Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 16
Cicatrizes do passado


Notas iniciais do capítulo

Ola galerinha, tudo bem?
Temos o capitulo 16 nele falamos um pouco sobre o passado de Lorena e também um breve confronto de Cristian com seus pais...
Espero que gostem e Boa Leitura!



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Ao sair da casa de Mullins, Lorena se dirigiu para a sua casa.

Ainda conseguia sentir a adrenalina dentro de si. Entrementes, sua consciência não a deixava desfrutar totalmente de sua esplêndida vitória. Mesmo que aqueles dois merecessem morrer.

Durante sua jornada como “funcionária” de Mullins, a garota, nunca havia matado, nem traficantes, pessoas inocentes, sempre contara com Vinicius para executar as ordens de Mullins. Nunca se achou com capacidade para matar, no entanto, dessa vez ela tinha agido por conta própria. Ela tinha matado.

Ao entrar, percebeu que Cristian ainda não tinha retornado, a casa estava totalmente escura. Com muita rapidez, começou a inspecionar os cômodos, temendo que algo ou alguém estivesse esperando por ela.

Levando a arma que usara para matar Rojas na mão direita e uma lanterna na esquerda, ela seguiu examinando o interior da casa.

Respirou um pouco mais aliviada quando não viu nada de suspeito. No entanto, ela deixou a casa no escuro, não queria chamar a atenção de Mullins e de Smith.

Sacou o celular que roubara da casa de Mullins e ligou para Cristian.

XXX

Cristian estava voltando para casa, quando seu celular começou a tocar.

Apanhou o aparelho e viu que a chamada era com o número restrito. Continuou a olhar desconfiado para o aparelho.

“Quem pode ser?” indagou em pensamento.

O celular parou de tocar.

O policial respirou mais aliviado e atirou o celular no banco, mas a sensação de alívio durou meros segundos, uma vez que o aparelho voltou a tocar.

Ele apanhou-o novamente e atendeu a chamada.

— Quem fala? – perguntou rispidamente.

— Até que enfim atendeu essa droga, Cristian! – ditou exasperada.

— Lorena? De onde você está ling...

— Isso não é importante! – bradou furiosamente. – Onde você está?

— Voltando para casa. Por que pergunta?

— Se apresse! Temos que sair dessa casa rapidamente.

— Porquê?

— Não faça perguntas! – berrou nervosa. – Depois te explico, volte o mais rápido que puder.

— Lor... – A ligação foi encerrada.

“O que diabos está acontecendo?” perguntava-se.

Durante o trajeto de volta, Cristian pôde contemplar um terrível acidente, uma batida de um carro com um caminhão.

“Que será que aconteceu aqui?” indagou para si mesmo.

Os policiais estavam removendo os veículos, parecia que os tripulantes já haviam sido removidos para algum hospital da cidade.

Sem dar mais importância ao acidente, continuou seu trajeto.

XXX

Durante a ausência de Cristian, Lorena começou a examinar com mais atenção os documentos que tinha obtido de Mullins.

Minutos depois, ela ouviu ruídos de um carro.

Pensando ser Mullins, ficou junto à porta, a arma firme em sua mão.

Quando a porta se abriu, parte para cima da pessoa, acertando-lhe com uma coronhada.

O homem fica no chão, atordoado.

— Não se mexa! – proferiu com ódio, apontando-lhe a arma.

— O que está fazendo? – perguntou Cristian.

Lorena recuou, foi até o interruptor de luz e o acionou.

Quando o cômodo se iluminou, ela viu que tinha atacado Cristian.

— Oh meu Deus! Sinto muito Cristian.

— Está tudo bem. – mentiu ele, com as mão na cabeça.

Ao observar melhor seu companheiro, Lorena percebeu o quão machucado estava.

— Cristian, o que foi que aconteceu com você?

O homem abriu a boca para responder, porém ao olhar para a garota, viu que também estava bastante machucada.

