Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 26
Estranhos fragmentos de felicidade


Notas iniciais do capítulo

Oi galera tudo bem? Esses últimos dias foram exaustivos demais, passei o fim de semana estudando, mas felizmente minhas provas acabam amanhã.
Mas deixando isso de lado, temos aqui o capitulo 26. Se preparem, pois o final está próximo.

Boa Leitura!



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Deixando Ross em uma das celas, Luis retornou para a sala de Winter. O clima estava tenso!

Winter tentava assimilar tudo que Alex e Bob lhe contavam, porém ainda não confiava cem por cento na história.

— Comandante o que mais você precisa saber para se convencer que tudo o que aconteceu nas últimas semanas foi a mando do Eric? – perguntou Bob, cansado daquela desconfiança – O que mais você precisa para acreditar em nós?

— Provas! – ditou ríspido. – Até agora, tudo que vocês me falaram foram palavras. Não tem nada além de especulações. Preciso de provas físicas.

Bob colocou as mãos sobre o rosto frustado. Estava difícil se controlar.

Luiws estava observando tudo em silêncio, mas resolveu intervir.

— Comandante, eu ouvi alguns boatos que um homem invadiu uma casa e tentou matar o morador. A vítima conseguiu fugir e acionou a polícia. Na fuga, esse homem matou quatro policiais e ainda explodiu uma viatura.

Winter olhou para Luiws, com uma expressão meio que “ e daí, que isso tem a ver?”

— Os agentes que estavam discutindo sobre o caso, falaram ainda que o bandido chamava-se Eric Hayes, que todos acreditavam que estava morto há anos.

— Eu estava lendo o relatório quando vocês chegaram. – começou o Winter. – Meus melhores agentes estão tentando capturá-lo.

Alex interrompeu.

— Eric escapou? – indagou indignado. – Como deixaram que ele escapasse, ele estava desarmado...

— O que o senhor sabe sobre isso? – Winter perguntou, desconfiado.

— Eric foi até minha casa. – revelou triste. – Tivemos uma discussão e eu depois consegui imobilizá-lo, o deixando desacordado. Chamei a policia. Não entendo como ele fugiu.

Winter o encarou com os olhos arregalados.

— Para começar, por que ele foi até a sua casa? Imagino que não foi apenas para matar a saudade da família.

Alex deu um sorriso triste.

— Foi com a intenção de capturar novamente meu neto, Kevin, e recuperar as provas que inocentam Cristian dos crimes.

— Provas? Que provas são essas? – indagou confuso.

Alex virou-se para Bob meio zangado.

— Você ainda não entregou as provas para ele?

— Seu Alex, não tive tempo, quando saí da casa do senhor hoje de manhã, voltei para a minha. Queria tirar a Rebecca de lá e levá-la para um lugar seguro, mas antes que conseguissemos sair, um dos capangas de Eric apareceu e nos atacou. Para impedir que ele pegasse novamente as provas, mandei Rebecca fugir e fiquei lá enfrentando o bandido.

Alex ponderou por alguns instantes.

— Você fez o certo! Mas essa moça é de confiança? Ela está em um local seguro?

— Seu Alex, ela me mandou uma mensagem, está segura e os documentos também! – falou Luiws.

— Esperem aí! – berrou o comandante. – Não estou conseguindo entender absolutamente nada. Quero que me expliquem tudo, desde o começo e não omitam mais nenhum fato!

— Anos atrás, – começou Alex - eu mandei Eric para um clínica de reabilitação para que ele pudesse se livrar do vício de exctasy, poreé não deu muito certo. Ele fugiu da clínica e matou dois seguranças; depois ele se envolveu com tráfico de drogas e quando a quadrilha foi desfeita pela polícia, foi preso. Meses depois, recebemos a notícia que ele tinha sido morto num princípio de rebelião.

Winter o interrompeu.

— Você não fez nenhuma verificação para saber se era mesmo o seu filho?

