Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 6
Descobrindo certas verdades


Notas iniciais do capítulo

Trago aqui o capitulo 6

Boa Leitura!



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— Muito bem, - começou Cristian. – me digam quem é esse cara que traiu vocês?

Antes que eles pudessem responder, Bob apareceu na sala.

— Cristian, venha aqui fora, por favor!

— Ok, estou indo. – falou e antes de sair, olhou para os novos “parceiros” -  Já volto.

Cristian deixou a sala, e logo se encontrou com Bob, porém ele não estava só, junto estava o comandante Winter com uma cara não muito amistosa.

— O que estava fazendo Hayes? – perguntou de modo autoritário.

— Estava conversando com eles – respondeu simples.

— Isso eu já percebi, o que eu quero saber é quem lhe deu autorização para isso. E o que você espera conseguir com isso, sendo que eu já tinha tentado antes e não havia conseguido nada? Eles não querem nos ajudar. – respondeu furioso.

— Eu simplesmente não podia desistir assim tão fácil, comandante. Estamos há meses tentando pegar esses caras e nunca conseguimos nem uma única pista. Sem eles, meu filho está perdido. – gritou. - Eles podem nos ajudar a pegar o chefe deles, e acredite, eles querem ajudar comandante.

— Sei bem o que eles querem. – retrucou Winter ácido. – Eles querem que em troca da ajuda, lhes demos o perdão judicial e isso eu não estou disposto a aceitar. – bradou enfurecido.

— Realmente foi esse o acordo que eu fiz com eles. Não me importo com o que eles tenham feito, se nos ajudarem a prender esse cara, desmanchar uma rede de tráfico de drogas e recuperar meu filho, eles merecem ser perdoados e farei todo o possível para que isso aconteça.

Winter mirou Cristian com incrédulidade no olhar. Simplesmente não podia acreditar no que estava ouvindo.

— Se isso for uma piada Hayes, saiba que ela é extremamente sem graça. – disse duro.

— Não é uma piada, fiz esse acordo com eles, e se você quer saber, já poderia estar coletando informações com eles agora se não estivesse aqui perdendo meu tempo falando com você! –respondeu Cristian com fúria.

— Escute muito bem o que vou falar Hayes, você está fora desse caso! – berrou.

Cristian tentou avançar contra Winter porém foi impedido por Bob.

— Eu não irei ficar parado enquanto meu filho está perdido, não irei! – urrou descontrolado se soltando do aperto de Bob.

— Você não está raciocinando. Se envolver nesse caso você só irá atrapalhar! – ditou winter friamente – Deixe que eu mesmo irei conduzir as investigações e irei encontrar seu filho. Tenha mais um pouco de bom senso e pare de agir como uma criança descontrolada!

— Eu não irei me afastar desse caso! É a minha familia que está em risco e não vou descansar até que eu tenha acabado com esses caras e ter meu filho comigo, e se tiver que dar a eles o perdão judicial para ter o Kevin de volta, nada me impedirá. – retrucou com raiva.- E realmente não espero que você me entenda, Winter, afinal você é sozinho, não tem filhos e nem esposa, não sabe o quão forte pode ser esse amor e nem do que um pai é capaz de fazer para proteger seu filho.

Cristian tinha ultrapassado o limite do autocontrole de Winter com suas palavras, não viu quando um soco fortíssimo do comandante atingiu seu rosto, estava para revidar, mas foi impedido novamente por Bob, que estava acompanhando a discussão meio atônito.

— Você está suspenso por 3 semanas Hayes. Sou seu superior, agora vá para casa e espere, não apareça aqui, caso contrário terei que tomar medidas mais severas para sua insubordinação. – Winter disse de modo frio e indo em direção à sua sala.

Cristian fechou seus punhos com força, estava desesperado, não podia ficar parado, tinha que continuar a investigar, não iria acatar essa ordem. “Que se dane esse comandante”, pensou.

— Cristian fique calmo amigo. – disse Bob com a mão em seu ombro.

— Como espera que eu fique calmo Bob, Winter não tinha o direito de me tirar desse caso, é minha família que está em perigo e ele quer que eu fique parado e que espere para ele resolver isso? Ele não vai conseguir nada sem eles. – falou com ferocidade.

— Cris, ele tem razão, você está deixando que suas emoções ocultem sua razão, isso não vai ajudar a ninguém, descanse uns dias, e eu te prometo que te aviso de todo e qualquer progresso que tivermos.

Cristian ia continuar a discussão, mas foi impedido pela chegada de dois agentes, Aron Black e Owen Ross.

