Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 24
A luta pela sobrevivência parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oi galerinha tudo bem?

Hoje começam minhas provas e pior logo a mais complicada é a primeira, fundamentos da termodinâmica...
Bom apesar de estar estudando, dei uma pausa para postar o capitulo 24 para vocês. Estamos chegando a reta final. E neste capitulo tem o inicio da derrocada do nosso tão amado/odiado Eric ou Mullins...
Espero que gostem. Boa Leitura



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Às seis horas da manhã, Eric teve alta.

Nunca tinha passado tanta humilhação em sua vida, ainda não podia acreditar que seu irmão mais novo o tinha mandado para o hospital todo quebrado.

O subestimou, acreditava que seu pequeno irmão nunca teria capacidade para encontrá-lo, receou ao vê-lo tão furioso e chegou a temer perder a vida. Cristian quase o matou.

Agora estava de volta à casa parcialmente destruída pela briga. Examinou-a com desinteresse e seguiu para o quarto.

Pegou suas coisas rapidamente e jogou-as de qualquer jeito dentro de uma bolsa e saiu sem olhar para trás.

Já tinha tudo combinado de antemão. Um helicóptero estava esperando por ele.

Algumas horas depois, ele estava de volta à sua cidade. Tomou um taxi e foi para seu esconderijo.

Logo que a casa entrou em seu campo de visão percebeu que algo estava errado, a porta da frente estava aberta, bem como as janelas.

— Pare esse taxi. – gritou rispidamente. – Tome, fique com o troco.

Apeou-se e entrou correndo com a arma em punho.

Examinou os cômodos lentamente, nada aparecia estar errado. Ao chegar em um dos quartos, viu Stan aparentemente dormindo no chão, nu da cintura para baixo.

— Não acredito nisso!

Abaixou-se próximo dele, engatilhou a arma e disparou para o teto.

O barulho fez Stan dar um berro assustado e saltar do chão.

— Não me mate, por favor, faço qualquer coisa e... – parou de falar ao ver a figura de Mullins.

— Que cena patética, implorando por sua vida. – zombou, mas com o semblante sério.

— Mullins, o que...

— Eu é que pergunto o que aconteceu. A casa está toda aberta, você dormindo nu e... – do nada, sua mente processou o que tinha acontecido. – Você estuprou o garoto? – berrou irado.

— Não. – respondeu, lembrando do que tinha acontecido na noite passada. – Eu tentei, mas a vaca da Natasha me atacou, acho que com uma cadeira e acabei desmaiando.

Mullins sentiu uma ira insana apoderar-se dele, acertou um potente soco no nariz de Stan que com o impacto começou a jorrar sangue para todos os lados.

— Seu imbecil, eu mandei claramente deixar o garoto em paz. Idiota. – engatilhou a arma e apontou para Stan. – Eu devia matá-lo agora mesmo pela sua insubordinação, mas ainda preciso de você e é bom que você não falhe novamente, pois se isso acontecer, eu te mato, fui claro?

— Sim senhor. – retrucou rispidamente.

— Ótimo! Agora saia daqui!

Stan deixou Mullins sozinho no quarto.

Apanhou o celular e ligou para Natasha, porém não foi atendido. Tentou outras diversas vezes e nada. Estava achando isso muito estranho. Quando estava na nona tentativa, Stan apareceu devidamente vestido.

— Senhor, acho que precisa ver uma coisa.

— O que é? Não tenho paciência para essas idiotices, me diga logo! – ordenou

— Em um dos quartos, tem um cofre, não é?

— Sim, e o que é que tem?

— Ele está vazio! – falou taxativamente.

— O que você disse? – berrou apavorado, entrando no quarto e vislumbrando o cofre aberto sem nada. – Maldição! – urrou irado.

— Tinha muito dinheiro aí, senhor? – indagou receoso.

— Tinha algo muito mais valioso lá dentro, as provas que inocentavam o policial estavam aqui, e agora sumiram! Puta que pariu, o que vou fazer agora? – falava sem parar, andando de um lado ao outro. – Quem...?

— Natasha! – falou encarando Mullins. – Não existe outra pessoa, ninguém sabia que o garoto estava aqui e muito menos que tinha documentos no cofre. Só pode ter sido ela.

— Você tem razão Stan. Foi ela! – falou com fúria. – Aquela traidora, maldita, desgraçada. Eu vou matá-la por isso.

— Quer que eu a encontre para o senhor? – perguntou, sorrindo sadicamente.

— Não! – berrou com um olhar maligno. – Ela é minha. Eu a encontrarei e juro que ela pagará muito caro pela traição.

XXX

Cristian tinha tido uma péssima noite na cadeia. O delegado que o interrogara não acreditara em nada do que lhe contou, sobre o irmão e o sequestro do filho. O homem estava crente que Cristian tinha tramado toda essa história para conseguir burlar a lei e escapar da punição pelos crimes que estava sendo acusado.

Sem contar, que o delegado o pressionou de todas as formas possíveis para obter uma confissão, mas Cris manteve-se calmo e alegou inocência de tudo. Sem sucesso, o policial mandou prendê-lo em uma cela.

Os presos ficaram alvoroçados com a chegada dele, alguns bradavam xingamentos, outros gritavam, faziam gestos obscenos e outras coisas. Não podia negar que ficara apavorado, temia ser deixado em uma cela junto com outros presos, mas o policial o deixou numa separada.

No entanto, não conseguiu pregar os olhos a noite toda, o medo era maior que seu cansaço.

Quando amanheceu, o mesmo guarda o retirou da cela, avisando que iria escoltá-lo até o helicóptero que o levaria para Nova York.

Agora estava a caminho de sua cidade. Sentia um grande desconforto com as mãos e pés algemados como um bandido.

