Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 7
Hora do ataque


Notas iniciais do capítulo

Eai galera, como passaram o feriado? Temos aqui o capitulo 7, temos uma boa dose de ação. Espero que gostem.

Queria agradecer também a minha querida beta Estrela rubi pela recomendação. Obrigado linda.



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A vida como comparsa de um dos traficantes mais perigosos e respeitados de Nova Iorque era cheia de aventuras e desafios.

Entretanto Natasha, não estava feliz, desde que começou a bancar a baba do garoto que Mullins sequestrou. Ela sempre detestara crianças, e ainda mais depois que foi informada que teria de ficar em Boston com o garoto.

Após o serviço de resgatar o componente que estava na sede do governo, ficaram algumas horas planejando o próximo passo. Natasha esperava falar com Mullins a sós logo após o término dos preparativos. Ela queria que Mullins deixasse Kimberli no lugar dela para cuidar do garoto, porém antes de terminarem, o garoto havia começado a chorar novamente e Mullins mandou ela cuidar dele, e quando conseguiu acalmar o moleque, Mullins já tinha voltado para o hotel.

Por essa razão, ela havia ligado para seu chefe pedindo para que ele fosse para lá.

No entanto, ele se enfureceu ao ver o pirralho vendo televisão e não quis ouvir mais nada.

Assim, ela levou o garoto de volta para o quarto.

Mullins falou para os outros:

— Tivemos uma pequena mudança nos planos. Todos os voos para Los Angeles estão cancelados hoje – disse contrariado – então fiquem preparados porque partiremos amanhã de madrugada para Los Angeles. Não quero atrasos ou qualquer outra desculpa, caso contrário as consequências serão severas.

O seu celular começou a tocar. Mullins mandou os subordinados saírem para atender a chamada.

— Fale, o que você quer? – disse meio ríspido.

— Senhor, estou ligando para informar que... – o informante hesitou ao continuar – os seus antigos empregados fugiram.

— O que você disse? – gritou furioso. – Repita isso!

— Os quatro fugiram, senhor – disse temeroso – não sabemos o que houve, Black e Ross estão mortos.

— Como isso é possível? Achei que vocês do FBI fossem mais competentes que isso!

— O agente que estava designado para ir com eles na van, foi encontrado desacordado e amarrado, ele não sabe quem o atingiu. O comandante acredita que um comparsa deles, se infiltrou na sede, e atacou esse agente para tomar o lugar dele, matando os outros dois e permitindo que todos fugissem.

Mullins ouviu tudo rangendo os dentes de frustração, permaneceu em silêncio  por alguns minutos para processar toda essa informação desagradável.

— Senhor,  ainda está ai?  – perguntou o rapaz, após minutos de silêncio.

— Mas é claro que sim, seu imbecil! – gritou descontrolado – tem mais alguma informação?

— Bom, o Cristian foi suspenso por 3 semanas, acredito que isso seja uma boa notícia, porque ele não vai ficar no seu caminho.

Era óbvio demais, foi o Hayes que planejou tudo isso, salvou os seus antigos subordinados e agora viria atrás deles.

— Escuta, -  disse com a voz dura e ríspida – você é muito mais idiota do que eu imaginava. Você achou realmente que o Hayes ia ficar parado esperando que a polícia resolvesse o caso do sequestro do filho dele? – perguntou irritado – Claro que não, eu conheço esse cara, agora que ele está suspenso, ele está mais perigoso. Tenho certeza que foi ele que armou tudo isso.

— Senhor, o Hayes não estava na sede quando os marginais foram levados, as câmeras externas viram ele entrando no carro com o Bob, não poderiam ter sido eles – insistiu o informante.

Mullins abriu a boca para responder, porém percebeu que seria inútil, estava perdendo tempo com essa conversa, teria que agir o mais rápido possível.

— Tudo bem garoto, me avise imediatamente sobre qualquer outra novidade. – disse desligando o telefone e nem dando a chance do rapaz responder.

— Às vezes a burrice de algumas pessoas não tem limites. Mas não importa. – ditou sorrindo satisfeito. – Está correndo tudo de acordo com meu plano. – finalizou gargalhando.

Sacou o telefone e começou a procurar um helicóptero para levá-los a Los Angeles. Depois de um tempo, Mullins finalmente conseguiu alugar um helicóptero para aquela noite.

