Até Às Últimas Consequências escrita por AND


Capítulo 15
Tempestade perfeita


Notas iniciais do capítulo

Fala galera... Demorei um pouco para postar esse capitulo, mas é porque eu alterei algumas partes. Esse sem duvida foi o capitulo mais difícil de escrever.
Espero que gostem, pessoal.
Boa Leitura



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— Eric? – perguntou com total incredulidade. – Você está vivo?

— É o que parece! – sorriu.

— Como é possivel? – indagou recuperando-se do choque inicial.

— É uma longa história, irmãozinho, e totalmente irrelevante para essa conversa, temos outros pontos para esclarecer. – ditou sério.

— Eric por favor...

— Esse não é mais meu nome, irmão! – retruca com desprezo.  – Eric Hayes está morto há muito tempo! Agora eu tenho outro nome, um nome temido e respeitado. Sou conhecido como Steven Mullins. – finalizou sorrindo sadicamente.

Cristian arregalou os olhos surpreso. No seu rosto se formou uma expressão de terror.

— St- Steven Mullins? – a voz saiu trêmula.

— O primeiro e único! – sorriu.

— Foi você que sequestrou meu filho? – questionou ainda em estado letargico.

O bandido apenas sorriu e deu um aceno em concordância.

— Kevin é um amor de criança. – disse com sarcasmo sorrindo, despertando a fúria de seu irmão.

— Seu maldito! – berrou avançando com rapidez e sentindo uma ânsia insana de socá-lo, feri-lo.

Sem dar chance de Cristian se aproximar, Mullins sacou a arma e apontou-lhe.

Ao ver o revolver apontado a si, Cristian parou subitamente e também levantou sua arma.

Ambos se encararam.

Mullins com um olhar divertido e Cristian com fúria em suas íris.

— Vamos manter a calma, irmão! – disse com suavidade. – Porque não abaixamos as armas? Ainda existe algumas coisas para esclarecermos, no entanto, hoje nossa conversa será breve, por isso, não devemos perder tempo com coisas inúteis.

— Eu não confio em você! – informou com fúria e segurando a arma com mais firmeza.

— Muito bem, então. – disse Mullins guardando a arma. – Vê? Estou desarmado agora. Guarde a sua também irmão, não pretendo machucá-lo.

Com relutância, Cris guardou a arma e voltou a encarar o homem à sua frente.

— Onde meu filho está? - perguntou com ferocidade.

— Hum, deixe-me pensar um instante. – disse com escárnio. – Eu não faço ideia de onde ele possa estar! – mentiu descaradamente.

— Desgraçado! Maldito! – berrou descontrolado. – Eu sei que você está com ele, e eu vou salvá-lo, custe o que custar!

— Olhe para você Cristian, você não tem capacidade para tal ato! – falou com diversão. – Você não consegue separar o seu lado racional do emocional, isso te deixa completamente vulnerável, te torna fraco. – Mullins gargalhou mais alto. – Tão fraco que foi incapaz de proteger seu único filho!

Cristian sentia uma ira insana apoderar-se dele a cada minuto. Estava lutando para não perder seu auto-controle e partir para cima de Mullins.

Antes que continuasse a discussão, Eric emendou:

— Acha mesmo, que eu seria burro o bastante para andar com o garoto por aí, enquanto a foto dele está aparecendo nas mídias de todo o país? – indagou, fazendo uma expressão como se aquela pergunta fosse muito óbvia. – Ele não está aqui em Los Angeles, idiota!

O policial não respondeu, ficou apenas encarando a figura odiosa à sua frente.

Mullins sorriu vitorioso.

— Como você pode? – perguntou indignado depois de algum tempo. – Ele é seu sobrinho! Você é meu irmão! Porque fez tudo isso? – berrou, sentindo ao mesmo tempo raiva e tristeza.

O bandido encarou-o com o olhar frio e intimidador.

— Esses laços familiares são indiferentes para mim! Faço apenas o que preciso para obter o que eu quero.

Cristian ficou absolutamente pasmo.

— Você não respondeu à minha pergunta! – bradou furiosamente. – Porque sequestrou meu filho? O que quer de mim?

—  O único jeito de te atingir era por meio do seu filhinho! – ditou friamente. – Precisava de alguma coisa valiosa para conseguir que você me ajudassse, por isso levei-o para passar uns dias com o titio. – disse gargalhando – Você não deve se preocupar, seu filho está sendo muito bem tratado; eu nunca seria capaz de fazer mal a qualquer criança, muito menos ao meu sobrinho. Eu acredito que você já saiba o que eu quero, uma vez que você está aqui, não é mesmo?

