PDV Emma

Regina abriu aquele sorriso debochado que me deixava possessa. Sem pensar, minha mão girou e lhe acertei um tapa na cara. Foi tão forte que pude ver a marca de meus dedos em sua pele pálida.

— Você nunca muda, Swan. — Ela rosnou, corando de pura fúria. — Sempre a mesma criança prepotente, pensando que sabe de tudo!

— E você sempre a mesma vadia egoísta que só pensa em si mesma!

Isso estourou em outra discussão, durante a qual berramos e atiramos coisas uma na outra, o que infelizmente vinha acontecendo com cada vez mais frequência.

— Quer saber, Regina? Para mim chega. Acabou! — Berrei, saindo correndo de sua casa e batendo a porta ao passar.

PDV Regina

Duas semanas depois

Parei antes de entrar no Granny's. Pela janela, avistei uma cabeleira loira bem familiar.

— Henry, acho melhor voltarmos depois.

Meu filho olhou rapidamente para os clientes lá dentro e depois novamente para mim.

— Até quando essa briga vai durar? — Inquiriu, porém me acompanhou sem maior resistência.

— Até Emma admitir que está errada e me pedir desculpas.

— Não entendo por que é sempre ela quem precisa pedir desculpas. Aposto que a Emma está cheia disso.

— Quem te disse? — Inquiri, surpresa.

— Ela me disse. — Ele confessou. — Ontem.

Isso me fez tomar uma decisão.

— Querido, pode ir dar uma volta se quiser. Eu preciso resolver umas coisas. Te encontro em uma hora. Mas não vá longe, entendeu? 

— Tá bom, mãe, pode deixar.

Assim que Henry dobrou a esquina, eu me virei e quase corri de volta ao Granny's. Ao chegar fui recebida por Ruby. Chamei-a para um canto mais afastado para poder ter privacidade.

— Preciso de um favor, Ruby. — Ela assentiu indicando que faria o que eu pedisse. — Entregue um chocolate quente à Emma e coloque junto o bilhete que vou lhe entregar, mas não diga a ela que fui eu. Deixe que descubra sozinha.

— Pode deixar, senhora prefeita.

PDV Emma

Ruby pousou uma xícara de chocolate quente perto de mim com um sorriso quase mais caloroso do que a bebida.

— Do seu admirador secreto. — Ela disse maliciosamente.

Olhei em volta, tentando ver um certo garoto de cabelos castanhos.

— Henry de novo? — Inquiri, erguendo uma sobrancelha.

— Dessa vez não. — Ruby respondeu, colocando um bilhete encostado na xícara e se retirando.

Desconfiada, desdobrei o papel. Na mesma hora reconheci aquela letra desenhada e elegante:

Emma, me desculpe pelo que eu disse da última vez. Que tal eu compensar com um jantar lá em casa? Me ligue para dar uma resposta. Estarei esperando.

Contive um sorriso ao terminar de ler. Aquilo era bem típico da Regina.

PDV Regina

Meu celular tocou e eu quase sorri. Demorei um segundo a mais para atender, só para fazer um pouco de charme. Afinal, não podia tornar tudo fácil demais.

— Oi, Emma. Que bom que ligou. Recebeu o meu bilhete, então?

— Recebi sim. E aceito seu convite.

— Ótimo. Sexta às oito está bom pra você?

— Claro, está ótimo. Nos vemos na sexta.

— Até sexta. E, Emma, use algo bonito.

Ela deu um riso baixo.

— Pode deixar.

PDV Henry

Pausei o jogo ao ouvir Regina entrar no meu quarto.

— Henry, preciso de um favor seu. — Ela disse sem preâmbulos.

— Ok. — Virei-me para ela, indicando que tinha minha atenção total. — O que é, mãe?

Ela se sentou na minha cama e explicou o que precisava que eu fizesse. Quando terminou eu mal conseguia esperar para começar.

— Pode deixar comigo! — Garanti, empolgado.

PDV Regina

Henry chegou bem na hora, e com as flores. Ele as colocou no vaso em cima da mesa.

— Obrigado, querido. — Falei, sem tirar os olhos do frango que estava regando com molho de limão. — Agora vá antes que a Emma chegue. Mas se comporte, ouviu?

— Valeu, mãe!

Ele correu escada acima para pegar sua mochila antes de ir para a casa de um amigo, onde havia combinado de passar a noite. Cinco minutos depois de meu filho sair, ouvi uma batida na porta. Emma chegara. Abri a porta para ela e precisei me conter para não parecer surpresa.

Ela prendera o cabelo em um coque elegante, porém desarrumado, colocara um vestido de cetim vermelho, saltos altos e usava um toque de maquiagem que ressaltava seus melhores traços. Para alguém que geralmente não dava qualquer atenção à própria aparência, ela ficava muito bonita quando se arrumava.

PDV Emma

Regina abriu a porta com um sorriso enorme. Ela estava com um vestido de veludo negro, saltos tão altos que mais pareciam instrumentos de tortura, seu cabelo ostentava cachos macios que pulavam com cada movimento seu e ela colocara uma maquiagem que a deixava super sexy.

— Oi. — Foi só o que eu consegui dizer. O sorriso dela se alargou.

— Oi — Respondeu. — Bem vinda, Swan.

PDV Regina

O jantar seguiu com perfeição. Eu estava cada vez mais nervosa à medida que o momento final se aproximava, embora jamais fosse admitir.

— Ah, eu quase esqueci! — Exclamei após o jantar. — Fiz uma sobremesa especial para nós.

— Nada de maçãs, certo?

Eu acabei rindo. Gostava do senso de humor dela. Embora não parecesse à primeira vista, era muito similar ao meu.

PDV Emma

Quando Regina voltou, trazia uma travessa de mousse de morango em uma das mãos.

— Nada de maçãs. — Ela garantiu jocosamente. — Pode servir enquanto eu pego o vinho?

— Claro.

Ao olhar a mousse mais de perto vi que Regina havia espalhado MM's por toda a superfície do doce, formando as palavras "casa comigo, Emma?"

Fui até ela e abracei-a por trás. Regina virou-se com um meio sorriso travesso e uma expressão desafiadora nos olhos.

— E então, Swan? Estou esperando uma resposta. — Ronronou, passando os braços pelo meu pescoço.

Eu a prendi contra a parede, passando um braço pelo lado de seu corpo e enrolando os dedos da mão livre em seus cabelos.

— Sim. — Eu disse, meus lábios roçando nos dela ao formar a palavra.

— Sim? — Regina desafiou, chegando ainda mais perto de mim.

— Isso mesmo: sim.

Ela cruzou as mãos em minha nuca, puxando-me para ainda mais perto.

— Então pare de me provocar e venha aqui, Swan.

Pode apostar que eu não me fiz de rogada. Aquela noite foi muito, muito incrível. A melhor da minha vida.