Ambos detestavam Cristian e seu grupinho, sempre acharam eles uns bajuladores e idiotas, que não mereciam toda a atenção que recebiam do comandante. Ambos estavam sorrindo, tinham ouvido a discussão e estavam exuberantes pela suspensão de Cristian.

— Hayes, Lincher, como estão? – perguntou Ross com sua voz sarcástica, acompanhado da gargalhada de Black.

Bob os encarou com ferocidade, também detestava esses dois, e muitas vezes já tiveram sérias discussões, tudo porque eles eram invejosos e não tinham o talento e o respeito que seu grupo conquistou. Cristian estava para começar uma discussão, porém Bob o impediu.

— Não ligue Cris – disse com desdém evidente em sua voz – eles só querem nos provocar.

Black e Ross olharam com divertimento e satisfação.

— O que vocês querem? – perguntou Cristian.

— Viemos levar os marginais para o presídio, o juiz expediu a ordem e nos mandou levá-los agora mesmo. – disse Ross.

— É uma pena, não Hayes? – emendou Black – Eles eram os únicos que podiam te ajudar a achar o seu filhinho, mas agora você está suspenso e eles vão apodrecer na cadeia, então boa sorte para encontrar seu filho, talvez você consiga o corpo dele de volta! – concluiu gargalhando.

Cristian esqueceu totalmente do conselho sobre ignorar os dois encrenqueiros e partiu para cima de Black.

— Seu desgraçado. Maldito filho da puta! – gritou Cristian socando-o na cara repetidas vezes.

Seu parceiro até tentou ajudá-lo, mas antes de fazer qualquer coisa,  já estava no chão devido ao soco que levou de Bob, que teve que segurar o amigo novamente para evitar que ele destruísse o rosto de Black.

— Vocês vão se arrepender por isso – disse Ross com ódio no olhar – vou acabar com vocês, esperem só, o dia de vocês vai chegar.

Cristian quis avançar outra vez contra eles, mas Bob o forçou a sair dali.

— Cara, você ficou maluco? Quer se meter em mais problemas com Winter? – perguntou indignado. – Você tem que se controlar, eu imagino o que deve estar sentindo, porém não permita que o desespero e a culpa tirem o seu controle.

— Eu não aguento mais isso!  - disse com lágrimas nos olhos. – Eu falhei, não cumpri minha promessa, deixei que eles levassem meu único filho e...

— Eu já te falei, você não tem culpa de absolutamente nada! Você é um excelente pai. – disse, abraçando Cristian – Nós iremos encontrá-lo.

Black e Ross estavam no banheiro limpando os vestígios de sangue na face. Cris e Bob tinham lhes dado uma boa surra, e o ódio que sentia por eles aumentava a cada instante.

— Maldito! – bradou Black. – Ele vai me pagar por isso, não vou deixar isso assim.

— Relaxa, cara! Você terá sua vingança daqui a pouco. – disse Ross sorrindo. – Sem aqueles bandidos, o FBI não tem nada para encontrá-los. E quem sabe na hora que a serventia do Hayes acabar, o chefe não nos faz o favor e mata esse desgraçado de uma vez?

— Espero mesmo, porque se ele não se livrar do Cristian eu mesmo farei isso! – informou terminando de limpar os ferimentos. – Agora, vamos acabar de uma vez com aqueles desgraçados.

— Mal posso esperar para poder dar um fim neles. – confirmou Ross e sairam do banheiro.

O que não esperavam era que Luiws estivesse em um dos boxes ouvindo toda a conversa deles.

Rapidamente mandou uma mensagem para Bob.

Cristian estava recolhendo seus pertences no gabinete e Bob estava ajudando-o. Logo, chegou uma mensagem em seu celular. Ao conferir o número, viu que se tratava de Luiws, e o conteúdo o deixou realmente perturbado.

— Cristian, olha isso! – ditou entregando-lhe o celular.

— Malditos! – bradou furioso, após ler a mensagem. – Temos que fazer alguma coisa, não podemos deixar isso acontecer!

— O que poderemos fazer? – perguntou Bob.

— Acho que eu sei o que fazer, mas... – parou com o discurso e olhou para Bob; e o amigo sabia que toda vez que Cris o olhava daquela maneira, alguma coisa maluca e perigosa ele estava prestes a fazer.

— Fuck! Toda vez que você me olha desse jeito, alguma idiotice você está tramando! – falou sério.

Cristian sorriu.

