Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 25
Capítulo vinte e quatro




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— Hermione, já terminou o relatório do último caso?

Nott escorou-se na mesa e a observou levantar a cabeça de trás do vaso de flores exageradamente grande que Draco enviara naquela tarde. Bufou irritada e diminuiu-o magicamente para livrar seu campo de visão, sorriu para Theo, mas seu semblante era pura distração.

— Estou dando os toques finais!

— Avise-me quando terminar. — Afastou-se da mesa assim que ela voltou a olhar para o pergaminho, dando a conversa por terminada.

Hermione prendera o cabelo num nó simples e sacudia a varinha na mão livre enquanto riscava o pergaminho que já enrolava-se na ponta. Tão concentrada no relatório não notava as faíscas coloridas que a varinha liberava em cada movimento. Havia voltado de uma missão fazia algumas horas e se oferecera para cuidar do relatório enquanto Theodore buscaria algum caso que precisasse de mais atenção e competência.

Recebera a flores antes de sair para a missão e não dera toda a atenção que devia, Draco estava tentando ser mais prestativo e carinhoso, queria acalmá-la, já que Narcisa e Gina transformaram-se em monstros casamenteiros desenfreados. O vestido estava quase pronto e Narcisa precisava dar uma olhada no modelo para ter certeza de que os arranjos não chamariam mais atenção do que a noiva, Gina queria testar penteados e maquiagens para ficar perfeito e Hermione simplesmente tentava fugir de tudo.

Há duas noites Draco encontrou-a sentada atrás do sofá em seu laboratório, claramente escondida da conversa sobre o casamento que se desenrolava na cozinha entre Narcisa e Gina. Do seu lado uma garrava de bebida a acompanhava, mas estava lacrada, indicando a desistência prévia.

— Decidi que não fazia sentido beber, vou ter que encarar os preparativos uma hora ou outra. — E só então Draco notara que Hermione já percebera sua presença.

Fechou a porta do laboratório e sentou-se ao lado da esposa.

— Se eu soubesse que seria tão estressante teria pensado em outra coisa. — Murmurou e abriu a garrafa, bebendo um gole. — Minha mãe perguntou se os guardanapos devem ser marfim ou creme, ainda não decidi, eles me parecem iguais!

Hermione sorriu e jogou a cabeça para trás, fechou os olhos e pareceu lembrar-se de algo nostálgico, pois o sorriso demorou a deixar seus lábios.

— É disso que está fugindo, não é?

— Guardanapos? Com certeza! — Respondeu num tom brincalhão e mais descontraído. — Só preciso dar um tempo.

Draco pousou sua mão sobre a perna da esposa e apertou carinhosamente, um aviso silencioso de que estaria ali para o que quer que fosse. Hermione virou a cabeça e olhou-o por alguns segundos e sorriu com os olhos, anuindo lentamente.

— Vou dizer à elas que você está cansada e pedir para que continuem isso outro dia! — Draco levantou-se sem esperar uma resposta ou agradecimento, mas parou ao chegar na porta quando Hermione o chamou.

— Creme!

 

Ainda não entendia como conseguira passar por aquilo tudo na primeira vez, faltava pouco mais de um mês para o casamento e tudo o que queria era desaparatar para qualquer lugar que não pudessem encontra-la e tirar os arranjos e vestidos da cabeça. Só precisava de um descanso!

— Hey, que tal uma cerveja? — Theodore apoiou-se na mesa e parecia irredutível. — Vamos lá, depois de hoje estamos precisando. E sei que Draco não verá problema algum, somos colegas de trabalho, você sabe!

Ponderou por alguns segundos, os prós e contras, e não demorou em fechar a pasta amarela e levantar-se. Uma cerveja amanteigada cairia bem naquele momento, avisaria Draco quando chegassem ao Três Vassouras ou ao Caldeirão Furado, não tinha certeza de onde Theodore Nott costumava beber. Ignorou o detalhe e seguiu-o pelo o átrio até as lareiras.

— Venha, você vai adorar o lugar! — Esticou a mão e Hermione aceitou, seria guiada na aparatação.

Tocou o chão com firmeza e comemorou internamente por não ter tropeçado ou caído, tinha o azar de sempre pisar em cima de alguma pedrinha ou simplesmente impulsionar a aparatação com força demais e se desequilibrar no “pouso”. Theodore assobiava do seu lado.

— Então, onde estamos? — Perguntou ao reparar que a ruela estava deserta.

— Perto. — Disse confuso, olhando para os dois lados da rua. — Não tenho certeza, mas acho que fica pra lá...

Apontou para a esquerda e puxou Hermione que franziu a testa e seguiu-o.

A noite estava abafada, sinais de que a primavera se aproximava e Hermione aproveitou para usar o suéter que Gina lhe dera de aniversário, era larguinho a num tom de dourado bem clarinho. Seguiu atrás de Theodore e abriu um sorriso largo ao ver Draco, com as mãos no bolso, parado olhando-a com um riso ladino.

— O que está fazendo aqui? — Perguntou e olhou de Draco para Theodore.

— Eu esperava um beijo, mas tudo bem. — Disse ao amigo e apertou-lhe a mão. — Obrigado.

