Depois de alguns minutos sinalizando e escondendo o rosto Hermione desistiu de tentar acalmar Gina que falava alto e soltava gritinhos emocionados dentro do restaurante. Combinara de encontrar a ruiva para um lanche no final da tarde, queria contar tudo o que havia acontecido no dia anterior, mas Gina ficara tão excitada com a notícia que simplesmente começara a soltar suspiros animados e dar ideias e mais ideias para o casamento.

— Gina, por favor. — Pediu mais uma vez, ignorando o homem sozinho na mesa de trás que levantara a cabeça para observá-las. — Ainda não marcamos nada, Draco quer conversar com Narcisa antes. Acho que vai ser na Mansão Malfoy, como da primeira vez!

— É um ótimo lugar! — Concordou. — E Narcisa tem um gosto refinado, tenho certeza de que vai ser tão perfeito quanto seu primeiro casamento. Mas me diga que dessa vez vão desistir dos tons claros! Não me leve a mal, Draco estava lindo naquele terno cor de areia, mas ele fica muito mais gostoso em black tie.

Hermione jamais ficaria brava com aqueles comentários de Gina, quando o assunto era Draco o tom da conversa sempre tornava-se impessoal e divertido.

— Nisso eu tenho que concordar com você, mas é um detalhe, temos coisas mais importantes para decidir antes das roupas. — Bebericou o chá. — Ainda não acredito que ele planejou isso tudo, parece algo surreal.

— Acredite, estou com inveja. — Piscou para a amiga, indicando que era brincadeira. — Ele quer dar um sentido para a vida depois do acidente, criar novas lembranças, ver você vestida de noiva...

Riu e voltou para o chá.

— É sério, seu marido não podia ter sido mais romântico. — Gina empurrou a xícara de chocolate quente que agora já lhe parecia doce demais. — Mal posso esperar para o James nascer logo e Harry voltar a me olhar como se eu não fosse um barril.

— Harry jamais...

— ... Pensaria algo assim? Acredite, é assim que me sinto toda a vez que ele me olha! — Resmungou. — E o pior, é que a temporada de Quadribol deve começar em breve e quero participar do primeiro jogo!

— Você é maluca. — Rebateu Hermione, tirando algumas notas de dinheiro do bolso da calça. — Vamos voltar? Tenho que preparar o jantar, Narcisa vai lá hoje à noite.

Gina saltou da cadeira com bastante agilidade pra quem carregava um bebê de quase nove meses e assentiu.

— E eu vou para casa, torcer para que meu marido que não é tão perfeito quanto o seu, lembre de comprar o jantar! — Hermione riu do comentário da ruiva, pois Harry reclamava que Gina arranjava motivos para brigar todos os dias. — Melhor, vou busca-lo no trabalho. Depois me conte como foi o jantar!

***

Quando Draco chegou Hermione estava sentada e apoiada na bancada da cozinha, lia um livro distraidamente enquanto a mão livre segurava uma taça de vinho. As bochechas rosadas eram por causa do calor que vinha do fogão, assim como o aroma do assado que invadiu-o sem se preocupar com o ronco faminto que causou.

— Ah, você chegou. — Hermione virou-se para cumprimenta-lo com um sorriso. — Como foi no trabalho?

Draco aproximou-se e baixou a cabeça até alcançar-lhe os lábios, juntando-os num beijo rápido, mas saudoso.

— O de sempre. — Murmurou quando separou-se. — E a Weasley, como está?

— Se sentindo mal por estar enorme, feliz por nós, indo ao banheiro a cada cinco minutos... O de sempre. — Viu-o rir de sua imitação. — Que horas a sua mãe chega?

— Às nove.

Hermione levantou-se e baixou o fogo, agora a carne assaria lentamente e poderia tomar um banho sem preocupar-se em deixar Draco cuidando do jantar. Dois minutos errados e teriam que receber Narcisa com pizza ou comida japonesa de algum restaurante próximo.

— Vou tomar um banho e você também deveria!

Draco abraçou-a por trás e beijou-a na curva do pescoço, apertando-a contra seu corpo aproveitou o perfume misturado ao suor de algumas horas cozinhando.

— Isso é um convite?

— Uma ordem! — Rebateu e puxou-o escada à cima.

***

— Querido, isso é maravilhoso! — Exclamou Narcisa, deixando a taça de vinho de lado. — Estou tão feliz por vocês, nem acredito que foi você mesmo que pensou nisso tudo!

— Tive a mesma reação. — Hermione disse, rindo com Narcisa que comentou o quanto achava o filho insensível em relação àquele assunto.

— Vocês me subestimam! — Retrucou emburrado e ganhou um beijo na bochecha da esposa.

Narcisa sorriu para os dois e bebeu o vinho. Estava orgulhosa de Draco, ele finalmente entendera o significado de amar alguém. Hermione o transbordava, desde a primeira vez que a vira ao lado do filho soube que era a garota certa para Draco, alguém que o colocaria na linha se fosse preciso e não teria medo de enfrenta-lo. Alguém que ele respeitava e acima de tudo, admirava.

— Que tal ser na Mansão? — Sugeriu, conseguia imaginar a casa enfeitada para o segundo casamento de Draco. — Já consigo imaginar a decoração primaveril e, Hermione, peça para a sua amiga me enviar uma coruja. Ela tem ótimas ideias!

Gina ficaria imensamente feliz em ajudar.

— Quero você de preto, querido. Realça a sua beleza! — Disse ao filho. — E Hermione, conheci uma estilista francesa numa viagem, posso pedir para ela entrar em contato com você para desenhar seu vestido. Seria único!

Draco e Hermione se entreolharam e trocaram um sorrisinho. Narcisa não pararia de planejar, e dessa vez pedia a ajuda de Gina, seria um evento e tanto. No fim da noite, Narcisa já havia enviado uma coruja com uma foto de Hermione e suas medidas para a tal amiga, deixara claro que não deixaria uma Malfoy vestir qualquer coisa e queria vê-la espetacular.

— Meu filho merece. — Fora o que dissera, e Hermione captou a mensagem.

Draco já havia conversado com Narcisa sobre Hermione em algum momento, duvidava muito de que a palavra “espetacular” usada na mesma situação fosse mera coincidência. Quando estavam sozinhos, deitados um de frente para o outro, disse:

— Prometo que vou ser a noiva dos seus sonhos.

Ele piscou lentamente, quase sendo consumido pelo sono.

— Vou fazer de você o homem mais feliz do mundo! — Disse por fim.

Draco abriu os olhos um pouco mais, lutando contra a sonolência e passou a mão delicadamente pelo rosto de Hermione.

— Você já me faz. — Percebeu o quanto era fácil sorrir ao vê-la fazer o mesmo, simplesmente contagiante. — Eu te amo!