Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 8
Carl West


Notas iniciais do capítulo

Ola galera! Como estão?

Temos o capitulo 8 a segunda parte do ataque a favela.

Espero que Gostem e Boa Leitura.



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Diversos traficantes entraram na sala naquele momento, Cristian foi surpreendido por um golpe fortíssimo em sua cabeça que o deixou inconsciente.

Todos apontaram as armas para Lorena, que sem outra opção, jogou a sua aos pés de um deles e em seguida levantou as mãos em um sinal de rendição.

Os traficantes sorriram diante do ato da mulher. Um deles recolheu a arma de Lorena e a colocou no bolso de sua calça, em seguida arrastou-a pelos cabelos, colocou-a de pé e fê-la andar até o centro da sala junto com um Cristian ainda desmaiado. Os dois foram jogados na frente de West.

West contemplava tudo com um sorriso vitorioso no rosto.

— Ora, vejam quem veio nos visitar, garotos – disse West com sarcasmo notável em sua voz – Lorena Thompson.

Lorena olhou ao redor, tentando encontrar uma rota de fuga, porém estavam cercados por todos os lados por homens fortemente armados e Cristian ainda estava completamente fora de ação. Ela estava sozinha.

— Olha eu realmente estou impressionado com a sua audácia de aparecer por aqui, Lorena. – proferiu o nome com desprezo. -  pelo que eu saiba, você já deveria estar morta a essas horas, mas parece que você e seus amiguinhos insistem em desafiar a morte! – disse colocando a mão esquerda no queixo e fazendo uma cara pensativa – Ah, mas é claro, vocês conseguiram escapar graças a esse policial ridículo e seu amiguinho negro. – disse com desdém.

Lorena continuava a encarar West com uma expressão furiosa em seu rosto, estava tentando encontrar uma saída para essa situação, mas nada lhe ocorria. Só esperava que os amigos encontrassem uma maneira rápida de lhes tirar dessa situação.

Bob e Thabata estavam se aproximando rapidamente da casa de West.

Ao chegarem lá, Bob teve a intenção de arrombar a porta com a arma em sua mão, mas foi travado por Thabata e forçado a se abaixar próximo a uma janela. Puderam ver a situação em que seus amigos se encontravam.

— Me deixe ir lá, eles estão em perigo – disse agressivo para ela.

— Não faça isso Bob, você viu a quantidade de traficantes armados – disse apontando para a janela – se você for lá assim, eles vão te matar.

— E o que faremos, vamos esperar até que eles sejam assassinados? – indagou ríspido. - Eles não têm muito tempo, temos que entrar lá e matar todos que entrarem em nosso caminho – disse agressivamente.

E novamente, Bob tentou avançar para a porta, mas foi impedido outra vez por ela.

— Espere! – ordenou contrariada. – Ainda não é o momento, temos que agir com máxima cautela.

— Não podemos mais esperar... – insistiu Bob, porém antes de concluir a frase foi cortado pela garota furiosa.

— Cale a boca! – ordenou. – Tales, Vinicius, escutem, peguem o máximo de armas que vocês consigam e venham até a casa, temos que invadir o lugar, Lorena e Cristian foram capturado por West...

— O quê? – berrou Vinicius. – Estamos chegando.

Rapidamente, Vinicius e Tales apanharam o máximo de armas que podiam carregar e saíram em disparada para a casa.

Logo eles se juntaram a Bob e Thabata.

Vinicius estava com uma tira de pano amarrado no braço para tentar estancar o sangue, tinha no olhar um misto de preocupação e determinação, estava muito bem armado, assim como Tales que estava meio assustado, mas pronto para matar quem entrasse em seu caminho.

Com a chegada de ambos, uma onda de adrenalina atingiu Bob.

— Vamos arrombar essa maldita porta e entrar atirando para valer nesses desgraçados, porém tomem cuidado para não matarem o West e nem acertarem Cris e sua amiga.

Vinicius deu um sorriso e confirmou com a cabeça, Tales e Thabata apesar de não estarem muito seguros sobre isso, concordaram também.

Todos saíram debaixo da janela engatinhando para evitar que fossem vistos pelas pessoas que estavam na sala.

— Quando eu contar três – disse Bob – nós invadimos.

— 1... – todos posicionaram – 2... 3 – Bob atirou na porta e em seguida deu um chute fortíssimo nela, arrancando-a das dobradiças.