— Mullins! – disse tristemente. - Encontrei com ele.

Lorena arregalou os olhos.

— Você se encontrou com Mullins? – indagou surpresa.

— Sim, mas o que te aconteceu?

— Tive um acerto de contas com dois membros da gangue do Mullins. – informou indiferente.

Cristian novamente quis questionar-lhe, porém a garota o cortou antes que começasse a falar.

— Não temos tempo para explicações agora! Temos que sair dessa casa agora mesmo. Mullins sabe que estamos aqui. – falava freneticamente. – Se continuarmos aqui seremos mortos! Ainda mais agora, depois que invadi o seu esconderijo, matei dois de seus capachos e roubei uns documentos.

Cristian estava pasmo, não conseguiu dizer nada diante da enxurrada de informações que Lorena despejou sobre ele.

— Olha depois prometo que vou te explicar tudo, mas temos que sair daqui agora!

— Certo! Onde estão os outros? – indagou.

Lorena mirou o chão por alguns instantes antes de voltar a encará-lo com lagrimas em seus olhos.

— Eles morreram! – falou de uma vez.

— O quê? – perguntou ele, não querendo acreditar no que ouvia.

— Agora não dá para explicar! Prometo que quando estivermos seguros, contarei tudo o que aconteceu! – disse com a voz falha. – O que necessitamos fazer é sumir daqui agora mesmo!

Rapidamente, eles levaram suas coisas para o carro; foi uma sorte nenhum deles ter desfeito as malas quando chegaram.

— Mullins está naquela casa. – disse de súbito, apontando para uma casa do outro lado da rua.

Cristian olhou para o local onde Lorena estava apontando.

— Mullins não estava lá?

— Não! Só estavam Kimberly e Rojas.

O policial não disse nada, entrou no carro e esperou Lorena terminar de fechar a casa.

Quando trancou a porta da frente, a garota jogou a chave no jardim e entrou no veículo sem olhar para trás, tentando ser forte, entretanto não conseguia descrever a sensação ruim que se tinha apoderado dela; pela primeira vez estava sozinha. Lagrimas ameaçaram a cair de seus olhos novamente.

Cristian não soube como consolar a garota, então disse a primeira coisa que veio em sua mente:

— Vamos fazer Mullins pagar por todos seus crimes. – proferiu com determinação.

Lorena apenas deu um sorriso, torcendo para que juntos conseguissem derrotar Mullins de uma vez.

XXX

 

Adam Smith estava voltando para casa tranquilamente.

Havia se dirigido até uma pizzaria bastante conhecida na cidade.

Ao chegar, percebeu que algo estava errado, a porta estava aberta, luzes acesas e não havia nenhuma movimentação.

Smith deixou as pizzas no carro e entrou, segurando a arma com firmeza.

Começou a explorar os cômodos silenciosamente, porém não havia nada de anormal.

O último lugar que faltava ser revistado era o quarto do chefe.

Ao se aproximar, notou que a luz estava acesa e a porta entreaberta.

Engatilhou sua arma e entrou no recinto, mas teve uma terrível surpresa.

Rojas e White estavam mortos. No chão do quarto tinha duas grandes poças de sangue.

Smith se aproximou dos corpos e tentou sentir o pulso, mas não encontrou; Lembrou-se do chip, e no mesmo instante começou a procurá-lo.

White tinha deixado a maleta embaixo da cama de Mullins. Por isso, seja lá quem invadira a casa não havia encontrado.

“Tenho que avisar ao Mullins, rapidamente.” pensou, sacando o celular e discando o número do chefe.

XXX

Mullins se encontrava na casa noturna.

Estava com uma bela mulher morena há vários minutos em um dos quartos do local e era possível ouvir altos gemidos, tanto da garota, quanto do homem.

O bandido estava tão concentrado no ato que não percebeu o celular tocando.