— Você está montando um bomba tecnológica. Você tem noção do que pode acontecer se isso cair nas mãos erradas? Milhares de vidas serão perdidas!

— Exatamente, irmãozinho. Não é incrível? Logo que ela estiver pronta, receberei uma enorme bolada e ficarei milionário e então sumirei deste país de uma vez por todas. – ditou com um brilho maníaco no olhar. – É excitante saber que causarei a destruição dos Estados Unidos, sabe? – gargalhou.

Chocado com o que ouvia do irmão, Cristian continuou o encarando sem acreditar. Subitamente, lembrou-se de algo urgente. O chip. Deveria estar com ele, já que destruiu a sede da Interpol.

— Me entregue o chip! – ordenou.

— Do que você está falando?

— Não se faça de desentendido! – bradou Cristian. – Você destruiu a sede da Interpol, obviamente o chip está com você, e não vou deixar você sair daqui com ele. – sentenciou obstinado.

Mais uma vez Mullins voltou a soltar gargalhadas.

— O chip não estava na Interpol, idiota! – disse sorrindo. – Os tiras acreditaram que, retirando o chip daqui mais cedo iriam evitar que eu colocasse minhas mãos nele. Mas, o que eles não sabem é que sou dez vezes mais esperto que eles, o restante da minha equipe estava pronta para atacar o comboio e – ele consultou o relógio, - a essas horas eles já estão com o chip.

— Eu não entendo, se você já tem os dois chips, o que ainda pode querer comigo e com meu filho?

— Tudo será esclarecido no seu devido tempo, irmão. Pare de tentar apressar as coisas. – falou com sarcasmo.

— Eu vou descobrir o que você está tramando, e vou te impedir. – disse com convicção.

Mullins começou a gargalhar.

— Você nunca vai descobrir! – sentenciou com diversão.

— Eu cheguei até aqui, não foi? – perguntou astutamente. – Descobri sobre seu capacho West, enc…

— Cristian, você realmente acredita que descobriu tudo isso por mérito seu? – perguntou as gargalhadas. – Não seja idiota! Eu fiz com que você descobrisse tudo! – revelou.

— Isso é impossivel!

Mullins continuou gargalhando.

— Eu previ absolutamente tudo que você iria fazer, por essa razão programei para que você recebesse todas as informações que você precisasse. – informou divertindo-se. – Eu sabia que você salvaria os meus antigos funcionários, sabia que eles te levariam até o West, sabia que você encontraria os corpos no galpão; o lance do fragmento do dente do agente foi genial! Não concorda? Claro tive uma grande ajuda de alguns aliados, como você acha que a gostosa da Rebecca conseguiria um exame genético do John? Mas, tenho que admitir que algumas partes do meu plano não deram certo: Aqueles inúteis que trabalhavam para mim, Tales, Thabata, Vinicius e Lorena não deveriam ter sobrevivido ao ataque da favela, mas eu já cuidei deles pessoalmente. Você não deveria ter chegado até aqui, deveria estar em Nova York tentando descobrir meus próximos passos. – finalizou agora com um olhar sério na face.

Cristian novamente fora pego de surpresa. Todo esse tempo, o marginal estava manipulando-o e ele não havia percebido absolutamente nada.

— Sabe Cristian, vou te contar um segredo, só os chips não bastam para criar a bomba. Eu preciso de mais um item, e é ai que você entra.

— Do que você está falando? Que item é esse?

— Na hora certa você saberá! Mas acredite quando eu digo que a partir de agora, as coisas serão diferentes para você maninho, se eu fosse você tomaria cuidado e não andaria pelas ruas tão despreocupadamente. 

— O que você quer dizer com isso?

— Provavelmente você saberá amanhã. Mas já que nos reencontramos depois de tantos anos, quero te oferecer uma chance de finalmente fazer alguma coisa útil na sua vida.

— O que seria? – perguntou com desprezo.

— Junte-se a mim, você só tem a ganhar cooperando comigo, podemos conquistar o maldito céu juntos. O que me diz irmão? Aceita ser meu parceiro?

— Nunca vou ajudar você a machucar as pessoas! – informou com ferocidade.