XXX

Enquanto isso, em Nova York, Fernando já estava preparado. Trajava um vistoso uniforme do FBI negro, um colete à prova de balas, boné e óculos. Estava junto com Adam e outro policial que escoltariam Cristian.

Fernando não possuía muitos contatos, mas sempre conseguia as informações que precisava, tudo isso sem sujar as mãos com sangue ou ameaçar, sempre usava a inteligência para triunfar. Claro que quando havia necessidade, usava a força bruta.

Naquela noite, conseguira as informações sobre o horário da chegada do policial por meio de um rádio. Era muito bom com eletrônicos, tanto que conseguira sintonizar a frequência da polícia local e do FBI, somente com itens básicos.

Quando conseguiu o horário, se infiltrou no FBI e atacou um agente descuidado, o amarrando, o amordaçando, e o deixando preso em um armário.

Vestira o uniforme e fora até o pátio onde dois agentes o aguardavam.

— Agente Adam Morris, o agente Ross avisou o comandante que vai se atrasar por um problema pessoal, então ele me mandou vir no lugar dele para escoltar o agente Hayes.

— Quem é você? – indagou o agente Pierce.

— Meu nome é Steven Jenzen. Comecei a trabalhar aqui há poucos dias. É um prazer conhecê-lo.

Pierce o encarou desconfiado, porém Adam os chamou.

— Vamos logo, temos que chegar lá antes do helicóptero, senão teremos problemas.

Alguns minutos depois, estavam a postos, esperando o prisioneiro chegar. Fernando estava ansioso para aquele momento, estava pronto para agir.

Cerca de meia hora depois, o helicóptero pousava no campo aberto, do interior saiu Cristian algemado e outro agente do FBI de Boston, nada gentil.

Era bastante complicado andar com as algemas nas pernas. Mais de uma vez Cristian tropeçou nos próprios passos e no instante seguinte, era empurrado pelo guarda.

— Aqui, o cretino está entregue! – bradou, fuzilando o prisioneiro com os olhos. – Cuidem bem dele, se ele aparecer na minha cidade novamente, eu o matarei!

Sem esperar pela resposta, o homem voltou para o helicóptero e partiu de volta para sua cidade.

Adam voltou-se para o companheiro.

— Que sujeitinho horrível.

— Um cretino. – concordou o agente.

Fernando estava mais atrás, encarando o homem algemado com um sorrisinho no rosto.

— Como está, Cris? – indagou Adam gentilmente.

— Cansado! Não consegui dormir a noite toda.

— Sinto muito por tudo isso, te conheço e sei que você é inocente, mas temos que te levar para sede e o comandante Winter irá falar com você.

— Pelo amor de Deus, Adam. Pare de tratar o criminoso como um amigo. – bradou agarrando Cristian pelo braço e começando a puxá-lo para a viatura, mas Adam travou seu caminho.

— Eu estou no comando aqui Pierce, solte ele, agora mesmo ou farei uma queixa formal contra você por insubordinação.

Pierce encarou Adam com repugnância e soltando o braço de Cristian, foi para o carro.

— Não ligue para ele.

— Obrigado! Você sabe se o Bob está trabalhando hoje?

— Não! Ele foi suspenso, até o final do seu inquérito.

Cristian assustou-se.

— Você sabe o motivo?

— Sinto muito, mas o comandante não o revelou.

— Estamos perdendo tempo, vamos levar ele logo e deixar que o Winter cuide dele, Adam. – falou o agente. – Estou cozinhando com essa roupa preta e o colete.

— Pare de reclamar, Pierce. Já estamos indo. – retrucou Adam ríspido.

Os três agentes acompanharam Cristian para o veículo, um SUV preto.

Pierce foi para o volante, seria o motorista, Cristian sentou-se no meio do banco traseiro, enquanto Adam ficou à sua direita e Fernando à sua esquerda.

Momentos depois o carro começou a rodar.

Fernando colocou a mão discretamente sobre a arma de choque que roubara do agente e esperou o momento para atacar.

Quando estavam na metade do caminho, o rádio comunicador da viatura começou a tocar.

— Agentes, Morris, Pierce, responda!

— Aqui é o Pierce, prossiga!

— Encontraram o Ross amarrado e amordaçado no armário do vestiário, o atacante não foi encontrado, tomem cuidado, pois..

O aviso chegou tarde.

Quando o rádio começou a tocar, Fernando sacou sua arma de choque e atacou Adam, que começou a convulsionar ao sentir o choque passar por seu corpo.

Com isso, Pierce parou o carro bruscamente, tentou pegar a arma, mas não conseguiu a tempo, já que o bandido o atacou com duas coronhadas na cabeça que o deixaram desacordado.

— Hoje é seu dia de sorte. – disse para Cristian, que estava assustado com a ação do homem.

— O que vai fazer comigo? – indagou temeroso.

— Te ajudar a fugir. – falou, apanhando as chaves das algemas e libertando o prisioneiro. – Agora vamos ver se conseguem se livrar disso. – falou algemando Pierce e Adam, um com o outro.

— Porque está fazendo isso?

— Você saberá em breve, agora durma um pouco, está com uma cara péssima. – falou, acertando uma cotovelada que o deixou desacordado.

— “Isso é fácil demais!” Fernando saiu da viatura, levando Cristian no ombro e o deixando escondido em alguns arbustos.

O que não contava era que, momentos depois, outras viaturas aparecessem ali.

— Droga, isso não estava nos meus planos. – sussurrou escondido, observando a movimentação.

Viu alguns agentes ajudando Adam e Pierce. Outras duas viaturas permaneceram bloqueando a estrada nos dois sentidos. A fuga tinha se tornado praticamente impossível.

Somente tinha uma arma de choque e uma comum, porém se tentasse usar contra um deles, estaria morto em segundos.

