Caderno de ideias escrita por Benihime


Capítulo 5
Mindbreak




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/675982/chapter/5

23 de setembro de 2012

Definitivamente, eu tenho a pior irmã do mundo!

Em casa Katherine é sempre a favorita, a que ganha os melhores presentes e vive recebendo elogios. Na escola ela é a abelha rainha.

Esse é o grande problema. Somos irmãs gêmeas, mas não poderíamos ser mais diferentes. Enquanto Katherine é a rainha da escola, eu sou a nerd esquisita que senta no fundo da sala. Se não fosse por Caroline e Bonnie, acho que nem amigos eu teria. Katherine sabe disso e seu passatempo favorito é me humilhar sempre que pode. Como eu a odeio!

7 de março de 2013

Katherine está cada vez mais insuportável.  Fico me perguntando se meus pais ficariam mesmo muito tristes se eu a jogasse do telhado de casa ou a afogasse no lago.

Ontem (ou melhor, hoje de madrugada) ela deu um jeito de me atrair pra fora de casa e depois trancou todas as portas e janelas. Pensei em quebrar um vidro e entrar, mas meus pais me matariam se eu fizesse isso. Resultado: Jenna e Rick acham que escapuli de novo e estou de castigo pelo resto do ano. Tudo culpa da Katherine.

Ainda encontro um jeito de me vingar daquela vaca, ela vai ver só. Ela me paga. Katherine não perde por esperar.

14 de agosto de 2014

Tive que esperar muito, mas enfim descobri o modo perfeito de me vingar do demônio da minha irmã: seu namorado, Stefan (que tem cara de anjo, mas de santo não tem nada) e eu combinamos de ficar no dia do meu aniversário (que também é o da Kat, claro).

Espero que ela nos veja e faça o maior escândalo, assim mamãe e papai finalmente vão ver a verdadeira face da "princesinha" deles.

Para Katherine Pierce Gilbert, seu décimo sexto aniversário deveria ser uma ocasião especial. Definitivamente, flagrar Elena, sua irmã gêmea, e Stefan, seu namorado, aos beijos na varanda de sua casa, não estava nos planos. Tudo o que conseguiu pensar sobre aquilo foi "eu quero morrer"

— Monstros! — Ela rosnou por entre as lágrimas.

Terminou de falar e correu para dentro de casa. O par na varanda fez questão de fingir não ter ouvido a porta que bateu alguns minutos depois.

20 de agosto de 2014

Eu não acredito! Elena e Stefan se beijando, e justo no dia do meu aniversário?! Por que a vida me odeia tanto?

Aposto que isso foi coisa daquela praga da minha irmã. Ela armou tudo porque tem inveja de mim. Com certeza é isso.  Elena tem inveja porque sou infinitamente melhor do que ela, e está bancando a garotinha mimada para se vingar. Bom, esse é um jogo que ela não quer jogar. Eu vou castigá-la. Vou matá-la!

Horas depois

Elena entreabriu a porta do quarto da irmã e viu Katherine jogada na cama. Katherine a ignorou por um momento, depois sentou-se e encarou a irmã.

— Por que, Elena? — Perguntou simplesmente. — Por que?

— Quer mesmo saber? — Elena rosnou. — Porque você sempre tem tudo, Katherine, e nunca soube dar valor! Você sempre foi a mais bonita, mais inteligente, mais talentosa ... E eu era a excluída, a aberração. Mas isso acabou. A Elena boazinha morreu!

— Vai morrer mesmo, sua vadia! — Katherine gritou, agarrando uma tesoura em sua escrivaninha e arremetendo contra Elena.

A outra conseguiu desviar, mas Katherine não lhe deu chance de reação, arremetendo como um raio. Com essa nova investida, conseguiu derrubar Elena na cama, colocando uma perna de cada lado de seu corpo e prendendo a irmã firmemente.

— Katherine, para com isso!

— Por que? — Katherine perguntou inocentemente. — Está tão divertido. Vamos brincar mais um pouco.

Elena, então, tomada pelo mais puro instinto, enganchou as pernas nas da irmã, girando e ficando por cima. Com o movimento surpresa, arrancou a tesoura das mãos de Katherine.

— Vai por mim, Katherine, esse não é um jogo que você quer jogar.

Katherine debateu-se, mas Elena agora a prendia e não afrouxou o aperto.

— Me solta, Elena.

Katherine debateu-se mais um pouco, tentando livrar-se da irmã gêmea, porém o pânico minava seus esforços, impedindo-a de pensar racionalmente. Sim, pânico, pois a pessoa que via naqueles olhos nem de longe era sua irmã Elena. Era doentia, violenta, deturpada. Era uma estranha, e perigosa.