Theodore piscou para Hermione e desaparatou no segundo passo em que se afastou.

— Você planejou isso? — Perguntou novamente e aproximou-se, querendo beijá-lo mais do que nunca desde que seus olhos focaram nos trajes do marido.

Não era novidade nenhuma que amava vê-lo mais casual, despreocupado com a aparência. Draco ainda estava muitíssimo bonito, era evidente que saíra do trabalho e fora direto ao restaurante, vestia uma camisa azul claro e puxara as mangas até os cotovelos, o paletó pendia do seu braço direito enquanto as mãos voltaram a ser enterradas nos bolsos da calça.

— Pensei que podíamos fugir um pouco da loucura da minha mãe e jantarmos com calma, a sós! — Hermione beijou-o no final da frase, juntando seus lábios num movimento sôfrego e desesperado. Draco juntou suas testas e sorriu, mostrando os dentes perfeitamente brancos. — Também senti saudades.

Sacudiu a cabeça e passou os dedos pelos fios loiros, bagunçando-os, livrando o cabelo de Draco da posição reta e bem penteada.

— Melhor assim! — Sorriu depois de entrelaçar os dedos aos de Draco.

O restaurante refinado deixou-a desconfortável. Estava vestida casualmente demais, o coturno pesado de couro deixava claro que não encaixava-se entre os salto-altos do ambiente. Parecia que todos olhavam-na com curiosidade, e apertou a mão de Draco com mais força até que finalmente sentassem-se numa mesa para dois.

Antes que entregassem o cardápio o garçom já servia o vinho tinto, ressaltando que aquele era o melhor de todos. Escolheram os pratos rapidamente e deixaram o clima calmo da noite levá-los.

Uma banda de instrumentistas tocava uma canção lenta e Hermione os admirava, já havia terminado sua sobremesa e levava a taça de vinho aos lábios vez ou outra. Draco apreciava a visão com gosto, querendo no fundo torna-la eterna, pois tinha, sentada na sua frente, o que mais amava.

Limpou os lábios no guardanapo vermelho e levantou-se, oferecendo a mão para a esposa.

— O que está fazendo? — Surpresa olhou para os dois lados, conferindo se ninguém mais os olhava.

— Chamando minha noiva para uma dança, pensei que fosse óbvio! — Deu de ombros e pediu novamente, puxando-a para perto dos instrumentistas.

Calmamente envolveu-a pela cintura e segurou-lhe uma das mãos, guiando-a numa dança lenta e intima.

— Draco, estão todos olhando. — Murmurou muito constrangida pela atenção que estavam recebendo.

— E você não está mostrando tudo o que sabe. — Apertou-a por cima do suéter, puxando-a para mais perto. — Olhe para mim.

Fora um pedido simples quer Hermione não poderia negar, os olhos cinza tempestuosos sempre lhe deixaram intrigada e prendiam-na lá de uma maneira que simplesmente não conseguia sair sem algum esforço. Sentiu-se relaxar no segundo seguinte e movimentou-se com tanta suavidade que podia jurar que estava flutuando. Draco causava essa sensação, exalava segurança de um jeito que jamais seria capaz de explicar, apenas sentia como se nada mais existisse.

Draco sorriu.

— Está dançando!

Assentiu e riu quando girou e voltou aos braços de Draco num movimento que, para quem os observava, parecia ter sido perfeitamente ensaiado. A coreografia aos poucos foi parando, assim como a música que gradativamente se tornou mais baixa, até chegar ao fim.

Foram aplaudidos e Hermione virou-se para os músicos e direcionou os aplausos a eles. O violinista sorriu e começou uma nova melodia, novos casais seguiram até o espaço e valsearam ao ritmo da melodia arrastada.

— Já disse que me apaixonei por você no Baile de Inverno no momento em que te vi dançando? — Perguntou assim que saíram do restaurante.

— Não! É verdade? — Olhou-o com animação, segurando o paletó para afastar o vento fresco que soprava.

— Não, não é. — Ouvi-a rir da resposta e juntou-se à gargalhada. — Mas me arrependi de nunca ter te chamado para dançar.

— Eu teria negado. — Riu.

— Sei disso, mas devia ter tentado assim mesmo. — Girou-a repentinamente, como se ainda dançassem e Hermione acompanhou os passos. — Somos um bom par, dançando, não acha?

Era visível que havia uma harmonia quando dançavam juntos, como se encaixassem-se um quebra-cabeça. Separados seriam apenas peças, mas juntos, transformavam-na em algo surpreendente. E isso aplicava-se também à vida, o companheirismo e conexão entre os dois era algo invejável.

— Somos um par até quando não estamos dançando!


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Notas finais do capítulo

Olá, como estão??
Sei que demorei, mas uma história só vive quando alguém a lê, e ultimamente parece que ninguém está acompanhando. Agradeço muito e quero que aqueles que comentam me desculpem, mas precisava dar esse tempo até para planejar melhor o futuro da história a partir daqui!
Então por favor, deem sinal de vida, critiquem a história, me contem como foi o dia de vocês. Com certeza vou responder e adorar!
Até o próximo ;)