Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Hey
Depois de uma viajem no passado lá pelos lados de Florenzza, voltamos ao presente de Greg.
Essa estória vem explodindo na minha cabeça quando e como ela quer, tem vida própria.
Agradeço os comentários e quem favoritou, acompanham, é bonito sentir que gostam de algo que eu fiz/estou fazendo.
Chega de meu lado emotivo aqui.
QUE TAL, TALVEZ, MUITO PROVAVELMENTE, VOCÊS ESCUTAREM "FROM EDEN" DO HOZIER? UM AMOR ♥
Boa leitura



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Nova Orleans

Dias Atuais

               - Vocês não acham estranho tudo isso estar começando agora? Até parece que tem um significado sabe?

               -Não viaja Gregorius, o que você tem a fazer é focar nos estudos e deixar uma bagunça como essa no passado.

               -Mas Kath, eu concordo com Greg, porque assim, só foi ele chegar que aconteceu tudo aquilo no bar e o livro que ele achou com os desenhos, que no caso é o mesmo livro do seu bisavô além dos sonhos...

               -O que você quer Caliel? Tu realmente pensas, que tá acontecendo algo místico aqui? Cara vocês são estudantes de história, não se deixem enlouquecer.

               -Não estamos, mas... tudo isso é bem misterioso.

               -Ah, então você vai fazer o que com isso, digo, não aconteceu nada para se investigar, entende?

               Katherina estava certa, não tínhamos nenhum fato concreto. Eu poderia simplesmente estar impressionado.

               -Você tem razão Kath, estou um pouco perturbado...eu acho.

               -É você tá sim, deveria ir pra casa ficar relaxado, esquecer de tudo.

               -Ótima ideia! Tô dentro. Vamos ficar relaxado Greg, sem fazer absolutamente nada... Apoio. – Caliel sorria tranqüilo.

               -Você não querido, você é folgado até demais – Kath disse piscando de maneira engraçada.

               -Acho que está mais do que claro quem manda aqui, não é Caliel?

               -Sim, sim. Oh, por favor, não açoite com seu punho justiceiro seu pobre servo errante, milady – se curvou em uma referência exagerada.

               -Babacas! – saiu puxando o magricela, pálido e desengonçado pela camiseta.

               Pedalei até em casa lentamente, enquanto sentia o vento no rosto e me perdia em memórias boas. Nem percebi que já estava no portão e tia Aurora teria um susto me vendo aqui essa hora, mas para minha surpresa ela não estava. Na verdade a porta estava aberta, porém nada dela, o que era muito estranho, não sabia que ela tinha o hábito de sair de casa enquanto eu não estava, á achava tão reclusa da sociedade. Então fui para os fundos e entrei no “jardim” selvagem, nunca tinha vindo ali, afinal aquilo era imenso e assustador e o emaranhado de plantas se estendiam por todo o quintal até alcançar a floresta, que conseguia ser mais acolhedora ainda, sendo irônico é claro, com as copas das árvores se encontrando e impedindo a passagem da luz.

               Eu conseguia ouvir vozes ali em algum lugar e as segui, logo vi da onde vinham. Era de uma estufa ou mausoléu, meio coberto por musgo e vegetação de trepadeiras, essa construção com toda certeza não era nova.

               Tia Aurora conversava com alguém que não conseguia identificar, tentei me aproximar sem fazer barulho. Era um pouco ridículo eu estar espionando uma senhora que tem idade pra ser minha vó. O que eu imaginava encontrar ali? Já estava me virando para ir embora quando comecei a entender o que diziam.

               -Você também consegue sentir a energia do mal aqui, não é mesmo Aurora? – era uma voz feminina.

               -Eu comecei a poucos dias, e parece estar cada vez mais próxima...

               -Não acha que a vinda do seu sobrinho seja a razão para isso?

Elas estavam falando de mim? Por quê?

               -É claro que não! Meu sobrinho tem nada a ver com isso, ele não sabe de nada, não pode pensar que ele seja o mal dessa cidade!

               -Aurora! Não distorça minhas palavras e não tente mentir para mim, sabe tão bem quanto eu, que as mentiras têm um cheiro bem forte. Só estou dizendo que deveria prestar mais atenção nele, fiquei sabendo que freqüenta o bar.

               -Ele NÃO freqüenta, eu o proibi. Tudo está sobe controle, não precisa se envolver nisso.

Elas estavam praticamente discutindo por minha causa, mas eu não havia feito nada. Deveria ter a chance de me defender, não pensei ao certo e saí do meu esconderijo entrando já na estufa/mausoléu.

Assim que estava na presença delas, senti o olhar da senhora que falava sobre mim. Era um misto de surpresa e raiva mal escondida. Nunca a tinha visto, era ainda jovem, com uma postura ereta e seria, apenas os cabelos logos e loiros suavizavam a dureza de sua expressão.

               -O que você faz aqui Gregorius?!

O susto da minha tia foi tremendo, não conseguia e nem queria disfarçar a surpresa indesejada e a irritação estava presente em cada nota de sua voz, os olhos cravados em mim e as mãos bem fincadas na cintura.