— Preciso que você vá na van junto com eles e impeça Black e Ross de matá-los.

— Como você espera que eu consiga fazer isso? – indagou.

— Bom, deve ir alguém com eles no carro, você precisa descobrir quem é e deixá-lo fora de circulação por algumas horas.

— Nossa, você falando assim até parece que é a coisa mais fácil do mundo. – resmungou irritado.

— Você irá me ajudar ou vai ficar aí resmungando? – questinou Cristian.

— Claro que irei te ajudar! – respondeu Bob por fim. – Mas temos uma questão para esclarecer!

— Pode falar! – incentivou Cristian.

— Se, de fato, conseguirmos salvar os bandidos, o que iremos fazer com eles? Não poderemos mais deixá-los presos aqui.

— Acho que devemos nos preocupar primeiramente em salvá-los, depois resolvemos essa questão! – respondeu Cris sério.

— Você não está pensando em deixá-los em liberdade, está?

— Bob, realmente não pensei sobre isso. Por favor, vê se você consegue fazer o que eu te pedi. Sim?

Ele se deu por vencido e saiu do gabinete.

Black e Ross seguiram para a sala de interrogatório onde estava Vinicius e seus amigos esperando.

Ao entrarem, Lorena reconheceu o policial que os estava encarando.

Os dois mandaram que os quatro ficassem de pé.

— Chegou a hora, marginais, vamos levar vocês daqui.  – disse Ross.

— Não tentem nenhuma gracinha, senão vai ser a última coisa que vão fazer. – disse Black engatilhando sua arma.

— Abaixe isso, Black – falou Ross tranquilamente – temos ordens de levá-los até o presídio. – completou com uma expressão divertida no rosto.

Lorena não estava gostando nada disso, estava novamente com um mal pressentimento, esses dois eram demasiados suspeitos, sempre os encarando com um brilho estranho no rosto, quase com um desejo de matá-los.

Eles foram levados sem resistência até uma van que estava estacionada e, sem cuidado nenhum, foram jogados dentro dela.

Black sorriu e disse ao parceiro:

— Mal vejo a hora de apagar esses miseráveis. Mullins vai ficar satisfeito quando mandarmos só os pedaços para ele – disse cruel.

Ross sorriu e concordou com um aceno. Entraram na van e partiram para a execução dos bandidos.

Em meio à excitação, não perceberam que eram seguidos por um Fusion preto, que seguia a uma distancia segura da van, não deixando que ambos o notassem.

Dentro da van, Vinicius, Lorena, Tales e Thabata estavam sentados desconfortavelmente, ainda algemados. A estrada era bastante irregular e a cada obstáculo, os quatro eram sacudidos violentamente.

Junto com eles havia um guarda, era impossível ver seu rosto uma vez que estava com capacete, mas a arma de grosso calibre era bem visível.

A cada quilômetro que percorriam, a tensão dos prisioneiros aumentava, a expectativa de Ross e Black crescia. Estavam chegando.

Após mais uma meia hora chegaram ao local, era bem afastado de qualquer civilização.

Ao ver que a Van parou mais adiante, o Fusion parou a vários metros e continuou observando o que acontecia.

Ross e Black abriram a traseira da van e retiraram os quatro prisioneiros sem qualquer cuidado; chutaram suas pernas para que se ajoelhassem na frente deles.

O Guarda na van olhava tudo sem esboçar qualquer reação, enquanto ambos engatilhavam as armas com sorrisos maniacos na face.

— Se vocês nos matarem, vão estar em sérios problemas – disse Lorena meio desesperada – as ordens do juiz é para que nos mande ao presídio, como vai explicar que nós quatro fomos assassinados?

Ambos os agentes riram da morena e Ross se abaixou para ficar cara a cara com ela. Puxou seus cabelos com violência.

— Já temos tudo planejado, sua vadia imunda e mais... estamos apenas fazendo um favor para o chefe - disse divertido e dando uma lambida no pescoço dela – não se preocupe, vamos liquidar vocês rapidamente, talvez nem vá doer, lindinha. – concluiu com cinismo.

— Foi o Mullins que mandou vocês nos matarem, não foi? – perguntou Tales

— A essa altura achei que isso estivesse claro, seu idiota – falou Black dando-lhe um chute no rosto.

— Bem, chega de enrolação Ross, vamos fazer isso logo! – disse engatilhando sua arma e olhando para Black que também engatilhou a sua.