Elena rosnou de raiva, e a próxima coisa que Katherine sentiu foi a ponta afiada da tesoura penetrando seu peito. Doeu pelo que pareceram séculos, mas enfim tudo ficou negro e deixou de existir.

21 de agosto de 2014

Elena voltou a si e a primeira coisa que sentiu foi o cheiro. Doentio, repugnante, causando-lhe náuseas. Cheiro de sangue.

Sentou-se e abriu os olhos no mesmo movimento. A visão que teve a fez gritar de pavor. Katherine estava morta, e havia uma tesoura fincada em seu peito.

Apavorada, Elena pulou de pé. Foi quando viu seu reflexo no espelho da penteadeira de sua irmã. Sangue em seu rosto, peito e mãos. Outra vez, Elena gritou de pavor.

26 de agosto de 2014

Ah, meu deus, ela está morta! Katherine está morta, e a culpa é minha! Ah, meu deus, o que foi que eu fiz? Sinto muito, minha irmã, eu sinto muito!

28 de agosto de 2014

Uma semana depois da morte de sua irmã gêmea, Elena foi julgada, declarada mentalmente incapaz e estava para ser internada em um hospício.

Todas as noites acordava de madrugada berrando o nome da irmã e implorando-lhe que voltasse. Todos os dias, o dia todo, via o rosto de Katherine à sua frente. Era um pesadelo sem fim.

31 de agosto de 2014

Elena foi internada e vivia em seu quarto, na mais completa apatia, exceto nas vezes em que dizia ver o espectro de Katherine. Nessas ocasiões ela gritava, chorava e frequentemente se tornava violenta, ferindo a si mesma e a quem quer que se aproximasse. Os funcionários a continham e então a sedavam. Era a única forma de acabar com o surto.

31 de outubro de 2015

Já me contaram tudo mais de uma vez, mas ainda não consigo acreditar no que aconteceu desde a última vez que escrevi.

Elena tentou me matar! Sim, Elena, a minha irmã, tentou me matar. A tesoura que ela cravou no meu peito penetrou muito pouco, não causou danos reais, apenas uma cicatriz pequena que nunca vai desaparecer.

O motivo pelo qual não escrevi? A pancada na cabeça somada à perda de sangue foi o bastante para me deixar em coma todo esse tempo. Os médicos dizem que é um milagre eu ter sobrevivido.

23 de janeiro de 2015

Os surtos violentos foram se espaçando e perdendo a força, até finalmente pararem. Ao invés deles, a jovem passava os dias sentada em uma poltrona junto à janela, com o olhar perdido no vazio.

Somente à noite dava sinal de vida, sussurrando vezes sem conta a mesma palavra, que acabaram descobrindo ser um nome. O nome era Katherine.

18 de dezembro de 2015

À medida que o tempo passava, Elena ia ficando cada vez mais calma. Com a aproximação do Natal, seu feriado favorito, ela até começara a animar-se um pouco.

Sua mãe lhe mandara três caixas grandes, duas de roupas e uma com guloseimas de Natal. Todos os dias, eles viam Elena arrumar-se cuidadosamente e colocar algum suéter com estampa natalina. Quando abriu os doces que sua mãe enviara, ela os dividiu com as enfermeiras e alguns outros pacientes. Os médicos se convenceram de que houvera uma grande melhora em seu caso e começaram a falar sobre dar-lhe alta.

13 de dezembro de 2015

Há muito tempo que não escrevo nada, e o motivo é bem simples: eu simplesmente não podia. Estive esse tempo todo internada, tentando reconstituir os pedaços de mim mesma.  

Sinto-me vazia, diário. Todas as noites, sonho com Katherine. Ela sempre está lá, mas nunca consigo alcançá-la.  Antes era bem pior, eu a via mesmo acordada, e sabia que ela queria me fazer mal. Depois disso, estou com medo de dormir. Tenho medo de me olhar no espelho, também, pois é o rosto dela que vejo. Não seu rosto normal, mas um rosto monstruoso, apodrecido e sujo, um rosto que dá medo.

Elena abriu um sorriso enorme ao ver o carro de seu pai, Alaric, parar em frente à clínica psiquiátrica. Uma enfermeira apareceu na porta de seu quarto.

— Senhorita Gilbert, seu pai chegou. — Anunciou alegremente. — Pronta para ir para casa?

— Com certeza, Meredith.