Momentos antes, a situação de Cristian e Lorena não estava fácil, estavam cercados por alguns traficantes fortemente armados, estrategicamente postados nas saídas, ambos estavam sem as armas que estavam nas mãos de seus inimigos.

Cristian começou a se mexer e logo recobrou os sentidos. Foi levantado de forma bastante agressiva por um dos traficantes.

— Bem, antes de eliminar vocês, vou me divertir um pouco, – disse West pegando uma faca e se aproximando dos dois.

Deslizou a faca pelo rosto de Lorena, com um sorriso maníaco no rosto.

Lorena não falou nada, nem esboçou reação alguma ao ver a figura tão ameaçadora próxima de si com uma faca pronta para desferir o golpe fatal. Tentou parecer forte, como se a iminência da morte não tivesse importância. Permaneceu em silêncio e com a expressão de desdém.

Diante da expressão vazia que a garota apresentava, West agarrou os cabelos dela com força. Não gostava de ser ignorado.

Cristian tentou ajudá-la, mas estava preso por um traficante, tentou lutar para se soltar, mas foi em vão, ainda estava um pouco atordoado devido ao golpe que recebera.

West soltou os cabelos da garota e se aproximou de Cristian acertando-lhe um murro fortíssimo no estômago, que fez com que Cristian se dobrasse para a frente tentando respirar. Após isso, se voltou para Lorena, agarrou-lhe novamente nos cabelos e sussurrou em seu ouvido.

— Lorena, sabe que eu sempre fui louco para comer você? Antes de te eliminar eu irei realizar meu desejo! – West avançou contra a garota lhe roubando um beijo bruto.

Lorena nunca tinha sentido tanto asco como naquele momento, ainda mais quando ele forçou sua língua a entrar em sua boca. Sem se deixar intimidar, ela morde a língua invasora com força, sentindo o sabor metálico do sangue de West em sua boca.

Ao sentir a mordida, o homem encerra o beijo forçado, encarando a garota com ódio.

— Muito bem, se você quer pelo jeito difícil, que assim seja – falou feroz.

O traficante que estava com sua arma, agarrou Lorena por trás deixando-a completamente sem ação. Aproveitando disso, West fez um corte profundo em sua bochecha e deu uma mordida na orelha dela.

— Eu iria tentar ser gentil, mas você preferiu que as coisas acontecessem dessa forma. – ditou cruel, apalpando o corpo de Lorena, que se debatia tentando escapar do que estava por vir.

West tinha a pele branca, cabelos castanhos e olhos pretos que eram frios e cruéis, tinha também uma cicatriz em seu rosto, o que dava até um charme em seu visual. Algumas vezes, ele sabia ser tão cruel quanto Mullins.

— Vamos começar! – disse tentando abrir a calça dela.

Entretanto, nesse momento, a porta veio a baixo e Bob e os outros entraram atirando.

West foi pego de surpresa, se afastou rapidamente de Lorena e pegou sua arma.

Lorena, aproveitando a situação, acertou o traficante que a estava segurando com uma cabeçada no nariz, e uma cotovelada no estômago para em seguida arrebatar sua arma que estava no bolso e atirar no traficante que estava ao lado de West para logo depois apontá-la para seu inimigo.

Quase ao mesmo tempo, Cristian pisou fortemente no pé do marginal que o segurava, e acertou uma cotovelada no plexo solar. Com isso, conseguiu se libertar e em seguida nocauteou o marginal com um soco no queixo. Viu que West e Lorena estavam apontando as armas um para o outro, ambos seguravam com firmeza e trocavam olhares de ódio.

Bob e os outros conseguiram abater quase todos os traficantes que ocupavam a sala, alguns conseguiram fugir, provavelmente em busca de reforços.

O Tempo estava se esgotando.

Lorena ainda estava apontando a arma para West, os dois estavam tão absortos nesse embate, que esqueceram temporariamente do ambiente à sua volta.

Se aproveitando desse momento, Cristian avançou para West e tentou tomar a arma de sua mão.

Pego de surpresa, West começou a lutar contra Cristian.

Ambos eram parecidos, tinham quase a mesma altura, o porte físico, as únicas diferenças eram os cabelos e os olhos.

Após alguns momentos de tentativas, West acertou uma cotovelada no rosto de Cristian que o desestabilizou por instantes, e com isso, conseguiu se livrar dele. Para finalizar, acertou-o com um soco que o deixou no chão.

Finalmente livre, West apontou a arma para Cristian, com um sorriso maldoso nos lábios.

— Morra seu verme.

Antes que West disparasse sua arma, um outro tiro foi ouvido, e a arma que West segurava caiu no chão, junto com sangue.

