(In)Perfeitos um pro outro -Hayffie escrita por Lady Alguma Coisa


Capítulo 10
Isso é um fim?


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas por todo o atraso!!!! Eu tô muito sobrecarregada. O capítulo de hoje tá um pouco trágico, mas faz parte. Boa leitura.



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O quarto de hospedes o qual Effie estava estalada parecia pequeno demais  desde que suas milhões de malas e produtos de beleza foram entregues na aldeia. O que antes era um lugar aconchegante parecia, naquele momento,  uma tremenda bagunça. Trinket ficara tão ocupada nos últimos dias que se esquecera de organizar tudo antes de partir.

   Algumas peças de roupa estendidas em cima da cama indicavam que a mesma ainda não havia decidido o que usar e, de certa forma, aquilo não era novidade. Haymitch conhecia de cabo a rabo o guarda roupa dela e, sinceramente, não entendia como alguém podia ter tantas roupas, sapatos e acessórios de cores de tipos e tamanhos diferentes.

  Ele olhou para porta do banheiro, ouvindo o barulho da água caindo e sentindo o aroma de sabonete. Conhecendo Effie como conhecia, sabia que, pelo visto o banho que não ia demorar muito para ela sair do banho. Depois de ser torturada na capital, ela ficara paranoica em ficar muito tempo confinada em lugares fechados. Haymitch deu um longo suspiro e sentou-se ao lado da cama.

   “Mas que diabos diria á ela aquela altura” perguntou-se imaginando como seria encara-la, logo ela que havia fugido do assunto a semana toda. Porém, Haymitch via-se no beco que sem saída, estava mais que na hora de coversarem. Ele precisava daquilo, era tão urgente que chegava a ser assustador.

   Abernathy sempre achou que depois da morte de sua família, nunca mais conseguiria se apegar a ninguém ao ponto de se importar o suficiente para sofrer com a perda, mas estava tremendamente enganado. Ela despertava algo nele, algo que Haymitch achou que nunca mais voltaria sentir. Vê-la triste e distante era tão doloroso que ele mal conseguia explicar.

  Haymitch saiu de seus devaneios ao ouvir a porta do banheiro ser destrancada. Por um momento, ele parou de respirar. Effie estava de toalha, seus os cabelos dourados estavam presos em um coque apertado, ela emanava um aroma de sândalo e sabonete.  Tão leve e tão perfeitamente linda, pensou ele.  

  “Haymitch?!”, ela deu um pulo para trás, se escondendo atrás da cortina. Deu para perceber com facilidade que seu rosto estava intensamente corado. “Q-Que diabos você está fazendo?”

   “Precisamos conversar.”, a voz dele era soava fraca, Haymitch levantou-se da cama e virou para trás, constrangido por ela. “Pode voltar para o banheiro e trocar de roupa, juro que eu não vou olhar.”

   Effie suspirou, ainda atrás da cortina.

  “Não temos nada para conversar”, ela falou baixinho. Trinket piscava freneticamente.

  “Você sabe que temos”, Haymitch inclinou-se, não chegou a virar, mas conseguiu olha-la pelos ombros. “Por favor.”

  Trinket olhou para os lados, estava encurralada. Conhecendo-o bem como conhecia, era certo de que ele não sairia do quarto até conversarem. Era aquilo, ela não tinha escolha. Effie saiu devagar de seu esconderijo, caminhou hesitante até o banheiro, ainda vermelha. Ela fez a menção de se aproximar da cama para pegar o vestido, mas recuou.

  “Effie, pode ficar tranquila”, ele riu da situação. “Eu não vou te agarrar.”

  Aquilo só a fez ficar mais corada, ela riu, nervosa.

  “Mas é claro que não”, Effie pegou o vestido rapidamente e correu até o banheiro. Haymitch era capaz de tudo, agarra-la de toalha não seria seu primeiro ato de insanidade.

  Depois do beijo inesperado no beco, Trinket achou que nada poderia estar mais perfeito, pelo menos até Haymitch anunciar sua decisão final – a que ele realmente ficaria no distrito doze. De certa forma, ela já sabia, só não queria acreditar. Achou que poderia fazê-lo mudar de ideia, porém ele se mostrou imutável.

