Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 23
A luta pela sobrevivência parte 1


Notas iniciais do capítulo

Fala galera, tudo bem?

Aproveitem o capitulo e Boa Leitura.



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— Você? – indagou assustado. – Você morreu.

Natasha encarou o velho com um misto de desdém e diversão.

— Na teoria, talvez. Mas na prática, continuo bem viva. Ou talvez você esteja contemplando um fantasma. Espero que não tenha medo de espíritos.

Alex permanecia encarando a mulher com misto de surpresa e fúria.

Se alguém tivesse lhe contado isso, jamais teria acreditado. Como era possível que a mulher que morrera debilitada devido à quimio e radioterapia estivesse parada na sua porta naquele exato momento?

— Como você está viva? – indagou, encarando-a fixamente. O choque foi tanto que se esqueceu que sua esposa jazia no chão desmaiada.

— Isso não faz diferença, vim aqui somente para deixar o Kevin. – disse, entregando o menino para o avô.

— O que diabos está fazendo com meu neto? – perguntou irado, abraçando a criança carinhosamente.

— Olha, eu não tenho tempo para explicar, cuide dele. – tentou voltar para o carro, porém Alex agarrou-a pelos cabelos e jogou-a no chão da sala antes de trancar a porta.

Ele estava com uma expressão sombria na face.

— Você não irá fugir, sua vagabunda. Vai me explicar toda essa história agora mesmo antes que eu perca minha paciência e acabe com sua raça. – ameaçou-a friamente.

Natasha apenas o encarou com fúria, mas não pôde fazer nada, teria de abrir o jogo para o velho se quisesse ter uma chance de fugir. Observou-o colocar Kevin no sofá cuidadosamente, depois ir até a esposa desmaiada e também para a acomodar ao lado.

— Agora, Juliane, comece a me contar tudo, desde o princípio, não omita nenhum fato. – ordenou rispidamente.

— Antes de começarmos, meu nome verdadeiro é Natasha. – revelou com desdém. – Juliane foi somente um disfarce para enganar o trouxa do seu filho Cristian.

Alex sentiu seu sangue ferver ao ver a mulher insultando seu filho, porém conteve sua raiva.

— Desde que Mullins tomou o controle da favela e salvou minha vida de seus ajudantes, eu me apaixonei perdidamente por ele. Era um sentimento tão forte que nunca tinha imaginado existir, porém, ele não sentia a mesma coisa, via-me apenas como uma garota qualquer. Alguns meses depois, Mullins começou a se aproximar com carinho. Era inevitável não me apaixonar mais por ele... – foi interrompida por Alex.

— Não estou interessado na sua vida amorosa, quero saber o porquê de se envolver com meu filho. Como você pode estar viva quando te vi morrer naquele hospital?

— Mullins tinha planos, ele queria fazer uma bomba tecnológica de alta capacidade e vendê-la para outro país, porém a bomba era complexa e necessitava de vários componentes que demoraria anos até se conseguir. Só que Mullins tem uma visão de futuro sem igual, ele praticamente planejou todos os movimentos para conseguir cada peça da bomba e cada coisa que planejou deu resultado. Um desses componentes que precisa é um serial padrão das operações militares. Todas as bases do FBI, CIA entre outras, usam esses códigos, então ele precisaria de alguém para pegar para ele. Foi por isso que comecei a me aproximar de Cristian.

— Como assim? Explique-se melhor!

— Mullins mandou eu me aproximar de Cristian, de alguma forma ele sabia que o seu filho mais novo tinha se tornado um agente do FBI, e iria usá-lo para conseguir o serial.

— Você está me dizendo que o Eric mandou você se envolver com Cristian e ter um filho com ele somente...

— Para ele poder sequestrá-lo e ter algo para poder obrigar Cristian a lhe entregar o serial. – completou - Era exatamente isso que Mullins ou Eric planejou e veja só como as coisas aconteceram. Ele realmente é um homem de visão sem igual.

Alex a encarava com total incredulidade.

— Como pode aceitar fazer parte desse plano tão doentio? – indagou furioso.

