Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Hello
Eu demorei pra escrever esse capítulo porque eu tenho uma preguiça louca, mas o capítulo 7 já tá encaminhado também.
vamos ver se gostam, boa leitura
"Baby don't let the lights go down ♫"



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               Os sonhos continuaram, já tinha uma semana que começaram e estavam cada vez pior. Eu havia ficado fraca, era como se ao invés de descansar durante o sono, eu me cansava ainda mais. Sempre ficava dolorida e às vezes até com falta de ar.

               Hoje tinha acordado com febre e a pele ardendo, logo soube que se tratava da reação ao pesadelo.

               Nessa noite sonhei que estava sendo mais uma vez perseguida numa floresta escura, e gritos e tiros vinham ao meu encontro. Escutava palavras de ódio e xingamentos, quando de repente estava cercada, jogada no chão, minha visão turva, as pessoas a meu redor dançavam feito fantasmas, elas não tinham rostos, seus gritos me enlouquecia.

               Sinto pedradas, cada vez mais e mais fortes, de todas direções, não conseguia me defender, nem fugir, não via os atiradores nem as pedras, só as sentia, depois mais nada.

               Novamente acordo amarrada de joelhos, suja e pegando fogo, não metaforicamente, estava sendo queimada como uma bruxa. As pessoas me observavam e riam enquanto eu sentia uma dor enlouquecedora aos gritos, gemendo e chorando ao mesmo tempo em que me engasgava com a fumaça e fedor que me revirava o estômago. Tentava soltar-me e fugir.

               - Você só precisa dizer que sim, que tudo isso acaba querida.

               Era Eduardo, ele estava aparecendo agora nesses pesadelos sorrindo de braços abertos, como uma falsa bondade.

               Acordo.

               - Mãe?

               -Oi Florenzza, acordou mais cedo hoje, que milagre é esse?

               -Mãe, eu não agüento mais, não consigo mais dormir, só tenho pesadelos cada vez piores, eu estou toda dolorida, essa noite eu fui queimada viva e agora olha pra mim eu estou ardendo – falei já chorando.

               -O que você tá falando? – ela se aproxima de mim abraçando-me e olhando minha pele, me dando atenção – quando isso começou?

               -Já tem mais de uma semana, desde o dia que conhecemos o namorado da tia Veruska...

Ela não entendeu

               -E o que acontecem nesses sonhos?

               -Cada dia é uma coisa diferente, uma tortura nova. As vezes eu tô me afogando, ou caindo de um penhasco, sendo atacada por animais e hoje eu fui queimada ... eu não sei o que está acontecendo, eles são muito reais...

               -Eu... eu acho que vou falar com seu pai? Eh, isso, vou falar com ele. Talvez devêssemos ir num médico, psicólogo, ou... não sei... acho que na igreja? Isso, vou levar você na igreja.

               -Tudo bem – disse assentindo

               Eu não era tão religiosa e não acreditava realmente que algo iria mudar, mas não quis duvidar também.

               O padre colocou a mão em minha cabeça, após minha mãe fazer um resumo do que havia acontecido, e começou a fazer uma oração, depois aspergiu-me com água benta e deu um vidrinho á minha mãe para que fizesse o mesmo no meu quarto.

               Depois disso, mamãe foi pro trabalho e eu fui pra casa da vó, Josh tinha ficado lá, eu iria buscá-lo.

               -Oi benção – disse já entrando e a abraçando – aonde tá o Josh, vim levar embora aquele pirralho.

               -Oh menina se acalme, vocês jovens vivem correndo, senta aí, tem uns biscoitos de côco que comprei, come e bebe um café, você quase não tem vindo aqui.

               -Mas vó, tem uma semana mais ou menos que eu estive com a senhora.

               -Sim, mas é um incômodo visitar a sua avó? Só porque eu não sou como aqueles seus amigos doidinhos?

               -Como a senhora é dramática minha vó – disse rindo dando um beijo em sua bochecha, sentei no sofá e comi uns biscoitos e caramba aquilo era muito bom.

               Ouvi ela reclamar como sempre da empregada que não fazia nada direito, mas todos nós sabíamos que era só implicância com a pobre mulher. Depois reclamou também das vizinhas fofoqueiras que a deixava informada dos acontecimentos da vizinhança e por fim reclamou das dores nas costas, pernas e nos ossos.

               Eu conhecia todo esse discurso a algum tempo, mas se ela não o fizesse, não seria minha avó.

               -Mas cadê o Josh, eu não vi nem ouvi barulho dele?

               -A Veruska saiu com ele, disse que o namorado gosta de crianças e que iriam no parque. Josh ficou todo animado pra andar na montanha russa.

               Meu coração deu um salto e se esfriou.

               -No parque? Vó eu preciso que a senhora me dê o dinheiro pro táxi até lá, eu tenho que buscar o meu irmão.

               -Porque isso agora Florenzza, seu irmão está com Veruska, ela parece um pouco maluca, mas é uma ótima tia, vai tomar conta dele, deixe o menino se divertir um pouco.

               -Eu sei vó, mas é que... o namorado, o Eduardo, eu acho que... pode ser perigoso... a senhora não entende – disse por fim.

               Ela me observava e de repente seus olhos se iluminaram como se tivesse entendido, levantou e foi até uma caixinha na cômoda e pegou o dinheiro.

               -Porque você não disse logo que você também queria ir no parque, você não está grande demais para se divertir naqueles brinquedos.

               Ela não entendeu nada, mas peguei o dinheiro, agradeci e esperei o táxi já na rua.

               O parque estava lotado, Josh mal sabia o que fazer primeiro.

               -Então Josh, faz tempo que você não vem ao parque né?

               -Nossa! Muito tempo mesmo tia, nem tinha todas essas coisas – disse apontando para um brinquedo que girava nos céus como se estivessem soltos – eu quero ir nele.

Veruska riu

               -Aquilo é muito perigoso para ir Josh, e acho que você nem pode, é muito pequeno ainda. – viu que o menino ficou desapontado – nem eu tenho coragem de ir nele.

               -Porque a gente não vai ali dar uns tiros naqueles patos? – falou Eduardo parecendo realmente empolgado.

               -Isso, vamos! – