Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 20
A revelação de Bob


Notas iniciais do capítulo

Fala galerinha, tudo bem?

Quase chegando o feriado prolongado, que beleza.

Temos aqui o capitulo 20.

Espero que gostem e Boa Leitura



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Trent McNamara, um jovem de 29 anos com cabelos castanhos e olhos pretos, tinha-se formado em uma das melhores faculdades de medicina do país. Estava no comando do instituto médico legal de Nova York há quase um ano, tinha conseguido o cargo devido a seus bons antecedes no campo da medicina e contou também com uma ajudinha do seu antecessor que fora seu professor na faculdade.

Desde que assumiu o posto, sempre procurou ter uma relação amistosa com todos os funcionários, nunca houveram graves problemas com nenhum deles, ou melhor, até aquele dia, no entanto, o Dr Acetti o tirara do sério. Nunca quisera trocar Dra. Walters por ele, porém não tivera escolha já que era uma exigência do governo.

Assim que o expediente terminou, dirigiu-se para buscar seu carro e ir para casa. Somente queria um banho e relaxar depois do dia estressante que tivera, mas quando passava pela sala do Acetti, percebeu que a porta estava entreaberta.

— Ora, aquele filho de uma... – bradou furioso, acreditando que Acetti não havia saído com os outros para buscar os corpos.

Entrou na sala.

Para sua surpresa se deparou com Rebecca.

— O que está fazendo aqui, Dra. Walters? – questionou um tanto desconfiado.

— Dr. McNamara, o senhor me assustou. – falou ofegante.

— O que faz na sala do Acetti?

— Aproveitei que o cretino saiu e vim pegar isso. – falou rapidamente, pegando o objeto. – Foi um presente da minha mãe e aquele homem horrível não queria me devolver. – disse com algumas lágrimas caindo dos olhos.

Trent a encarou por alguns momentos, compadecido.

— Tudo bem Becky, não tem problema. Sabe, eu nunca quis que aquele homem assumisse o cargo, mas infelizmente foi uma exigencia do FBI, não pude fazer nada.

— Eu compreendo Dr, não se preocupe. – informou sorrindo. – Vou indo então, tenha uma boa noite.

— Obrigado, você também.

Ao sair da sala, Rebecca respirou mais aliviada, quase fora pega por seu chefe, porém tinha conseguido os arquivos.

A volta para casa foi rápida, as ruas estavam com pouco movimento. Tirou os sapatos, os deixou jogados na sala e começou a examinar o relatório.

XXX

Bob estava saindo de seu gabinete, o dia tinha sido bastante exaustivo e surpreendentemente sua conversa com Eric não parava de martelar em sua cabeça. Não poderia simplesmente entregar o serial para o bandido. Mas como conseguiria provar a inocência de Cristian?  Eric tinha executado uma grande jogada, tinha que admitir, estava sem opção.

Tão absorto em seus pensamentos, não percebeu que Luiws o estava chamando.

— Bob!

— O que foi? – indagou assustado.

— Caramba, te chamei uma porção de vezes, mas parecia que você estava no mundo da lua. Preciso falar com você, é urgente. – pediu apreensivo.

— Olha Luiws, agora não posso, tenho um compromisso! – disse se afastando.

— O que eu quero falar é sobre o Cristian.

Bob o encarou por alguns segundos.

— Tudo bem, do que se trata?

— Prefiro não falar disso aqui, vamos para um local mais tranquilo.

Bob ponderou por alguns instantes.

— Espere um pouquinho, por favor. –disse, sacando o telefone.

— Walters.

— Becky, é o Bob.

— Você não vem para cá? Estou esperando.

— Eu sei, teria problema se eu levasse um amigo comigo?

Rebecca hesitou.

— Você confia nesse seu amigo? Temos que ter muito cuidado.

— Ele tem algumas informações sobre o caso e ele me disse que não acredita que o Cris tenha feito nada dessas coisas. Acho que posso confiar nele, afinal o conheço há bastante tempo.