— Eu amava o Mullins. – respondeu de forma simples. - Faria qualquer coisa por ele, por isso eu aceitei fazer parte desse plano insano.

— Se você o amava tanto, porque está aqui?

— Desde que Mullins sequestrou o Kevin, fiquei cuidando dele. Percebi o quanto esse garotinho é especial. Compreendi que não valia a pena mais seguir com essa loucura, e hoje, quando vi meu filho quase ser estuprado por outro capacho dele, vi que a vida dele era muito mais importante do que qualquer outra coisa.

— O que você disse? – berrou, agarrando-a e sacudindo-a violentamente – Meu neto foi violentado?

— Não, consegui chegar a tempo de impedir aquele desgraçado. Por isso estou aqui, vim deixar meu filho em segurança e livre das garras do Mullins. Meu primeiro pensamento era entregá-lo para o Bob, mas não sabia onde ele morava, então vim até aqui.

O homem foi até o neto e o examinou com mais atenção. Percebeu uma mancha vermelha no rosto do menino e alguns lugares de seu corpinho também estavam vermelhos. Alex estava furioso, encarou a mulher com nojo e desprezo, não conseguia acreditar que um ser humano fosse capaz de fazer algo tão hediondo, somente para benefício próprio.

Sua furia foi tanta que não conseguiu controlar seu impulso e acertou-a com um tapa na face.

— Você e o Eric são dois malditos, desgraçados. – berrou. – Porque forjou sua própria morte? Me explique a razão!

— Mullins precisava de mim, então subornou um médico do hospital para fingir que eu estava doente e que estava fazendo o tratamento. A aparência fraca e pálida era maquiagem. Logo que declararam minha morte, voltei para minha vida na favela, lidando com traficantes e pesquisando a vida de alvos... essas coisas… nunca quis saber o que tinha acontecido com meu filho e sinceramente nunca tinha qualquer intensão de me aproximar dele, detestava crianças.

Alex encarou-a com repugnância e novamente não conseguiu controlar sua fúria. Desferiu outro tapa contra a face de Natasha.

Ao sentir o rosto arder pela segunda vez, ela não esboçou nenhuma reação, apenas o encarou.

— Isso amenizou sua fúria? Fez você se sentir mais homem desferindo este tapa na minha cara?

— Nunca deveria ter permitido que meu filho se envolvesse com você, agora é tarde demais. – lamentou. – Não me arrependo de ter-lhe batido, embora não tenha sido a atitude mais correta.

— Não precisa se desculpar pelos tapas, sei que mereço isso, por tudo que fiz contra Cristian.

— Não iria me desculpar. – retrucou sério. – Me senti melhor ao lhe acertar, graças a Deus que você não é um homem, pois se fosse, eu já teria lhe partido a cara.

Natasha sorriu.

— Sempre o mesmo homem violento, muitas vezes me perguntei porque Eric tinha esse ódio viceral por você, mas acho que já sei a resposta.

— Do que você está falando, garota? – bradou irritado.

— Estou falando simplesmente que se o Eric é desse jeito, com certeza foi por sua causa. Você nunca deve ter demostrado amor ou carinho por ele e...

— Era só o que me faltava, uma mulherzinha vulgar e ainda por cima cumplice de Eric vir me dar lição de moral.

— Não importa o que tenha acontecido no seu passado com seus filhos, não me interessa. – disse com desdem. - A questão agora é que Mullins irá me matar assim que descobrir sobre minha traição e não pretendo que isso aconteça. Preciso fugir!

— O quê? – gritou enfurecido. – Não vou deixar você fugir. Quero ver você apodrecendo na cadeia. – berrou, apanhando o celular para ligar para a policia.

— Se eu fosse você eu baixaria esse celular e me escutaria, tenho uma proposta para te fazer e acredite que ela pode ser lucrativa para ambas as partes, sogrinho! – ditou com sarcasmo.

— Que proposta é essa? – indagou, guardando o celular no bolso.

— Primeiro você deveria saber que o Cristian foi preso em Boston há algumas horas.

— O quê?

— É isso mesmo, Cristian descobriu onde Eric estava se escondendo, invadiu o lugar e deu uma grande surra no irmão. O problema foi que acabou sendo preso.