Após isso, saiu pela casa procurando pelos seus ajudantes e comunicou-lhes que partiriam para Los Angeles naquela noite. Teriam que se preparar, agir com mais cautela e agilidade daqui em diante.

Mullins foi para o hotel e fez o Check-out.

Enquanto isso,  na casa, Natasha estava irritada, não sabia se era por causa do tapa que tinha levado de Mullins ou se era por estar sendo deixada para trás. Em todos esses anos que esteve na gangue, sempre era uma peça fundamental para os planos.

E hoje estava lá, jogada de lado como um simples objeto que não tem serventia ou importância.

Quando Mullins retornou a casa, não houve tempo para conversas ou despedidas. Ordenou que os três fossem rapidamente para o taxi.

— Não ouse encostar um dedo no garoto – disse a ela em tom ameaçador – se eu souber que você fez algum mal a ele, eu te mato. – concluiu de modo frio. – Dentro de alguns dias estaremos de volta!

Saiu batendo a porta, deixando Natasha ainda mais frustrada do que já estava.

XXX

 

Em Nova York, Cristian e Bob continuavam a conversar com os jovens que haviam salvado horas antes.

 

— Certo, já sei que vocês não sabem onde Mullins está, mas nos falem sobre os outros ajudantes dele. - disse Bob um pouco mais calmo.

— Natasha Evans, Kimberly White, Adam Smith e Roman Rojas. – Disse Vinicius.

— Ok! Conte sobre as características físicas, personalidades, tudo o que vocês sabem.

— Natasha é morena, tem cabelos pretos compridos, tem olhos verdes e sempre foi apaixonada por Mullins, além de que ela sempre consegue informações valiosas para o grupo, seduzindo-os. Ela sempre foi boa nesse tipo de coisa. – concluiu Lorena com certo ódio na voz. – Ela é uma grande vadia, nós nos odiávamos, já tivemos muitas brigas e... – Lorena foi interrompida por Bob.

— Creio que sua relação com a garota seja irrelevante para nós, - disse em tom sério – e quanto aos outros? 

— Kimberly trabalha reunindo informações dos alvos, ela consegue em pouquíssimo tempo levantar informações sobre os alvos de Mullins, hábitos, horários, locais que visitam com frequência, contas bancárias etc... ela tem 28 anos e é meio ruiva... – Vinicius foi interrompido por Thabata.

— Ela não é ruiva, tem cabelo castanho avermelhado.

— Que diferença isso faz? – perguntou Vinicius.Thabata ia responder, mas Bob falou antes.

— Vamos nos atentar a informações importantes, não é o momento para briguinhas – disse autoritário – tem algo mais sobre essa garota?

— Ela conhece muitas técnicas de tortura. Quase sempre é ela e Smith que liquidam os desafetos e alvos da quadrilha. – disse Lorena - o mais importante é isso.

— Ok, vamos em frente. – disse Cristian.– Adam Smith, esse é o mais perigoso da equipe, ele tem muita força e crueldade também, – disse Tales pela primeira vez – ele executava a maioria dos serviços pesados da gangue, também era uma espécie de faxineiro, matava alguns informantes e depois os despachava, sabe Deus para onde. Ele é negro, muito alto e, tem cabelo cortado em estilo militar. Tem uma pontaria muito perigosa. – concluiu.

— E finalmente Roman, ele é um camaleão, se infiltra em qualquer ambiente para coletar informações, ele também sabe falsificar documentos com perfeição, e bom, ele é ilegal aqui na América, ele é mexicano, tem 26 anos, é pardo com cabelos raspados.

— Bem, isso nos ajuda, vamos investigar a vida desses cretinos e ver se descobrimos onde estão. – disse Bob.

— Mais uma coisa, vocês sabem o que ele quer com o sequestro do kevin? – perguntou Cristian.

— Desculpe Cristian – disse Lorena – não sabemos nada sobre isso também.

— Mullins nunca nos contava todos os seus planos. Apenas nos designava o que cada um iria fazer, nunca explicava o motivo. Se perguntássemos, eramos ameaçados de morte! – informou Thabata.

— Mas realmente, vocês não têm nenhuma ideia de onde ele possa estar? – tentou Cris de novo.

— Pela enésima vez, não! – Vinicius se irritou.

— Mas acho que tem alguém que pode saber. – disse Tales surpreendendo a todos.

— Quem? – perguntou esperançoso.