Meredith enganchou o braço no de Elena e foi com ela até a saída. Ao chegarem lá, Alaric esperava pela filha, e abriu os braços para ela.

— Pai! — A morena gritou, correndo para os braços do homem loiro.

Ele a abraçou e girou-a no ar, o que fez Elena rir. Alguns minutos depois, os dois estavam a caminho de casa.

— E aí, pai, me conta o que eu perdi.

— Não muita coisa. Sua mãe e suas amigas estão morrendo de saudades.

— Também estou com saudades do pessoal.

— Eu sei. — Foi a resposta. — É bom ter você de volta, Elena.

Uma hora depois

Elena estava tremendo quando a picape parou em frente à casa em que vivera sua vida toda. Por um momento, podia jurar ter visto Katherine de pé na varanda, mas a imagem sumiu quando piscou.

Sob protestos veementes vindos de Elena, Alaric levou a mala da filha. Assim que entraram em casa, Elena foi surpreendida pelo cheiro de bolo e chocolate. De repente, suas amigas saíram da cozinha segurando uma faixa que dizia "Bem vinda de volta, Elena". A morena quase chorou de emoção.

— Elena! — Essa foi Caroline. — Ah, meu deus, que saudade!

Elena, Caroline e Bonnie, as três melhores amigas, se abraçaram com força. Depois veio Tyler, o namorado de Caroline, seguido por Jeremy, primo de Elena e namorado de Bonnie. Matt, ex de Elena e atual de Rebekah. A loira Rebekah foi a próxima a cumprimentar Elena.

— Que bom que você voltou. — Ela disse, com um sorriso sincero que Elena retribuiu.

Klaus e Elijah, irmãos de Rebekah, vieram depois, e Stefan foi o último. Esse reencontro foi especialmente doloroso para Elena. Ela imaginava que, se não tivesse cedido a ele, Katherine ainda estaria viva. Stefan a abraçou.

— Sinto muito pela Katherine. — Ela sussurrou para que somente ele ouvisse.

— É, eu também.

Elena relaxou ao saber que o que acontecera jamais viria à tona. Stefan a soltou e ela olhou em volta, franzindo o cenho.

— Cadê o Damon? — Perguntou, fazendo todos rirem.

— Serve esse aqui, amor? — Uma voz provocou.

Elena virou-se de um pulo para ver um rapaz moreno de olhos azuis que lhe dirigia um sorriso torto muito sexy e tinha acabado de entrar pela porta da frente.

— Damon! — Exclamou, jogando-se nos braços do namorado.

Então, apenas por uma tarde, Elena foi ela mesma novamente.

24 de dezembro de 2015

Elena finalmente chegou em casa. Eu a ouvi.

Ontem, pedi a todos que a fizessem sentir bem vinda, para anima-la um pouco. Sei que devia estar furiosa com ela por ter tentado me matar, mas não estou. Na verdade, eu a perdoei. Parte da culpa foi minha, afinal, que a agredi primeiro. Eu queria mata-la também.

Passei o dia inteiro morrendo de vontade de que mamãe e papai contassem a ela que eu estava em casa, mas eles não o fizeram. Depois que ela dormiu, os dois vieram me ver e me dar meus presentes de Natal. Mamãe acha que precisamos manter o segredo por mais alguns dias, até termos certeza de que Elena está mesmo bem.

Na verdade, eu concordo com ela. Sei sobre a doença de minha irmã, e não quero que ela tenha uma recaída justo quando parece estar tão bem.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

24 de dezembro de 2015

Finalmente voltei para casa! Todos os amigos de Katherine vieram, acho que em honra a ela, e minhas melhores amigas estavam aqui também. Foi quase como voltar a ser normal de novo, exceto pelo fato de que eu podia ver Katherine em todos os lugares. Eu a via com o canto dos olhos, mas toda vez que tentava olhar diretamente, ela sumia. Foi uma tortura.

30 de dezembro de 2015

Ainda não contaram a Elena que estou em casa. Mamãe acha que não é a hora. Ela e papai vem me ver assim que Elena dorme, e falamos aos sussurros para não acordá-la. Tudo isso porque ainda não consigo me equilibrar muito bem para caminhar por conta própria.

No mais, estou quase perfeita. Os lapsos de memória parecem ter sumido definitivamente, assim como as alucinações. Isso me deixa com muito tempo livre para escutar cada conversa que posso aqui em casa.

Pelo que pude perceber, Elena não está tão bem quanto eu pensei a princípio. Está mas fria, mais distante. Há momentos em que posso jurar que é outra pessoa falando, e não ela. Quão profundamente ela foi afetada pelo que aconteceu naquela noite?