XXX

Smith não se surpreendeu quando o chefe não atendeu a ligação, sabia onde o patrão estaria. A única solução era continuar tentando.

XXX

Passados vários minutos, Mullins havia se cansado da posição, por isso ele sentou na cama e chamou a garota, que prontamente se sentou em cima do membro ereto, começando a cavalgar.

Nesse instante, Mullins percebeu que seu celular estava tocando. Sem parar com os movimentos, pegou o aparelho para dispensar a pessoa, porém antes de o atender, o celular para. Contudo, observou quem o estava incomodando.

XXX

Smith já estava na décima terceira tentativa.

Estava começando a ficar nervoso, mas continuou a tentar, a situação era urgente.

Ao examinar o aparelho viu que havia doze ligações perdidas, todas vinham de Smith. No momento em que ia desligar o celular, chega outra ligação de seu capanga. Ainda sem cessar os movimentos íntimos com a garota, atende.

— É melhor que você tenha um excelente motivo para me ligar! – ditou rispidamente.

— Rojas e White estão mortos!

Mullins travou por alguns segundos.

— O que foi que você disse? – indagou, não acreditando no que tinha escutado.

— Rojas e White estão mortos! Não sei quem os matou. Cheguei em casa e eles já estavam mortos!

Mullins sentiu uma ira insana se apoderar dele; empurrou a garota com força e se levantou, procurando suas roupas com agilidade.

— Levaram alguma coisa? – perguntou furiosamente, enquanto vestia suas calças.

— Alguns documentos que estavam na escrivaninha! O chip está seguro.

— Maldição! – bradou irado. – Estou a caminho.

Assim que terminou de se vestir, retirou alguns dólares da carteira, os jogou para a garota, que ainda estava nua no chão, e saiu apressadamente do local.

XXX

 

Cristian e Lorena tinham se instalado em um pequeno motel decadente. O recepcionista não fez perguntas, o que foi um grande alívio, visto que ambos se encontravam com alguns machucados espalhados pela face.

Assim que chegaram ao quarto, Lorena foi rapidamente tomar um banho.

Ao despir-se pôde notar que seu corpo encontrava-se cheio de hematomas, a grande maioria resultantes da batida do automóvel. Seu rosto não estava ileso, suas bochechas encontravam-se vermelhas, os lábios inchados e com alguns cortes.

Enquanto a garota banhava-se, Cristian aproveitou o momento para ligar para Bob.

XXX

Ele estava na casa dos pais de Cristian havia algumas horas. No momento em que chegou lá, foi recebido por Carol, cujo os olhos azuis mostravam uma grande apreensão.

— Bob, onde está o Cristian? O que ele está fazendo? Porque o comandante está querendo que ele vá prestar esclarecimentos?

— Querida, se controle! – disse Alex autoritário. – Deixe o menino respirar.

Bob e Alex trocaram um aperto de mão.

— Filho, conte-nos o que está acontecendo! – pediu o pai de Cristian preocupado.

— Seu Alex, aconteceram tantas coisas nesses últimos dias que nem sei por onde começar. – desabafou.

— Estou muito preocupada com meu filho, - falou Carol à beira das lágrimas, - faz quase três dias que não conseguimos falar com ele.

— Fiquem tranquilos, ele está bem! – informou tentando acalmá-los. – O Cristian precisou viajar para Los Angeles, tivemos informações que o bandido que sequestrou o Kevin estava lá.

— Ele foi sozinho? – indagou Carol com as mãos na boca.

Bob ponderou por alguns segundos para responder.

— Sim. – mentiu.

— Que loucura! – bradou Alex. – Como ele vai enfrentar uma quadrilha sozinho? Cristian perdeu o juízo? – perguntou desesperadamente Carol.

— Tentei fazê-lo mudar de ideia, porém os senhores conhecem o Cristian muito bem; quando mete uma ideia na cabeça, nada o faz mudar.