— Tudo bem! Por mim não tem problema, só tome cuidado, certo?

— Pode deixar! Beijos. – disse encerrando a ligação. Virou-se para Luiws que o mirava com curiosidade.

— Tenho algumas coisas para te contar, mas você tem que me prometer que não vai revelar nada para ninguém, nem mesmo para o comandante. Me prometa!

— Tudo bem, eu prometo.

— Certo! Vamos para a casa de uma amiga minha, - disse indo para o carro, - ela está ajudando bastante e tem algumas coisas para me falar também.

— Ok!

Alguns minutos depois, Bob estacionou seu carro em frente à casa de Rebecca e tocou a campainha.

A porta se abriu.

— Bob. – falou animada, beijando-o na bochecha.

— Becky, esse é meu amigo Luiws. – apresentou-os. – Ele trabalha comigo no FBI.

Os dois se encararam por alguns segundos e trocaram um cordial cumprimento. Rebecca os convidou a entrar e os guiou para a sala, onde esteve examinando alguns documentos.

— Becky, você conseguiu o relatório? – perguntou Bob.

— Consegui! E você não vai acreditar no que eu descobri.

— O que é? – indagou curioso.

— Esse relatório de autopsia não é do Carl West. – informou taxativamente.

Bob arregalou os olhos.

— Você tem certeza?

— Tenho noventa por cento de certeza.

— Desculpe interromper, mas do que vocês estão falando? O que está acontecendo? – inquiriu Luiws confuso.

Rebecca olhou para Bob que soltou um longo suspiro.

— Luiws, estamos tentando encontrar uma maneira de inocentar o Cristian, ele não matou o West, eu sei porque estava com ele na favela.

— Você o quê? – gritou surpreso.

— Nós dois fomos até à favela...

— Então vocês libertaram os bandidos responsáveis pela explosão do galpão? – perguntou indignado. – E mataram Black e Ross?

— Não! – mentiu. – Nós os encontramos na favela.

Luiws encarou Bob por longos minutos tentando encontrar algum sinal de mentira ou nervosismo, porém Bob continuava a olhá-lo calmamente, convencendo-o que a mentira que lhe contara era verdadeira.

— Certo! Continue Bob.

Bob contou o restante da história para o companheiro, ocultou algumas partes, mas no geral revelou o que tinha acontecido nos últimos dias.

— É isso, o irmão do Cristian está vivo e construindo uma bomba tecnológia para vendê-la para um país inimigo.

Luiws estava perplexo com as informações.

— Porque você acha que esse relatório não é do West? – indagou Bob para Becky.

— Esse relatório foi eu quem fiz uns 2 dias antes do assassinato de West, era de um indigente que foi morto e tudo que o Acetti relatou aqui, foi a mesma coisa que eu tinha pautado no relatório do indigente.

— Então você acha que o Acetti copiou seu relatório? – perguntou Luiws.

— Não! Tenho quase certeza que o Acetti trocou os corpos.

Os dois encararam-na com bastante incredulidade.

— Se ele tivesse apenas copiado o relatório, seria muito fácil descobrir a verdade já que era somente pedir para exumar o corpo e constatar que o que foi relatado não condizia com o corpo. Mas ao trocar os corpos, seria mais complicado de provar que não é o corpo de West que está descrito na autópsia.

— Então o que faremos? – interpelou Bob.

— Teremos que conseguir uma ordem judicial para poder exumar o corpo.

— Mas...

— Dessa vez, teremos que fazer tudo conforme a lei, Bob. – disse o agente. – Porque nenhuma prova será válida se não for devidamente autorizada e perderemos todas as chances de inocentar o Cristian e mais, amanhã você deve ir no comandante e expôr toda essa história sobre o irmão do Cristian. Quanto mais tempo passar, mais chances damos para ele, não sei porque não contou isso antes. – repreendeu-o.

— Não posso fazer isso! – revelou Bob angustiado.

— Porque não? – questionou Rebecca. – Já te tinha falado para você contar isso Bob e você tinha concordado e...