— O corpo estava carbonizado! Somente encontraram um dente próximo ao corpo, e foi comprovado que era mesmo do Eric. No entanto, algumas semanas depois, minha esposa o viu rondando a nossa casa. No começo eu achei que ela estava imaginando coisas, porém para deixá-la mais tanquila, contratei um detetive particular, Ethan Silva.

— Ethan Silva? – falou com uma expressão assustada. – Lembro-me desse nome; anos atrás recebemos a denúncia do desaparecimento dele e dias depois encontramos somente a sua cabeça em um lixão, o restante do corpo nunca foi encontrado.

— Ele começou a investigar sobre o paradeiro de Eric e dias depois nos confirmou que ele estava vivo. Não me disse muita coisa, somente marcou de nos encontrar no dia seguinte já com tudo confirmado. No entanto, ele nunca apareceu, ao invés disso recebemos uma grande caixa rosa e redonda com uma fita vermelha na tampa. Ao abri-la, vimos a cabeça do detetive e uma carta de Eric, nos ameaçando.

— Todo esse tempo, você, sua esposa e o Cristian sabiam que Eric estava vivo e não denunciaram? – indagou furioso.

— Somente eu e minha esposa sabíamos! Escondemos a verdade de Cristian durante todos esses anos para evitar que ele sofresse.

Winter continuou a encarar o senhor com fúria.

— Então, foi você que jogou a cabeça de Ethan no lixão?

— Tecnicamente sim, joguei a caixa em um saco de lixo, os lixeiros recolheram e a jogaram no lixão.

— Eu deveria prendê-lo. – começou o comandante. – Você foi cúmplice do seu filho nesse assassinato.

— Não senhor! – se exaltou. – De que adiantaria eu ir até à policia contar toda essa história? Não havia nenhuma prova de que Eric tinha matado aquele homem. Todas as provas iriam se voltar contra mim e minha esposa. Fiz o que julguei que seria o certo, já que nunca mais tive qualquer notícia de Eric até semanas atrás.

— Estamos nos desviando do assunto principal! – ditou Bob.

Winter não lhe deu atenção.

XXX

Enquanto a discussão continuava a todo vapor, Ross estava na cela, aterrorizado.

Sem conseguir se controlar, começou a chorar copiosamente.

Tinha feito tudo aquilo para salvar a garota com quem estava se encontrando secretamente. Ela ainda era uma adolescente, tinha 16 anos, não podiam se encontrar com muita frequência, nem publicamente, mas ambos se amavam verdadeiramente.

Dois dias atrás, tinha ouvido uma conversa estranha de Eric no telefone, tinha ouvido o suficiente para perceber do que se tratava. Assim que ele desligou o telefone, Ross o confrontou. De repente, o garoto desengonçado havia se transformado em um homem frio e ameaçador. Tiveram uma discussão acalorada e Eric tinha jurado que se contasse alguma coisa, iria tirar o que mais amava.

Quando o expediente terminou, Ross foi se encontrar com a garota, estava tão ansioso para rever sua menina que nem se ligou que estava sendo seguido. Bannet viu tudo o que se passava e viu a sua grande oportunidade.

No dia seguinte, Eric foi até à sala dele e começou com as ameaças.

Mostrou uma gravação aterrorizante de sua garota sendo torturada, gritos, pedidos de socorro e chamando por ele.

Ross ficou desesperado e garantiu que faria qualquer coisa para que a deixassem em paz.

Sorrindo maliciosamente, Eric Bannet propôs que ele se passasse por informante de Mullins e conseguisse descobrir onde estavam os documentos que inocentavam Cristian. Se falhasse, seria o fim dela.

Naquela manhã, depois do suposto sequestro de Cristian, Eric abordou Ross e mudou suas ordens. Mandou-o ir até à casa de Bob e descobrir onde Cristian estava e também matar Stan.

Sem outra opção, ele fez tudo o que o outro lhe mandou, mas acabou preso por Adam quando estava quase conseguindo.

