Caderno de ideias escrita por Benihime


Capítulo 3
Forgiven




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PDV Shayera

— Mandaram chamar a senhorita. — Alfred anunciou.

Estremeci levemente. Não gostava de admitir, mas estava com medo.

— Obrigada, Alfred. — Respondi, em seguida entrando na sala de reuniões da luxuosa mansão Wayne.

Meus olhos percorreram o grupo e detiveram-se em Diana, que estava visivelmente furiosa.

— Qual foi o resultado da votação? — Perguntei a Bruce, sempre o mais calmo do grupo.

— Decidimos perdoá-la. Você nos deu muitos motivos para isso. — Ele respondeu.

O clima na sala relaxou perceptivelmente após essas palavras, um sinal claro de que estavam tentando me dar uma segunda chance.

— Foi uma clara maioria. — Clark informou, dando um olhar de lado para Diana, que parecia a ponto de voar no pescoço dele.

— Idiotas. — Ouvi-a murmurar, lançando um olhar de puro desprezo para mim.

Eu me encolhi. Tinha esquecido como ela ficava assustadora quando estava com raiva. Bruce passou um braço pelos ombros de Diana e a levou para fora da sala.

— Uma hora ela se acalma. Sabe como é a Diana: dura por fora, mole por dentro. — Wally riu, bagunçando ainda mais seus cabelos ruivos ao passar os dedos entre eles.

Concordei com ele, sem muita fé. Diana não era do tipo que esquecia os erros alheios. Perdoava, sim, mas jamais esquecia. Um dia, ela iria achar um jeito de se vingar de mim, eu sabia disso.

PDV Diana

Três anos se passaram e ainda não superei a traição de Shayera. Éramos amigas antes da invasão, mas aquela traidora deixou que nos prendessem e posso apostar que só não acabou com todos nós porque não teve chance.

Por falar no diabo, ela apareceu ao meu lado, com uma pilha enorme de papéis. Acho que ela disse alguma coisa, mas a ignorei e continuei seguindo para a sala de comando, encontrar com Bruce e Clark. Quando finalmente cheguei, eles já estavam me esperando, o que obviamente significava que eu estava atrasada.

— Olá, cavalheiros.

Bruce deu um sorrisinho, seus olhos brilhando ao se fixar nos meus.

— Olá, senhorita. Que bom que nos deu o prazer de sua companhia. — Ele disse, levantando-se e beijando minha mão.

Um pouco depois, a verdadeira reunião começou. Discutíamos um modo de acabar de vez com Circe, para enfim termos um pouco de paz. Não chegamos a lugar nenhum e acabamos por brigar. Saí de lá sem nem olhar para trás. Tinha vontade de estrangular Clark por ser tão teimoso.

— Ela está realmente arrependida, sabia? — Bruce comentou, arrancando-me de meus pensamentos.

Não precisei perguntar de quem ele estava falando.

— Eu duvido. Dê-lhe mais uma chance e a história toda se repete.

— Não é bem assim, Diana. Você está distorcendo os fatos completamente.

— Diga-me um fato concreto que você tenha a favor dela.

— Ela teve a oportunidade de acabar com você. Podia ter dito ao Talak qual era a sua maior fraqueza, mas não disse. Ela mentiu.

— Nesse caso, talvez eu deva pedir desculpas a ela. — Falei ironicamente.

— Não precisa tanto. — Ele rebateu, fechando a cara numa expressão de impaciência.  — Apenas fale com ela. As duas vão se acertar hoje, tão certo como eu e o Batman somos a mesma pessoa.

— Aham. Vá sonhando, homem morcego.

Naquela mesma noite, não consegui dormir e acabei indo ao refeitório, onde pelo menos eu poderia ficar a sós. Wally tinha costume de preparar algumas pegadinhas e espalhá-las pela Torre da Liga, mas eu sabia que ali não havia nenhuma.

Surpreendentemente, ao chegar lá encontrei Shayera sentada, com a cabeça entre as mãos. Parecia que andara chorando. Tentei ignorá-la, mas não consegui.

— Saudades de casa, traidora?

Não resisti a uma pequena alfinetada. Ela me olhou por um segundo antes de responder.

— Eu estava pensando em como foi que as coisas ficaram tão ... Erradas depois da invasão. Aquilo jamais devia ter acontecido. Eu jamais devia ter ficado do lado deles.

— É, as coisas ficaram meio malucas, mesmo.

Acabei me sentando ao lado dela e ficamos em silêncio por um tempo.

— Diana, eu realmente quero que me perdoe. Sei que o que fiz é imperdoável, mas, mesmo assim, eu quero minha amiga de volta.

Mordi o lábio, dividida. Eu sentia falta de Shayera, não podia negar, mas será que podia voltar a confiar nela, depois de tudo?

— Perdoada. — Eu disse, antes de sequer pensar bem no assunto.

Shayera sorriu e jogou os braços ao redor de meu pescoço.

— Você é a melhor, Diana!

PDV Shayera

Inclinei-me para olhar as estrelas, tão distraída que quase pulei ao sentir uma mão grande e quente em meu ombro. Virei-me num salto.

— Ah, John. Você me assustou. — Consegui gaguejar.

— Queria conversar com você. — O Lanterna Verde disse simplesmente.

Parecia que seus olhos estavam em meus lábios, mas eu estava certamente imaginando coisas. Isso seria impossível. Cruzei os braços, tentando ignorar a reação que ele causava em mim.

— Diga, então.