Mullins fechou os olhos e sacudiu a cabeça como se não estivesse surpreso com a resposta.

— Vocês, bonzinhos sempre preferem aprender pelo modo mais difícil! – falou desapontado. – Que seja do jeito que você deseja! Mas saiba que quando você morrer, eu vou cuidar muito bem do Kevin, vou fazer dele meu sucessor! – provocou.

Cristian cerrou os punhos furiosamente. A menção que aquele bandido faria de seu filhinho um bandido, fez com que perdesse totalmente a razão e investiu contra ele.

— Seu maldito! –berrou totalmente descontrolado, tentando acertá-lo com um soco no rosto.

Mullins desviou-se com facilidade.

Cristian não conseguia se controlar e continuava a tentar acertar diversos socos em Mullins, porém o bandido apenas ria e se esquivava de todos sem esforço.

Vendo que seus ataques não davam resultado, Cristian recuou um pouco, mantendo uma distancia segura, não deixando de encarar o inimigo com ódio.

— Ainda age como uma criança descontrolada. – falou com sarcasmo. – Isso é patético! Fico me perguntando como conseguiu se tornar um agente do FBI. – disse com sarcasmo.

Com sua fúria aumentando a cada instante, Cristian tentava encontrar uma maneira de ter a vantagem. Do nada, uma lembrança de sua infância veio em sua mente, a imagem de seu irmão ensinando-lhe a lutar, a enganar o adversário. Com isso em mente, Cris recomeçou a luta, porém agora sabia o que tinha que fazer.

Quando Eric tentou acertar-lhe um soco, Cris abaixou-se e acertou o seu pé em cheio no estômago dele, em seguida aplicou-lhe uma rasteira. Mullins desabou no chão sem ar, e nesse instante Cristian começou a socá-lo em todos os lugares que tinha acesso.

Mullins tentava se libertar, mas ele não lhe dava oportunidade.

Após longos minutos apanhando, o bandido desmaiou.

Cristian parou imediatamente de socá-lo e levantou-se. Ficou observando-o com a expressão triste, ainda se recusando a acreditar em tudo que havia acontecido entre eles. Sentiu uma lágrima cair, fechou os olhos e virou-se de costas.

Esse foi seu pior erro.

Eric se levantou silenciosamente e no instante em que Cris voltou a se virar, ele acertou-lhe com um golpe forte na garganta.

Cristian ficou vermelho e permaneceu lutando para respirar.

Mullins aproveitou a situação e prendeu-o com uma chave de braço.

O irmão menor ficou desesperado em busca de ar.

Mullins chutou-lhe a parte traseira da perna, esse movimento fez com que Cristian caísse de joelhos.

O bandido o soltou.

Assim que se viu livre, Cristian caiu no chão ainda com muita falta de ar; seu rosto estava completamente vermelho.

Sem qualquer aviso, Mullins ficou ao lado dele e pisou em sua cabeça com força, deixando-o atrapado ao chão.

— Esse é seu lugar, debaixo dos meus pés! – falou furioso, enquanto Cristian tentava desesperadamente escapar – Eu poderia matá-lo aqui, porém mesmo te odiando profundamente, eu ainda preciso de você vivo!

— O que foi que eu fiz para você me odiar tanto? – perguntou com dificuldade. – Porque está fazendo tudo isso, Eric?

Mullins liberou Cristian por alguns segundos, porém logo ele ficou em cima do corpo dele, agarrou-lhe um punhado de cabelos e puxou-os violentamente para trás, de modo que a orelha de Cristian ficasse bem próxima à sua boca.

— Porque você tirou tudo de mim! – começou com fúria. – tirou-me o amor dos meus pais, você sempre foi o filho perfeito, eles só sabiam falar e elogiar o maravilhoso Cristian, - cuspia as palavras com ódio, - enquanto eu era o filho rejeitado, nada do que eu fazia era o suficiente para eles; você sempre. com seu jeitinho sonso e bonzinho, conquistava todo mundo, enquanto eu era o rejeitado, a ovelha negra. Se eu estou nessa vida hoje, tenha certeza que é sua culpa!

— Você não pode me culpar por suas escolhas! – disse com dificuldade, mas Mullins puxou-lhe os cabelos com mais força. – Eric, por favor, ainda dá tempo de parar isso, nossos pais com certeza ficarão felizes em saber que você está vivo...