Permaneceu chorando por mais algum tempo até que a cela foi aberta e uma figura franzina com cabelos cor de fogo e muito desengonçado entrou em seu campo de visão.

— Ross, você agiu muito bem! – falou friamente.

— Eric, cumpri com a minha parte, disse toda a história que mandou, agora você e o Mullins cumpram com a parte de vocês, libertem-na e nos deixem em paz.

— Antes me diga exatamente tudo o que aconteceu na casa do negro. – disse com a voz fria.

— Quando eu cheguei, Stan estava desacordado e Bob estava com uma garota, logo eu reconheci que era uma das que participou da emboscada do galpão...

— Qual é o nome dela? – indagou ríspido.

— Lorena Thompson, se não me engano.

— Aquela vaca, como ela conseguiu chegar aqui? Segundo Mullins, ela estava em Los Angeles fugindo de Smith.

— Smith está morto! Ela confessou que o matou.

— Isso é perfeito! Agora que os dois capachos mais confiáveis de Mullins se foram, não faltará muito para que eu consiga me livrar dele.

— Libertem-na, por favor, você já conseguiu o que queria, nos deixem em paz

O rapaz começou a gargalhar cruelmente.

— Você é realmente muito idiota! Nunca pegamos sua puta adolescente, ela deve estar tranquilamente em casa a essas horas, talvez chorando e se perguntando o porquê de você a ter deixado. – finalizou gargalhando ainda mais.

Ross encarou o colega, incrédulo.

— O que você está dizendo?

— Você tem que ficar muito mais esperto, pegamos uma gravação de voz dela e fizemos uma pequena mudança e depois te mostrei, era apenas uma gravação, seu imbecil.

— Maldito! – berrou avançando contra ele, porém Eric sacou sua arma e atirou nele. Um tiro certeiro que fez com que Ross desabasse no chão morto.

— Adeus imbecil! – sorriu.

Momentos depois, outros agentes apareceram e viram Ross morto. Bannet estava com uma expressão assustada no rosto, suas mão permaneciam trêmulas e haviam lágrimas nos seus olhos.

Um dos agentes correu para ver se era possível ajudar Ross, mas não havia nada que pudessem fazer.

— Ele está morto! – ditou um dos agentes.

— E-eu n-não queria... e-eu, n-não era p-para ele ter mo-morrido. – Eric fingiu com muita convicção.

— O que veio fazer aqui, idiota? – gritou Adam, tomando a arma das suas mãos.

— Eu ouvi ele gemendo, achei que estava com dor ou algo assim, então abri a sela para tentar ajudá-lo.

— Você é uma perfeita besta! – urrou Adam. – Alguem vá chamar o comandante rápido! E você, - gritou apontando para Eric. – fique aqui e espere!

XXX

Na sala do comandante...

— Essa é toda a história. – disse Bob.

Bob contara tudo de que tinha conhecimento desde o sequestro de Kevin até o ocorrido em sua casa. Somente ocultara a fuga de Cris da prisão, porém, de resto, revelara absolutamente tudo, inclusive sobre a ajuda de Lorena Thompson.

Winter não esboçara nenhuma reação durante o relato. Agora nem ele podia negar que Eric Haeys era o grande vilão da história. Era certo que muitas vezes, os próprios agentes não tinham agido da melhor forma possível, no entanto, agora sabia o motivo de todas as atitudes e por incrível que parecesse, estava orgulhoso. Agora estava se sentindo levemente envergonhado por não ter confiado em seus melhores agentes.

De repente, alguém bate na porta.

— Entre!

— Comandante, temos um grande problema. – falou um agente moreno.

— O que aconteceu, Jones? – indagou preocupado.

— Adam Ross foi morto há poucos minutos por Eric Bannet. O garoto parece estar em choque.

— O quê? – gritou, levantando-se e saindo em direção às celas, seguido de perto por Alex, Bob e Luiws.