— Carl West, se não me engano esse cara era um dos ajudantes de Mullins na favela. Quando saímos de lá, ele ficou no controle do morro e também, ele quem lida com traficantes pequenos e outros negócios relacionados à rede do tráfico – disse Tales – provavelmente Mullins disse algo para ele, duvido que deixaria seus negócios sem maiores cuidados.

— Tales, você tem toda razão – disse Lorena com um sorriso – devemos falar com o West, e ver o que ele sabe.

— Vocês só podem estar brincando – disse Vinicius – querem invadir a maior favela de Nova Iorque para conversar com o traficante que é chegado do Mullins? Na certa ele também sabe que ele nos entregou para policia e espera que nós estejamos mortos agora. Isso é uma completa e insana loucura! – concluiu alterado.

— Nunca disse que isso ia ser fácil, cara, – disse Lorena – mas é nossa melhor chance de descobrir o paradeiro do Mullins – ela olhou para Cristian e Bob – Então, o que vai ser? Irão conosco ou estão assustados de mais para encarar isso? – desafiou, sorrindo maldosamente.

Cristian e Bob trocaram olhares apreensivos, era praticamente suicídio invadir uma favela, mas que outra opção eles tinham?

— Cristian, isso é loucura, você é policial, mesmo estando suspenso. Vai tentar invadir uma favela para falar com o dono da boca sozinho? – perguntou Bob aflito, mas ao ver o olhar de Cristian já sabia a resposta.

— Sim Bob, eu vou, já disse que não iria descansar até encontrar meu filho. Se você não quiser vir, eu te entendo, já te meti em muita confusão, mas eu não tenho escolha e...

— Acha mesmo que eu ia deixar você fazer uma idiotice dessas sozinho? – indagou Bob meio irritado. – Claro que não, seu idiota, eu vou com vocês.

— Olha nós conhecemos aquela favela muito bem, - disse Lorena – e se vocês têm dúvidas com relação a nós, deixe me dizer uma coisa… nós quatro – disse apontando para os amigos - odiamos o West, ele sempre nos humilhou e nos maltratou, nunca nos respeitou, e além do mais, demos nossa palavra de que ajudaríamos vocês a pegar o Mullins. E vamos fazer isso. – disse decidida.

— Mesmo assim, seremos apenas seis para enfrentar sabe se lá quantos traficantes armados. Precisaremos pensar em um plano para nada sair errado. – afirmou Bob.

— Não podemos contar com a policia nem o FBI, estamos claramente em desvantagem, mas vamos ter que encontrar um jeito.

—  Olha, eu e a Thabata, nós nascemos naquela favela, conhecemos bem todas as ruelas, saídas alternativas e também pontos cegos que existem naquele lugar. – informou Tales.

— Excelente! – disse Cristian - Tenho aqui umas fotos e dados geográficos da favela, vou buscá-los agora mesmo! – disse, se levantando e saindo da sala sorrindo. Uma nova chama de esperança se acendeu dentro dele.Com a ajuda de seus novos aliados, sabia que encontraria logo seu filho.

Algumas horas depois, quando o relógio marcava quase 8h da noite, Cristian e os outros tinham finalmente um plano.

Cristian estava confiante, se tudo desse certo hoje, saberia onde Mullins estava com seu filho.

Bob ainda estava relutante, o plano era bom, mas em muitos pontos teriam de contar com a sorte e isso o preocupava.

Eis o plano:

Entrariam na favela dividos em três duplas. A primeira ficaria em um local alto para vigiar a área próxima da casa de West, a segunda serviria de isca se caso houvesse seguranças ou traficantes e a terceira entraria na casa de West para interrogá-lo.

As duplas foram formadas de acordo com a necessidade. Bob ficaria de vigia com Thabata;  Vinicius e Tales seriam as iscas e Lorena e Cristian interrogariam o West.

A casa ficava em uma área afastada da favela com um acesso difícil. Para facilitar, eles entrariam pelas rotas alternativas que eram usadas frequentemente pelos traficantes para fugir quando havia alguma operação da policia.

Todos tinham ciência do risco que estavam correndo, não havia nenhuma garantia de que eles voltariam bem ou se seus esforços valeriam a pena já que não sabiam o quanto West sabia dos planos de Mullins.Estavam apostando muito alto em um jogo que não havia certeza se a vitória traria benefícios.

Cristian e Bob como trabalham na polícia, conseguiram sem problemas óculos de visão noturna, coletes à prova de bala e também armas com silenciador, embora esperassem que não precisassem usá-las.