   Quando souberam, os vitoriosos ficaram chocados e chegaram até a ameaçar não ir sem ele, mas nem mesmo isso fora capaz de fazê-lo mudar de ideia. Então como ela seria capaz? A aquela altura, Effie estava tão confusa que não sabia nem mais o que significava para o Ex-mentor. A simples menção de deixa-lo a fazia sangrar.

   Mas agora estava ali, prestes a encara-lo e dizer tudo aquilo que a assombrava – parecia assustadoramente libertador.

  Effie vestiu-se ansiosamente, ouvindo a batidas descompassadas de seu coração. Botou pouca maquiagem, alguns assessórios e prendeu o cabelo em um coque elegante. Quando finalmente arrumou coragem para sair do banheiro, se deparou com um par de olhos cinza que a encaravam. Haymitch, que até o momento estava sentado na beirada da cama, levantou-se assim que a viu. Ele parecia pouco a vontade, tentou sorrir para suavizar o momento, mas não obteve sucesso.

  “Eu...” ,ele buscou palavras. “Você entende o por que de eu não estar embarcando nesse trem, não é?”

   Trinket aproximou-se até estarem de frente um para outro, em uma proximidade assustadora.

  “Não Haymitch, eu realmente não entendo”, ela ficou séria. “Não é a primeira vez que você decide se afastar de todos.”

   Ele sentiu um bolo se formar em sua garganta, de repente de sentido tão exposto. Daquele momento em diante Haymitch soube que não teria escapatória.

   “Nem me venha com esse papo de que não quer voltar por causa de tudo que aconteceu, eu sei que não é isso.”, ele arqueou as sobrancelhas, surpreso. Mas Effie prosseguiu. “Por que você não ficou na capital depois da revolução? Quer dizer, esse lugar só te traz sofrimento, mas você escolheu abrir mão de tudo para se isolar aqui.”

  “Não julgue as minhas ações querida, você não me conhece o suficiente para saber o faço ou deixo de fazer. Você não entende...”, Haymitch se afastou, na defensiva.

  Effie fitou-o, totalmente inexpressiva, como se não estive reconhecendo o homem que estava bem ali na sua frente. Ela se sentiu como se tivesse acabado de levar um soco no estomago.  

   “Eu não acredito nisso...”, Trinket explodiu. “Você vai bancar o hostil agora, isso é inacreditável. Vai dizer que depois de tudo o que enfrentamos, eu não te conheço?!”

  “Eu sinto muito, eu não posso fazer isso.”

  Haymitch estava prestes a se virar e ir embora, mas ela agarrou sua mão.

   Então, por um breve momento, Effie lembrou-se de todos os anos que trabalharam lado a lado, todas as brigas, desafios, todas as perdas... Toda ano era a mesma coisa, ela sorteava os mais vulneráveis do doze, e então, eles eram esquartejados na arena. Nos primeiros anos, Haymitch mostrou-se até encorajador, tentando ajudar. Porém, depois de anos cheios de morte e decepção, ele passou a ser desprezível com todos, beber em excesso e no fim de tudo, sumir. Ela sempre achou que a distancia dele era por puro desprezo, mas e se...

   “Eu já entendi...”, Effie sussurrou. “Você evita seus sentimentos Haymitch, evita a todos para que não possa se conectar a ninguém.”

   Ele desviou o olhar e murmurou:

   “Todos á minha volta morrem, eu não quero ir para capital, brincar de consertar as coisas e depois assistir o meu fracasso. Eu conheço a sensação de perda Effie, é só uma questão de tempo até tudo acabar.”

  Ela soltou mão, que até o momento o segurava firmemente, pousando-a em seu rosto.

   “Você não pode fugir do que sente” , a voz dela estava embargada. “Por favor, não faça isso.”

  Haymitch selou os lábios nos dela, como uma despedia. Olhou para aqueles olhos azuis por uma ultima vez antes de soltá-la e dizer mais uma vez, que sentia muito. Ele saiu do quarto antes que ela pudesse impedi-lo, Effie desabou, sabendo que daquela vez, ele não iria voltar.


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Notas finais do capítulo

Não me matem!



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