West berrou de dor, segurando sua mão arruinada.

Vendo seu amigo em perigo, Bob acertou a mão do bandido com um tiro certeiro.

Após alguns segundos tentando se controlar, West tentou recuperar a arma, mas era tarde demais, ela foi pega por Cristian; e agora todos apontavam armas para ele. Lorena e Cristian tinham um sorriso vitorioso no rosto.

Diante da situação presente, o bandido não teve outra opção a não ser se render.

Bob revistou-o para se certificar que não havia outras armas escondidas com o bandido. Ao término, West foi amarrado em uma cadeira por Tales e Thabata, que junto com Vinicius foram para a frente da casa para vigiar.

— Finalmente, é hora de ter algumas respostas. – disse Cristian satisfeito ao ver West amarrado.

Lorena tomou a iniciativa e começou a interrogar o marginal.

— Parece que o jogo virou, não é mesmo querido? – disse com uma voz carregada de sarcasmo e ainda com o sorriso no rosto.

West apenas fitou-a com uma expressão assassina no rosto, mas não disse nada.

Lorena já esperava por isso, portanto não se abalou e nem desfez do sorriso que carregava.

— West, você estava tão confiante – disse andando ao redor dele – acreditava que nós iriamos perecer em sua armadilha, mas veja só, seus capangas estão mortos e você está nas minhas mãos agora, então vamos logo direto ao ponto, vai cooperar conosco do jeito fácil ou vai querer pelo modo difícil? – perguntou parando em frente dele.

West tentou desesperadamente se soltar, porém era impossível, ele estava completamente imobilizado, a única coisa que conseguiu com suas tentativas foi cair no chão.

Lorena gargalhou ao vê-lo daquela forma, totalmente sem ação, humilhado.

Cristian e Bob levantaram a cadeira dele, deixando-o novamente em frente a Lorena.

West estava furioso, não tinha como escapar dessa vez, porém tentava ganhar tempo, talvez alguns traficantes tivessem ido atrás de reforços, e logo voltariam para ajudá-lo.

Cristian ficou ao lado de Lorena e com a arma apontada para a cabeça do marginal perguntou:

— Onde seu chefe está?

Silêncio.

West não deu sinais de que tenha ouvido o policial.

Cristian se aproximou de West e lhe socou o rosto.

O bandido cuspiu sangue da boca, mas não disse nada, só os encarava com fúria no olhar.

Diante da recusa de falar, Cristian atacou o bandido com mais três socos fortíssimos na face.

Os locais atingidos pelos punhos dele logo começaram a sangrar e West parecia estar lutando contra a inconsciência.

Vendo o estado letárgico que West estava, Lorena foi até o lado externo da casa e pegou uma mangueira. Ao retornar a sala, ela fez um sinal para Vinicius abri-la.

Não mostrando nem um pouco de compaixão pelo bandido, Lorena jogou-lhe um jato forte de água que o deixou ensopado e assustado.

Novamente fez um sinal para Vinicius, e este desligou a mangueira; em seguida ela se virou para West.

— Estou ficando sem paciência, West. – disse apanhando a faca que ele usou para feri-la e passando a lâmina fria no rosto de Carl – É melhor você abrir logo o bico, a não ser que queira sofrer ainda mais.

Apesar da dor e do frio que sentia, West se manteve firme, e não disse nada.

Após alguns momentos de silêncio, Lorena perdeu a paciência e fincou a faca na perna de West.

Cristian tentou impedi-la de cometer o ato, porém não conseguiu, agora West estava berrando de dor, e algumas lágrimas caíram de seus olhos contra a sua vontade.

— Vejam só! – disse de modo debochado – Chorando como uma menininha. Achei que você era mais resistente que isso – disse fechando os olhos – estou decepcionada!

Após esse ato, Cristian resolveu tomar as rédeas da situação, não poderia mais permitir esses atos de violência, nem mesmo em um marginal perigoso como Carl West. Ele se aproximou de Lorena e segurou seu braço.

— Já chega! – disse de modo autoritário.

— Não! – retrucou Lorena do mesmo modo – Eu só vou parar quando ele começar a falar, então não se intrometa.

— Você já tentou, Lorena – tentou manter a calma – Se continuar com esses métodos, não vai conseguir nada. Esses caras – disse apontando para West – aguentam torturas físicas, temos que entrar na mente dele, mexer com seu lado emocional.

Lorena não pareceu satisfeita, entretanto concordou com um aceno e deixou Cristian agir.