Bob e Cristian tinham conseguido alugar dois carros. Realmente tiveram muita sorte, pois a maioria das locadoras já estavam fechadas. Os carros estavam estacionados em um local seguro. Eles seriam usados pelas duplas de Vinicius e a de Bob; Cristian iria com seu carro porque cada dupla teria que entrar em locais diferentes.

— Bem, – disse Cristian – todos estão prontos?

Todos manearam com a cabeça, testaram as escutas e verificaram novamente todos os detalhes do plano.

Saíram rumo à favela.

Após alguns minutos, chegaram no local onde estavam os carros.

Bob, Thabata, Vinicius e Tales saíram do Fusion de Cristian e partiram com seus respectivos carros.

O restante da viajem foi feita em silêncio, Cristian tentava se manter atento às estradas, mas podia sentir Lorena o fitando.

Em determinado momento, ela quebrou o silêncio.

— Olha, preciso saber se você está disposto a fazer o que for necessário para conseguir as informações com o West! – pediu com o olhar determinado.

— Como assim? – perguntou Cristian.

— Qual é? Você sabe muito bem que o West não vai entregar tudo com facilidade, teremos que ser duros, frios, impiedosos, fazer o que for necessário para fazê-lo falar.

Cristian olhou para ela por alguns segundos antes de voltar sua atenção novamente para a estrada.

— Irei fazer tudo que estiver em meu alcance, porém, você deve saber que eu não sou igual ao seu chefe. Não irei torturar ninguém para conseguir informações nem nada desse tipo e enquanto eu estiver presente, nem você e nem seus amigos farão isso! – finalizou de modo frio.

Lorena fez um barulho de desdém e um olhar desaprovador.

— Você quem sabe, mas te digo uma coisa, não se pode vacilar com caras como ele e se não conseguirmos nada do seu jeito, faremos do meu.

Cristian não disse nada e continuou guiando o carro pelas estradas.

Vinicius e Tales foram os primeiros a chegarem ao local de encontro. Thabata e Bob surgiram alguns minutos depois, seguidos por Lorena e Cristian.

Checaram mais uma vez suas escutas.

Bob e Thabata seguiram pela trilha da direita que os levaria até a um edifício alto, onde teriam uma grande visão da planície com seus óculos.

Tales e Vinicius seguiram pela trilha central, para os fundos da casa do West.

Finalmente, Lorena e Cristian seguiram pela trilha da esquerda, pelo caminho particular de West e sua família que ligava diretamente à casa do traficante.

Bob e Thabata seguiram pela trilha sem problemas, chegaram rapidamente ao edifício e se posicionaram, não havia pessoas na rua, apenas dois seguranças que estavam de prontidão em frente à casa.

— Essa é a casa do West – disse Thabata – ele provavelmente já deve ter chegado, esse dois são os seguranças particulares dele – apontou para os dois armários que estavam vigiando a casa.

Bob acenou com a cabeça e em seguida falou na escuta:

— Dupla 1 pronta, dois seguranças na frente da casa e nenhuma movimentação no perímetro.

As outras duplas captaram a mensagem e se preparam para agir.

Mais cedo, todos tinham concordado que só usariam as armas em último caso, entretanto Vinicius e Tales tinham outros planos.

Vinicius retirou a escuta e disse para Tales:

— Vamos atrair esses dois para cá e vamos matá-los logo, vai facilitar muita coisa.

Tales retirou também a escuta.

— Mas o Cristian disse...

— Dane-se o que ele quer, vamos fazer isso e pronto. – insistiu Vinicius.

Ainda receoso, Tales concordou com ele, e se prepararam para agir.

Cristian e Lorena estavam com mais dificuldade com a trilha por onde seguiam, pois tinha muitas árvores, buracos e alguns arbustos com espinhos, portanto não era um dos melhores lugares.

Ambos já tinham se cortado algumas vezes, porém seguiam firme até ao fim. Depois de mais alguns minutos de caminhada, chegaram a uma porta.

Não foi surpresa que ela estivesse trancada, mas com as habilidades que possuía, Lorena conseguiu abrir a porta com uma mixa. Entraram e se lhes depararam com um túnel.

A escuridão reinava no local, e a visibilidade que as lanternas proporcionavam não era muito eficiente, porém prosseguiram o mais rapidamente que conseguiram dada as adversidades.