— Meu Deus! Meu menino preso!

— Pois é, ele ainda está sendo acusado por vários crimes...

— Ele é inocente de todos! – berrou furioso.

— Eu sei, sogrinho, o problema é que as autoridades não pensam dessa forma.- falou sorrindo. – Se você quiser impedir que seu filho apodreça na cadeia por crimes que não cometeu, terá que me deixar fugir, e em troca te entrego todas as provas que precisa para inocentá-lo. O que me diz? Minha liberdade pela do seu filho.

— Como posso saber se o que me diz é verdade? E se for somente mais uma armação do Eric?

— Não tem como saber! Terá que confiar em mim. – respondeu ácida.

Alex considerou por alguns instantes.

— Tudo bem! Onde estão esses documentos?

— Estão no meu carro.

— Irei com você até lá. Se você está mentindo,  eu não deixarei você fugir.

— Tudo bem! Vamos?

Alex não respondeu, foi até a porta, destrancou-a e acompanhou Natasha até o carro. Ele estava receoso, temia ser alguma armação daquela mulher.

Natasha abriu o carro. Alex permaneceu alguns passos atrás dela, se ela tentasse alguma coisa, ele tentaria impedi-la.

Natasha pegou uma pasta cheia de papéis e entregou a Alex.

— Tudo que você precisa para inocentar o Cristian está ai.

Alex olhou alguns documentos só para constar se eram verídicos. Não encontrou nada errado, então voltou-se para a garota.

— Cumprirei com a minha palavra! – disse sério. – Vá para bem longe, e nunca mais volte, pois se chegar perto do meu filho ou neto, eu mesmo acabarei com você, nunca se esqueça!

— Não se preocupe, não tenho intenções de voltar, mas quero que me faça um último favor.

— O que é?

— Diga ao Kevin que eu o amo e que passar esses dias com ele foram os melhores da minha vida e peça desculpas por tudo que fiz. – falou com lágrimas nos olhos. – E seria prudente vocês se esconderem por alguns dias. Assim que Eric descobrir que o garoto escapou, ele pode vir atrás de vocês.

— Não se preocupe, protegerei minha família e direi isso ao Kevin.  – hesitou antes de dizer. - Obrigado por tudo que fez, Natasha.

— Fiz tudo isso pelo meu filho, e espero que um dia possa redimir todos os meus erros. Adeus, senhor Hayes. – despediu-se ligando o carro e saindo.

— Adeus.

Ao voltar para a casa, Alex encontrou sua esposa sentada no sofá encarando Kevin.

— Querida, você está bem? – indagou preocupado.

— Meu bem, o que aconteceu? Fui até a porta e vi a Juliane segurando o Kevin e... – falava angustiada.

— Calma querida, está tudo bem! – falou abraçando-a com carinho. – Vou te contar tudo o que aconteceu, mas antes, vamos levar o Kevin para o quarto, está bem?

— Tudo bem!

Ambos levaram o pequeno até o quarto e permaneceram olhando-o por longos minutos. Finalmente, tinham recuperado seu netinho, agora, para esse pesadelo ter fim, somente faltava seu filho livre e com eles.

XXX

Depois de jantarem uma gororoba que Bob conseguiu queimar, os três voltaram para os negócios.

— Bom, meu primo me mandou uma mensagem. Ele quer receber o adiantamento hoje.

— Mas como vamos conseguir 25 mil dólares hoje? – indagou Rebecca. – É quase meia noite.

Bob não disse nada, apenas levantou-se e foi até seu quarto. Momentos depois retornou com a maleta.

— Luiws, aqui na maleta tem os 25 mil dólares que o cara pediu.

— Onde você conseguiu isso? – perguntou admirado.

— Sempre guardo dinheiro em casa para uma emergência! – respondeu indiferente.

— Mas tanto assim? – insistiu Rebecca.

— Fazia muito tempo que tinha esse dinheiro aqui! Amanhã quando o cara liberar o Cristian, eu pego a outra parte no banco.

— Bob, me desculpe perguntar, mas como você tem tanto dinheiro assim?