Viram Ross caído no chão ao lado de uma grande poça de sangue e Eric chorando de mãos tremendo.

— O que diabos houve aqui? – perguntou Winter meio chocado.

Banett continuou a chorar, parecia que não havia escutado seu chefe, por isso Adam Morris interviu.

— Aparentemente, Ross começou a fazer alguns barulhos deixando Banett preocupado, ele abriu a cela e, segundo ele, Ross o atacou, e então Eric atirou.

— Banett, venha à minha sala, agora! – chamou irritado.

Bob permaneceu encarando o corpo inerte de Ross. Por mais que o companheiro não merecesse, não pôde deixar de se sentir mal por ele.

Quando desviou o olhar, viu Luiws conversando ao telefone.

— Estava falando com a Rebecca, ela está vindo para cá com os documentos, já vamos deixar tudo acertado de uma vez.

— Tudo bem! – concordou cansado.

Quase uma hora depois, Rebecca chegou à sede. Trazia a pasta com todos os documentos e, ao ver Bob e Luiws, correu e os abraçou com lágrimas nos olhos.

— Graças a Deus vocês estão bem! – murmurou, enxugando as lágrimas.

— Ia precisar muito mais do que um homem fortão para me derrubar. – brincou Bob.

— Sei, você mesmo disse que se a outra garota não tivesse aparecido, o cara teria te quebrado todo. – zombou Luiws.

— Ninguém te perguntou nada! – retrucou e logo os três caíram na gargalhada.

Nesse momento, Banett surgiu cabisbaixo e com olhos vermelhos. Luiws deu um cutucão em Bob que automaticamente parou de rir e encarou a figura tristonha vindo ao seu encontro.

— Hey Eric, não fique assim, você tentou ajudá-lo e ele tentou te atacar. Não se sinta culpado. – disse Luiws amigavelmente.

— Tá bem! – murmurou sem olhar para o companheiro e saindo da sede.

Bob e os outros entraram no escritório do Winter e o viram com as mãos na cabeça e o semblante sério.

— Senhor, podemos falar-lhe rapidinho? – indagou Bob.

— O que foi agora? – perguntou cansado.

— Viemos apenas para deixar isso aqui para o senhor! – entregou-lhe a pasta – Aí tem todas as provas de que Cris é inocente.

— Mandarei isso para um juíz agora mesmo, acredito que amanhã, ele já esteja com a ficha limpa.

— Senhor, se puder mandar para a juíza Elizabeth Thatcher, seria o ideal. Foi ela que concedeu a autorização para exumar o corpo de West, pelo menos sei que não está ajudando o Eric.

— Tudo bem Luiws, mandarei para ela, ou melhor, - retirou o inquérito sobre Cristian e lhe entregou – Levem vocês para ela, a burrada que o Banett fez, vai dar um enorme trabalho para consertar.

— O que vai acontecer com ele? – perguntou

— Eu o demiti! E ele responderá por homícidio culposo. Não pude fazer mais nada para ajudá-lo.

— Comandante, iremos levar isso então para a juíza, qualquer coisa nos avise. –  disse Bob.

Após saírem da sede, Alex, Bob e os outros correram até o forum. Faltavam alguns minutos para o encerramento das atividades diárias, no entanto, conseguiram falar com a juíza. Após entregar-lhe todas as provas, ela pediu um prazo de dois dias para poder analisar os documentos.

Aliviados e felizes, seguiram para a casa protegida de Bob.

XXX

Quem não estava feliz ou aliviado era Mullins.

Os recentes fracassos que ele e seus capachos haviam cometido, custaram-lhe muito caro. Agora a polícia sabia que ele estava vivo, sabia de seus planos, e o pior, tudo o que tinha como garantia de sucesso, já era.

— Maldita Natasha! – gritou furioso.