O túnel não era tão longo quanto imaginaram, logo chegaram a outra porta.

Lorena executou os mesmos movimentos anteriores e conseguiu abri-la. Quando entraram, se depararam com uma fábrica de drogas.

Havia armas de vários calibres, várias balanças e também vários materiais, tudo muito bem organizado em diferentes mesas, cada uma usada para fabricação de diversos tipos de drogas.

Não esperavam que houvessem algumas mulheres trabalhando lá.

Quando eles entraram, todas elas estavam entretidas com seu trabalho que nem perceberam, mas isso foi por pouco tempo.

Assim que uma delas percebeu, gritou e alertou as outras.

Mais que depressa, Lorena apontou a arma e as ordenou que todas ficassem quietas, caso contrário, as mataria, e pelo tom ameaçador que usou, não era bom discordar. Agrupou-as em um canto e mandou Cristian amarrá-las com um rolo de fita que tinham trazido.

Com as duas armas apontadas, nenhuma delas tentou desobedecer, e foram amarradas, amordaçadas e deixadas lá para evitar problemas.

Após isso, eles seguiram para a porta, porém ela estava trancada, não havia chave para abri-la.

Estavam presos.

— Por que você não tenta abrir a porta com a mixa novamente? – perguntou Cris.

Ela respirou fundo.

— Essa porta com certeza tem algum tipo de alarme ou dispositivo para impedir que elas – apontando para as mulheres presas – saiam no horário de serviço. É assim em muitas fábricas de drogas.

— E como vamos sair daqui? – desespero na voz.

— Tenho uma ideia! – disse ela.

Foi até a uma das mulheres e retirou a fita de sua boca.

— Chame o responsável pela fabrica – disse de modo frio, apontando a arma para a cabeça da mulher – agora!

Assustada com o jeito bruto de Lorena, a garota fez como ordenado e chamou o responsável por um rádio.

Lorena se virou para Cristian.

— Fique atrás da porta, assim que ele abrir, você dá uma coronhada nele. Tem que ser rápido.

Assim que ela acabou de falar, escutaram passos.

Quando a porta se abriu, o feitor viu Lorena com a arma apontada para ele, o cara até tentou sacar a sua arma, mas foi impedido pela coronhada que levou de Cristian.

O feitor apagou na hora.

Lorena se aproximou do feitor e retirou sua arma e as chaves que ele tinha.

— O que vamos fazer com ele? –perguntou Cristian.

— Vamos amarrá-lo e deixá-lo aí com elas. Nosso alvo principal é o West. – disse tranquilamente – As coisas vão ficar mais complicadas agora, fique firme e esteja pronto para puxar o gatilho, porque é exatamente o que eles vão fazer se nos virem.

Cristian e Lorena saíram da fábrica com armas em punho, e logo se aventuraram pela casa.

Os seguranças de West estavam de prontidão em frente à casa, vestindo impecáveis ternos pretos, óculos escuros, escutas e claro, muito bem armados.

De repente, ambos ouvem um barulho nos fundos da casa e um deles se apressa a averiguar a sua origem.

Andando com cautela e arma em punho, o segurança vai em direção ao fundos da casa.

Bob e Thabata viram quando o segurança saiu, e logo avisaram os companheiros para terem cuidado.

Vinicius e tales estavam espreitando e aguardando a chegada dos seguranças. Enquanto Tales estava apreensivo, Vinicius mostrava um sorriso nos lábios, ansioso por alguma ação.

Segundos depois, o segurança apareceu no campo de visão dos dois.

Ele vinha andando calmamente até os fundos, sempre olhando perifericamente para localizar alguém.

Vinicius engatilhou sua arma e disparou contra o segurança. O homem nem sequer viu de onde veio o tiro, caiu no chão com olhos vidrados e um buraco no meio da testa por onde escorria um pouco de sangue, manchando sua camisa branca que usava embaixo do terno.

— O que vamos fazer com o corpo agora? – perguntou Tales com desespero.

— Relaxa – disse Vinicius tranquilamente – me ajude a escondê-lo ali. – apontou para um grande arbusto  – Vamos logo!

Ele se aproximou, agarrou nos braços do homem e virou-se para Tales que ainda estava parado no mesmo lugar, atônito.

— Largue de ser tão patético, Tales. Venha logo me ajudar! – disse raivoso.

Tales fez como o pedido, ajudou a arrastar o segurança morto até aos arbustos, embora não foi uma tarefa fácil, visto que o segurança era pesado, mas enfim, conseguiram.