— West, você não é nosso alvo, nós queremos o seu chefe Mullins.

West continuou olhando para o policial com uma expressão sofrida no rosto, mas sem dizer uma palavra.

— Pelo pouco que sei desse tal de Mullins, ele não se importa nem um pouco com as pessoas que trabalham com ele. – começou Bob, tentando persuadi-lo a cooperar. – Ele deixou esses quatro aqui para serem mortos por um de seus informantes. O que te faz pensar que quando não tiver mais serventia, ele não fará a mesma coisa com você? Se você nos ajudar, podemos garantir que a você e sua família tenham proteção, e talvez uma boa redução de pena caso nos dê informações importantes.  – finalizou esperançoso. – O que vai ser West, você ou Mullins?

West encarou Bob e Cristian com desdém e em seguida, voltou-se para a Lorena.

— Agora eu entendi porque vocês quatro estão ajudando esses dois. – ditou com ironia. - Você quer se vingar de Mullins por ele ter deixado você e seus amiguinhos para trás, – disse com uma expressão divertida – tenho certeza que vocês queriam continuar a participar dos planos sórdidos de Mullins. De qualquer forma, seu desejo de vingança é fútil, puramente egoísta, você não é nem nunca será nada além de uma bandidinha patética.

Lorena movida pela fúria que sentia, retirou a faca da perna de Mullins e voltou a fincá-la com força.

West tentou ser forte, mas sucumbiu à dor e logo estava gritando desesperadamente. Tentou recuperar o seu autocontrole.

— Me diga onde seu chefe está? – indagou Cristian ameaçadoramente.

— Por que vocês dois estão metidos nessa história? Por que estão colaborando com um bando de bandidos? – perguntou com um pouco de dificuldade, devido à dor em sua perna.

— O seu maldito chefe sequestrou meu filho – disse Cristian com fúria – eu preciso saber onde ele está para poder encontrá-lo. Não sei o que aquele louco quer com ele, até agora ele não entrou em contato.

— Você deveria saber que Mullins nunca faz nada levianamente, se ele levou seu filho é porque você possui algo que ele deseja. Fique tranquilo policial, enquanto você tiver utilidade, seu filho estará seguro.

— O que você quer dizer com isso?

— Que enquanto o seu filho lhe servir, ele o manterá seguro, mas no momento em que ele deixar de ter sua utilidade, ele provavelmente se livrará dele.

Cristian avançou rapidamente contra West e lhe acertou um soco fortíssimo na face que lhe arrancou dois dentes.

— Me diga onde Mullins está? – berrou agarrado à camisa do bandido e sacudindo-a violentamente.

West permaneceu em silêncio.

Após alguns momentos, Lorena, cansada de esperar, avançou contra o bandido para prosseguir com o interrogatório, entretanto ouviu um rangido vindo da escada e imediatamente voltou sua atenção para lá.

E viu um garotinho com pijamas azuis descer apressado e com uma expressão de terror no rosto ao ver seu pai amarrado em uma cadeira e várias pessoas estranhas na sala.

— Papai, o que tá acontecendo? – perguntou choroso e abraçando o pai amarrado na cadeira.

Diante da chegada inesperada da criança, Cristian e Bob ficaram sem reação, entretanto Lorena viu sua grande chance.

Em um movimento muito rápido, ela avançou em direção à criança e com uma das mãos, agarrou bruscamente o menino e com a outra retirou a faca que estava alojada na perna de West.

A próxima coisa que West viu, foi seu filho preso pelo braço de Lorena e com uma faca apontada na garganta dele.

O garotinho até tentou gritar, mas foi impedido pela mão de Lorena.

— Agora West, - disse de modo frio – ou você fala o que nós queremos saber, ou diga adeus ao seu filhinho, então o que vai ser? Seu chefe ou seu filho?

— Lorena, você ficou louca? Solte o menino! – mandou Cristian com fúria.

— Não se aproximem! – berrou ao ver Bob e Cristian andando em direção a ela e o menino – eu disse que faria o que fosse necessário para encontrar o desgraçado do Mullins, se derem mais um passo, eu acabo com esse bastardo.

— Pare com isso, ele é apenas uma criança. – disse Bob indignado.

— Solte-o agora mesmo! – disse Cristian.

— Não enquanto West não abrir a boca. – disse Lorena decidida.

West vendo o olhar aterrorizado de seu filho, se rendeu e começou a falar.

— M... Mullins foi para Boston! – disse com a voz falha devido à dor de seus hematomas.