Ao invés de falar, ele passou os braços por minha cintura e me puxou para si, beijando-me de um jeito que fez minha cabeça girar e minha resistência virar pó.

Quando ele enfim me soltou, eu mal conseguia respirar. Passei as mãos pelos cabelos para tentar arrumá-los, já que estavam um caos.

— Desculpe. Eu não resisti.

Acabei sorrindo, mesmo contra minha própria vontade.

— Tudo bem. Mas agora quem quer falar com você sou eu. John, eu gostaria que você me perdoasse pelo que aconteceu durante a invasão. Eu não sabia o que eles estavam planejando. Se eu soubesse, teria sido a primeira a ficar contra Rho.

— Esperava que você dissesse isso. — Disse, puxando-me para outro beijo.

Dessa vez, não houve resistência.

PDV Diana

— Diana? — Bruce chamou, segurando meu pulso.

Virei para olhá-lo. Ele me olhava com uma intensidade que amolecia meus joelhos e me fazia estremecer. Não que eu algum dia fosse deixá-lo perceber isso.

— O que foi, Bruce?

— Você aceita jantar comigo mais tarde?

— Que horas? — Perguntei, feliz por conseguir soar indiferente.

— Por volta das oito.

— Estarei pronta. — Respondi e, sem aviso, ele me envolveu em um abraço.

Eu gostei. Ele era forte e mais alto do que eu, o que me fazia sentir pequena e frágil. E isso, sendo eu quem era, podia ser considerado um pequeno milagre.

— Me encontre na Mansão Wayne.

Quase corri para meu quarto. No caminho, topei com Shayera. Ela estava corada e seus cabelos estavam completamente desalinhados.

— Grande Hera! O que aconteceu com você?

— Pode culpar única e exclusivamente o John. Estávamos no observatório.

Ela não precisou dizer mais nada. Eu a peguei pelo pulso e puxei para dentro do meu quarto, fechando a porta em seguida.

— Me conte tudo enquanto eu me arrumo. Tenho pouco tempo.

Ela se sentou na minha cama e começou a contar o que aconteceu no observatório enquanto eu colocava um vestido preto simples, mas elegante, com sapatos da mesma cor.

— Vai sair com quem, Di?

— Bruce. — Eu respondi. — Somos amigos, não se anime.

— Sei ... Se são só amigos, então por que está se arrumando toda pra sair com ele?

— Porque eu vou sair com Bruce Wayne, um homem público. Não posso sair de qualquer jeito. — Rebati.

Ela simplesmente riu dessa, revirando os olhos. Terminei de me arrumar e pedi à J-ohn que me transportasse à Mansão Wayne. Bruce já estava esperando por mim, usando um paletó preto muito bonito e que, surpreendentemente, combinava à perfeição com o vestido que eu escolhera.

— Boa noite, Srta. Prince. — Ele disse.

— Boa noite, Sr. Wayne.

Publicamente, Bruce e eu mal nos conhecíamos. Eu havia seguido carreira de modelo, o que tornava quase impossível evitar contato com ele já que era um figurão, mas sempre mantivemos isso a um nível mínimo.

Bruce me conduziu até a garagem.

— Pode escolher.

Passei os olhos pelos carros luxuosos, hesitando apenas por alguns segundos antes de responder:

— O Volvo.

— Bela escolha. — Ele dissse, sorrindo para mim enquanto abria a porta do carona.

Bruce me levou a um restaurante menos conhecido, onde teríamos mais privacidade. O jantar foi tranquilo, com a conversa amena e as provocações de sempre. Eu gostava disso, era fácil estar com ele. Quando enfim terminamos de jantar, ele abriu um daqueles sorrisos desafiadores.

— Você confia em mim, Diana?

Fiquei um instante paralisada. Aquilo definitivamente nem deveria estar em questão.

— Confio. — Soltei sem pensar.

— Então espere aqui.

Eu me distraí imaginando possíveis finais para aquela noite. Provavelmente acabaria em uma briga horrenda, como todas as outras vezes em que nos encontramos publicamente. Bruce voltou com o mesmo sorriso metidinho de quando saíra e me estendeu o braço.

— Hora de ir? — Perguntei, zangada comigo mesma por agir como uma garotinha.

— Tenho uma surpresa para você. — Ele respondeu simplesmente.

Assim que entramos novamente em seu carro, ele vendou meus olhos.

— Bruce, pare com isso. Você sabe que eu odeio surpresas.

— Mas eu gosto de te fazer surpresas.

Fiquei em silencio, aquela declaração já sendo uma surpresa por si só. Bruce dirigiu por pouco tempo, mais ou menos dez minutos antes de enfim parar o carro e me ajudar a descer. Fui imediatamente assaltada pelo cheiro: rosas. Muitas rosas.

— Onde estamos?

Bruce me fez sentar em um banco e sentou-se ao meu lado.

— Antes de eu te contar onde estamos, quero que me responda uma coisa: lembra-se daquela noite em que eu te beijei?

Acabei sorrindo involuntariamente. Fora há vários anos, mas a memória continuava fresca.

— E como esquecer?

— Eu também não consigo esquecer aquela noite. Preciso de você, Diana. — Ele disse, finalmente tirando a venda de meus olhos e revelando um jardim bem cuidado, com milhares de pétalas de rosa formando uma frase: "Diana Prince, quer namorar comigo?". Eu me virei para ele, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto.

— Sim. Mil vezes sim. — Respondi, e ele me puxou para um beijo arrebatador, diferente de tudo o que eu já havia experimentado na vida.


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