— Meus pais me deixaram uma boa herança. Eles eram empresários e viajavam sempre, quase nunca estavam presentes. Quando fiz 16 anos, recebi a notícia que o avião onde eles estavam, tinha caído no oceano.

— Desculpe, não devia ter perguntado. – falou Luiws envergonhado.

— Tudo bem!

— Vou levar isso para ele. Nós falamos amanhã! – despediu-se Luiws.

— Também vou para minha casa... – porém foi interrompida por Bob.

— Você não vai a lugar nenhum. Becky, o Mullins tentou matá-la, é melhor deixar ele pensar que conseguiu, por enquanto. Fique aqui, eles nunca irão te achar.

— Mas... – tentou argumentar, mas seu amigo não deixou.

— Já arrumei um quarto para você, e amanhã irei até sua casa e pego algumas roupas, não se preocupe.

— Concordo com ele, Becky, aqui você estará segura. – disse Luiws. – Vou indo, até amanhã.

— Até! – disseram juntos.

Ao sair da casa de Bob, Luiws percorreu um longo caminho até o local onde seu primo Fernando Romero morava.

Fernando tinha um caráter bastante duvidoso. Não tinha honra ou laços de lealdade com ninguém, executava serviços para quem pagasse mais.

Não era homem a quem devesse depositar sua confiança, porém Luiws não tinha mais ninguém para quem pedir para fazer o trabalho. Fernando já tinha feito esse tipo de tarefa outras vezes, inclusive tinha se infiltrado dentro de um presídio de segurança máxima e fugido de lá levando um perigoso detento.

Seu primo o aguardava em frente à casa, estava sem camisa, deixando à mostra o abdômen definido e cheio de cicatrizes. Usava uma bermuda e tênis bem velho.

— Que surpresa, primo! A que devo a honra de sua visita?

— Como se você não soubesse que eu viria.

— Que é isso, é sempre um prazer receber minha família. Entre, vamos conversar.

Luiws adentrou na casa e teve uma surpresa.

A casa dele estava limpa e organizada, nem parecia o mesmo lugar onde estivera dias atrás.

— Surpreso? – indagou sorrindo.

— Admito que sim! Sua casa, dias atrás, estava uma zona, suja e com vários objetos jogados por todo o lado, o que houve? Tomou vergonha e limpou?

Fernando caiu na gargalhada.

— Somente você para pensar nessas coisas. Tenho uma vadia aí que serve para fazer os serviços domésticos e outras atividades físicas.

— Ok! Não importa, vamos tratar de negócios agora! – falou mostrando a maleta. – Aqui tem os 25 mil que pediu, a outra metade será entregue quando o policial estiver no endereço combinado.

Fernando pegou a maleta, seus olhos castanhos brilharam ao ver a quantidade de notas.

— Sem problemas! Sabe que executo muito bem meus serviços, fique tranquilo, amanhã seu tira estará livre.

— Muito bem! Amanhã é minha folga, vou estar na casa te esperando, não vá com muitas pessoas para não chamar a atenção e também não machuque o Cristian. Entendido?

— De boa, não vou pisar na bola.

— Acho bom! Vou nessa.

— Até amanhã primo, e trate de preparar o restante do dinheiro.

— Não se preocupe. – retrucou, saindo do local.

XXX

O dia mal tinha nascido na cidade de Belvedere, mas a movimentação nas ruas era intensa, porque uma vez por semana era realizada uma feira no centro da cidade.

Tinham barracas de alimentos como frutas, legumes, condimentos, outras besteiras como pastéis, crepes, waffles, cafés entre outros, havia também barracas com trabalho artesanal, outras com roupas, lembranças, etc...

Entre o fluxo de pessoas que passeavam pelo local, estava Lorena, que apesar da tensão que sentia naquele momento, não deixava de se impressionar com a beleza da cidade e toda a movimentação que a feira proporcionava.

Enquanto isso, na entrada da cidade, um Voyage preto estava rodando lentamente. O motorista olhava com desprezo para a cidade e seus moradores.

Continuou buscando sua vítima no local. Tinha conseguido rastrear o celular que Lorena havia roubado.