— Que informações são essas que vocês receberam? – indagou Alex sério. – Tem alguma relação com o fato do comandante querer que ele vá prestar esclarecimentos no FBI?

— É um pouco complicado de explicar!

— Por favor Bob, conte-nos. – implorou Carol.

— Tudo bem! – exclamou vencido. – No dia em que o Kevin foi sequestrado, o FBI levou sob custódia 4 indivíduos...

Bob contou toda a história para os pais de Cristian, desde a invasão na favela, o fragmento do dente, o agente da Interpol, absolutamente tudo. Logicamente, omitiu alguns fatos, como ter matado os agentes Black e Ross, ou os bandidos terem ficado escondidos na casa de Cristian, ou ainda sobre as táticas que usaram para interrogar West.

Alex e Carol estavam pasmos com tudo o que ouviram.

— Por isso o Cristian foi para Los Angeles, ele acredita que o Kevin está lá, e vai tentar recuperá-lo.

— O que eu não entendo é o motivo de vocês de não terem informado o comandante ou outra autoridade sobre o que descobriram. – disse Alex seriamente.

— Descobrimos praticamente tudo hoje à tarde! Uma agente da Interpol nos alertou que o marginal tem vários informantes em praticamente todas as áreas do governo, não podemos confiar em ninguém. Além de que Cristian teme que o bandido suma com seu filho caso as autoridades se intrometam nessa história.

Nesse momento, o celular de Bob começou a tocar.

Ele apanhou o aparelho e viu que não tinha identificação, o número era restrito.

Sem dar muita importância, atendeu.

— Lincher!

— Bob! – disse Cris.

— Cristian? É você? – indagou, sentindo-se aliviado.

— Sim, como é bom ouvir você! – falou sorrindo.

— Estou tentando te ligar a tarde toda! – informou-o tenso.

Nesse momento, Carol arrebata o celular das mãos dele.

— Meu filho!

— Mãe? – perguntou confuso. – Onde a senhora está?

— Bob está aqui em casa, mas não importa, Cristian onde você está? – indagou preocupada.

— Eu estou bem! – informou meio ríspido. – Não se preocupem.

— Filho... – Carol foi interrompida quando Alex tomou-lhe o celular.

— Cristian, eu quero que você para o que estiver fazendo e volte para cá agora mesmo! – ordenou. – Não se resolve as coisas dessa maneira e...

— Não irei! – desafiou ele. – Vou resolver isso do meu jeito, por isso, não se meta nessa história!

— Ouça aqui seu moleque, - berrou furioso, - pare de agir como uma criança birrenta, você não vai conseguir resolver nada sozinho, então volte e enfrente a situação como um homem.

Carol estava chorando copiosamente enquanto Bob estava nervoso com o diálogo entre pai e filho.

— Seu Alex, espere por favor! – pediu – deixe-me falar com ele.

Ainda relutante, Alex entregou-lhe o celular.

— Cris? – chamou Bob.

— Sim!

— Escute bem, hoje apareceu uma mulher no FBI e entregou para o comandante um vídeo. Nele aparece West sendo torturado por você e por Lorena; e no fim vê-se você matando West com um tiro na cabeça.

— O quê? – perguntou indignado – Eu não fiz isso, Bob você sabe que eu não fiz isso.

— Eu sei Cris, o problema é que o Romero e o Ross, encontraram o corpo do West exatamente no mesmo lugar do vídeo e o pessoal do instituto determinou que o vídeo é verídico. – informou com pesar. – E tem mais uma coisa, o comandante expediu um mandato de busca e apreensão na sua casa, os agentes foram lá esta noite e encontraram no seu jardim, a suposta arma do crime, enterrada no seu quintal.

— Meu Deus! – foi tudo que conseguiu falar.

— A situação não está boa para você. O comandante não me deixa participar das investigações, mas não importa, ele parece já ter se convencido que você é culpado!