— Eles já sabem, seu idiota! – bradou com ódio. – E eu vi como eles ficaram felizes depois que souberam da minha suposta morte, eles não se importaram, ficaram com o filho perfeito. Você é o unico responsável pela minha vida ter sido tão miserável! Eu te odeio com todas as minhas forças.

— Me perdoe! – berrou Cristian com lágrimas nos olhos. – Me perdoe por ter arruinado sua vida, me perdoe por ter roubado a atenção dos nossos pais, eu nunca quis fazer isso! Eu te amo Eric, apesar de tudo que você fez, você é meu irmão, nunca quis te prejudicar.

— Agora é tarde para pedir perdão! – informou com desprezo – Nada vai conseguir me impedir de conseguir o que eu quero. – alertou-o perigosamente. – Nossa conversa foi muito boa, irmãozinho. No entanto, fique fora do meu caminho, pois da próxima vez que eu te encontrar, eu irei acabar com sua miserável vida. – finalizou projetando a cabeça dele contra o chão.

O golpe deixou o policial totalmente desacordado e permitiu que Mullins saísse daquele local tranquilamente.

XXX

Em Nova York, vários agentes do FBI estavam há alguns minutos postados em frente à casa de Cristian; eles já o tinham chamado, tocado à campainha, porém, ninguém veio recebê-los.

Rojas entrou em contato com o comandante e informou a situação.

Winter achou melhor ficar na sede e aguardar os resultados da busca, ao receber a notícia que Cristian não estava em casa, mandou os agentes invadirem.

— Comandante, nós estamos prontos! – disse Romero na escuta.

— Muito bem, ordem concedida. – respondeu ele.

Quando estavam para arrombar o portão, os agentes escutaram um cantar de pneus. Quando o veículo parou, eles poderam observar o condutor.

Bob.

Bob desceu do carro e foi em direção a seus companheiros, no entanto, Ross o abordou antes que os alcançasse.

— Lincher, você não deveria estar aqui. – disse autoritário. – O comandante não quer que você se envolva neste caso.

— Não estou aqui como agente! – retrucou rispidamente. – Estou aqui para apoiar meu melhor amigo, caso vocês encontrem alguma coisa para incriminá-lo.

Ross e Lincher se encararam por alguns minutos, até que Romero os chamou.

— Parem, o comandante disse que o Bob pode nos acompanhar, desde que seja vigiado por um de nós e não se intrometa em nada. – informou taxativamente.

— Por mim, sem problema. – falou Bob, despreocupadamente.

— Muito bem! Vamos começar. – ordenou Ross.

— Esperem. – pediu Bob. – O Cristian não está em casa?

— Não! – respondeu Romero. – O comandante deu ordem para invadirmos.

— Não precisa, eu tenho uma cópia das chaves. – informou retirando a chave do bolso e jogando para Romero.

O agente sorriu, e abriu o portão.

A casa estava escura e silenciosa.

— Ross, você e alguns agentes examinem a área externa. – informou Romero. – Eu e os restantes ficamos com a área interna.

Assim cada grupo começou a examinar sua parte da casa.

Os agentes olharam-na de cima a baixo e não encontraram absolutamente nada de errado. A casa estava em completa ordem.

Bob acompanhou as buscas com Romero, e quando ele liberou a área, ele respirou aliviado por nenhum rastro dos bandidos que Cristian tinha abrigado, ter sido descoberto.

No entanto, Ross apareceu na porta e chamou os agentes para irem para fora.

— Olhem o que encontramos. – apontou para um buraco recém-cavado, onde estava uma muda de árvore.

Iluminando com lanternas, Romero viu uma arma. Ela estava em um saco plástico para a proteger da terra.

Ele a pegou e a mostrou, examinando-a.

— Pistola semi automática, munição 38 super auto, numeração raspada! – recitou tristemente.

— Essa é a arma do crime! – sentenciou Ross.

— Você está apenas supondo, somente um teste de balística determinará isso! – retrucou Bob.

— Independente disso, só da numeração da arma estar ilegível, sabe-se que ele conseguiu essa arma ilegalmente.

— Ficar aqui discutindo não resolverá nada. – disse Romero. – Temos que levar a arma para que possa ser feita as análises.

— Havia algo de errado dentro da casa? – indagou Ross.

— Nada, está limpa! – informou Romero.

— Vamos voltar para o FBI. – chamou Ross e em seguida virou-se para Bob.

