Talita escrita por Haruka hime


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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No meio da semana, Kaleo informou a Talita onde iriam jantar. Ela avisou ao pai, que não ficou feliz com a ideia, mas deixou a filha ir. O restaurante era perto da casa de Kaleo e se chamava ‘Milan is here!’. O chefe do restaurante era amigo do rapaz e lhe dera a reserva da melhor mesa de graça, como um presente. Ele agradeceu e resolver convidar Talita já que estava pensando num lugar para levá-la.

No dia tão esperado, Talita foi para casa se arrumar. Como estudavam à noite, teriam que faltar, mas isso não incomodava a menina, que estava adiantada na matéria da faculdade.

Durante a semana, ela comprou um vestido para o encontro. Era um vestido bustier preto com decote coração. O vestido tinha um pouco de brilho, Talita o combinara com um salto alto da mesma cor. Uma maquiagem marcante nos olhos e lábios, e prendeu o cabelo num coque frouxo, mas deixou uma mecha da frente solta.

— Agora sim! – disse ao terminar de se arrumar. Passou um perfume sutil e saiu.

***

No restaurante, ele foi muito educado com ela e muito carinhoso também. Kaleo reservou a mesa perto das janelas que ficavam de frente para o jardim do restaurante. Naquela noite em especial o jardim estava todo iluminado, deixando a vista mais agradável e bonita.

— Você está espetacular hoje! – Kaleo afirmou.

— Obrigada. – ela agradeceu sorrindo.

— Sabe, eu pensei bastante em você esse dias. Aliás, eu penso em você desde sempre. Desde antes do ensino médio eu não paro de pensar em você.

— Humm! – ela sorria – Eu também penso em você.

— Eu quero que saiba que você é o motivo de eu continuar vivo. Foi pensando em você que eu tive forçar pra continuar a minha faculdade, que eu tive força pra trabalhar, pra levantar todos os dias.

— Isso é muito bonito de se dizer.

— Mas não são só palavras, são meu sentimentos também, por que todos esses anos eu não sabia o que era, mas agora eu sei.

— Kaleo... – ela queria chorar.

— Talita, você é a mulher da minha vida.

— Eu... Não sei o que dizer.

— Namora comigo?

— Sim! – ela disse com lágrimas caindo. – Eu também te amo Kaleo.

Naquela noite eles jantaram arroz a grega, acompanhado de alcachofras a moda romana e feijão. De sobremesa um delicioso Gellato de chocolate, sorvete típico da Itália, com menos açúcar e gordura.

Voltaram para a casa dela. Pegaram o elevador com algumas pessoas, como estava tarde não havia muito movimento no prédio onde morava. Os dois estavam de mãos. O silencio habitava o elevador. Após duas pessoas saírem, ele a puxou para perto. Iniciaram o beijo no momento em que aporta do elevador abriu. Antoni estava parado olhando para o casal que teve que interromper o beijo.

Foi constrangedor para os três. Antoni, quando entrou, colocou o fone e ficou virado para a porta, deixando um pouco de privacidade ao casal. Talita e Kaleo saíram no décimo quarto andar enquanto Antoni continuou subindo.

— Aquele cara é estranho.

— Não importa. – ela o puxou para a porta do seu apartamento e os dois se beijaram. Sem cortar o beijo ela abriu a porta eu estava destrancada e entraram.

***

De manhã, Talita acordou sozinha na cama. Ela se levantou, se trocou, e foi a até a cozinha onde seu pai preparava o café. Kaleo estava sentado no sofá assistindo o jornal. Beijou o pai e se sentou ao lado do namorado. Ele estava com uma camisa verde pastel e uma bermuda jeans. O cabelo estava jogado todo para trás.

— Como foi a sua noite? – o rapaz perguntou.

— Foi ótima – ela respondeu em meio a um sorriso maroto.