Os quatro jovens ajoelhados estavam desesperados agora, não havia mais esperança, ninguém viria salvá-los das garras frias da morte, o ódio por Mullins cresceu se é que isso era possível e tudo o que fizeram foi fechar os olhos e esperar pelo fim.

Ambos os agentes olharam para eles com desprezo e, com um sorriso cruel em seus lábios; se prepararam para atirar, mas antes que o gatilho fosse puxado, dois tiros foram ouvidos.

Ross e Black caíram no chão, mortos com dois tiros certeiros na garganta.

Lorena abriu os olhos e viu os dois agentes mortos em meio de uma grande poça de sangue, não sabia quem tinha atirado nos policias, mas ela seria eternamente agradecida.

Foi tirada de seus pensamentos quando o guarda da van abriu suas algemas e a de seus companheiros.

— Porque nos ajudou? - perguntou ao guarda.

— Não se iludam, não fiz isso para ajudá-los. – revelou Bob retirando o capacete e encarando-os duramente. – Apenas quis ajudar um amigo!

Em seguida, o Fusion que os seguia estacionou proximo a eles e o motorista desceu.

Cristian estava com uma expressão aliviada em seu rosto.

— Vocês estão bem? – perguntou ajudando-os a se levantar.

— Sim. – responderam os quatro.

— Ótimo – continuou Cristian -  temos que sair logo daqui, antes que alguém nos veja.

— É verdade Cris, – concordou Bob – Mas, voltamos à questão, onde eles vão ficar? Ou você pretende deixar esses marginais em liberdade?

Os quatro encaram Bob com raiva.

Cristian não sabia o que iriam fazer agora! Sua prioridade era salvá-los. Mas daqui a algumas horas, iriam notar que eles não haviam chegado no presídio e que também uma van do FBI e dois agentes haviam desaparecido. Não tinha outra solução.

— Eles vão ficar na minha casa. – disse Cristian surpreendendo a todos – Ficarei na casa dos meus pais e eles podem ficar lá, ninguém irá procurá-los lá.

— Cristian, você ficou louco? – perguntou Bob raivoso. – Uma coisa é fazer um acordo com criminosos e outra bem diferente é abrigá-los em sua casa. E se eles estiverem mentindo sobre terem sido triados pelo chefe? E se eles estiverem apenas recolhendo informações sobre nós para depois nos matar e voltarem para o gurpinho de marginais? Você não consegue pensar nas consequências que seus atos podem ter? – questionou exaltado.

Os quatro fuzilaram Bob com o olhar novamente.

— Bob... – Cristian ia retrucar, mas foi interrompido por Lorena.

— Escuta seu policial de merda - gritou exaltada se aproximando de Bob – Nós não pedimos para você nos salvar, e outra, nós só queremos pegar nosso antigo chefe e fazer ele pagar por ter tentado nos matar! E se você quer saber, não precisamos da sua ajuda.

— Lorena tem razão! – disse Vinicius. – Podemos encontrar Mullins sozinhos, já vocês...

— Escutem aqui seus... – começou Bob.

— Chega! – Cristian berrou, atraindo atenção de todos! – Podemos resolver nossas diferenças depois, o mais importante agora é sairmos daqui.

— Tudo bem – disse Bob – você tem razão.

— Esperem, o que vocês vão fazer com os corpos e a van? – perguntou Tales.

— Nós já temos tudo planejado. Esses dois – olhou com desdém para os corpos de seus antigos desafetos – vão ficar aí porque do jeito que está parece que foram vítimas de uma emboscada. O guarda que estava na van os matou e libertou vocês e todos fugiram, e – hesitou ao continuar - vocês vão ser considerados foragidos e terão que ter muita cautela. Agora vamos logo sair daqui.

Todos entraram no carro de Cristian e seguiram para sua casa.

xxx

Em Boston, Mullins estava furioso.

O motivo?

Não tinha conseguido passagens para Los Angeles naquele dia, segundo as companhias aéreas, os voos foram cancelados por “problemas meteorológicos”, pensava com raiva, ao voltar para o hotel em que estava hospedado.

Com certeza isso iria atrasar o seu plano, tinham que pegar o último componente rápido, antes que ele fosse levado para outro local. Tinham apenas dois dias para pegá-lo.

No entanto, esse era o menor dos seus problemas. Os papéis que conseguira com John, tinham lhe confirmado uma informação que desconfiava.

Para concluir o artefato precisaria de um serial que se encontrava na sede FBI de Nova Iorque.