— Fale para o Cristian não sair da cidade, com certeza ele terá de prestar esclarecimentos sobre a arma. E cuidado para não virar cumplice dele!

Bob encheu-se de fúria, porém permaneceu quieto e deu um aceno em concordância.

Após a saída dos outros agentes, Bob tentou ligar para Cristian, mas sem sucesso.

— Merda! Como aquele bandido está conseguindo armar tudo isso?

Momentos depois, o celular começa a tocar.

Acreditando ser o Cristian, ele atende sem checar o visor do aparelho.

— Cristian?

— Bob? – indaga uma voz feminina.

— Quem fala?

— A mãe do Cristian, Carol.

— Ah sim! Como vai a senhora?

— Bem! Bob, onde está o Cristian?

O policial pôde perceber toda a preocupação que emanava da voz dela.

— Dona Carol, posso ir a sua casa? Porque é melhor explicar a história pessoalmente.

— Claro meu rapaz, pode vir!

Bob sorriu por alguns instantes.

— Logo eu chego aí, até mais! – disse, desligando em seguida.

Se apressou para fechar a casa.

Constatando que ela estava totalmente trancada, foi até seu carro e partiu.

XXX

Em Boston, Natasha estava se divertindo.

Exatamente, ela estava se divertindo com o pequeno Kevin.

Passaram a tarde toda jogando diversos jogos, até guerra de travesseiros eles brincaram. O pequeno se divertiu tanto que acabou pegando no sono.

A casa estava bastante bagunçada, no entanto, a mulher não tinha lembranças de ter se divertido assim em toda a sua vida, por isso não se importava. Começou a organizar os cômodos ouvindo algumas músicas.

Ao terminar, foi até a cozinha e começou a preparar o jantar. Desde que tinha ficado responsável pela criança, ela raramente cozinhava. Achava muito mais prático pedir comida em algum lugar, mas naquela noite ela estava inspirada e disposta.

Pegou os ingredientes necessários para fazer panquecas e durante o preparo, começou a lembrar-se de vários momentos que viveu com o marido.

Várias lágrimas começaram a cair de seus olhos e ela sacudiu a cabeça para os lados para impedir de visualizar o imenso fluxo de flashes que vinham a todo instante à sua mente.

De repente, sentiu um puxão em sua blusa. Ela se virou, olhou para baixo e se deparou com Kevin.

— Você tá bem? – indagou o menino.

A mulher sorriu.

— Estou bem, não é nada! – enxugou as lágrimas.

Kevin puxa novamente a blusa as mulher e pede para ela se abaixar.

Natasha sorriu e abaixou, fixando os joelhos no piso.

— Meu papai sempre disse que quando a gente tá triste, a melhor cura que existe é um grande abraço e um montão de beijos. – finalizou, abraçando-a.

Pega desprevenida por esse ato tão carinhoso da criança, ela o apertou também nos braços. Mais lágrimas começaram a cair de seu rosto.

Kevin vendo isso, começou a distribuir vários beijos na face dela.

— Obrigado pelo carinho, pequeno. – disse Natasha ainda abraçada a ele.

XXX

No momento em que Cristian recobrou a consciência e conseguiu manter-se de pé, olhou em redor procurando seu irmão, porém ele já tinha partido.

O choque por descobrir que seu irmão estava vivo foi quase tão devastador quanto saber que ele estava por trás de todos os atos cometidos nos últimos dias.

Durantes meros segundos, seu interior se encheu de alegria ao ver o irmão mais velho vivo, porém a sensação durou muito pouco tempo, os fatos que se seguiram foram terríveis. Como era possível que a pessoa que sempre amou, se tenha transformado naquele monstro.

“O que devo fazer agora?” era o pensamento que mais aparecia em sua mente naquele momento.

O sol já tinha desaparecido no horizonte e a escuridão da noite começava a ganhar força.

— Foco Cristian! – ordenou para si mesmo. – Primeira coisa que você deve fazer é voltar para casa.

Lentamente, ele começou a se dirigir ao seu carro.

Pelo caminho põde perceber toda a destruição que Eric tinha provocado; poucas pessoas morreram nas explosões, mas haviam muitos feridos.

Ele parou por alguns instantes, observando o cenário; lágrimas começaram a cair de seus olhos e na sua garganta formava-se um nó, teve que se controlar para mão deixar escapar um lamento de tristeza.