Tudo isso tinha começado com a traição daquela garota; se ao menos tivesse atendido seu pedido em Boston para que Kimberly ficasse com o pirralho ao invés dela, talvez toda essa situação não estaria nessa droga.

Seu telefone começou a tocar.

— O que foi agora? – berrou furioso.

— Senhor é o Eric, tenho algumas notícias para o senhor.

— Desembucha de uma vez, seu inútil!

— Ross me disse que na casa do policial negro estava a Lorena...

— Aquela vaca maldita ainda está viva? Como isso é possível?

— Parece que ela enfrentou o Smith e o matou.

Mullins parou por instantes.

Smith sempre fora seu mais confiável ajudante, esteve com ele desde o início, agora havia perdido mais um homem. Não se importava com nenhum dos outros, Rojas, Kimberly, Tales, Thabata, Vinicius, Lorena e Natasha, tinha planejado eliminar todos eles quando terminasse o artefato, mas agora, se sentiu mais revoltado diante deste novo revés.

— Ainda está aí, senhor?— indagou preocupado com o súbito silêncio.

— Estou! Que mais tem para me falar? – perguntou ríspido.

— Stan também morreu. Ross o matou.

— Muito bem, livre-se dele! – ordenou. – Ele é perigoso, não podemos deixar pontas soltas.

— Já fiz isso, senhor! Matei o desgraçado há algumas horas.— ditou orgulhoso.

— Pelo menos uma vez na sua vida você fez alguma coisa certa! O problema é que não tenho mais nenhum homem de confiança para agir...

— O senhor tem a mim!

Mullins gargalhou.

— Você? Se contasse apenas com você estaria perdido! Vou pensar em alguma coisa e se precisar de você, te chamo. – encerrou a ligação.

Não conseguindo se controlar, começou a quebrar vários objetos: copos, pratos, virou mesas, arremessou cadeiras... um completo caos. Parecia que seu lado irracional tinha tomado o controle de seu corpo, queria ver sangue, destruição e morte, agora mais que nunca.

Teria que conseguir aquele serial custasse o que custasse e agora só restava uma opção: Um ataque à sede do FBI. Mataria quem se metesse em seu caminho.

XXX

O distrito de Belmar ficava a cerca de meia hora de Nova York, possuia cerca de 6 mil habitantes e era um local calmo e pacato.

Quase na saída da cidade, localizavam-se algumas casas elegantes onde raramente habitavam pessoas uma vez que os moradores só ocasionalmente iam para lá em busca de paz e tranquilidade, em fuga da correria e stress dos grandes centros populacionais.

No entanto, em uma dessas casas, havia uma movimentação um tanto suspeita há alguns dias. Pessoas começaram a entrar e a sair, porém isso não tinha o menor problema, pois as casas vizinhas estavam vazias.

Essa casa pertencia à familia Lincher e estava sendo usada como esconderijo de seu melhor amigo Cristian Hayes. No entanto, devido a acontecimentos recentes, ele não era o único a usá-la como refúgio.

Devido a aparição de Stan na casa de Bob, Rebecca Walters foi obrigada a se esconder lá com os documentos que inocentavam Cris.

Ao chegarem no endereço, Carol desceu do carro meio assustada e olhou para os lados apreensivamente para garantir que ninguém a vinha seguindo. Depois de constatar que estava sozinha, tocou à campainha.

Naquela hora, Rebecca e Cristian estavam no corredor.

— Fique aqui, eu irei ver quem é! – sussurou ela, indo em direção à porta. Depois, hesita.

“E se for algum capanga de Mullins que nos tenha encontrado? Como nos salvaremos?”

Dúvidas e mais dúvidas começaram a surgir em sua mente. O medo tomou conta dela, contudo, tentou se controlar e abriu um pouco o portão.

Deparou-se com uma senhora com o olhar aflito que aparentava ter uns 60 anos e atrás dela, estava um carro prata com a porta aberta.

— Posso ajudá-la? – perguntou Becky, insegura.