Cristian estava desesperado, tudo estava dando errado, alguém queria incriminá-lo e estava conseguindo.

— Só pode ser Mullins! – disse taxativamente. – Aquele desgraçado, quando eu me encontrar com ele novamente, eu…

— Você se encontrou com ele? – indagou surpreso.

— Bob, coloque o telefone no viva voz, quero que meus pais escutem o que vou falar agora!

O rapaz fez o que foi pedido.

— Cristian quer que vocês ouçam. – informou para os senhores.

— Mãe, pai, eu quero que vocês me expliquem porque mentiram para mim todos esses anos! – pediu com raiva.

— Do que você está falando? – indagou Alex rispidamente.

— O Eric não está morto! – gritou ele. – Ele está vivo! E está por detrás de tudo o que está acontecendo comigo! Ele é o Steven Mullins, o bandido que sequestrou meu filho!

Bob arregalou os olhos, não acreditando no que estava ouvindo.

Carol ofegou, começou a chorar e a soluçar alto.

Alex ficou imóvel com uma expressão de choque no rosto.

Diante do silêncio, Cristian gritou novamente.

— Estou esperando!

— Filho – começou Alex lentamente. – Escute, nós não sabíamos que ele estava por detrás de tudo isso.

— Não importa! Porque não me contaram que ele estava vivo? – indagou raivoso.

— Cristian, é uma história muito triste e tenebrosa, queríamos poupar você! – disse Carol.

— Como você descobriu isso, Cris? – perguntou Bob.

— Ele destruiu a sede da Interpol daqui. Eu o vi sair correndo de dentro do prédio e fui atrás dele. Persegui-o por alguns quarteirões até que ele parou em uma rua sem saída. Lá, ele confessou que tinha sequestrado o Kevin, e outras coisas mais. Eric está totalmente descontrolado.

— Você está bem? –perguntou Bob.

— Sim, só estou com alguns hematomas, nada com que se preocupar.

— Os outros estão com você?

— Somente a Lorena, os outros, segundo ela, estão mortos! – disse com pesar.

— O que aconteceu? – interrogou surpreso.

— Ainda não sei o que houve. Eu saí de casa primeiro, deixei os quatro lá, no entanto eu acredito que o Eric deu um jeito de sabotar o carro deles, uma vez que por uma grande ironia do destino, ele estava usando uma casa próxima à nossa para se esconder.

— O quê? Isso é inacreditável.

— Pois é! Tenho que desligar Bob, amanhã tento te ligar.

— Cristian espere! – pediu. – Tome muito cuidado, não sei quanto tempo vai demorar até que te considerem um foragido da justiça, mas tenho certeza que vai ser logo, então fique seguro, não corra riscos e tenha certeza que vou conseguir te inocentar.

— Fique tranquilo, vou agir com muita cautela daqui para frente. Obrigado por me avisar e até logo!

— Filho...

Cristian já havia desligado.

Carol voltou a chorar e foi consolada por seu esposo que a abraçou carinhosamente.

Bob olhou-os afetuosamente.

— Eu não vou desistir até conseguir provar que Cristian é inocente, tenham certeza disso! – proferiu determinado.

XXX

Assim que desligou o telefone, uma grande tristeza se instalou no interior de Cristian.

Nunca havia brigado com seus pais, porém, dessa vez, não pôde evitar. Sentia-se traído, não conseguia confiar neles. Era como se toda a sua vida tivesse sido uma grande mentira, uma trama para ocultar-lhe a verdade, que seu irmão, a pessoa que ele amava, seu grande companheiro, queria acabar com tudo que tinha construído em toda a sua vida.

Foi tirado de seus pensamentos quando a porta do banheiro se abriu e revelou a figura de Lorena enxugando os cabelos.

— Hey, pode ir tomar banho se você quiser! – avisou ela.

No entanto, Cristian continuou olhando fixamente para o celular.

— Cristian! – chamou ela.