Seus companheiros ficaram exaltados ao descobrirem sobre isso e começaram a tentar bolar planos cada vez mais estúpidos. Mullins por sua vez, estava tranquilo, sabia o que deveria fazer, já tinha tudo cuidadosamente planejado. Logo, o serial estaria em suas mão.  

Foi tirado de seus pensamentos quando o telefone começou a tocar; era um de seus empregados pedindo para que ele fosse até à casa.

Após desligar a chamada, Mullins respirou fundo e se levantou indo em direção à porta. Antes de sair, pegou um casaco e saiu do apartamento sorrindo.

Depois de algum tempo, Mullins apareceu na casa e se deparou com uma cena um tanto inusitada.

Smith e Rojas estavam vendo desenho animado com Kevin. Embora o garoto ainda estivesse assustado com o ambiente e as pessoas, não o impedia de apreciar o desenho.

Natasha assim que percebeu a presença de Mullins já foi logo falando:

— Senhor, por favor não me deixe cuidando desse pirralho, sabe que não suporto crianças, me deixe ir para Los Angeles com os outros, deixe a Kimi com o garoto, ela tem ma...

Natasha se calou antes de completar a sentença devido ao olhar perigoso que Mullins lhe lançava.

— Já lhe disse, Natasha, você não é necessária em Los Angeles, vai ficar aqui com o garoto e chega desse assunto, senão você irá se arrepender – disse perigosamente - e outra, porque o garoto está assistindo desenhos na sala?

— Ele não parava de chorar e de chamar pelo pai. Falei para Smith e Rojas distraírem o moleque, para ver se ele dava um pouco de paz a todos – disse convencida de que estava certa.

Mullins avaliou bem a mulher e em seguida lhe deu um tapa na face.

— Sua idiota – disse com uma fúria contida em cada palavra e e com um brilho maligno no olhar – como você pode ser tão burra a ponto de deixar o garoto ver televisão?

Natasha estava atônita, nunca tinha imaginado que seu amado chefe a bateria; ela abriu a boca para falar, mas Mullis falou antes:

— Calada, pegue o garoto e leve para o quarto e não deixe que ele saia de lá, ele não pode me ver, e se você tiver alguma outra ideia brilhante, esqueça, a não ser que você queira estar com seus outros amiguinhos no inferno também.

Natasha saiu e foi cumprir as ordens do chefe com lágrimas em seus olhos.

XXX

A viagem até à casa de Cristian foi um tanto demorada e desconfortável, uma vez que os quatro tiveram que se espremer no banco traseiro, mas fora esse pequeno incômodo, foi uma viagem tranquila.

O bairro onde Cristian residia era um pouco diferente comparado ao de seus pais. Lá não existia muita uniformidade, existiam casas de várias cores, tamanhos e formatos, algumas muito bem cuidadas e outras em estado mais descuidado. Entretanto era um bom lugar, havia algumas árvores e aparentava ser um local tranquilo para se viver.

O Fusion parou em frente a uma casa razoavelmente grande, com muros amarelos e portão branco eletrônico, que se abriu quando Cristian acionou o controle.

Ao entrarem, Cristian pediu para esperarem até o portão se fechar, para evitar que algum vizinho visse que estava com mais pessoas.

Após isso, desceram do carro e Cris abriu a casa, os convidando a entrar.

A casa tinha dois andares, no térreo tinha a sala, cozinha, a área de serviço, e um banheiro. No andar de cima ficavam os três quartos e um banheiro.

Era uma casa boa e confortável.

— Aqui vocês vão ficar seguros – disse aos quatro novos aliados – se vocês quiserem, podem tomar um banho, vou pegar umas toalhas para vocês e ver se tem alguma roupa também. – concluiu saindo da sala.

Assim que Cristian saiu da sala, o clima ficou tenso.

Bob estava incomodado com a presença de Lorena e seus amigos cujas intenções ele ainda desconfiava, em contrapartida, eles estavam desconfortáveis por estarem na casa de um policial.

Bob foi até o corredor para verificar se Cristian estava vindo. Ao ver que não, ele voltou-se para os outros ocupantes da sala com expressão nada amistosa.

— Vamos nos entender: eu não confio em vocês, não acredito nem um pouco nessa história que contaram sobre a bomba e nem que esse tal de Mullins os tenha deixado para morrer. No entanto, Cristian é meu melhor amigo e ele realmente acredita que vocês são de confiança, mas me permitam deixar claro que se fizerem alguma coisa contra ele, eu mesmo irei atrás de vocês e acabarei com suas vidas miseráveis. Entenderam? – concluiu rispidamente.