— Recebi um e-mail do Eric hoje, nele continha algumas provas que inocentam o Cristian, pelo menos na parte de desvio de verbas e corrupção...

— O que ele quer em troca das provas?

— Um serial que está na sede; se ele o tiver, a bomba vai atingir a capacidade máxima e...

— Poderá destruir o sistema de todo o país, computadores, televisores, tudo será um caos geral, perdermos tudo. – completou Luiws.

— Bob, você não está considerando entregar isso para livrar o Cristian está? – indagou Becky.

Bob a encarou.

— Não sei! – admitiu. – Se eu entregar o serial, muitas pessoas inocentes vão morrer, mas...

— Você então sabe o que deve fazer, não entregue nada para ele. – disse Rebecca confiante. – Nós podemos encontrar uma maneira de inocentar o Cristian.

— Certo! Só espero que seja logo, estão procurando por ele em todo o país, não vai demorar muito até que ele seja preso.

— Então, amanhã você falará com o comandante, explique toda a situação para ele, e eu vou atrás de um promotor e pedir a ordem para exumar o corpo. – informou Luiws.

— Olha, enquanto o Acetti estiver no instituto será muito arriscado levarmos o corpo para lá, seria melhor levarmos o corpo para outro lugar.

— Concordo! Trabalhando juntos podemos vencer esse jogo. – afirmou Luiws.

Bob assentiu.

“Só espero que consigamos antes do Cristian ser preso.”

xxx

Mullins e Natasha estavam deitados na cama completamente nus, aproveitando aquele momento após sexo, na verdade Eric estava quase dormindo quando Natasha começou uma conversa tediosa.

— Mullins, sempre quis te perguntar uma coisa, mas nunca tive coragem, porém agora que nós estamos a... – não sabia como continuar.

— O que você quer saber? – questionou rispidamente.

— Como foi que você conseguiu assumir o controle da favela? – indagou curiosa. – Eu cresci lá e não me lembro de ter convivido com você.

— Não tinha como você ter me visto lá, eu não cresci na favela. – revelou. – Eu estava na prisão, e conheci um antigo rival do velho Simon, ele me ensinou quase tudo o que sei, sobre carteis e outras coisas. Quando fugi da cadeia, fui até o morro, matei o velho e assumi seu lugar. Agora que já sanei sua curiosidade, vá até a cozinha e prepare alguma coisa para comermos, estou morto de fome.

— Está bem, só vou tomar um banho rápido e já vou. – informou levantando-se da cama e indo para o banheiro.

Eric permaneceu deitado, porém a questão de Natasha o fez relembrar dos fatos.

“Após fugir da clínica, Eric não sabia para onde ir; era mais que óbvio que não poderia voltar para sua casa. Logo a polícia estaria procurando-o já que tinha matado um guarda durante sua fuga.

Então para onde iria?

Foi então que se lembrou do seu “amigo” que lhe vendia ecstasy. Era provável que ele lhe ajudasse.

Levou algumas horas para conseguir chegar ao local onde o homem morava. Eric já tinha ido áquele lugar várias vezes, porém, nunca no período noturno. Haviam várias pessoas nas ruas naquela hora, todas usuárias de drogas, traficantes. A noite estava fria e quase não havia iluminação.

Sem se deixar intimidar pelo local um tanto hostil, continuou seu caminho até conseguir chegar ao seu objetivo.

Na terceira batida, o homem apareceu, trajava apenas uma calça de moletom e não trazia uma expressão amistosa no rosto.

— Que você quer? – indagou rispidamente, sem conseguir enxergar nitidamente a pessoa parada em sua porta.

— Sou o Eric, lembra-se de mim? – perguntou esperançoso. – Comprava suas pílulas.

O homem suavizou a expressão.

— Meu caro rapaz, fazia muito tempo que não tinha notícias suas, achei que tinha me trocado por outro.

— Que nada, meu pai descobriu que eu estava usando as pílulas, então fugi de casa, mas acabei atropelado por um carro uns dias depois e quando tive alta meus pais me trancafiaram em uma clínica de reabilitação, estava preso até hoje.