Alguém bateu a porta, e Edward atendeu. Talita pode ouvir uma voz conhecida e descobriu ser a de Antoni que entrou com uma maleta em mãos. Ele falava com Edward, estava com uma regata branca e uma calça jeans escura. No seu pescoço, Talita notou uma marca roxa. Achou estranho já que sabia que o rapaz não namorava. Kaleo, assim que viu o outro, puxou Talita para mais perto de si.

— Sim, sim. – o pai falou enquanto o acompanhava até a sala.

— Bom dia. – Antoni cumprimentou o casal.

— Bom dia. – responderam em conjunto.

Antoni foi até o computador, que estava perto da TV, e o pegou. Na mesa de centro da sala, ele abriu o gabinete. Limpou todas as peças cuidadosamente, montou o computador novamente e o ligou. Tudo isso sem atrapalhar o casal que assistia ao que passava na TV. O rapaz começou a fazer uma limpeza no PC e só terminou uma hora depois.

— Sr. Edward. – chamou – está pronto, era só um vírus de atalho.

Edward tirou da carteira uma nota de cem e entregou ao rapaz, que disse que o total era apenas setenta, mas o velho insistiu que ele ficasse com os trinta a mais.

— Se soubesse que era um vírus de atalho eu mesmo tinha feito Sr. Edward – disse Kaleo para o homem.

— Não, o Antoni sempre me ajudou então não me importo em chamá-lo para me ajudar. – Edward falou sorrindo para Antoni.

Kaleo fechou a cara e voltou a assistir. Talita não parou de olhar para Antoni desde que ele chegou. Ele notou, mas não quis dizer nada por causa da presença de Kaleo. Porém, antes de sair, deu um sorriso para ela. Ela corou e retribuiu o sorriso sem que Kaleo notasse.

***

À tarde, Talita recebeu uma ligação de Ana. A professora estava alegre e ria muito ao telefone. Disse que estava como Diretor em sua casa, o que provocou espanto em Talita. Ana contou como foi seu encontro com ele. Falou que ele a levou para um teatro e assistiram uma adaptação de dom Quixote.

— Como ele sabia que eu adoro Dom Quixote? – Ana perguntou do outro lado da linha.

— Sei lá, – Talita respondeu – mas que bom que vocês estão se dando bem.

— Eu sei, ele é uma graça.

— Ele dormiu ai?

— Claro, o teatro acabou tarde e eu não ia deixá-lo dirigir tão tarde. Então o deixei dormir aqui.

— E vocês dormiram juntos? – Talita questionou num tom malicioso.

— Não, sua pirralha.

— Hahaha.

— Enfim, e você e o Kaleo?

— Deu tudo certo e estamos namorando agora. – Talita falou radiante.

— Que bom. Tenho que desligar agora, até segunda.

— Até.

***

O namoro, embora não apoiado pelo pai de Talita, foi intenso. Eles saíam para o cinema, para o teatro, para parque de diversões. Kaleo a presenteou com muitas coisas: colares, anéis, roupas, câmera fotográfica, assinou a revista que ela queria, comprou tiaras, a fez uma rainha para ele.

Talita também o presenteou com ternos, colares, chapéus. Dançou para ele, fazia massagens, dava todo o tipo de carinho e, ás vezes, dormia em sua casa. Por vezes, ela esbarrava em Antoni, que parou de frequentar a faculdade. Ela notou seu sumiço, mas não lhe perguntou nada. Quando se encontravam, apenas trocavam cumprimentos e nada mais.

Em pouco tempo, Ana começou a namorar Carlos, Sasha reforçou sua aliança com o seu namorado. Tudo estava perfeito, e depois de cinco meses Talita decidiu fazer uma festa em comemoração, apenas com suas amigas. Sasha levou sua irmã mais velha e mais uma amiga de infância. Ana levou mais duas professoras da faculdade.

Edward ia ficar o dia fora e permitiu a festa de meninas. Era um domingo, e o dia estava quente. Assim que todas chegaram, tudo já estava pronto.

As mulheres conversavam na sala. Havia pudim, bolos de variados sabores, sorvetes, tortas, salgados entre outras coisas. Elas fizeram um jogo de verdade ou desafio que rendeu muitas gargalhadas.