30 de dezembro de 2015

Preciso ir embora! Preciso fugir! Eu a sinto cada vez mais perto, e tão maligna que a ânsia de simplesmente correr porta afora quase me vence. Mas não posso fugir, porque sei que Katherine me seguiria. Ela jamais vai parar até conseguir o que quer.

Estou apavorada, diário. As noites tem sido a pior parte desde que voltei para casa. Eu a ouço rir, vejo-a entrar no meu quarto, sinto aquele cheiro de morte ao meu redor... Preciso me livrar disso!

1 de janeiro de 2016

Elena acordou de madrugada, arrancada do sono por algum barulho. Ao abrir os olhos, o pavor a paralisou. Katherine estava parada ao lado de sua cama. Seus longos cabelos castanhos estavam embaraçados e sujos de terra. Sua pele parecia estar ... Apodrecendo e ela exalava o cheiro da morte.

— Oi, maninha.

A voz dela estava diferente, distorcida. Diabólica. Elena se debateu para livrar-se da mão que cobria sua boca, silenciando-a, e enfim obteve sucesso, levantando-se e ficando frente a frente com a criatura.

— É impossível! Você está ... Está ...

— Morta. — Katherine completou. — E você sabe disso muito bem, não é, maninha?

— Diga logo o que quer, Katherine.

Mesmo na morte, conhecia a irmã bem demais. Sabia que Katherine podia ficar provocando-a para sempre, divertindo-se com seu medo, e jamais dizer o que realmente queria.

— Quero consertar as coisas. — Respondeu, em tom mais brando. — Sinto sua falta, Leninha.

Elena sentou-se na cama, os olhos ardendo de lágrimas. Apesar de sua fúria naquela noite, jamais tivera a intenção de matar Katherine. Fora um acidente.

— Também sinto, Kat. Se houvesse alguma forma de mudar as coisas, eu ...

— Mas tem uma forma. — Katherine interrompeu, com um sorriso quase maníaco — Você só precisa se juntar a mim.

— Tipo ... Morrer?

Katherine assentiu e estendeu a Elena a mesma tesoura que ceifara-lhe a vida.

— Se gosta mesmo de mim, se realmente está arrependida e quer consertar o que fez, prove. Faça isso.

— Não posso.

Elena tremia, e lágrimas escorriam por seu rosto.

— Por que?

— Porque tenho medo.

— É rápido. Você nem vai ter tempo de sentir nada.

Elena pegou a tesoura das mãos da irmã, mas hesitou.

— Katherine, eu ...

— Quer acabar com esse inferno ou não quer?

— Como sabe sobre isso?

— Ah, eu sei de muitas coisas. Sei que sua vida se tornou um inferno desde aquela noite. — Os lábios da jovem morta se curvaram mais uma vez num sorriso. — E não é para menos, irmãzinha. Certos atos acabam retornando para nos assombrar.

Ao dizer isso, Katherine forçou as mãos de Elena. Pega de surpresa, a outra não conseguiu resistir e a tesoura penetrou-lhe o coração. A dor foi tanta que Elena mal conseguiu se dar conta de qualquer outra coisa.

Sua mão tateou desesperadamente, mas só encontrou o vazio. De repente a porta do quarto se abriu e Elena, já quase morta, teve uma revelação. Parada lá numa camisola de cetim cor de pérola, parecendo decididamente apavorada, porém saudável, estava Katherine.

— Elena! — Exclamou, horrorizada. — Elena, o que você fez?

2 de janeiro de 2016

No fim, Elena nunca soube que eu estava em casa. Ela cometeu suicídio noite passada.

Papai e mamãe disseram que foi uma recaída de sua esquizofrenia. Eu não sei o que pensar.

Ouvi tudo. Era tarde da noite, mas eu não conseguia dormir. De repente, ouvi Elena falando no quarto ao lado. A princípio, pensei que falava sozinha, mas notei outra voz, mais baixa, porém com o mesmo timbre. Espantada, resolvi ir até lá.

Me levantar foi uma luta, e cambaleei pelo corredor até o quarto da minha irmã. Quando entrei lá, vi Elena em cima da cama, com a tesoura que usara para me ferir cravada no peito e uma expressão do mais puro terror nos olhos.

Desviei meu olhar dela por um momento e quase desmaiei. No canto do quarto, perto da janela, havia uma silhueta escura e disforme, que desapareceu assim que eu pisquei. A pergunta que restou é: o que era aquilo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caderno de ideias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.