— Cara que história!

— Pois é, eu fugi de lá e é por isso que vim, preciso de sua ajuda. Durante a fuga eu matei um dos seguranças, não vai demorar até a polícia vir atrás de mim. Será que você não poderia me esconder por uns tempos?

O homem o encarou surpreso e ponderou por alguns instantes.

— Olha Eric, sinto muito, mas aqui você não poderá ficar. – respondeu. – Não posso ficar cuidando de um garoto.

— Por favor, não tenho outro lugar para ir. – suplicou. – E também posso te ajudar, faço qualquer coisa.

— Tudo bem! Mas já aviso, aqui não é casa de caridade, você vai ter que trabalhar se quiser ficar.

— Sem problemas, - disse sorrindo. – Aprendo rápido, prometo que não vou te dar trabalho.

— Muito bem, entre. – convidou.

— Obrigado mesmo.

— Vou pegar um cobertor para você, pode se acomodar no sofá!

Aliviado, Eric acomodou-se no sofá e praticamente desmaiou.

Passaram-se 3 meses desde a fuga de Eric da clínica. Ele não tinha tido nenhuma notícia de sua família nesse meio tempo e também não se importava.

Virou braço direito do traficante. Aprendeu a fabricar, estocar e vender drogas de vários tipos; aprendeu também a manusear armas, a saber qual o momento para usá-las, mas sua parte favorita das lições eram as torturas. Adorava aprender como torturar suas vítimas.

O traficante, que se chamava Kyle Stark, estava orgulhoso e satisfeito. Eric era sem sombra de dúvida seu melhor aluno; logo começou a mandá-lo para alguns outros serviços: venda de drogas, receber de traficantes, conseguir matéria prima, entre outros…

No entanto, no quinto mês que Eric estava com Kyle, a polícia desmontou o cerco deles. Não houve tempo ou como fugir deles, acabaram todos presos.

Na delegacia, descobriram que ele era procurado pelo assassinato de um segurança da clínica. Por conta dessa acusação e como já tinha 16 anos foi mandado para presídio a aguardar o julgamento.

Sua vida a partir daquele momento era quase insuportável, os guardas não eram nada amigáveis, era tratado com brutalidade sem mencionar os outros presos que o espancavam e roubavam sua comida.

Dias depois, seus pais apareceram para visitá-lo.

Seu pai não mostrava nenhuma satisfação ao vê-lo, sua mãe chorava copiosamente e se perguntava onde tinha errado, porém não permaneceram lá por muito tempo. Alex saiu da sala sem olhar para trás e sua mãe o acompanhou soluçando.

Naquele dia à noite, foi cercado por três presos que queriam se divertir. Eric foi arrastado para um local bem distante e lá um deles começou a estuprá-lo com bastante vontade. Nunca tinha sentido tanta dor na sua vida, achava que iria morrer, porém antes que o primeiro detento concluísse o serviço, fora salvo por um homem que matou os três.

O homem voltou-se para si, Eric encolheu-se pensando que naquele momento sua vida acabaria, porém, o estranho se aproximou, o cobriu e o levou para a enfermaria sem dizer uma única palavra.

Na manhã seguinte, Eric tinha sido liberado da enfermaria. Estava se encaminhando para o refeitório quando o homem que lhe salvara, o abordou.

— Você está bem, garoto?

— S-Sim! Obrigado por me salvar.

— Não foi nada de mais, Eric.

— Como sabe meu nome? – indagou confuso.

— Tenho te observado desde o momento em que você chegou aqui! Você estava com Kyle Stark, era o seu braço direito, ajudava-o a comandar na favela.

— Como sabe tudo isso a meu respeito? – indagou ainda mais confuso.

— Tenho minhas fontes! Agora você tem muito potencial, você pode ir muito longe ainda. Quero te ajudar, posso tirar-lhe daqui, levá-lo de volta para a liberdade. Aceita minha ajuda? – disse estendendo-lhe a mão.