Ao se aproximar do centro da cidade, percebeu a aglomeração de pessoas por causa da feira.

— Maldita! – sussurrou raivoso.

Com toda essa gente em volta, não poderia seguir seu plano de matá-la rapidamente, até poderia fazer isso, sair atirando sem se importar em ferir inocentes, no entanto, iria ser um completo desastre e os planos de Mullins poderiam não se concretizar senão agisse com calma.

Sendo assim, Smith parou o carro algumas quadras antes do início da feira e começou a procurar a vadia da Lorena.

Ela estava sentada em uma barraca saboreando uma xícara de café expresso. Estava ciente que Smith estava por perto.

Desde quando começara a trabalhar com Mullins, sabia dos rastreadores e como funcionavam, por isso tinha descoberto um jeito de conseguir a origem do sinal de rastreamento. Sabia exatamente onde Smith estava.

— Falta pouco!

Com o restante do dinheiro que tinha, conseguiu comprar duas armas e um pouco de munição. Se ficasse sem balas, teria que improvisar com alguns itens que havia na fábrica, madeiras, ferros, essas coisas… No entanto, torcia para não ter que confrontar seu inimigo corpo a corpo, pois a vantagem seria dele.

Sentiu seu celular vibrar, apanhou-o discretamente e checou a tela. Viu o pontinho vermelho que significava que Smith estava a aproximar-se.

Sorrindo, tirou os últimos trocados que possuía, pagou pelo café e saiu da mesa, ficando parada quase no meio da feira, encarando fixamente o local por onde Smith se aproximava.

Ele trajava uma calça jeans escura, uma camisa preta e óculos escuros no rosto. Seu jeito sempre arrogante e prepotente.

Sentiu uma grande aversão ao mirar aquele ser odioso.

Nesse momento, Smith encontrou a figura de Lorena parada, encarando-o fixamente.

Calmamente, ele retirou os óculos e a mira.

Ambos traziam na face um misto de ódio e determinação. Os dois queriam liquidar um ao outro, mas dessa vez apenas um sairia vivo.

Lorena sorriu e começou a correr em direção à fábrica sem se importar ao trombar com as pessoas, literalmente passava por cima delas, correndo a toda a velocidade.

Ao vê-la fugir, Smith começou a persegui-la, também sem se importar em derrubar ou trombar nas pessoas.

A fábrica não ficava longe do centro, minutos depois Lorena pôde ver o prédio. Entrou pela abertura da grade e correu para o interior.

Smith estava em seu encalço, a viu entrar naquele prédio abandonado e percebeu qual era sua intenção: queria desviar a atenção dele a fim de evitar que pessoas se machucassem.

Sorrindo, adentrou também na fábrica.

O local era escuro e fétido, não via a mulher em lugar algum.

Sacou sua arma e começou a avançar com cautela.

Passou por duas salas e nada encontrou a não ser um grande espaço vazio. Ao entrar na terceira, conseguiu ver diversas caixas espalhadas pelo local, porém foi recebido por uma saraivada de balas disparadas por Lorena.  

Para evitar ser atingido, se jogou atrás de algumas caixas.

— Maldita cadela! – berrou.

Começou uma intensa troca de tiros.

Lorena e Smith tentavam em vão acertar um no outro, mas as caixas forneciam alguma proteção. O problema maior para Lorena era sua munição escassa, somente restavam-lhe dois pentes, um para cada arma.

Ainda abaixada, saiu sorrateiramente da sala indo em direção a um espaço onde ainda restavam máquinas. Se escondeu atrás da porta e esperou Smith vir procurá-la.

Por outro lado, Smith não percebeu que sua rival havia saído e continuou atirando com vontade. Depois de quase um minuto, finalmente percebeu que estava sozinho no local.

Xingando horrores, começou a procurá-la.

Chegando à sala de máquinas, o homem é surpreendido ao receber um chute na sua mão. A arma voa para longe.

Lorena acertou-lhe uma cotovelada no rosto e em seguida pegou um pedaço de madeira para jogá-lo com toda a força na lateral esquerda do corpo.

O golpe na cabeça não deixou Smith abalado, porém ao ser atingido pela madeira, gemeu de dor.