Passado algum tempo, o segurança que permaneceu em frente à casa começou a se preocupar, havia tentado falar com o parceiro pela escuta, entretanto não havia tido respostas. Então, depois de mais uma tentativa de comunicação falha,  ele saiu em busca de seu companheiro, deixando a frente da casa desprotegida.

— Olha – disse Thabata apontando para a frente da casa – o segundo segurança saiu, deve ter ido procurar o parceiro.

— Dupla 1 para dupla 2, respondam – disse Bob na escuta.

— Dupla 2 na escuta, prossiga – respondeu Vinicius

— O segundo segurança acabou de sair, deve ter ido procurar o parceiro, tenham cautela – Bob concluiu.

— Entendido.

E de fato, o segundo segurança estava vindo, andava e agia exatamente como o seu parceiro, com calma e arma na mão.

Vinicius estava preparado, a arma estava engatilhada e seu dedo roçava o gatilho da arma. Queria muito matar o outro.

O que Vinicius não contava era que em meio à excitação, ele mexera um pouco o arbusto em que estava escondido. Deste modo, chamou  a atenção do segurança quase que imediatamente.

Sem perder tempo o segurança disparou contra o arbusto, ferindo Vinicius de raspão no braço, e passando um alerta geral.

Mesmo ferido, Vinicius tentou atirar no seu adversário, porém a dor no braço não permitia que ele tivesse uma boa mira, não tinha outra opção, senão ficar quieto e torcer para que o segurança não se aproximasse do arbusto. Talvez o idiota pensasse que era apenas algum animal e que tenha fugido com os tiros.

Mas o segurança começou a avançar em direção ao arbusto.

Tales, vendo que seu amigo estava com problemas, agiu por impulso.Saiu do arbusto e atirou duas vezes no segurança, que devido à surpresa não teve tempo de reagir e caiu no chão, ferido.

Aproveitando sua chance, Vinicius acabou de liquidar o segurança.

Tales correu para ajudar Vinicius.

— Cara, você está bem?

— Estou – disse com a respiração acelerada – avise para os outros sobre o que aconteceu e fale para aquele policial ridículo e para a Lorena que se apressem.

Tales fez um sinal positivo com a cabeça.

— Dupla 2 para dupla 1, responda.

— Dupla 1 na escuta – disse Bob.

— O segurança feriu o Vinicius, nós tivemos que matá-lo, mas ele teve tempo de avisar para alguém sobre as movimentações suspeitas na casa. – concluiu falando rapidamente.

Bob xingou mentalmente. Estavam ficando sem tempo.

— Dupla 3, vocês escutaram? – perguntou Bob.

Não houve resposta.

— Dupla 3, respondam – insistiu Bob.

Nenhuma resposta.

Começou a se desesperar, o que teria acontecido com eles?

Lorena e Cristian após saírem da fábrica, chegaram a um grande local, onde havia uma iluminação fraca e também algumas portas, que ambos imaginaram serem cômodos.

Sempre com muita cautela, eles começaram a examinar todos os cômodos do lugar. Não imaginavam que a casa fosse tão grande.

Ao entrarem em um, Cristian disse:

— Que cheiro horrível! – disse tampando o nariz.

— Achei que estivesse acostumado com esse odores pútridos – disse Lorena quase indiferente.

— Não é bem minha área de perícia – disse com um meio sorriso – mas comparado com os outros, esse está bem pior.

— Provavelmente esse aqui não é usado há algum tempo, geralmente eles torturam suas vítimas antes de matá-las, para que, se tiverem alguma informação valiosa, elas falarem. Você percebeu que as outras salas tinham alguns apetrechos?

Ele maneou positivamente com a cabeça.

— Então, essa sala provavelmente é usada apenas para eliminar os inimigos, por isso não é tão utilizada como as outras.

— Você conhece bem o esquema do tráfico, hein? – disse Cristian.

— Mullins me ensinou tudo o que sei disso. – respondeu irritada. – Comecei a trabalhar com ele muito cedo.

— O que te fez entrar nessa vida? – indagou curiso.

— Isso é uma longa história e não temos muito tempo, não é? Vamos seguir.

— Tudo bem, vamos em frente – disse Cristian percebendo que sua parceira não queria mais falar sobre o assunto.

No final do corredor, se depararam com uma escada que acabava em uma porta de madeira.