No entanto, a sorte estava do seu lado, pois uns cinco minutos depois, apareceu um Escort azul no horizonte. O carro vinha em alta velocidade e seu motorista estava determinado a passar pelo pelotão das viaturas.

Ainda escondido, Fernando ouviu um estrondo potente. O veículo parou próximo a ele e o motorista desceu do carro com uma metralhadora para abrir fogo contra os agentes enquanto fazia sinal para ele entrar no carro com Cristian inanimado.

Fernando saiu do arbusto rapidamente arrastando o agente consigo.

Ao ver que o parceiro e o tira estavam seguros no carro, o mascarado parou de atirar, entrou no carro e partiu apressadamente dali.

Acelerava ao máximo, pois temia ser seguido pelos polícias.

— Temos que deixar esse carro logo, estarão procurando por ele. – falou Fernando.

O motorista que usava óculos escuros e um boné escuro, o encarou.

— Não se preocupe, já tenho tudo planejado. – disse com a voz suave. Em seguida, retirou o boné e os óculos, deixando os longos cabelos vermelhos soltos e mostrando seus belos olhos verdes.

— Sabia que podia contar com você, gostosa. – disse, passando a mão na sua perna.

— Deixe para me agradecer depois! – piscou de maneira provocante.

Alguns quilômetros depois, encontraram um Civic cinza parado no acostamento.

— Aí está nossa carona. – falou a ruiva sorrindo.

Os dois desceram do Escort rapidamente e jogaram Cristian no banco traseiro. A ruiva voltou-se para o homem.

— Aqui, esconda o carro! – jogou a chave para ele. – Depois nos encontre no mesmo lugar. Certo?

— Pode deixar!

Após isso a ruiva entrou no carro e deu partida.

— Ainda temos um bom pedaço de estrada para percorrer.

— Use as estradas secundárias, é mais seguro. – afirmou Fernando.

— Relaxa, baby, sei o que estou fazendo.

XXX

Enquanto isso, na casa do casal Hayes…

— Eu não posso acreditar que aquela mulherzinha tenha feito tudo isso. – bradava Carol irritada. – Está vendo, eu disse que aquela garota era problema, mas você não me deixou fazer nada.

— Carol, nenhum de nós sabia o que ela realmente queria, e outra, Cristian já era adulto, podia tomar suas decisões sozinho. Não cabia a nós lhe dizer o que fazer. Ela enganou todos, mas se não fosse por ela, não teríamos o Kevin de volta.

— Isso não quita tudo o que ela já fez!

Antes que seu esposo continuasse com a discussão, ambos ouviram um grito infantil em um dos quartos.

Carol e Alex correram para o quarto e ao entrarem, viram o pequeno chorando copiosamente.

— Calma meu amor, está tudo bem! – falou se aproximando dele.

Ao ver sua avó, Kevin correu e se jogou nos braços dela, a abraçando fortemente.

— Vovó, onde que eu tô? – indagou com a voz falha.

— Você tá na nossa casa, comigo e com o vovô.

— Cadê meu papai? Ele também tá aqui?

— Não meu lindo, mas logo ele também virá para cá, eu prometo.

— É mentira! A Nat falou a mesma coisa e ele não apareceu para me buscar.

— Ela era uma mentirosa mesmo meu amor, mas a vovó não está mentindo. – respondeu carinhosamente. – Seu papai virá para cá logo, pode acreditar.

— E aí campeão, vamos tomar um banho para podermos tomar um chocolate? – falou Alex.

— Não preciso tomar banho, ainda estou limpinho.

— É sempre bom tomar um banho de manhã, é rapidinho, vamos lá!

— Enquanto vocês se divertem no chuveiro, vou preparar o chocolate, só não façam muita bagunça no meu banheiro, hein?

Antes de sair, Carol olhou para o marido e sussurrou em seu ouvido.

— Vou ligar para o Bob!

Alex apenas deu um aceno concordando.

XXX

Bob estava em seu quarto, olhando uma foto antiga de quando ele e Cristian ainda eram adolescentes.

Seu telefone tocou.

— Lincher!

— Bob, aqui é a Carol, preciso que você venha aqui em casa o mais rápido que você puder!

— Porquê? Aconteceu alguma coisa? – indagou preocupado, levantando-se da cama e começando a calçar os sapatos.

— Sim, mas prefiro não falar nada disso por telefone, por favor, venha para cá!

— Estou chegando!

Assim que desligou, terminou de se arrumar e saiu do quarto. Ao se aproximar da sala ficou inseguro, não queria flagrar os amigos transando novamente.

Porém, para sua sorte, os dois só estavam se beijando, completamente vestidos.

Ao ver o amigo, Rebecca empurrou Luiws e começou a tentar se explicar.

— Bob, o que...

— Já falei que não tem problema, vocês estão solteiros e até formam um casal legal, por mim está tudo bem, só não transem no meu sofá novamente.

— Cara isso é constrangedor. – falou Luiws vermelho.

— Relaxa! Só trate ela muito bem, caso contrário eu acabarei com você! – ameaçou amigavelmente. – Olha, eu preciso ir até à casa dos pais do Cristian, eles me ligaram e pediram para eu ir lá rápido.

— Aconteceu algo de grave? – perguntou Rebecca.

— Não sei, a mãe dele não quis dizer por telefone e Luiws é melhor você ir para a casa, seu primo já pode estar a caminho e se ele chegar primeiro que você, talvez faça alguma idiotice.

— Tem razão Bob, já estou indo.

— E você Becky fique aqui, não saia, está segura aqui.

— Isso é um saco, vocês podem sair e se envolverem na ação enquanto eu tenho que ficar aqui presa?