Lorena e Vinicius não eram de se deixar intimidar, encararam Bob com despreso e desafio. Tales e Thabata ficaram um pouco assustados com o discurso inflamado do agente e encaravam ele com medo.

— Poupe suas ameaças, policial, nós odiamos nosso antigo chefe e queremos que ele pague por ter nos traído, então estamos do mesmo lado. – finalizou Lorena.

Bob deu uma gargalhada puramente cínica.

— A única coisa que move vocês é o desejo de vingança, se nunca tivessem sido deixados para trás, ainda estariam com ele não é mesmo? Isso é o que me preocupa, a rapidez com que mudam de lado.

Antes que algum deles respondesse, Cristian retornou à sala com algumas toalhas e ele percebeu o clima tenso que estava entre Bob e os outros.

Ao entregar as toalhas, Lorena e Thabata foram tomar banho, enquanto os garotos se sentaram e esperaram na sala.

Cris e Bob foram para a cozinha.

— O que estava acontecendo lá? – perguntou

— Apenas estava esclarecendo alguns pontos e também deixei-os cientes que estou de olho nas ações deles.

— Você realmente não consegue pensar neles de outra forma? Só enxerga eles como assassinos?

— É dificil não pensar neles dessa forma, não depois daquela bomba. Nós dois podiamos ter morrido!

—Mas não morremos, eu realmente acho que eles querem nos ajudar, tente dar uma chance a eles.

— Prometo que vou tentar, mas eu realmente fico preocupado. Eles só estão nos ajudando para se vingar do chefe, esse sentimento é muito perigoso.

Cristian colocou a mão no ombro de Bob como um sinal de apoio.

— Eu também estou preocupado, mas vou confiar neles, tenho certeza que eles não estão mentindo.

Bob assentiu e começou a ajudá-lo a preparar algo para comerem.

Momentos depois estavam todos sentados na cozinha comendo uns sanduiches de creme de amendoim com geleia.

Lorena e os outros estavam famintos e comeram sem se importarem com boas maneiras.

Ao término da refeição, para surpresa de Bob e Cris, Lorena e Thabata recolheram a mesa e lavaram as louças sujas.

Finalmente, após terem lavado e secado as louças, todos estavam novamente reunidos, e a ansiedade de Cristian era notável.

— Bem, por onde querem começar? – perguntou Vinicius.

— Pelo começo – disse Bob – quem é o chefe de vocês?

— O nome do cretino é Steven Mullins – disse Lorena com a voz carregada de raiva – ele é ou era o dono da maior favela de Nova Iorque.

— Vocês sabem para onde ele foi? O que ele quer com meu filho?  - perguntou rapidamente Cristian.

— Bem, ele não fica muito tempo no mesmo lugar. Quando estávamos trabalhando com ele, nos mudávamos constantemente. Ele não ficava em casebres decadentes, sempre ficava hospedado em hotéis e, na maioria das vezes, eram hotéis de luxo.

— Faz sentido, o local mais óbvio para se procurar por um bandido seria nas periferias da cidade, nunca procuraríamos um criminoso em um hotel luxuoso. Vocês eram os únicos capangas dele ou tem mais bandidos com eles? -  perguntou Bob com certa rispidez.

— Ele tinha oito subordinados fixos, que éramos nós quatro e mais outros que provavelmente devem estar com ele agora. – disse Thabata - Sempre que ele precisava de mais pessoas, ele pegava uns traficantes, que na opinião dele, se recebessem fariam qualquer coisa, e depois ele poderia descartá-los sem importância.

— E para onde ele está indo agora? – tornou a perguntar Cristian.

— Não sabemos,  - disse Lorena com uma voz mais suave – Ontem ele nos mandou instalar o artefato no galpão e depois voltar para o hotel para aguardar novas ordens.

Desapontamento, esse foi o sentimento que Cristian sentiu quando recebeu essa informação.

Bob se levantou alterado e logo disparou fuzilando os quatro com o olhar.

— Eles são inúteis para nós Hayes, em que eles podem nos ajudar? Não sabem onde o maldito está!

— Calma Bob, só porque eles não sabem onde esse tal de Mullins está, não significa que eles sejam inúteis, podem ter outras informações. – disse Cristian calmamente.

Realmente Cristian estava lutando para acreditar nas próprias palavras, seu lado racional concordava com tudo que Bob dizia, mas deveria coletar mais informações, descobrir mais sobre o seu inimigo.


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Notas finais do capítulo

A história está ficando boa... Daqui pra frente vai ter ainda mais ação.

Até o próximo!



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