— Aqui é a casa de Bob Lincher? – perguntou com a voz trêmula.

— Sim! Quem é a senhora?

A mulher respirou um pouco mais aliviada.

— Meu nome é Carol Hayes, sou...

— A mãe de Cristian. – completou Rebecca.

— Exatamente! Bob me deu este endereço para podermos ficar aqui por uns dias.

— Ficarmos? – indagou um pouco confusa.

— Sim, eu meu marido e meu neto. – disse com a voz triste. – Meu esposo ficou para trás, disse que logo estaria aqui, mas tenho medo que Eric se tenha encontrado com ele.  – revelou, começando a chorar copiosamente.

— Fique calma, senhora. – pediu abrindo o portão. – Entre, por favor, eu coloco o carro da senhora aqui dentro.

— Obrigado! Desculpe, qual é o seu nome?

— Rebecca. Sou amiga do Bob há anos. – disse sorrindo. – Venha, eu vou guardar seu carro.

— Não precisa! Eu consigo e também, o Kevin está no carro e pode se assustar.

Ao mencionar o nome do filho do Cristian, ela arregalou os olhos.

— Desculpe, mas quem a senhora disse que está no carro?

— Meu neto, Kevin, filho do Cristian.

— Isso é impossivel! – ditou assustada. – Bob me disse que Mullins tinha sequestrado ele.

— É uma longa história, eu irei guardar o carro e depois prometo que te explicarei tudo. Como você é amiga de Bob, acho que é de confiança.

Rebecca assentiu.

Quando Carol terminou de guardar seu carro, Rebecca a ajudou a retirar as malas, enquanto a senhora pegava o neto no colo.

Ao olhar para o menino, Rebecca percebeu o quanto ele era parecido com o pai; Kevin estava encarando-a com desconfiança.

— Vamos entrar! – convidou. – Esperem um momento que eu já volto.

XXX

Cristian continuava escondido.

Alguns minutos depois, Rebecca retornou com uma expressão de choque em seu rosto.

— O que foi? Quem era? – indagou assustado.

— É melhor você ir na sala e ver por si mesmo. – falou ainda embasbacada.

Segurando a pasta com os documentos, Cristian tomou coragem e a seguiu.

Ao retornar à sala, Rebecca sorriu.

— Tem uma pessoa aqui comigo que tenho certeza que quer muito ver vocês!

Quando ele entrou, o coração disparou, as lágrimas começaram a cair sem que pudesse contê-las. Permaneceu encarando-os por longos minutos, tentando convencer-se a si próprio que o que via não era uma ilusão, que eles realmente estavam lá, sua mãe e seu filho.

Quando Carol o viu, colocou as mãos na boca e instantaneamente começou a chorar.

Já Kevin, abriu um grande sorriso e saiu correndo até ele.

Recuperando do choque, Cristian foi ao seu encontro.

Parecia cena de filme, um correndo em direção ao outro.

Cristian se ajoelhou com os braços abertos e finalmente se tocaram.

Kevin o abraçou com força e ele deixou as lágrimas rolarem de seus olhos. Finalmente estava com seu tesouro.

— Meu filho! – disse emocionado.

— Papai, tava com muita, muita saudade de você! Por favor, nunca mais me deixe sozinho.

— Eu nunca mais vou fazer isso, meu amor, prometo! – falou, distribuindo diversos beijos no rostinho dele.

— Você ta diferente papai. – falou, olhando para seu rosto.

— Eu pintei o cabelo, gostou?

— Não! Você fica mais bonito com os cabelos cor de sol, igual eu. – disse sorrindo.

Cristian riu e novamente o abraçou.

Após alguns minutos, ele se levantou com Kevin em seus braços e se aproximou da mãe que ainda chorava.

— Tudo bem, mãe? – indagou, fazendo um carinho em seu rosto.

— Meu filho. – soluçou, abraçando-o fortemente.

Durante esse reencontro emocionante, o telefone de Rebecca começou a tocar. Viu que se tratava do número de Luiws.