— Rebecca, tentaram te matar! Se eles não acreditarem que conseguiram te eliminar, mandarão outros para fazer o serviço. Conseguiu perceber que está correndo perigo, mais que nós? – indagou Bob com severidade.

— Apenas não gosto de ficar fora da ação! – retrucou emburrada.

— Tudo bem, apenas fique aqui e não faça nenhuma loucura! Voltaremos o mais rápido possível.

Bob se aproximou dela e lhe beijou a testa. Luiws deu um beijo no canto de sua boca e sorriu-lhe de forma provocante. Ambos deixaram a casa.

XXX

Na casa dos pais de Cristian, naquela manhã, a felicidade estava presente, pelo menos uma parte dela.

Carol estava terminando de preparar o café, no entanto, conseguia ouvir Alex e Kevin gargalhando no banheiro. A alegria de ter novamente seu neto era indescritível.

Momentos depois, os dois apareceram sorridentes e Carol, retribuindo o sorriso, serviu o café.

— Só espero que não tenham feito muita bagunça!

— Não vovó, ta tudo limpinho lá! – afirmou o garoto depois de beber um gole do chocolate e ficar com um bigode de leite.

Foi um momento bastante agradável, todos riram bastante, conversaram com Kevin que nem se lembrava do que tinha passado dias atrás, estava contente por estar com seus avós novamente. Quando estavam no fim do café, a campainha tocou.

Alex levantou-se e foi averiguar quem era; quando abriu a porta, viu Bob.

— Seu Alex, vim o mais rápido que pude, o que aconteceu? – indagou afobado.

— Fique calmo, menino. – falou tranquilamente. – Entre, temos muita coisa para conversar.

Alex conduziu Bob até a cozinha, e quando o policial viu a criança, quase teve um ataque cardíaco.

Já o pequeno ao ver Bob, saiu correndo da cadeira e pulou nele, gritando alegremente.

— Tio Bob! – deu um abraço forte nele.

— Hey campeão, como você está? – indagou ainda surpreso.

— Muito bem, tava com saudades de você tio, meu papai tá com você?

Ele olhou para os pais de Cristian antes de responder.

— Não, mas tenho certeza que não vai demorar muito para ele chegar. – disse sorrindo. – Tenha só mais um pouquinho de paciência.

— Tá bom, tio! – o pequeno sorriu.

— Querida, leve ele para ver um desenho, eu e o Bob temos algumas coisas para resolver.

— Tudo bem! Querido, vamos ver um desenho? – chamou, estendendo a mão para a criança, que a pegou prontamente e acompanhou a avó.

Assim que saíram, Bob começou com a seção de perguntas.

— Como vocês encontraram ele?

— Sente-se Bob, é uma longa história.

Alex contou tudo que acontecera na noite passada: a aparição de Juliane, que na verdade chamava-se Natasha, o plano de Mullins que envolvia a gravidez, os motivos que levaram ela a trair Eric.

— Seu Alex, essa história é meio inacreditável!

— Eu sei, filho! O choque ao vê-la foi tanto que Carol desmaiou, e conforme aquela mulher foi contando sobre os fatos, eu acabei perdendo a cabeça e a agredi duas vezes.

— Não sou a favor de violência, mas nesse caso, ela mereceu! – falou com um meio sorriso. – Mas agora, onde ela está?

— Não sei!

— Ela fez alguma coisa com o senhor ou com a dona Carol? Como ela conseguiu fugir?

— Natasha não nos fez nada fisicamente e ela não fugiu, eu a deixei ir.

Bob arregalou os olhos, Alex sempre fora correto, exaltando seus ideais, abominando qualquer tipo de conduta inadequada e fora da lei, mas agora tinha deixado uma criminosa simplesmente ir embora, sem pagar por seus delitos? Isso era muito estranho.

— Como assim o senhor a deixou ir? – perguntou um tanto ríspido. – Logo o senhor que sempre foi tão direito.

— Fiz o que fiz para ajudar meu filho! – ditou encarando Bob. – Natasha me deu provas da inocência de Cristian, em troca eu deveria deixá-la partir. Fiz minha escolha e acredite, não foi nem um pouco difícil escolher.

— Desculpe por julgá-lo senhor Alex. – pediu meio envergonhado. – O senhor agiu bem, eu teria feito a mesma coisa!

— Tudo bem, rapaz! Nessas horas, eu pude perceber o que realmente importa. – falou com o olhar perdido. – Talvez se eu tivesse sido mais presente, ou talvez mais carinhoso, Eric não seria esse sujeito frio, odioso que é hoje. – ditou com lágrimas nos olhos. – A culpa é minha, sou um péssimo pai!

— Não senhor Alex, o senhor não tem culpa da má índole do Eric. Ele trilhou o próprio caminho, fez suas escolhas. Se hoje ele está nessa vida, não é culpa do senhor, é somente dele.

Carol acompanhava a conversa discretamente na porta da sala; ao ouvir o relato do esposo, adentrou no recinto e abraçou-o com carinho.

— Você é um excelente pai, nunca nos deixou faltar nada, sempre estave presente quando podia. O que o Bob disse está certo, criamos os meninos da mesma maneira, cada um deles trilhou o próprio destino.

Alex encarou a esposa sombriamente.

— “A verdade não é bem essa, e ela sabe disso.” – pesou com pesar.

— Bom, não sei se isso vai fazer os senhores se sentirem melhor, mas, preciso informá-los que o Cristian foi preso ontem...

— Nós sabemos, Natasha nos disse.

— Certo, mas tem uma outra coisa, - hesitou ao prosseguir, - eu e o Luiws contratamos umas pessoas para meio que sequestrá-lo antes que fosse preso.

Os dois o encaram com surpresa.

— Perdão, acho que não entendi! – disse Carol fracamente, soltando o marido.