Lorena se preparou para atacá-lo, mas dessa vez, o homem conseguiu interceptar-lhe o golpe, tomar a madeira dela e acertá-la com um chute no estômago.

A mulher caiu no chão sem ar, enquanto Smith jogou o pedaço de madeira longe e avançou perigosamente.

Cada passo que o homem dava, Lorena tentava se arrastar para longe, mas não conseguiu ser rápida o suficiente.

Smith a agarrou pela camiseta e a jogou contra a parede.

Ao sentir o impacto, gemeu de dor. Não conseguia visualizar a figura de seu inimigo com clareza, mas não podia deixar que se aproximasse, caso contrario estaria morta.

Sem saber o que realmente estava fazendo, Lorena sacou uma arma escondida no seu sapato e atirou às cegas para várias direções. Para sua sorte, um dos tiros ricocheteou em um cilindro de metal e atingiu Smith no ombro.

Aproveitando essa chance, conseguiu se levantar e sair da sala. Não conseguia correr com agilidade, suas costas doíam, tinha torcido o pé também, mas negava-se a desistir.

Não se importando com a dor no ombro, Smith começou a procurá-la. Estava irado. Aquela vagabunda estava brincando consigo e antes de eliminá-la, a faria pagar.

Foi recebido com um cheiro fétido e forte ao entrar na área dos chuveiros, trazia em sua mão uma arma, estava pronto para atirar no que se mexesse. De repente, ouviu um pequeno ruído vindo por trás de si. Automaticamente, se virou e disparou.

Quando se aproximou, viu que se tratava de um gato, o tiro fora certeiro, o bichano estava morto. Levantando-se, foi recebido por uma dor intensa na lateral direita de seu corpo.

Lorena, aproveitando a distração do homem, avançou contra ele com uma barra de ferro e atingiu-o com toda a força.

O homem tentou atirar nela, porém, Lorena conseguiu se esquivar da bala, mas não foi tão rápida a livrar-se do chute de Smith.

Caída no chão coberto de limo e sujo, tentou recuperar o fôlego, no entanto, foi pega de surpresa ao senti-lo ficar sobre si, comprimindo fortemente seu pescoço.

Tentou desesperadamente retirar-lhe as mãos, mas elas eram muito mais fortes, estava começando a perder o fôlego.

Reunindo sua energia, conseguiu acertar-lhe um chute nos genitais e ele a soltou quando sentiu o golpe.

Aproveitando sua chance, Lorena desferiu-lhe uma cotovelada no rosto, libertando-se do corpo do homem. Ao tentar sair da sala, sentiu alguma coisa prender seu tornozelo. Sem conseguir controlar, caiu no chão. Smith tinha conseguido agarrá-la. Com fúria, empurrou sua perna livre contra o rosto do agressor, que a soltou ao sentir o nariz ser atingido e começando a jorrar sangue.

Finalmente Lorena conseguiu chegar à sala do tanque d’agua, tinha planejado atrair Smith para lá e fazer com que caísse dentro do poço. Nessa altura, iria descarregar sua outra arma contra ele.

Era sua última chance.

Posicionou-se na frente do tanque e aguardou a chegada dele.

Smith apareceu na sala, seu nariz ainda sangrava, suas roupas estavam imundas devido ao limo dos chuveiros e seu rosto era assustador, podia ver e sentir todo o ódio que emanava do homem.

— Você acha que pode me vencer? – zombou- Você não passa de uma garotinha patética brincando de esconder. Enfrente-me de uma vez, e acabaremos com isso.

— Eu posso e vou acabar com sua maldita raça, ou meu nome não é Lorena Thompson. – bradou confiante.

Adam gargalhou.

— Então mandarei gravar outro nome em sua lápide. – gabou-se confiante. – Vamos acabar com isso agora. Avançando rapidamente contra a mulher, Adam não via mais nada à sua frente, somente seu alvo. Iria finalmente eliminá-la. Tão centrado na garota, nem reparou no poço atrás dela.

Lorena desviou-se no último instante do agressor e empurrou-o ao poço. O que não estava contando, era que seria agarrado por ele.