— Luiws, que bom que você me ligou, o que aconteceu? O Bob está bem? – perguntou aflita.

— Calma Becky, uma pergunta por vez! Estamos todos bem, cheguei a tempo de ajudar o Bob, ele só está com umas escoriações, mas nada sério.

— Graças a Deus! – disse aliviada.

— Estou te ligando porque preciso que você venha até o FBI com as provas do Cristian, vamos terminar com toda essa história ainda hoje.

— Claro, estou indo para aí! Beijos.

— Estamos te esperando, outro beijo.— encerrou a ligação.

Ela se voltou para os outros.

— Estou muito feliz por terem se reencontrado, mas o Luiws me ligou, precisam que eu leve os papéis da pasta para o comandante.

— Eu vou junto! – disse ele.

— Cristian é melhor não. Para o comandante você foi sequestrado e ninguém sabe onde você está. Se você aparecer assim do nada, podem começar a desconfiar que foi Bob quem armou tudo isso.

— Você tem razão, vou ficar aqui e curtir mais meu filhote. – respondeu sorrindo.

XXX

Donald Federhen, descendente inglês, tinha 30 anos, olhos azuis, cabelos castanhos e 1,88 de altura. Trajava vestes comuns, jeans, camiseta polo e um ténis, tudo roupas de marca. Estava retornando a casa após West fugir da favela. Tinha sido escolhido por Mullins para comandar seus negócios no morro.

Com a expressa autorização de Mullins, se apoderou da antiga mansão de West e em poucos dias, a remodelou. Consertou portas quebradas, janelas, refez a pintura do imóvel, trocou o carpete que tinha várias manchas de sangue… enfim, deixou a casa como nova.

E agora os negócios estavam voltando ao normal, já tinham mercadorias, novos vendedores e o principal – mais consumidores.

Donald teve um dia bastante atarefado. Supervisionou a chegada de novas matérias primas, produtos prontos para consumo, conferiu as finanças, pagou a alguns traficantes e foi receber de outros.

No fim da tarde, estava bastante cansado, somente queria chegar em casa, tomar um banho relaxante e esquecer tudo até a manhã seguinte.

No entanto, ao chegar em casa, teve seus planos frustados pela presença inesperada de Steven Mullins.

— Senhor Mullins? – indagou surpreso. – É o senhor mesmo.

— Não, seu imbecil, sou o gêmeo bonzinho dele! – retrucou com escárnio. – Pare de dizer estupidez, idiota.

— Desculpe, é que realmente não esperava o senhor aqui. – defenseu-se. – E...

— Quer calar a droga da sua boca? – gritou irritado. – Não vim aqui para uma visita cordial ou amigável, vim porque tenho um serviço para você e para seus traficantes.

Donald ficou em silêncio, o encarando.

— Não vai dizer nada, imbecil? – indagou com raiva.

— O senhor disse para eu me calar. – retrucou.

Mullins perdeu a pouca paciência que tinha e desferiu um murro fortissimo na face dele.

— Puta que pariu! – berrou furiosamente. – Larga de ser idiota, seu imbecil. Como sinto falta do West, ele pelo menos não era tão retardado como você! – desabafou sua frustração. – Agora escute e não falhe ao cumprir minhas ordens.

O homem limpou o sangue que escorria da boca e concordou com a cabeça um tanto apavorado.

— Quero que você reúna todos os traficantes aqui do morro e quem mais você conhecer para atacar a sede do FBI, amanhã cedo.

— Perdão? Acho que não entendi. O senhor quer que eu reúna um grande número de traficantes e os mande atacar a sede do FBI, amanhã, de dia?

— Entendeu tudo! E eu que achei que seu cérebro era movido à manivela, mas você, quando quer, entende as coisas bem rápido, não? – zombou.

— Mas senhor, isso é um plano suicida. Atacar um local repleto de policiais e ainda em plena luz do dia... – Donald parou de falar ao ter a camisa agarrada e sacudida fortemente por Mullins.