— Eu e o Luiws contratamos umas pessoas para sequestrar o Cris antes que ele fosse preso!

Alex e Carol trocaram olhares assustados.

— Explique-se melhor! – exigiu Alex. – Qual o motivo disso tudo?

— O Eric entrou em contato comigo há alguns dias, ele queria que eu entregasse o serial em troca das provas que inocentavam Cristian. Eu tentei ganhar tempo, mas ele começou a me pressionar, então ouvi sem querer a notícia que tinham prendido o Cris em Boston e que ele seria transferido para NY hoje. Com ele na prisão, Eric iria ter tudo o que precisava para conseguir o que queria, por isso tive que bolar esse plano louco de sequestrar o Cristian para conseguir ganhar tempo e provar a inocência dele com outras provas.

— Você se arriscou tanto assim pelo meu filho? – indagou Carol.

— Claro! Ele é meu melhor amigo, e sei que se a situação fosse inversa, Cris faria a mesma coisa por mim.

— O que vocês fizeram foi uma completa loucura. – bradou Alex furioso. – Se alguma coisa der errado e os seus “ajudantes” forem pegos, tanto você, como o Luiws serão presos e acusados de cumplices. Vocês não pensaram nas consequências?

— Claro que pensei, senhor Alex, mas da mesma forma como deixou a Natasha fugir para salvar seu filho, fiz a mesma coisa por ele, posso ser preso, mas pelo menos vou ter a consciência tranquila que fiz todo o possível para ajudá-lo.

— Tudo bem, porém se alguma coisa acontecer com meu filho, iremos ter outra conversa e garanto que você não irá gostar dela! – sentenciou friamente.

Bob apenas acenou.

— Bom já que deixamos tudo esclarecido, pegue isso. – entregou para Bob a pasta que recebeu de Natasha. – Aqui está tudo que a mulher me entregou e pelo que pude analisar, são verídicos.

O policial começou a olhar os papéis.

— Senhor Alex, com isso conseguiremos inocentar o Cris de todas as acusações, bom pelo menos, quase todas.

— Quanto tempo vai demorar até o livrarem das acusações? – indagou Carol.

— Espero que não demore muito, levarei tudo isso para o comandante agora mesmo, acho que em alguns dias ele estará livre.

— Isso é uma excelente notícia. – bradou Carol alegre.

— Natasha não disse onde estava se escondendo com o garoto? Se soubéssemos onde ela se escondia, talvez podessemos prender o Mullins, pois com certeza encontraríamos ele lá!

— Não, ela não disse nada! Eu fiquei tão chocado e furioso com a história dela que me esqueci totalmente desse assunto.

— Sem problema! Acho que conseguiremos pelo menos um mandato de prisão para o Eric. Os papéis tem algumas provas dos crimes dele e ainda tem o sequestro do Kevin. Se o levassem até o FBI e explicasse toda a história...

— Por enquanto é melhor deixar o Kevin escondido! – falou Alex sério. – Eric não vai poupar esforços para tentar encontrá-lo novamente, não podemos deixar que aquele louco pegue meu neto novamente.

— É, o senhor tem razão. Por isso, acredito que os senhores têm que sair daqui, desculpe, mas aqui será um dos primeiros lugares que ele procurará o Kevin depois de constatar que foi traído. Aqui não é mais seguro.

— Iremos ficar num hotel por esses dias.

— Ainda assim, não é totalmente seguro. Tenho um lugar onde ninguém irá encontrá-los, o local fica a mais ou menos 50 minutos de NY, e garanto que é totalmente seguro.

—  Ok, nos deixe o endereço que iremos para lá! – disse Alex.

— Eu os levo, não tem problema.

— Não rapaz, você deve levar os papéis para o FBI. Nós podemos chegar lá sozinhos.

— Tudo bem! – Bob anotou o endereço da casa e entregou para Alex. – Por favor, não demorem muito, Eric já pode estar vindo atrás de vocês.

XXX

De fato, Mullins estava realmente procurando alguém, no entanto não era seus pais e sobrinho e sim sua ex-ajudante, Natasha.

A traição que sofrera o tinha deixado ainda mais furioso do que com a surra que levara de Cristian.

Mullins conhecia Natasha há muito tempo, sabia o modo como a garota pensava e com isso, tinha uma leve ideia de onde ela estaria.

XXX

Natasha tinha passado a noite na antiga casa de sua mãe. O lugar nunca mais fora habitado depois que ela matou o padrasto e a mãe, uma grande camada de poeira reinava no local, as paredes estavam pichadas, os poucos móveis estavam revirados, alguns quebrados. Não havia luz ou água encanada.

Depois de examinar todos os cômodos e constatar que estava segura, conseguiu encontrar um colchão velho, onde forrou com algumas roupas e se deitou para dormir.

Odiava aquele lugar com todas as forças, porém havia sido o único local onde acreditava estar segura e fora do alcance de Mullins.

XXX

Ao se aproximar do lugar, Eric pôde visualizar Natasha saindo de casa nervosa, olhando para todos os lados para ver se alguém a seguia.

— Te encontrei, traidora maldita! – sussurrou ele próprio.

Minutos depois, ela saiu com o carro e sem que percebesse, Eric começou a segui-la.

Cerca de meia hora depois, a garota para em um supermercado.

Mullins esconde sua arma na cintura e parte atrás dela.

O local estava sem muito movimento naquela hora, apenas algumas mulheres fazendo suas compras mensais.

Como um lobo pronto para dar o bote, ele a seguiu discretamente, mantendo uma distância segura enquanto Natasha pegava apressadamente alguns suprimentos.

Em sua pressa, acabou deixando cair alguns pacotes que tinha na mão. Abaixou-se para poder pegá-los e no momento em que se levantou, sentiu o cano frio de uma arma contra suas costas e uma voz fria e cruel sussurrando bem próximo de sua orelha.