— O que foi? – indagou assustado.

— O que você tem? Parecia estar no mundo da lua.

— Estava falando com Bob. – disse ele. – Ele me disse que encontraram o corpo do West na favela.

— Não se perdeu absolutamente nada! – ditou indiferente.

— O problema é que estão me acusando de matá-lo com um tiro na cabeça, e para piorar a situação, tem um vídeo do circuito de segurança que mostra nós dois lá, e encontraram uma arma no quintal da minha casa.

Lorena arregalou os olhos.

— Como isso é possível?

— Não sei, mas tenho certeza que Mullins está por detrás disso tudo! – ditou furioso.

— Provavelmente sim! Conte-me o que te aconteceu.

— Mullins destruiu a sede da Interpol, eu o vi saindo do prédio e fui atrás dele, o encurralei em uma ruela sem saída, e tive a pior surpresa, ele é meu irmão que eu acreditava estar morto há anos.

Lorena ficou em choque com a informação. Mullins e Cristian eram irmãos!

— Tivemos uma discussão que se transformou em uma briga, ele me deu uma boa surra. – admitiu desgostoso.

— Olha, eu não ia te falar, porém na primeira vez que eu vi você, eu percebi que você é muito parecido com ele.

Cristian olhou-a por alguns instantes.

— Quero que você me responda! – disse sério. – Qual foi o motivo de você e seus amigos quererem me ajudar?

— Você está me perguntando isso por causa do que o West disse na favela? – inquiriu perspicaz.

— Sim! – admitiu ele.

— No começo, eu queria me vingar por ele me ter deixado a mim e aos meus amigos para trás. Sempre fui uma boa ajudante, não entendia o motivo dele ter me deixado; mas depois de tudo que você fez para nos salvar e nos manter seguros, eu quero te ajudar a recuperar seu filho e também vingar meus amigos. Quero voltar a ser uma boa pessoa!

— Porque você entrou nessa vida? – perguntou.

— Eu e meu pai morávamos na favela, ele era viciado em jogos de azar, por causa disso minha mãe o abandonou, fugiu com outro cara e me deixou com ele. – começou ela. – Minha infância foi muito sofrida, muitas vezes, por causa do vício do meu pai, não tínhamos o que comer. Quando tinha 17 anos, descobri que meu pai estava com uma dívida enorme. Inúmeras vezes ele chegou em casa machucado. Para tentar ajudá-lo, eu tentei arrumar um trabalho, porém ninguém queria contratar uma adolescente até que Mullins apareceu. Ele tinha acabado de tomar o controle da favela, ele me ofereceu um emprego, estava desesperada, acabei aceitando. Naquela noite, eu estava voltando para casa contente por ter conseguido um trabalho, porém toda a alegria desapareceu. Encontrei meu pai morto e a casa totalmente destruída. Saí de lá o mais rápido que consegui.

— Depois do que aconteceu com seu pai, você foi pedir ajuda ao Mullins? – indagou Cris.

— Sim, eu acreditava que ele era a única pessoa que poderia me ajudar. Ele me acolheu em sua casa por um tempo, começou a me ensinar defesa pessoal, a usar armas entre outras coisas. As coisas começaram a mudar há uns 3 anos atrás, ele começou a me mandar executar certos tipos de serviços, chantagear, extorquir e até matar. Nunca gostei disso, eu fazia porque achava que tinha uma dívida para com ele.

— E isso continuou até você e os outros serem presos?

— Sim! – confirmou ela. – As atividades suspeitas dele aumentaram consideravelmente desde o último ano. Ele nunca revelou o motivo, mas agora já sabemos qual é: ele queria fazer essa bomba, vendê-la para um país inimigo e arrecadar milhões de dólares. Maldito! – proferiu com ódio, algumas lágrimas caíram de seus olhos. – Era isso que as vidas dos meus amigos valiam?