Avançando cuidadosamente, subiram as escadas. Ao chegarem na porta, ela se encontrava trancada, porém com a chave que tinham conseguido na fábrica, conseguiram abri-la.

XXX

Bob estava nervoso, não tinha conseguido alertar Lorena e Cristian sobre o que estava acontecendo, e seu desespero aumentou ainda mais com a aproximação de dois carros.

— Merda! – exclamou em voz alta – Tem dois carros se aproximando.

— Estamos perdidos! – disse Thabata desesperada.

Vinicius e Tales ouviram na escuta sobre os carros e correram para ajudá-los,

Com o conhecimento de Tales sobre as ruas da favela, conseguiram chegar ao prédio em que eles estavam.

Todos prepararam as armas, não havia mais nenhuma outra coisa a se fazer.

Assim que os carros pararam, cerca de oito traficantes desceram deles, todos munidos de metralhadoras e outras armas de grosso calibre.

Sem perder mais tempo, Bob deu o comando e abriu fogo contra os traficantes.

Conseguiram matar quatro deles, porém os outros perceberam onde vieram os disparos e se protegeram com os veículos, começando a revidar os tiros contra o prédio.

XXX

Cristian e Lorena tinham chegado ao andar térreo da casa.

Tinham que localizar onde o West estava, podiam sentir que estavam perto, entretanto, nesse momento, ouviram tiros do exterior.

Cristian tentou contatar os outros e nesse instante se apercebeu que sua escuta não estava funcionando.

— Merda – disse, sussurrando para Lorena – como não percebemos que nossa escuta não está funcionando?

— O problema não é a escuta, é essa casa – disse Lorena – ela pode ter um bloqueador de sinal. Estamos sozinhos agora, espero que eles fiquem bem.

XXX

O tiroteio continuava.

Bob continuava a alvejar os traficantes com tiros, tentando acertá-los.

Os outros também se empenhavam ao máximo para eliminar a ameaça, porém todos estavam com pouca munição, e estariam mortos caso ficassem sem nada.

Tales nunca gostara de usar armas de fogo, sempre preferiu planos pacíficos, onde a inteligência poderia superar a força física; ele estava se esforçando para pensar em um plano para tirá-los dessa enrascada.

Finalmente, após pensar por mais alguns instantes, ela veio.

— Escutem, nós temos que sair daqui, nossa munição está acabando e o Vinicius está ferido.

— Como vamos sair com esses caras atirando em nós, Genio? – perguntou Bob rispido.

— Vamos sair com inteligência, senhor policial. – disse com certo sarcasmo na voz – Agora, nós temos a escuridão do nosso lado, esse prédio não tem iluminação, se nós sairmos por lá – disse apontando para direção – nós conseguiremos dar a volta e pegar os caras.

Não foi preciso mais nenhuma palavra, todos seguiram por onde Tales indicou e, ainda receosos claro, mas ao verem que nenhum tiro foi disparado em direção a eles, todos se acalmaram e correram para parar os traficantes.

Os quatros não se importaram com a ausência de tiros do lado inimigo, continuaram a atirar com ímpeto, entretanto isso não durou muito, logo os quatros caíram mortos no chão, cada um abatido com uma bala.

Bob olhou para casa de West, - “estamos perto, temos que entrar lá agora” – ele pegou uma das armas dos traficantes mortos, adicionou munição e com uma determinação no seu olhar, seguiu em direção à casa.

Sem tempo a perder, Thabata também pegou uma arma e disse para Tales:

— Vocês fiquem aqui – engatilhou a metralhadora – eu vou com Bob e voltaremos logo, fiquem escondidos e matem qualquer pessoa que se aproximar. – finalizou com uma piscadela para os dois.

XXX

— Vem vindo alguém – sussurrou Lorena.

Mais que depressa ela e Cristian se esconderam.

Do alto da escada vislumbraram a figura de Carl West.

Ele continuou descendo a escada lentamente, com uma expressão indecifrável no olhar e um meio sorriso no rosto. Era como se nada estivesse errado.

Lorena estava contemplando a figura odiosa à sua frente, estava pronta para acabar com o sorrisinho prepotente em seu rosto, mas foi naquele momento que tudo deu errado.


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Notas finais do capítulo

O que será que aconteceu? Será que Lorena e Cristian vão conseguir escapar?

Aguardem até o próximo capitulo! Obrigado a todos que estão acompanhando.



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