— Achou que podia fugir de mim?

— Mullins? – indagou apavorada.

— Se você fizer qualquer gracinha, eu te mato. – ditou friamente. – Agora, me acompanhe, teremos uma agradável conversa. – disse, batendo em sua mão e fazendo os produtos caírem no chão.

Apavorada, a garota foi meio que arrastada pelo bandido até um Corolla cinza. Ao chegar no carro, Mullins retirou uma seringa do bolso da calça e aplicou no braço da garota que desmaiou quase imediatamente.

— Isso é tão fácil! – falou, jogando a mulher desacordada dentro do carro e partindo rapidamente.

XXX

Seu mundo estava desorientado. A cabeça pesada, não conseguia abrir os olhos, seu corpo doía, tentou mexer as mãos, mas pareciam estar presas em alguma coisa, seus pés também estavam atados. Do nada, sentiu ser imersa em uma onda gigantesca e gélida.

Natasha abriu os olhos e viu com desespero, Eric segurando um balde vazio e sorrindo sadicamente.

— Fico feliz que tenha acordado! - falou enquanto andava pelo local tranquilamente. – Tem alguma ideia de onde está?

Ela não respondeu, a realidade voltou com força, tentou levantar, sair correndo, mas percebeu que estava presa em uma cadeira de metal. Estava perdida, apavorada.

— Eu te fiz uma pergunta, responda! – urrou avançando contra ela e acertando um tapa em sua face. – Responda!

— Não sei! – falou fracamente.

— Eu não escutei, fale mais alto! Agora! – berrou, acertando outro tapa nela.

— Não sei! – gritou com toda a força.

Mullins sorriu.

— Você é uma grande idiota, acreditou mesmo que poderia fugir de mim? Achou que eu deixaria barato sua traição? Não, minha cara, - aproximou-se dela, agarrou-lhe os cabelos longos com força e puxou-os para trás, - te ensinarei que não se brinca com Steven Mullins sem perder algo muito precioso em troca.

Natasha riu.

— Não tenho nada de precioso, minha vida não vale muito. Meu único bem valioso está muito longe de você e te garanto que nunca mais irá colocar suas mãos nele. – ditou com determinação.

Mullins soltou-a e acertou-lhe outro tapa. Sua boca começava a sangrar.

— O que fez com o garoto? E os documentos? Me fale agora antes que eu faça algo muito pior do que te matar.

— Nunca direi a você! Eles estão fora de seu alcance. Você perdeu, seu imbecil!

Eric perdeu a paciência, começou a espancar a mulher com murros e chutes.

— Vagabunda! Como pode me trair? Eu te amava, e você me apunhalou pelas costas!  - bradava a cada golpe.

— Você nunca me amou! – gritou com ódio, seu rosto estava com vários hematomas, sua boca sangrava e um de seus olhos estava inchado. – Sempre me viu como uma puta qualquer que podia manipular para que fizesse tudo o que você queria. Mas saiba que há muito tempo eu venho percebendo realmente o tipo de pessoa que você é, Eric Hayes. Você não passa de um desgraçado louco e um grande covarde, seu irmão é mil vezes mais homem que você.

Mullins voltou a atacá-la com mais chutes. Depois agarrou-a pelos cabelos e levantou-a.

— Agora, me diga o que fez com os documentos e com o garoto e talvez eu poupe sua miserável vida.

— Pode me matar se quiser! Eu não me importo, o que me deixa mais feliz é que meu filho está a salvo e é só uma questão de tempo até Cristian ser inocentado de tudo! – Natasha riu e cuspiu sangue em seu agressor. – Você perdeu, seu imbecil!

Mullins fechou os punhos com fúria, porém, para espanto da mulher, ele não a atacou, apenas limpou seu rosto, soltou-a e começou a andar pela sala.

— Matar você rapidamente não me trará nenhum prazer! Você irá sofrer, vou te fazer desejar nunca ter nascido. – bradou com um olhar maníaco na face e um sorriso largo. Apanhou um canivete e fez-lhe um profundo corte na bochecha direita.

Natasha gemeu de dor, lágrimas brotaram de seus olhos amedrontados.

Não se dando por satisfeito, o homem continuou a seção de tortura fazendo outros cortes em seu corpo. A dor que a mulher estava sentindo era insuportável, não sabia quanto tempo ele continuou com aquilo, sua mente se desconectou, a única coisa que pensava era em seu filho livre e feliz.

Ele cortou-lhe os longos cabelos, praticamente deixou-a careca, era possível ver grandes buracos em sua cabeça.

Natasha não se importava mais, sabia que estava condenada.

Quando terminou, ela estava em um estado deplorável, cortes espalhados por todo o corpo, seu belo rosto inchado, marcado, seus longos cabelos dizimados, não lembrava em nada da bela mulher que lhe serviu fielmente no passado.

— Vou te contar uma coisa, e espero que me ouça. – sussurrou no seu ouvido. – Eu sei para onde você foi, deixou o menino e os documentos na casa de meus pais.

Natasha soltou um lamento confirmando sua teoria.

— Está na hora do bom filho retornar a casa, fique tranquila, quando eu pegar o garoto de volta, deixarei que Stan faça o que quiser com ele, bem aqui na sua frente, e você verá e saberá que foi por sua culpa. Por isso, você permanecerá viva, por enquanto! – gargalhou dissimulado. – Ah minha cara, quase ia me esquecendo. – disse dando um tapa em sua testa. – Precisamos limpar seus ferimentos, para não infeccionar, não é mesmo? – ditou cruel, apanhando uma garrafa de álcool e despejando em cima da cabeça da mulher.

A dor que sentiu quando o álcool passava pelos cortes foi tão intensa que se esqueceu de tudo, a única coisa que conseguiu fazer foi urrar de dor.