Os dois caíram na água.

As mãos do homem pressionaram seu pescoço, porém não era o suficiente, ele também a submergiu.

A pressão era insuportável, não conseguia respirar, seus pulmões doíam e a visão começou a escurecer.

Segundos depois, o homem retirou a garota da água e afrouxou um pouco o aperto para poder divertir-se pela última vez.

— Você nunca pôde me vencer! O seu único consolo é que vai poder encontrar seu queridinho Vinicius no inferno. – debochou. – Quando chegar lá, dê lembranças minhas a ele. O que acha d’eu matá-la agora, hein?

Esse foi seu pior erro.

Ao mencionar o nome do Vinicius, Lorena lembrou-se da lãmina que ele sempre carregava consigo, dizia que lhe dava sorte.

Quando Adam a afundou novamente, conseguiu apanhar a lâmina e enterrá-la nas partes íntimas dele.

Sentindo uma dor excruciante no pênis, Smith a solta imediatamente.

Desesperada por oxigênio, Lorena tentou puxar grandes golfadas de ar enquanto observava o homem gritar de dor ao ter as bolas feridas.

Com a respiração um pouco mais normal, ela encarou-o com repugnância.

— Quando resolver matar alguém, mate logo, não fique apenas se gabando. – falou com a voz áspera, enquanto cortava a jugular de Adam com a lâmina.

Smith começou a se debater violentamente. Uma grande quantidade de sangue saía de seu corpo, tingindo a água de vermelho.

Momentos depois, o corpo de Smith parou de se mexer e permaneceu boiando inerte no poço.

— Xeque Mate, imbecil!

Antes de sair daquele lugar, examinou os bolsos de Smith e encontrou uma chave de um veículo, e também um pouco de dinheiro. Usou a escada para sair do poço. Estava totalmente encharcada e suja, porém tinha que ser rápida, alguém poderia ter ouvido os tiros dentro da fábrica e avisado as autoridades. Tinha que sumir da cidade.

Ao sair da fábrica, foi até os fundos e encontrou uma bolsa com algumas roupas limpas, uma toalha e garrafas de água.

Rapidamente, começou a limpar os vestígios de sangue dos cabelos e do corpo. A toalha ficou completamente vermelha, igual às suas roupas. Foi até sua bolsa e apanhou outra garrafa. Num lugar escondido, juntou os tecidos sujos e acende um fosforo.

O fogo se alastrou rapidamente, consumindo as peças. Enquanto assistia, pegou seu telefone e discou o número da única pessoa que poderia ajudá-la naquele momento.

XXX

Em Nova York, Bob e Rebecca estavam acabando de tomar café, quando o policial escutou seu celular tocar.

— Lincher!

— Bob, aqui é a Lorena! Preciso de sua ajuda.

Ao ouvir a voz da garota, ele cospiu todo o líquido em sua boca, sujando a toalha com café.

— Lo-lorena? Como...

— Preciso de sua ajuda, eu estou em Belvedere, cidade vizinha de Los Angeles, Cristian e eu nos separamos há alguns dias, ele foi para Boston tentar encontrar o filho e eu fiquei aqui para enfrentar um dos capangas de Mullins, mas não tenho como voltar, o dinheiro que tinha acabou e...

— Fique calma! Me explique tudo, pois não consegui entender nada.

— Não dá tempo, preciso voltar para Nova York, Mullins está atrás de um serial que está no FBI e...

— Sei disso, ele entrou em contato comigo há alguns dias, tentando trocar o serial por provas da inocência de Cristian.

— Falando nisso, ele entrou em contato com você nesses dias?

— Não, mas ele foi preso ontem em Boston, disseram que invadiu uma casa e atacou um morador. Será enviado para cá hoje.

— Bob, por favor, preciso voltar para N Y, preciso de sua ajuda!

— Eu irei ajudar-te. Passe seus documentos que comprarei uma passagem para o primeiro voo que tiver para cá!

— Certo! Posso falar?

— Fale.