— Eu lamento imenso…

— Foi terrível, Cris! Eu estava lutando contra a inconsciência, quando eu o vi, Mullins. Ele estava sorrindo, o desgraçado disse alguma coisa no meu ouvido, mas não consegui escutar nada, então desmaiei. Quando acordei, tentei me soltar, só que o cinto estava preso, com um pouco de dificuldade, consegui pegar uma lamina que o Vinicius sempre carregava e consegui me libertar. No momento que eu consegui sair do carro, corri até o Tales; ele tinha atravessado o para brisa do carro, não pude fazer nada, ele já estava morto.

— Lorena, você não precisa continuar, foi... – mas Thompson continuou.

— Thabata estava no banco traseiro, ela bateu com a cabeça no vidro do carro e também estava morta, havia muito sangue. O Vinicius ainda estava vivo, mas tinha um ferro empalado no seu corpo, ele estava perdendo muito sangue, e morreu logo depois, nos meus braços. – falou ela, caindo no choro.

Cristian ficou observando a garota chorar sem parar, sem pensar muito no que estava fazendo, a abraçou.

Lorena aceitou de bom grado o abraço aconchegante de Cristian e despejou toda a tristeza e dor que estava sentindo.

XXX

Mullins havia acabado de chegar em casa.

Naquela hora, ele estava furioso, sentia uma necessidade insana de matar alguém, queria ver sangue.

Ao entra em seu quarto, pôde visualizar seus dois capangas mortos junto com uma grande poça de sangue e Smith encarando os dois com um olhar de pena.

— Diga-me Smith, o que diabos aconteceu aqui! – ordenou furioso.

— Eu saí para comprar algo para comermos, quando eu voltei, já os encontrei mortos, não vi nenhuma movimentação na casa tanto aqui dentro, quanto lá fora. – finalizou com certo pesar na voz.

— Quanto tempo você ficou fora?

— Cerca de meia hora, senhor.

Essa informação confirmou o que ele já suspeitava.

— Maldita! – berrou descontrolado. – Eu vou acabar com a raça daquela cadela.

— Senhor, de quem você está falando? – indagou confuso.

— Lorena! Ela sobreviveu ao acidente.

— Que acidente o....?

— Cale a porra da boca, Smith! – ordenou. – Venha comigo.

Os dois saíram pelo jardim, rumo à casa do outro lado da rua.

Mullins tinha um olhar maníaco no rosto que conseguiu deixar Smith um tanto receoso.

Ao chegarem na entrada da residência, Mullins sem qualquer cerimônia, atirou na fechadura e deu um pontapé na porta que a derrubou.

Percorreu todos os cômodos à procura de Lorena e Cristian, no entanto, não os encontrou. Isso fez aumentar ainda mais a fúria que sentia.

— Eles fugiram!!! – sentenciou enraivecido, apertando os punhos.

— Senhor, eu vi algumas malas no quarto e...

— Não seja idiota! Eu também as vi, mas eu sei que aquelas malas são dos outros inúteis que morreram no acidente. Eles deixaram para despistar. – proferiu com ódio.

—Então o que faremos?

— Por enquanto, eu vou voltar para Boston; tenho os dois chips, vou ficar com Natasha e com o garoto.

— E eu senhor? – perguntou ansioso.

Mullins o encarou sério.

— Você vai ficar aqui! – ordenou. – Encontre aqueles dois, recupere os documentos e mate Lorena. Não encoste um dedo no policial, ainda preciso dele vivo. Entendeu?

— Sim senhor! Fique tranquilo – disse sorrindo. – Vou encontrar aquela vadia e ela vai se arrepender do dia em que ela nasceu. – finalizou sorrindo sadicamente.


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Notas finais do capítulo

Pessoal espero que tenham gostado, sei que não teve tanta ação nesse capitulo, mas ainda sim conhecemos o passado de Lorena e seus motivos para ter se aliado a Mullins.
Até o próximo!



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