Não conseguindo olhar mais, virou-se e continuou a caminhar tristemente para o carro.

XXX

Mullins, no entanto, não podia estar mais feliz naquela noite.

Primeiro tinha matado o idiota do comandante da Interpol, depois teve uma boa conversa com seu irmãozinho; ver a expressão dele passar de surpresa para terror e depois para fúria, fora divertida, a melhor parte foi mostrar áquele inseto, o seu verdadeiro lugar apesar dele ter acertado alguns golpes bem doloridos. Sentia-se poderoso naquele momento, nada poderia ser capaz de retirar-lhe a felicidade.

E logo que saiu do local onde conversara com Cristian, recebeu uma mensagem de Kimberly, informando que estavam com o chip.

Por essa razão, Mullins resolveu que poderia se dar ao luxo de comemorar naquela noite.

Então, ele se dirigiu até uma casa noturna bastante conhecida da cidade. Iria comemorar sua vitória com bebidas e mulheres; já fazia muito tempo que não sentia o calor de uma.

— Hoje, a noite é toda minha.

XXX

Após presenciar Vinicius morrer, Lorena permaneceu abraçada ao corpo do rapaz por poucos minutos. O local estava começando a ficar cheio de pessoas tinha que dar um jeito de sair de lá, mas não queria deixá-lo naquele local.

— Me perdoe Vini, por não ter tido coragem para assumir o que eu realmente sentia por você! – pediu emocionada. – Eu juro para você que Mullins vai pagar muito caro por tudo que fez, não vou deixar ele escapar. – prometeu com determinação.

Antes de ir embora, a garota rasgou uma tira da camisa que Vinicius usava, limpou um pouco do sangue que escorria de sua boca, amarrou a mesma tira no braço esquerdo, beijou-lhe a testa e saiu mancando do lugar sem olhar para trás.

Momentos depois, a polícia e os bombeiros chegaram e aumentou ainda mais a quantidade de pessoas e de curiosos que buscavam informações sobre o que tinha acontecido.

Lorena estava voltando para casa, tinha que falar com Cristian, precisavam mudar o esconderijo, pois não havia a menor dúvida que Mullins sabia que estavam usando aquela casa. Não seria prudente permanecer no mesmo local. Felizmente, o lugar onde o carro bateu não era tão distante de lá.

Lorena caminhou por 15 minutos sem problemas, mas seu corpo começou a sentir as dores do acidente. Recusando-se a desistir, continuou seu caminho.

XXX

Durante o trajeto de volta, os três basicamente não falaram nada, Smith permaneceu escutando seu jogo, White aproveitou para tirar uma soneca e Rojas mantinha sua atenção na estrada. Não parecia que há poucos minutos eles tinham atacado um comboio, matado diversos agentes e ainda derrubado um helicóptero.

Ao chegarem em casa, notaram que seu chefe não estava. Kimberly tentou ligar para ele, porém o celular de Mullins estava desligado.

— Estou morrendo de fome! – bradou Smith. – Kimy você bem que poderia ir preparar alguma coisa, não?

— Nem vem! – retrucou ela com rispidez. – Estou cansada, se quiser comer, pegue o carro e vá comprar alguma coisa.

— Até que não seria uma má ideia! – disse Rojas, atirando a chave do carro para Smith. – Compre uma pizza ou até que um lanche também cairia bem!

— Por qual motivo eu tenho que ir? – indagou ele emburrado.

—  Porque nós queremos que você vá! – respondeu Kimberly. – Afinal você é um e nós somos dois, portanto a maioria vence.

Ainda emburrado, Smith saiu para comprar alguma coisa para eles comerem.

— Vou tomar banho, quer vir comigo? – indagou Rojas para Kimberly com um sorriso safado no rosto.

Ela o mirou friamente.

— Nem que você fosse o último homem da face da terra! – afirmou categoricamente, apanhando sua arma – Agora, suma da minha frente antes que eu acabe com seu amiguinho. – alertou-o engatilhado o revolver e apontando para as partes íntimas de Rojas.

— Ok! – disse saindo rapidamente da sala.

— Homens! – queixou-se.

XXX

Lorena conseguiu chegar até à rua de sua morada.

De repente, viu um carro deixando uma casa próxima à sua. Quando se aproximou dela, teve um vislumbre do motorista. Adam Smith.

No momento em que ela o viu, toda a dor que sentia em seu corpo desapareceu. Uma onda de adrenalina a invadiu.