— Vou resolver a merda que você fez! Fique viva! – aproximou-se dela e lhe deu um beijo na boca.

Ao sair do porão, seu celular tocou.

Checando a tela percebeu que era um de seus informantes.

— Porque está me ligando? – indagou ríspido.

— Senhor, não tenho boas notícias, o Cristian fugiu.

— O que você disse? – berrou furioso.

— Cristian fugiu ou foi sequestrado, não sabemos dos detalhes, somente que os agentes que estavam escoltando ele, foram atacados por um indivíduo disfarçado de policial. Eles fugiram num Escort azul e o motorista, que estava armado com uma metralhadora, destruiu algumas viaturas, isso impossibilitou que fossem atrás deles.

— Maldição! Vocês são uns incompetentes, como puderam deixar que ele escapasse?

— Fomos pegos desprevenidos. – protestou ele. – Não tivemos cul...

— Cale a porra da sua boca, seu imbecil! Não me interessa seus argumentos, eu quero o policial preso. – berrou, desligando a ligação em seguida — Tudo está dando errado, maldição! – gritou atirando o celular contra a parede.

Stan foi até o chefe com a arma em punho.

— Senhor, está tudo bem? – perguntou olhando para os lados, pronto para abater qualquer inimigo.

— Não está nada bem! O Cristian escapou. – berrou ainda furioso.

— Como ele cons...

— Se eu soubesse como, já estaria indo atrás das pessoas, seu idiota!

— Só estou tentando ajudar, senhor! – falou com desdém

— Saiba que está falhando miseravelmente. – disparou ácido.

— Então, o que faremos? – indagou. – Pelo menos conseguiu a localização do pirralho e dos arquivos?

Foi como se uma luz se acendesse em seu cérebro.

— Bob!

— O que tem ele?

— Foi ele! – gritou. – Ele deve ter arquitetado essa fuga do Cristian. Aquele maldito!

— Então, agora tenho permissão para agir? – indagou Stan ansioso.

Eric encarou-o.

— Tem, vá até a casa dele e use qualquer método que julgue necessário para descobrir onde meu irmãozinho está. Só não o mate! – ordenou sério. – Dessa vez, não falhe!

— Não irei, chefe. Espero por isso há bastante tempo. – sorriu diabolicamente. – O senhor virá também?

— Não, tenho outros assuntos para resolver! Não perca tempo, vá cumprir minhas ordens agora mesmo.

Quando Stan saiu, Eric apanhou sua carteira e retirou uma antiga foto que sua mãe tinha lhe dado quando fora levado para a clinica de reabilitação.

Na foto, estavam seus pais, sorrindo abertamente, e em baixo estavam seus dois filhos, Eric e Cristian, ambos sorriam abraçados, eram uma família feliz. Ou pelo menos, foram.

Todos esses anos, continuara a carregar aquela foto, não havia tido coragem para se livrar dela, porém dessa vez, era diferente, lembrou-se de um fato em particular que mudara sua vida para sempre. Sem pensar duas vezes rasgou-a em vários pedaços.

— Essa família nunca existiu, foi tudo uma grande mentira. Nunca tive uma família! – falou com amargura. - Agora está na hora de confrontar meu passado de uma vez por todas e pôr um fim nessas mentiras. – ditou, engatilhando sua arma.

XXX

No FBI, os agentes também não conseguiam acreditar no que havia acontecido.

Parecia muito surreal a emboscada. Apenas dois homens foram capazes de sequestrar um prisioneiro e o que era pior, em plena luz do dia e sem qualquer outro auxílio.

Os polícias estavam em maior número e mesmo assim, foram subjugados.

— Para mim foi o Bob! – falou Ross ríspido. – Ele sempre foi muito próximo do Hayes e também ele não veio trabalhar hoje, tenho certeza que foi ele.

Antes que alguém pudesse concordar ou discordar, Winter apareceu.

— Lincher foi suspenso até à conclusão do inquérito sobre Cristian a pedido da corregedoria, mas ele acabou de me ligar, está na casa dos pais do Hayes e não sabia do ocorrido.

— O senhor acreditou? – indagou surpreso.

— Todos são inocentes até provar o contrário. – ditou calmamente. – Agora chega desse assunto, voltem para suas atividades e saibam que tudo o que podíamos fazer para localizá-lo já está sendo feito!

— Não me importa o que o comandante fale, tenho certeza que foi Bob, se ele não executou o plano, na certa ele o planejou. – sussurrou para seu companheiro Eric.

— Não tem como nós sabermos! – falou, antes de sair para seu gabinete.

XXX

Enquanto isso, Luiws estava na casa indicada por Bob aguardando a chegada de seu primo.

Ele estava atrasado, e isso fez com que ficasse impaciente e preocupado, tanto que não conseguia ficar parado em um único lugar. Rodou a casa toda e olhava pela janela a todo o instante.

“Será que teriam sido pegos? ”

Era a pergunta que não saía de sua cabeça.

Permaneceu assim por mais 10 minutos, até que ouviu um carro parar em frente à casa. Do interior saiu Fernando, uma ruiva bastante bonita que não conhecia e Cristian desacordado.

Luiws correu para abrir a porta.

Fernando entrou, carregando o homem desacordado e a ruiva encarou Luiws de cima a baixo, sorrindo de forma provocante.

— Esta aí primo, sua encomenda, agora quero a minha!

Luiws foi até um canto da sala e entregou outra mala para seu primo.

Fernando abriu-a e contou o dinheiro.

— Foi um prazer fazer negócio com você! Se tiver outro serviço, pode contar comigo!

— Com certeza! – respondeu ácido. – E por favor, não fale nada sobre isso! Tem muita coisa em jogo.