Vanessa, uma das professoras, pegou uma revista que tinha na bolsa e falou:

— Olha esse modelo lindo que apareceu aqui. – Mostrou a foto.

— Uau! – Sasha e Ana exclamaram ao mesmo tempo.

Talita, curiosa como era, olhou e se surpreendeu ao ver a imagem de Antoni. Na foto, ele estava com o cabelo solto e uma camisa de marca. Seus olhos pareciam ainda mais bonitos que ao vivo, e seu olhar era sério.

— É o Antoni. – ela falou

— Como?- Vanessa perguntou.

— Antoni Duprat. Ele mora no prédio ao lado. Era analista lá na faculdade, mas faz um tempo que não o vejo lá.

— Tá explicado. – Sasha disse apontando para foto.

— Mas ele não me disse nada...

— E era para ele dizer? – Vanessa questionou – Vocês são namorados?

— Não, mas eu achei que ele...

— Que ele o quê? – Foi a vez de Sasha questionar.

— Ahhh... Que ele iria me contar.

— Humm, mas você não pode ir lá chamá-lo? – Débora, a outra professora, perguntou.

— Acho que ele está fora. Daqui da janela do meu quarto dá pra ver o quarto dele.

As mulheres foram até o quarto de Talita. Estava bem arrumado, e algumas revistas estavam jogadas na mesa de estudos que ficava próxima à entrada. A cama ficava no centro, seus travesseiros eram brancos com detalhes de flores azuis combinando com o lençol azul pastel.

Havia ali livros que estavam organizados por cor em estantes flutuantes dispostas em duas paredes. O guarda roupa ocupava um bom espaço do quarto, mas ainda se tinha uma área grande livre para acomodar várias pessoas.

Todas estavam no quarto quando Talita apontou para uma janela que ficava perto da cama. Era grande o suficiente para que quatro delas olhassem em direção ao apartamento de Antoni que ficava apenas um andar abaixo de onde estavam.

No momento em que olharam, Antoni dormia. Sua cama estava encostada na janela, o que facilitava a vista das garotas. Ele parecia estar cansado pela expressão. De repente, uma mulher de cabelos verdes apareceu e sentou-se ao lado de Antoni, o que o despertou. Eles começaram a conversar, e a mulher parecia muito animada. Antoni sorria mais que o comum.

As mulheres foram embora depois de um determinado tempo deixando Talita sozinha com seus pensamentos. Ela não sabia por que, mas algo a incomodava naquela mulher que viu com Antoni.

***

No outro dia, Lorena estava no shopping a procura de uma roupa nova. Ela olhava atentamente para cada peça, pegava algumas e as experimentava. Tudo importava: o tamanho, o caimento, a cor, o tecido. Estava em uma loja com artigos de luxo, e adorou as coisas que encontrou por lá. Saiu com várias sacolas.

Enquanto pensava no que compraria a seguir, Lorena caminhava pelos corredores do Shopping sem um destino em mente. Parou quando avistou uma revista que mostrava algo como uma nova tecnologia.

Além de se interessar por artes, Lorena gostava muito de tecnologia. Estava atenta a toda noticia que saia de algum aparelho novo ou alguma descoberta nova. Ela lia atentamente a manchete quando Talita lhe chamou a atenção.

— Olá. – Talita cumprimentou não tão alegre.

— Olá. – Lorena cumprimentou de volta. – Algum problema?

— Você é o que do Antoni? – ela perguntou de repente.

— E o que isso te importa? Por acaso você é namorada dele?

— Não, mas eu sou alguém que se importa muito com ele. Fique você sabendo que se eu souber de algo entre você e ele...

— Olha, – Lorena interrompeu - eu não sei o que você tem com ele, mas eu sou uma amiga muito intima dele, então acho bom você ficar na sua.