Lorena não queria mais fugir, queria vingança, queria ver Mullins e seus capangas sofrerem por ter matado seus amigos.

Ela ansiava por sangue.

Com cautela, foi em direção à casa por onde Smith tinha acabado de sair, viu que era igual à que estava hospedada.

Rodeou-a; queria ver se o imóvel contava com algum tipo de proteção.

Ao passar próximo da janela do banheiro, pôde escutar o barulho do chuveiro e um homem desafinado cantar uma canção em espanhol.

“Rojas!” ditou em pensamento.

Ela prosseguiu.

Ao se aproximar dos quartos, percebeu que apenas um estava com as luzes acesas. Nesse dormitório, Kimberly estava deitada em uma das camas aparentemente dormindo.

O outro cômodo, para sua sorte, estava com a janela aberta.

“Perfeito, essa é minha chance.”

Ela adentrou no quarto sem qualquer empecilho.

O local estava escuro, porém ela pôde perceber os móveis que existiam lá: apenas uma cama de solteiro, um armário simples e uma escrivaninha com vários papeis e outro objetos.

Utilizando a lanterna de um celular que estava na escrivaninha, começou a examinar os documentos. No entanto, naquele momento, a porta se abriu e alguém acendeu as luzes.

Lorena foi pega desprevenida e não teve tempo de tentar se esconder no momento em que Kimberly adentrou no recinto.

— Lorena?!!! – indagou lentamente.

A garota mirou-a com fúria.

— Surpresa em me ver viva?

— O que você está fazendo aqui? – perguntou, recuperando-se do choque inicial.

— Vim apenas fazer uma visitinha aos meus antigos amigos! – informou com desdém. – No entanto, acabei descobrindo algumas coisas bem interessantes.

— Esses documentos...

— Não me interessa, todos esses documentos mostram todos os crimes que vocês cometeram, o ataque contra os agentes do FBI, o ataque à sede da Interpol de Boston, fala também sobre os chips e também um ataque planejado contra um comboio e tem muito mais… seria muito ruim para vocês se isso caísse nas mãos de algum policial. – finalizou com escárnio.

Kimberly encarou-a com ódio e repugnância.

— Não sei como chegou até aqui, mas fique sabendo, mortos não contam histórias. Você não sairá com vida. – alertou-a, partindo para cima dela.

Lorena estava pronta.

Kimberly tentou acertá-la com um soco, porém a garota conseguiu desviar a tempo, no entanto, White a acertou com uma joelhada no estômago, que fez com que ela perdesse o folego.

Aproveitando-se disso, Kimberly agarrou-a pelos cabelos e acertou-a na face com diversos tapas, lançando-o no chão.

Lorena ficou atordoada, tentou se levantar rapidamente, porém, White atacou-a, prendendo seus braços com os joelhos e desferindo-lhe mais golpes em seu rosto.

Lorena tentava desesperadamente escapar de sua agressora, mas ela não deixava.

Reunindo toda a sua força de vontade, Thompson projetou a parte superior de seu tronco e acertou uma cabeçada na caixa torácica de Kimberly. Isso foi o suficiente para que conseguisse se soltar.

— Ainda não acabei com você, sua vadia! – berrou Kimberly.

— Vamos ver quem vai acabar com quem. – desafiou Lorena.

Kimberly avançou novamente, porém dessa vez, Lorena já estava esperando. Esquivou-se do soco e conseguiu segurar a perna com que White tentava acertá-la.

Com vantagem, lançou Kimberly contra a parede com toda a força.

O impacto deixou a garota completamente tonta.

Lorena acertou-lhe um soco fortíssimo no rosto e lhe aplicou uma rasteira. Com sua presa no chão, foi sua vez de lhe aplicar diversos socos e tapas na face.

Mas Kimberly conseguiu se soltar.

As duas mulheres estavam exaustas com vários hematomas espalhados pelo corpo.

Ambas continuavam se encarando com ódio no olhar.

— Eu vou matá-la agora! – sentenciou Kimberly, tentando sacar uma arma que estava escondida no quarto.

No entanto, assim que ela a pega, Lorena chuta-a para longe.

Recomeçaram a briga.

Kimberly pegou no abajur que estava na escrivaninha e acertou-lhe na cabeça.

A garota atingida ficou atordoada por alguns segundos, mas nesse tempo conseguiu juntar as mãos ao redor do pescoço dela e começou a apertar com força.