— Como vou saber se posso confiar em você?

O homem riu.

— Se eu quisesse te fazer mal, teria deixado os presos acabarem com você ontem à noite. Somente quero te ajudar.

Eric o encarou desconfiado por alguns segundos e correspondeu ao aperto.

Depois daquele dia, Eric passou a integrar o grupo de um dos homens mais temidos do presidio, Victor Santiesteban.

Victor tinha sido preso há alguns anos, condenado por assassinato, sequestro e extorsão, no entanto ainda comandava seus negócios com a ajuda de alguns guardas que tinha subornado para conseguir certas regalias.

Alguns dias depois, Eric estava em sua cela quando Victor chegou.

— Prepare-se, hoje à noite você vai fugir.

Eric sentiu-se animado e excitado pela primeira vez em vários meses.

— Sim senhor!

— Preste bastante atenção, vou te explicar o plano. – ordenou. – Um pouco antes do toque de recolher, alguns dos meus homens vão começar uma briga bem violenta, iremos atacar alguns outros presos, guardas e essas coisas. Você tem de estar no pátio para trocar seu uniforme com o de outro detento e depois sairá junto com outros dois aliados. Na saída, encontrará alguns homens de confiança esperando para levar vocês até um local seguro. Alguma dúvida?

— O senhor não virá conosco?

Victor sorriu.

— Eric, eu vou morrer em breve, não treinei você para ser um mero ajudante, - informou com um sorriso, - eu o treinei para ser meu sucessor. Você deverá assumir o controle de todos os meus negócios e tenho certeza que irá se sair muito bem.

— Certo! – falou um pouco abalado.

— Mais uma coisa, preciso de um dente seu. – informou, acertando-o com um forte soco na boca.

Eric fora pego desprevenido e caiu na cama, cuspindo um dente junto com uma grande poça de sangue.

— Lamento meu caro, mas é necessário uma vez que faremos parecer que você foi morto no meio da confusão. Iremos queimar os mortos e usarei seu dente como uma única amostra de DNA para confirmarem que você morreu, assim poderá agir livremente quando deixar esse inferno.

— Entendi, senhor! Não o decepcionarei. – disse orgulhoso.

Victor sorriu e deixou o local.

Como combinado, cerca de 10 minutos antes do horário de dormir, um grupo de internos começou uma briga.

Eric correu para o pátio e encontrou o presidiário com quem trocaria de roupas.

A troca foi rápida, e instantes depois, apareceu dois homens que Eric nunca tinha visto. Um deles era negro, muito alto e cabelo cortado em estilo militar. O outro era mais baixo, possuía menos músculos e era mais claro.

— Eric, você tem que vir conosco! – disse o mais baixo dos dois.

— Rápido garoto, não vai demorar até que percebam o que está acontecendo. – proferiu o homem negro.

Eric saiu com os dois homens disfarçados de policiais. Do lado de fora do presídio havia um carro preto estacionado, eles entraram e saíram rapidamente do local.”

Mullins sorriu ao lembrar de sua estadia no presídio.

— É meu amigo, se não fosse pelo senhor, ainda estaria mofando naquela cadeia imunda. Obrigado Victor Santiesteban.

Mullins nunca soubera o que tinha acontecido com seu “protetor”, mas naquele dia em que deixou sua antiga vida para trás, tinha sido um dos melhores dias de sua vida. Naquele dia, o mundo conhecia Steven Mullins.

xxx

Lorena tinha rodado uma boa parte da tarde sem saber para onde iria. Tinha dois problemas um tanto preocupantes: primeiro, não poderia ficar andando com aquele carro por muito mais tempo, a polícia já podia estar atrás dele; segundo, somente tinha uns U$ 500,00 dólares. Poderia se virar alguns dias com esse dinheiro, mas o que faria depois? Como poderia voltar para Nova York e se encontrar com Cristian? Eram perguntas que não conseguia responder. Estava assustada.