Lorena saiu sem dizer mais nada, seguindo seu caminho pelo corredor. Talita ficou estupefata e não soube como reagir. Não sabia o que sentia, mas parecia ser uma mistura de raiva e tristeza. “Amiga muito intima” não parecia ser uma coisa boa para ela. Imaginava se Lorena realmente tinha um caso com Antoni, ou se a mulher apenas a provocou.

Como não tinha mais o que fazer, foi para casa. Estava acabada. Enquanto caminhava, Talita pensava nas palavras de Lorena, e concluiu que só podia ser verdade. Sabia, pelo visual, que Lorena era o tipo de garota que se daria bem com Antoni, ao ponto terem um relacionamento.

Em casa, Talita ficou observando a janela do rapaz, que não estava em casa, e se comparava com Lorena. Ela era morena, olhos castanhos, cabelos castanho-escuros, pela limpa, maquiagem sempre perfeita e não muito exagerada, tinha o estilo princesa, magra, carinhosa, meiga, alegre, inteligente. Já Lorena era branca, olhos azuis, cabelos verdes, estilo punk, magra, maquiagem forte, ousada, durona, chata, audaciosa.

— Não é possível que ele se apaixone por ela e não por mim. Sou muito melhor que ela em tudo. – ela andava de um lado para o outro. - Não. Vou falar com ele.

***

Lorena ficou indignada com Talita. Assim que saiu de perto da garota, foi a uma sorveteria e pediu um milk shake de morango para se acalmar. “Como aquela garota é ousada”, pensava. “Vem falar comigo como se eu fosse uma qualquer dando em cima do cara dela.”

Não pensou duas vezes e ligou para Antoni, convocando-o a se encontrar com ela no seu apartamento novo, que comprara ao lado do dele, ao que ele aceitou.

Á noite, Antoni chegou cansado, e depois de se lavar e trocar de roupas, foi a atender à ordem de sua amiga. Bateu na porta e entrou antes ouvir a permissão. Lorena estava com uma camisa consideravelmente grande para ela e usava uma meia-calça que chegava ás coxas. Seu cabelo estava solto.

Foram jantar na cozinha. O apartamento estava bagunçado pelo fato de Lorena ter se mudado há poucos dias. Ela havia preparado um delicioso frango assado, e, para beber, ela escolheu um vinho de trinta anos que fazia parte da sua coleção. Era um costume que tinha desde que se conheceram. Se não fosse vinho, não jantava. Às vezes abria uma exceção à coca-cola, mas raramente tomava algo diferente.

— O que você quer falar comigo? – ele cortava um pedaço da ave.

—É sobre uma garota que mora aqui do lado.

— Quem?

— Acho que seu nome é Tália ou algo do tipo

— Talita?

— Isso. Ela chegou em mim hoje no shopping, disse que se importava com você e queria saber o que eu era de você.

— A Talita?

— Sim. Veio toda cheia de si e disse que se souber de algo entre nós ia fazer algo em relação a isso.

— Nossa! – ele disse surpreso.

— Pois é. Eu quase disse que faço o que eu quiser, que se eu quiser ter algo com você eu poderia conseguir fácil. – ela falou com sinceridade e sem se importar muito com o colega que, ao contrário desta, se espantou.

— O quê?

— É isso mesmo. Por quê? Você não ficaria comigo se eu pedisse?

— Bom... – ele estava ruborizado – Acho... Acho que sim.

— Pois eu tenho certeza!

— Mas... Você não faria isso.

— Talvez. – ela falou olhando de soslaio para ele, que ficou ainda mais vermelho.

Lorena riu. Adorava ver seu amigo constrangido. Sabia o que ele pensava dela e, vez ou outra, o provocava para ver sua reação. Admitia que ele fosse muito bonito e já pensara em namorar o rapaz, mas, por vários motivos, não o fez.

— Bom, eu vou falar com ela. – Antoni falou – Afinal, ela tem namorado e eu não quero causar problemas para eles.

— Aquela perua tem namorado?

— Sim. – ele pegou um pouco de vinho.

— Ahh, mas agora é que eu estou irritada.

— Fazer o quê?

— Eu sei o que fazer.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler até aqui.



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