Lorena começou a ofegar e seu rosto imediatamente começou a ficar vermelho. Tentou retirar as mãos da mulher de seu pescoço, mas não conseguiu; sua visão ficou turva, e seu cérebro parecia ter parado de raciocinar.

Desesperada, começou a tatear freneticamente próxima da escrivaninha em busca de alguma coisa que a livrasse de sua agressora.

No momento em que sua mão bateu um algo de metal, Lorena não pensou duas vezes, agarrou o objeto e fincou-o com força no pescoço de Kimberly.

Kimberly soltou Lorena imediatamente.

Assim que se viu livre, a garota puxou grandes golfadas de ar, e levou suas mãos até o próprio pescoço massageando-o. Quando olhou para sua rival, teve uma grande surpresa.

White estava se debatendo freneticamente no chão. Do local onde Lorena tinha enfiado a objeto, não parava de jorrar sangue.

Depois de mais alguns segundos de agonia, Kimberly parou de se mexer. Seus olhos ficaram fixos, abertos e vazios.

Estava morta.

Lorena permaneceu contemplando o corpo inerte de Kimberly por algum tempo, parecia que seus olhos não eram capazes de observar qualquer outro ponto do cômodo.

De repente, escutou passos e Rojas chamando sua companheira.

Tinha que agir rapidamente.

Ela apanhou a arma no chão, apagou as luzes e ficou colada na parede, esperando.

— Kimberly? – chamava, em sua voz um certo tom de preocupação.

Ele se aproximou e colou seu ouvido na porta do quarto para ver se ouvia algo.

Silêncio.

— Kimberly, você está aí?

Sem obter a resposta, abriu a porta e entrou no quarto com cautela.

O local estava completamente escuro, não era possível enxergar absolutamente nada. Começou a tatear na parede, tentando localizar o interruptor.

Quando conseguiu encontrar, acendeu as luzes e teve uma terrível visão.

Kimberly morta com um pequeno punhal que era usado para abrir cartas fincando no pescoço.

Recompondo-se do choque inicial, correu até o corpo de sua companheira.

— Kimi, acorda!

Completamente alheio ao que acontecia à sua volta, ele não percebeu a presença de Lorena no quarto.

A garota acertou-lhe uma coronhada na nuca, que fez com que o rapaz caísse no chão completamente atordoado.

Ela não lhe deu chance alguma, no momento em que ele caiu, já lhe acertava um doloroso chute na face.

Rojas tentou se proteger, mas o agressor parecia ser muito mais forte, com uma ferocidade insuperável.

Quando os golpes cessaram, o garoto respirou aliviado. No entanto, foi por meros segundos já que Lorena pisou em sua garganta, impedindo-o de respirar.

No momento em que ela entrou no seu campo de visão, Rojas arregalou os olhos e tentou dizer-lhe algumas palavras.

— Lo-Lorena... – sussurrou com dificuldade.

— Cale a boca! – berrou a garota apontando-lhe a arma. – Vocês todos vão se arrepender por terem matado meus amigos.

— Por- por fa-vor n-não me ma-mate. – implorou com dificuldade.

Ela o olhou com ferocidade, retirou o seu pé da garganta dele e acertou outro chute em seu rosto.

Rojas gemeu de dor.

— Você é apenas um verme! – proferiu com ódio. – Acha mesmo que Mullins sentirá alguma coisa por você? Ou pela vadia da Kimberly? Claro que não! Para ele você não passam de um bando de insetos.

— Por favor Lorena, sei que você não é má! – disse, sentando-se e encarando sua ex aliada com temor. – Nunca matou ninguém por vontade própria... – se calou ao receber outro golpe de Lorena.

— As pessoas mudam! – informou-o, acertando-lhe três tiros à queima roupa, um na cabeça, um no estômago e outro no coração.

Assim que eliminou o garoto, Lorena pegou os documentos que estavam na escrivaninha e saiu pela janela sem olhar para trás.

“Sem misericórdia!”


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Notas finais do capítulo

Agora como será que Lorena e Cristian vão se virar sozinhos? E o que acontecerá agora que Cris está sendo considerado culpado pela morte de West? Mullins soube como jogar suas cartas, agora é esperar e ver o que vai acontecer.
Pessoal deixem um comentário, eu ficaria muito contente em ouvir o que vocês estão achando da história! Até o próximo.



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