— O que ele quer em Boston? – perguntou Lorena.

— Eu não sei!!! – gritou o bandido.

— Resposta errada, marginal – disse Lorena movendo a faca contra o pescoço do menino que chorava copiosamente, terrivelmente assustado.

Antes que ela concluísse a ação, West voltou a falar.

— Não, por favor, não machuque meu filho. – disse suplicante.

— Então continue falando. – disse Lorena impiedosa.

— Mullins não me disse o que ele queria em Boston – falou tentando manter a calma – O que eu sei é que ele conseguiu uns documentos na sede da Interpol, com um agente que ele estava chantageando.

— Que documentos são esses? – perguntou Cristian.

— Também não sei, Mullins não compartilha muitas informações, - disse olhando para Cristian -  eu sei dessa parte porque ajudei a sequestrar a mulher desse agente, para que ele conseguisse uma troca.

“Maldito” pensava Cristian.

— Então o que estava nesses arquivos levou Mullins diretamente para Boston? – perguntou Bob.

— Acredito que sim.

— Qual era o agente? – perguntou Cristian – Talvez possamos falar com ele e saber mais sobre o que ele está planejando.

— Eu não sei o nome dele, ou da esposa – disse West – mas não faz diferença, Mullins matou os dois.

Todos arregalaram os olhos, e West prosseguiu.

— Nós trouxemos a mulher para a favela, ela ficou em um barracão próximo daqui. Dois dias depois, Smith e Evans trouxeram o agente desacordado, Mullins falou alguma coisa para ele e depois cortou a garganta da esposa e deu três tiros no agente. Após isso – West respirou fundo – ele me mandou queimar o galpão e esconder os restos deles.

Cristian estava atônito com toda essa informação, não podia imaginar que esse homem fosse tão cruel.

— E você cumpriu as ordens dele? – perguntou Bob

— Eu mandei incinerar o galpão, mas ainda não eliminaram os restos. – disse West. – Estava tudo programado para amanhã.

— Onde fica esse galpão? – perguntou Cristian.

Antes de West responder, Vinicius apareceu na porta com uma expressão de desespero.

— Tem muitos carros se aproximando – disse em um folego só – temos que sair daqui agora mesmo.

Diante da informação, e sem outra alternativa, Cristian fez algo que nunca julgou ser capaz.

Em uma ação muito rápida, soltou o menino das garras de Lorena para logo depois aplicar uma chave de braço na criança e apontar a arma para a cabeça dela.

— Fale rápido onde está esse galpão ou vou te dar um banho com sangue do seu filho. – a mão de Cristian que segurava a arma tremia fortemente.

Apesar da situação, West deu um sorrisinho irônico.

— Espera que eu acredite que você vai atirar na criança? Você não tem capacidade para tal ato de covardia, Cristian Hayes.

Cristian ficou em choque ao ouvir seu nome. Sem deixar de encarar o bandido imobilizado, ele baixou a arma e libertou o menino, que correu para perto de seu pai novamente.

— Como voc... – mas foi interrompido por West.

— Como você acha que Mullins ficou tanto tempo incógnito para a polícia? – perguntou com sarcasmo – Ele tem informantes em vários departamentos de diferentes níveis do governo. Vocês não podem vencê-lo.

Vinicius e os outros apareceram na sala com as armas em punho e expressões aterrorizadas na face.

— Andem logo, o tempo está se esgotando, eles estão vindo.

Lorena, vendo que os agentes estavam sem ação devido às recentes informações, arrebatou a arma de sua mão trêmula e apontou-a outra vez para a criança.

— Ele pode não ter capacidade de matar uma criança, mas eu tenho, então fale logo onde fica esse galpão. – disse Lorena de modo frio.

— Você também nunca matou ninguém, nem mesmo quando Mullins ordenava. Acha que acreditarei no seu blefe, Lorena?

A garota se aproximou engatilhando a arma, com uma expressão fria na face.

— Sempre tem uma primeira vez para tudo nessa vida! Prefere arriscar perder seu filho?

West ponderou por alguns instantes, e então passou as coordenadas da localização do galpão.

— Tales, você sabe onde fica? – perguntou Lorena ainda apontando a arma para o filho de West.

— Sei – disse de modo simples – é perto daqui.

— Ótimo temos que ir lá agora. – disse Cristian.

— Você está maluco? - perguntou Vinicius com raiva – tem uma horda de traficantes armados se aproximando daqui, logo eles vão infestar esse lugar e as proximidades para procurar por nós, temos é que nos mandar daqui agora.