— Não perguntei sua droga de opinião! – ditou ríspido. – Mandei reunir os traficantes e atacar! Faça tudo conforme o combinado, pois se amanhã às 7 e meia da manhã, não houver um bom número de traficantes prontos para o ataque, você irá se arrepender amargamente do dia que a puta da sua mãe pôs você neste mundo! – gritou, jogando o homem no chão com força.

— S-sim, senhor!  - falou apavorado, levantando-se do chão – Irei agora mesmo cuidar disso.

Donald saiu apressadamente do local indo em direção ao escritório, totalmente aterrorizado. Começou a reunir os traficantes, no entanto, não foi uma tarefa fácil, já que todos concordavam que era um plano suicida e nenhum deles estava disposto a correr esse risco sem nenhum benefício.

Frustado e sem outra opção, Donald teve que pedir ajuda a Mullins que não ficou nem um pouco satisfeito com as palavras do subordinado. Por isso, ele mesmo foi até à casa dos traficantes um por um, e usou táticas pouco amistosas com eles.

Por fim, conseguiu que 30 traficantes participassem no plano. Os poucos que haviam recusado, ele os eliminara sem piedade. Em sua defesa, dizia que não precisava de traficantes covardes.

— Falta pouco para minha vitória. – disse para si mesmo.

XXX

Na casa em Belmar, a felicidade estava presente. Finalmente Cristian estava com seu filho. Desde o momento em que se reencontraram, pai e filho não se desgrudaram mais; foram tantos dias de angústia, tantos dias de sofrimento, que Cris mal podia acreditar que toda a alegria que sentia, fosse real.

No entanto, existiam inúmeras perguntas em sua mente ainda sem respostas. Sua mãe lhe dissera que explicaria tudo mais tarde.

Algumas horas depois, algumas pessoas chegaram.

Rebecca foi a primeira a entrar, seguida por Luiws que tinha uma expressão cansada. Depois surgiu Alex Hayes e por fim Bob, junto com Lorena.

Ao ver o marido vivo e aparentemente bem, Carol correu e o abraçou fortemente.

Cristian estava em um dos quartos brincando com Kevin e ao ouvir alguns barulhos vindo da sala, foi verificar o que estava acontecendo. Teve uma surpresa.

Bob permaneceu encarando o rapaz de cabelos pretos por alguns segundos da mesma maneira que Cristian o fixava.

Passado o momento de choque, ambos se abraçaram fortemente.

— Que bom que você está bem! – Bob falou ainda o abraçando.

— Graças a você! – sussurrou.

Ao se soltarem, Cris percebeu outra presença.

— Lorena! – soltou, aliviado ao vê-la viva.

Ela sorriu e também o abraçou.

— O que aconteceu com Smith? – indagou, logo que se soltaram.

— É uma longa história, melhor contá-la depois.

— Mas... – tentou argumentar, porém foi impedido por Bob.

— Sei que você deve ter milhões de perguntas, mas vamos com calma, iremos te explicar tudo.

Logo depois que Bob parou de falar, Alex se aproximou de Cristian e o abraçou fortemente.

Ele retribuiu ao abraço, se aliviando com a presença de todos eles.

Kevin apareceu na sala e a animação tornou-se novamente presente.

Mas a verdade era somente uma: ninguém estaria a salvo até Mullins estar preso ou morto. Aquele belo momento era apenas a calmaria que antecedia a tempestade.


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Notas finais do capítulo

O que dizer sobre esse capitulo? O reencontro de pai e filho foi muito bonito, não sei se consegui transmitir todos os sentimentos que foram envolvidos nessa parte. Como foi citado, esses momentos de calma e tranquilidade onde o perigo é deixado de lado, é somente uma pequena calmaria que antecede uma terrível e cruel tempestade. Aguardem o próximo capitulo. Abraços a todos!



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