Após anotar os dados, Bob entrou no site de passagens aéreas, pesquisou e encontrou um voo para NY-

— Tem um voo de Los Angeles para Nova York daqui a duas horas, comprei a sua passagem, vá até o balcão, mostre seus documentos que eles te liberam. Quando chegar ao aeroporto, pegue um taxi e venha para minha casa, anote o endereço. – explicou calmamente. – Entendeu tudo?

— Sim, e outra vez, obrigada por toda a sua ajuda!— sua atenção foi desviada com o barulho de sirenes. – Tenho que ir. Nos veremos em breve.

Depois de desligar, saiu apressada da fábrica, voltou para a feira, encontrou o carro de Smith e partiu de volta para Los Angeles.

XXX

— Não sei se isso é uma boa ideia, Bob. – falou Becky preocupada. – Ela está sendo procurada, e por mais que tenha ajudado o Cristian, ainda assim ela fazia parte do grupo do Mullins, não é 100 por cento confiável.

— Becky, também não confio nela, porém é inegável que nos ajudou algumas vezes nessas semanas, e o Cristian confia nela, não custa ajudar.

Antes que Rebecca pudesse continuar com a falação, ouviram a campainha.

Bob foi atender e se deparou com Luiws.

— Já está tudo certo, meu primo me mandou uma mensagem avisando que já está em posição, só esperando a chegada de Cristian.

— Isso é uma boa notícia. Venha, tome um café conosco.

— Ok! Bom dia Rebecca.  – cumprimentou-a sorrindo.

— Bom dia Luiws. – retribuiu o sorriso.

— Tenho que ir ao banco buscar a outra parte do dinheiro. – Bob falou levantando-se e pegando as chaves do carro. – Fiquem aqui que em meia hora eu volto! Até logo.

Quando Bob saiu, um clima estranho pairou sobre os dois até que Rebecca quebrou o silêncio.

— Luiws, eu não sei se deveria te contar, mas estou preocupada com uma coisa.

— O que é pode dizer! – falou colocando sua mão sobre a dela.

Rebecca começou a contar sobre a conversa de Bob com Lorena; contou-lhe sobre suas desconfianças, medos e outra coisas.

Sem perceber começaram a conversar sobre assuntos banais e fatos pessoais e novamente sem qualquer motivo, começaram a se beijar apaixonadamente.

Luiws nunca tinha sentido nada parecido em sua vida, desde o momento em que viu Becky pela primeira vez, sentiu algo diferente nela, algo especial.

Rebecca também estava em êxtase, Luiws tinha uma pegada forte e ao mesmo tempo carinhosa, seus lábios eram suaves.

Envolvidos pelo tesão, ambos tiraram as roupas e começaram uma transa intensa, ali mesmo no sofá.

Nada importava para eles naquele momento, somente os dois ali desfrutando as novas e incríveis sensações.

No entanto, para infelicidade de ambos, Bob retornou mais cedo do que esperavam e os flagrou em pleno ato sexual.

— Oh meu Deus! – gritou espantado ao ver Luiws e Rebecca nus no sofá.

Ao ouvirem o grito, pararam imediatamente e encararam Bob aterrorizados.

— B-Bob e-eu po-posso explicar...

— Tudo bem, eu entendi o que estavam fazendo. – começou constrangido. – E não tem problema, só que da próxima vez, usem um quarto, aqui em casa tem vários para vocês escolherem.

Luiws e Rebecca estavam extremamente envergonhados e cobriram o rosto com as mãos.

— Vou deixar vocês terminarem e Luiws, a maleta com os outros 25 mil está sobre a mesa e bem... continuem, finjam que nunca os interrompi. Volto quando terminarem.

Depois que ele saiu, Rebecca encarou Luiws.

— Meu Deus! Nunca passei tanta vergonha assim na minha vida.

— Sabe, eu também não, mas você fica ainda mais linda corada. – provocou. – Já que o dono da casa liberou, vamos terminar, o que acha?

Rebecca sorriu e logo recomeçaram com as caricias.


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Notas finais do capítulo

Cara, quantas coisas aconteceram neste capitulo, hein?

Rebecca e Luiws sendo pegos por Bob, ( ri muito com essa parte),
Lorena e Smith lutando; Puxa...
Espero que tenham gostado e até o próximo.



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