Por causa da escassez de dinheiro, decidiu se esconder em alguma zona menor. Fez uma pequena viagem até à cidade mais próxima de Los Angeles, Belvedere.

Abandonou o Fusion algumas quadras antes de chegar a um pequeno hotel. Estava completamente exausta e a primeira coisa que fez foi tomar um banho revigorante para depois se deitar na confortável cama e adormecer.

Horas depois, acordou sentindo-se enjoada. Permaneceu alguns momentos deitada esperando que o enjoo passasse, mas minutos depois, teve que ir ao banheiro para vomitar tudo o que tinha no estômago.

Já um pouco melhor, Lorena começou a pensar em seus próximos passos já que estava ciente que mais cedo ou mais tarde teria que acertar contas com Smith. Não conseguiria fugir dele para sempre, ainda mais sabendo que seu rival não iria desistir tão fácil. No entanto, estava claramente em desvantagem, Adam era forte, muito forte, tinha a levantado e a arremessado sem qualquer esforço.

— “Tenho que pensar em um jeito de equilibrar esse jogo, pois se ele me pegar, dessa vez, estarei morta. ”

XXX

Muito distante dali, Cristian estava seguindo viagem rumo a Boston.

Estava dirigindo há 8 horas consecutivas, estava exausto, porém se recusava a parar, tinha que chegar a Boston o mais rápido possível, antes que Eric soubesse que ele estava a caminho.

Quando completou 10 horas guiando, Cristian mal se mantinha acordado, muitas vezes havia fechado os olhos só para depois reabri-los assustado.

A estrada não era ruim, porém estava longe de ser excelente. Ele cochilou novamente ao volante. Desgovernado, o Corolla começou a ziguezaguear entre as duas pistas. Quase que no mesmo instante, surgiu um caminhão na faixa contrária.

— O que aquele imbecil está fazendo? – indagou o motorista do caminhão nervoso.

O motorista, um sujeito gordo, com barba longa e bagunçada, começou a buzinar freneticamente na tentativa de chamar a atenção do motorista do carro.

Sua tentativa foi válida, porque o constante e alto barulho da buzina fez com que Cristian despertasse.

Ao ver o caminhão bem próximo, entrou em desespero e conseguiu voltar para a faixa certa segundos antes do caminhão passar e seu motorista berrar ofensas.

— Chega! Tenho que parar para descansar, não vou conseguir salvar meu filho se morrer durante o caminho. – ordenou para si mesmo.

Alguns metros à frente, encontrou um posto de gasolina onde abasteceu o carro, comeu alguma coisa e finalmente pôde descansar por algumas horas.

XXX

Na manhã seguinte.

Bob tinha ido para o trabalho mais cedo do que o costume, tinha seguido o conselho dos amigos e abriria o jogo com o comandante sobre as ações de Eric.

Contudo, aquela não seria uma conversa fácil e muito menos agradável, tinha omitido fatos importantes por tempo demais, sem contar que agiu sem autorização em algumas ocasiões. Somente torcia para não ser demitido naquele dia.

Bateu três vezes na porta e aguardou.

— Entre!

— Comandante, preciso falar com o senhor. – pediu ainda parado na entrada da sala.

— Sente-se Lincher.

Bob acomodou-se e encarou o comandante um pouco tenso.

— O que você queria falar comigo?

— Senhor... – hesitou. – Na verdade, nem sei por onde começar e...

— É alguma coisa sobre o Hayes?

— Sim, mas...

— Onde ele está? Ele falou com você?

— Não senhor, faz alguns dias que não falo com ele! No entanto, o que eu quero falar com o senhor é outra coisa. – entregou uma pasta com alguns arquivos.

— Essa pasta tem documentos que desapareceram dos arquivos da Interpol. Eu e a Dra. Walters conseguimos cópias deles com uma amiga do agente John James. Ele foi sequestrado e assassinado junto com sua esposa, ambos estavam no galpão onde eu e o Romero fomos dias atrás.

O comandante ouviu atentamente e começou a examinar os arquivos, enquanto Bob prosseguia com seu relato.