Cristian encarou Vinicius com frieza e disse:

— Se quiser ir embora, pode ir, eu vou até o galpão, tenho que encontrar alguma coisa, qualquer coisa que ajude a identificar o agente. Se conseguirmos isso, poderemos saber o que o Mullins está armando. – disse determinado.

— Isso é loucura. – continuou Vinicius.

— Se vocês querem ir até o galpão, então temos que nos apressar, temos menos de 10 minutos até eles chegarem. – disse Tales.

Lorena baixou a arma e entregou-a para Bob.

— Vamos logo! – ditou ríspida saindo pela porta.

— Vamos então – disse Bob acompanhando Lorena e sendo seguido por Tales.

— Seu tempo está acabando Cristian, se você não encontrar seu filho a tempo, talvez sobre alguma coisa dele para você enterrar. – concluiu o bandido, dando uma gargalhada alta.

Cristian perdeu a cabeça e atacou o bandido com mais socos. A criança, vendo o pai ser agredido, segurou na perna de Cristian.

— Para, por favor, pare de bater no meu papai – disse de modo suplicante.

Cristian parou subitamente.

Olhou para a criança e depois para seu pai. West estava inconsciente e em um estado lastimável com o rosto todo ensanguentado e um ferimento na perna que ainda sangrava. Não se parecia com o homem que outrora tinha capturado.

— Me desculpe por isso. – disse docemente, se abaixando para ficar da altura do garotinho. – Não se preocupe, seu pai vai ficar bom logo. – após essa palavras, ele fez o garoto cair desacordado apertando o ponto de expressão do pequeno.

Antes da criança encontrar o chão, foi amparado por Cristian que a colocou em um sofá e rumou à saída, mas antes de partir, ainda se voltou a olhar para o menino desacordado, lhe dando um sorriso. Finalmente, saiu rumo ao galpão.

Após Cristian aparecer na frente da casa, todos rumaram rapidamente para o galpão. Bem, o mais rapidamente que as ruas estreitas e a iluminação precária permitiam.

XXX

Após cerca de 5 minutos, diversos carros encostaram na casa de West.

Os traficantes encontraram seu chefe amarrado a uma cadeira, todo ensanguentado e desacordado, seu filho estava no sofá, aparentemente sem qualquer machucado.

Começaram uma busca na propriedade para tentar encontrar os responsáveis pelo estado deplorável do seu chefe.

XXX

Após alguns minutos de caminhada, eles avistaram o galpão, porém suas estruturas não estavam firmes, a impressão era de que logo o galpão desmoronaria.

— Esse galpão não vai aguentar muito tempo. – disse Vinicius.

— É – concordou Thabata.

Bob tomou a iniciativa e se aproximou da porta, empurrando-a.

A porta estava fraca devido ao incêndio, quando Bob a tocou, ela desmoronou no chão.

O odor que estava presente dentro do local não era convidativo, era cheiro de morte, um odor nem um pouco agradável, entretanto, Cristian e Bob adentaram no galpão. Bob estava com uma lanterna na mão e Cristian estava com uma arma em punho, apontando-a para todas as direções que Bob iluminava.

Continuaram andando pelo galpão, até que encontraram ossos, estavam carbonizados e não havia sobrado nenhum tecido que pudesse determinar de quem era essa pessoa.

— Cris, eu não sei se será possível identificar essa pessoa – disse Bob – os restos estão carbonizados e...

Bob parou subitamente de falar ao visualizar um pequeno objeto branco próximo ao corpo, ele se abaixou e pegou.

— Cris, olhe isso – disse com a voz extasiada – é um fragmento do dente.

— Cara, isso é incrível, com isso vamos conseguir saber quem era essa pessoa – disse Cristian esperançoso.

Bob guardou o fragmento encontrado em um saco, e direcionou a lanterna para outro ponto do galpão, localizando outro corpo.

Ambos foram checar, mas não conseguiram encontrar nada que os ajudasse a identificar o corpo.

— Nesse aqui não sobrou nada – disse Bob direcionando a lanterna pelo esqueleto queimado.

— Bob, é melhor irmos embora, já temos o que necessitávamos, e se demorarmos mais, nós poderemos ser encontrados com os reforços do West.

— Tem razão Cris, vamos.

Ambos saíram do galpão, mas não estavam preparados para o que viram.


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Notas finais do capítulo

O que será que aconteceu?

Será que mereço comentários?

Até o próximo!



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