               -Eu apenas cheguei em casa e não a encontrei, então vim procurar, mas o que a senhora faz aqui, nem sabia da existência desse lugar...

               -Não argumente comigo criança! Volte pra casa agora.

               Não desistiria tão fácil.

               -Escutei que discutiam sobre mim, o que tudo isso significa? Porque estariam falando sobre eu trazer o mal para a cidade, isso é algum tipo de xenofobia?

               Aurora estava a ponto de explodir e me levar para o outro plano com ela.

               -Aurora – a outra mulher que tinha falado antes e não havia tirado os olhos de mim desde que entrei, parecia ler minha mente, tirando conclusões e isso me pareceu um sonho que tive onde eu estava na escola sem roupa e só descobri isso no fim do dia – como você não enxergou isso? Ou enxergou e escondeu? Tola, tudo se esclarece agora.

               -O que queres dizer Safira?

Então era assim que se chamava, conveniente para alguém duro como pedra.

               -Você sabe o que digo, dê seu jeito ou perderemos o controle, e não é interessante agir de maneira drástica.

Dizendo isso me observou novamente e saiu por onde eu tinha entrado.

Mais rápido que eu pudesse acompanhar, titia virou-se e saiu para casa. A segui.

               -O que está acontecendo aqui? Não sou nenhum idiota!

               -É claro que não, é preciso muito talento para ser um idiota. A cidade não está mais segura pra você ficar, deveria voltar para seus pais ou então procurar uma outra cidade que goste.

               -Porque? O que significaisso? O que mudou? – não fazia sentido.

               -Apenas me escute, não parece, mas eu sei das coisas, já vi muitas e se continuar aqui você irá adubar essa cidade para que a maldade dê seus frutos bichados aqui novamente. E eu não vou contribuir para isso.

Ela falava com tantas figuras que chegava a soar apocalíptico.

               -Não se preocupe, não a irei culpá-la. Sou um homem e posso tomar minhas decisões e ainda arcar com suas conseqüências, além de que não posso fugir de algo que nem sei do que se trata.

Sua expressão passou de preocupada para uma superficial pena e tristeza e sorriu amarga.

               -Ah, os jovens, com sua eterna mania de achar que possuem o universo dentro do peito, que podem dominar o mundo, se achando heróis, querendo viver para sempre. – suspirou, balançou a cabeça e me encarou forçando sua melhor cara – Tá com fome?

Ela desviou do assunto com tamanha rapidez e sem nenhum aviso que me causou vertigem.

               -Ah, hum... é... não, obrigado tô sem fome. Só vou subir e ficar lá no quarto ok?

               -Sim – ela tentava se mostrar normal, mas eu conseguia ver que não era tão boa atriz.

Subi as escadas um pouco rápido demais  e me fechei no quarto, ligando pro Caliel.

               -Cara preciso falar com contigo, aconteceu algo muito estranho – disse contendo a empolgação que pareceu voltar assim que ouvi sua resposta do outro lado da linha.

               -Que? Oi Greg, eu não posso falar agora, ainda estou em aula – sussurrava.

               -É importante!

               -Me encontre na lanchonete que sempre vamos, daqui uns... vinte minutos.

               -Ok

Desliguei e fiquei pensando na loucura dos meus dias desde que me mudei.  Pra alguém que vivia num incrível ciclo de “nadas” eu estava descobrindo como era ser intenso, surpreendido, despertando sentimentos que não os desenvolvi em toda minha antiga vida.

Tomei um banho rápido e vesti um jeans Levi’s rasgado, calcei um Democrata desbotado e uma camiseta de manga longa, que segundo minha mãe passava da hora de ir pro lixo ou virar algum tipo de artesanato. Sai apressado amarrando o cabelo ainda molhado e passando por titia, a deixando de orelha em pé.

               -Acho bom você estar aqui no jantar, caso contrário, faço se alimentar de raízes e brotos por um mês.

Sorri e disse que estaria em casa, mesmo a proposta sendo bem tentadora.

Caliel já estava sentado a beira da janela tomando uma Coca Cola e mordendo um sanduíche enquanto mexia no celular. Parou quando me viu sentar a sua frente.

               -O que foi, você tava todo agitado no telefone, na verdade ainda está, qual é?

Contei tudo que havia se passado, e ele ficou olhando para  a garrafinha pensativo. Cheguei a cogitar que não havia prestado atenção, mas não, ele estava apenas digerindo tudo.

               -Temos que desvendar isso irmão! – um brilho endiabrado surgiu em seus olhos – com toda certeza algo ESTÁ acontecendo aqui, mas o que? Katherina não vai gostar disso.

               -Eu não sei o que fazer, tia Aurora não vai me falar nada, ela queria que eu saísse da cidade.

Nesse momento Caliel ficou com a postura muito reta, como se estivesse assustado ou hipnotizado vendo uma alma penada, olhando fixo para a porta, e segui seu olhar.

Era ela.


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Notas finais do capítulo

Quando você estiver lendo isso, eu provavelmente não vou estar mais aqui.. NÃO BRINCADEIRA RSRS
Valeu



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