— Nesses papéis existem informações sobre dois chips que podem ser usados para criar uma bomba tecnológica que pode deixar um país sem comunicações por semanas.

— Prossiga!

— O senhor soube que houveram ataques nas sedes do FBI de Boston e de Los Angeles, não é?

O comandante o encarou.

— Como você soube do ataque à sede de Los Angeles? Essa notícia ainda não foi divulgada.

— Esses documentos dizem a localização dos chips, um em Boston e o outro em Los Angeles...

— O que mais me interessa saber é quem está por trás desses ataques? – indagou rispidamente.

— O bandido chama-se Steven Mullins, porém seu nome verdadeiro é Eric Hayes, irmão de Cristian. – revelou com pesar.

— Eric Hayes? – indagou confuso. – Ele está morto! Há vários anos, Lincher.

— Todos pensamos isso, comandante, porém o bandido está vivo, ele está armando tudo isso para incriminar o Cristian.

— Essa história é inacreditável, você quer que eu acredite que o irmão falecido do Cristian está vivo e armou tudo isso para ele? – indagou com escárnio. – Qual seria o motivo disso?

— Eric está vivo, senhor. –retrucou. – E está armando tudo, ele atacou as duas sedes do FBI, matou ou mandou alguém matar o West, implantou a arma na casa de Cristian, e...

— O problema, Bob, é que não tem como provar absolutamente nada.

— O senhor conhece o Cristian há anos, realmente acredita que ele é culpado de tudo isso?

— O meu agente não seria capaz de fazer nada disso, mas então, por que ele fugiu e porque não está tentando provar sua inocência? – desafiou o comandante.

— Cristian está desesperado atrás do filho, comandante. Ele está sumido há vários dias, a polícia desistiu de procurar por ele porque acredita que isso foi apenas mais um golpe do agente corrupto, como se Cristian tivesse coragem de sequestrar o próprio filho. Isso é coisa da mídia sensacionalista que acusa sem ter provas.

O comandante tentou rebater, porém Bob o cortou.

— O que o senhor tem que fazer é começar a procurar pelo Eric, se ele conseguir vender a bomba para um país inimigo, muitas pessoas irão sofrer.

— Eu sei disso, não preciso que você me diga como fazer o meu trabalho! – respondeu rispidamente. – E outra questão, há quanto tempo você sabia sobre isso e não reportou?

— Sobre a bomba eu descobri há alguns dias, sobre o Eric, descobri antes de ontem, foi a última vez que falei com o Cristian e ele me contou que Mullins era seu irmão.

O comandante o encarou com raiva.

— Então você admite que falou com o Hayes.

— Admito! Ele não disse onde estava, somente me falou sobre seu irmão, e desde então não tenho mais notícias dele. O senhor vai me despedir? Me acusar de ser cúmplice dele? – desafiou.

— Por enquanto não farei nem uma coisa nem outra, mas estarei de olho em você Lincher, no próximo deslize, você estará em sérios problemas. Quer me dizer mais alguma coisa?

— Sim, a bomba que o Eric está construindo precisa de mais um item e ele está aqui na sede, o serial padrão das operações militares. Tenha cuidado comandante, pois se isso cair nas mãos deles, todo o país sofrerá.

— Tenho confiança nos meus homens. – disse, olhando profundamente para ele.

— Mullins tem espiões em vários lugares, tenha cuidado comandante, quem você confia cegamente pode acabar lhe apunhalando pelas costas. – disse antes de deixar a sala.

XXX

 

No instituto, o Dr. Acetti estava furioso.

No dia anterior teve que ir até uma ocorrência falsa, não havia corpo algum, fora tudo uma grande perda de tempo.

Ao voltar para o instituto tarde da noite, descontou sua fúria em um dos internos e foi para sua casa.

Chegando no seu escritório, percebeu que alguma coisa estava errada, a porta estava aberta. Tinha certeza de que a trancara antes de sair, mas entretanto não percebeu nada de anormal, estava tudo no seu devido lugar. Sem se preocupar, começou sua rotina, maltratou os internos e deixou que eles fizessem seu trabalho, enquanto relaxava.