— Não se preocupe, meus clientes são mantidos no mais absoluto sigilo. Com vocês não será diferente. Bem, temos de ir, iremos comemorar mais um serviço bem feito. Até mais primo.

— Até!

Assim que seu primo partiu com seu carro, sacou o celular e mandou uma mensagem para Bob.

“Tudo correu como combinado, a entrega foi feita e já paguei o frete!?”

Momentos depois, Cristian começou a se mexer e acordou assustado.

— Onde estou? O que está acontecendo? – olhou assustado para todos os lados.

— Calma Cris, você está seguro! – disse, colocando uma mão no seu ombro.

— Luiws? - indagou assustado - Como...?

— Prometo que te explicarei tudo, mas primeiro você precisa se acalmar, logo o Bob estará aqui e vai ser mais fácil explicar.

Apesar de ter inúmeras perguntas, Cristian voltou a deitar-se no sofá e relaxou. Momentos depois, voltou a dormir.

XXX

Na casa dos pais de Cristian, o clima estava tenso. Carol tinha arrumado algumas malas às pressas e Alex não parava de olhar, ora o relógio em seu pulso, ora a janela.

Kevin não entendia o motivo dos avós estarem daquele jeito, tentou perguntar, mas só recebia a mesma resposta:

— Está tudo bem, querido!

— Querida, vá na frente com o Kevin, o GPS está configurado para o endereço. – falou sério. – Eu irei logo depois!

— Não Alex, eu prefiro que fiquemos todos juntos. Se Eric realmente está vindo atrás de nós, temos que ficar juntos, ele pode te matar! – pediu desesperada.

— Nosso neto é prioridade! – falou firme. – Irei logo, somente quero verificar algumas coisas, não irá me acontecer nada. Prometo!

Ambos trocaram um beijo e logo depois Carol e Kevin deixaram a casa rumo ao lugar seguro que Bob lhes tinha confidenciado.

Sozinho em casa, Alex foi até um quadro pendurado na sala e retirou-o da parede, revelando um cofre.

Introduziu o segredo e ao abri-lo apanhou sua arma e alguma munição. Tornou a lacrar o cofre e recolocou o quadro no lugar.

— Não vou deixar minha família à mercê daquele louco, terminarei com isso hoje! – falou para si mesmo, engatilhando sua arma – Hoje tudo terá um fim!

XXX

Lorena tinha conseguido chegar ao aeroporto de Los Angeles a tempo de pegar o avião que a levaria de volta a NY.

Faltava pouco mais de meia hora para chegar, não podia negar que estava ao mesmo tempo feliz por voltar à sua cidade e triste por estar sozinha.

Novamente voltou a lembrar dos amigos, Tales, Thabata e Vinicius, como eles faziam falta. Dentre todos os aliados de Mullins, eles eram os melhores amigos, eram praticamente inseparáveis. Agora estava novamente só como estava antes de conhecê-los, mas às vezes pensava que fora melhor daquela maneira. Tinha medo do que seus amigos pensariam dela, agora que tinha sujado suas mãos.

Tinha matado três pessoas, Kimberley, Rojas e Smith. Nunca havia matado ninguém, nem mesmo quando era obrigada a fazer isso, sempre fora Vinicius que cuidava dessa parte. Lorena acreditava que não seria capaz de tirar uma vida. Por mais que a pessoa merecesse, somente Deus poderia executar tal obra. Era um tanto estranho, uma pessoa que tinha cometido inúmeros crimes pensar em religião, porém nunca fora um exemplo de criminosa.

Sua primeira morte fora um acidente, somente queria tirar as mãos da garota de seu pescoço. Não conseguira raciocinar direito, pegara o primeiro objeto que sentira na mão e acertara-a com ele. A infelicidade estava em ser um pequeno punhal usado para abrir cartas.

Rojas fora uma consequência da fúria e pesar, porém nada tinha sido premeditado, apenas o cara chegara na hora e no lugar errado.

Smith, por outro lado, fora diferente, tinha premeditado e armado tudo com cautela, sabia que dentre todos, ele era o mais perigoso. Fora uma luta complicada, mas felizmente saíra vitoriosa.

Agora somente faltava uma única peça para enfim enterrar seu passado para sempre: Eliminar Mullins de uma vez por todas.

Após conseguir isso, poderia recomeçar sua vida, e mais importante, curtir seu bebe que estava a caminho.

— Senhores passageiros, pedimos que retornem aos seus assentos e apertem os cintos, pois estamos começando a pousar a aeronave.

Minutos depois, Lorena respirava o ar da cidade de NY.

Não tinha muito tempo, procurou um taxi e pediu ao motorista para levá-la ao endereço que Bob tinha lhe dado.

Cerca de meia hora depois, chegou.

— Deu U$ 120,00 dólares. – falou o taxista.

— Senhor, espere um momento por gentileza, irei até à casa do meu amigo pegar o dinheiro da sua corrida.

— Vá rápido, não tenho todo o dia para esperar! – ditou ríspido.

Lorena não disse nada, apenas foi em direção à casa, no entanto, ouviu alguns barulhos estranhos vindos do interior. Se aproximou da porta e viu que estava arrombada.

Sem pensar duas vezes, entrou. Os cômodos estavam totalmente bagunçados, revirados.

Continuou examinado tudo e finalmente se deparou com uma cena terrível que fez seu coração quase saltar pela boca.


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Notas finais do capítulo

Gente, o Mullins não perdeu tempo, encontrou a Natasha e começou uma lenta e dolorosa tortura. Sinto lhes dizer mais ela ainda tem muita coisa para enfrentar, Mullins está começando a ficar ainda mais insano.
O que será que fez o coração de Lorena quase saltar pela boca? Será que Bob morreu?
Até o próximo capitulo galera.



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