch murmurou, afastando-se.

   Ela suspirou e contou até três, Sae era um pessoa boa, mas sua paciência tinha limite. A mesma pegou o braço do Ex-mentor e puxou-o rua abaixou, com uma força que nem mesmo ela soube de onde havia tirado.

  “Haymitch Abernathy, não venha bancar o dramático comigo”, ela revirou os olhos. “Você vai para casa agora, vai tomar um bom banho, articular seus pensamentos e tirar uma boa soneca.”

   Vencido pelo cansaço, ele acabou cedendo, deixando-a guia-lo a aldeia. “Onde será que Effie está agora?” Haymitch perguntava-se sem parar.

   Ao chegar a casa, Greasy Sae começou a preparar um caneca fumegante de chá. Ele subiu as escadas, indo em direção ao banheiro, ao passar pelo quarto de hospedes, sentiu o cheiro do perfume dela. Haymitch hesitou por um momento, mas adentrou o cômodo, as malas e pertences de Effie não estavam mais lá, só restou um vazio.

   Ele passou a ponta dos dedos pela cama, sentindo o lençol macio que ela havia colocado antes de partir, aquele quarto trazia a tona tantas lembranças. Eles dormindo abraçados sempre que ela tinha pesadelos; as conversas que pareciam não ter fim durante a madrugada; todas as vezes que adentrava cômodo e a encontrava debruçada nos papeis da viagem; recordar aquilo lhe trazia uma paz tão grande.

   Haymitch sentou na beirada da cama, quando o fez, percebeu um pedaço de papel em cima do criado mudo. Ele o pegou, percebendo que era uma carta, o mesmo a abriu, dando de cara com uma caligrafia elegante que dizia:

  “Caro Haymitch,

 Bom eu acho é isso. Você ficou marcado no meu coração, de uma forma que nem eu sei explicar. Desde o dia que eu passei pela porta daquele trem, no meu primeiro dia como escolta. Você se lembra? Eu era a garota assustada, que usava roupas estranhas e não tinha ideia do que ia enfrentar.

 Então você apareceu, com seus comentários sarcásticos, seu humor incorrigível e com esse seu jeito irritante. Acredite você mudou a minha vida. Durante anos, foi a única pessoa que me fez sorrir, que me apoiou e me protegeu.

  E mesmo longe, você continua comigo, preenchendo cada lacuna do meu coração. Por favor, pense nisso com carinho, porque como você mesmo vivia dizendo, a vida curta. Saiba que é livre para voltar quando quiser, só não demore muito, não sei se seria capaz de suportar. Eu sei bem, ainda mais a essa altura, que tentar te esquecer seria tolice. Não importa aonde eu vá ou o que eu faça, você sempre estará comigo, como um reflexo em tudo o que eu sou.

  Com amor, Effie”  

  Haymitch levou a carta aos lábios, sentiu as lágrimas molharem o papel. Ele levantou, decidido, e caminhou até o banheiro. A partir daquele momento, algumas coisas teriam que mudar.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM. Desculpa qualquer erro.



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