XXX

Entrementes, Rebecca estava na sala do Dr. McNamara, acabara de lhe revelar suas suspeitas e mostrado uma cópia do relatório de autópsia.

— Não posso acreditar que ele tenha feito isso! – murmurava.

— Eu sei doutor, por isso eu vim lhe mostrar e lhe pedir uma autorização para poder avaliar o corpo do indigente. Sei que como ele não tinha família, seu corpo foi deixado como doação para a medicina e está aqui no instituto. Somente quero saber se minha teoria tem algum fundamento.

Trent a encarou.

— Está certo Dr. Walters, você tem minha autorização.

— Eu gostaria que o Dr. Acetti não ficasse sabendo disso, será realmente desagradável se ele se intrometer.

— E o que você quer que eu faça? – questionou um pouco desesperado.

— Não sei, suspenda-o, ou lhe dê uma folga de alguns dias ou então me dê permissão para levar o corpo para outro lugar.

— Verei o que posso fazer, doutora.

Rebecca agradeceu e saiu em seguida.

— Isso não é nada bom! – murmurou desesperado. Apanhou o celular e fez uma ligação. No terceiro toque foi atendido.

— É melhor ter um bom motivo para me ligar a essa hora da madrugada.— ameaçou Mullins.

— Rebecca descobriu que trocamos o corpo do West. – disse rapidamente.

— O quê?— indagou furioso.

— Ela conseguiu roubar o relatório falsificado do West...

— Livre-se dela. – ordenou Mullins. — Essa garota é perigosa, se ela conseguiu descobrir sobre isso, não quero dar chance de ela acabar com meus planos.

— Sim senhor! – disse com pesar.

— Haja com cautela e rapidamente.— disse Mullins encerrando a ligação em seguida.

Trent ficou abalado com a ordem recebida, sabia que Rebecca era decidida, nada a faria parar de investigar, porém, algo dentro de si se recusava a cumprir essa ordem.

XXX

— Maldita! – berrou Mullins.

— O que aconteceu? – indagou Natasha sonolenta.

— Problemas! – disse rispidamente.

— Me fale o que foi, talvez eu possa te ajudar.

— Dessa vez não há nada que você possa fazer! Terei de cuidar disso pessoalmente. – Eric se levantou da cama e começou a se vestir. – Arrume suas malas, você e o garoto voltarão para Nova York agora de manhã.

— Por quê Mullins?.

— Não faça perguntas, apenas faça o que eu mandei! – gritou. – Pegue o garoto e vá para a casa nova, espere por novas instruções, mas até lá fique fora de vista, entendeu?

— Sim senhor!

Depois que Natasha saiu do quarto, Mullins ligou para um grande aliado.

— Mullins, que surpresa você ligando para mim.

— Realmente, não tinha intenção, mas aconteceram coisas que não tinha previsto e preciso novamente dos seus serviços.

— Sabe que é sempre um prazer ajudá-lo, Mullins.— disse Stan sorrindo. — O que tenho que fazer.

— Quero que você mate três pessoas, Carlo Acetti, Trent McNamara e Rebecca Walters, todos trabalham no instituto médico de Nova York, a prioridade é a garota.

Missão dada é missão cumprida, chefe!— respondeu. – Hoje mesmo estou embarcando para Nova York.

— Excelente! – disse sorrindo. – Preciso que você acabe com eles o mais rápido possível, pois podem colocar meus planos em xeque!

— Fique tranquilo, patrão! Cuidarei disso.— encerrou a ligação.

Mullins guardou o celular no bolso e soltou um suspiro aliviado, sabia que com Stan as coisas não poderiam dar errado, tinha certeza que os dias dos três insetos estavam contados.


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Notas finais do capítulo

Há muitas surpresas no próximo capitulo, teremos ação, drama, mortes, enfim um misto de sentimentos sem igual.

Até o próximo!!!



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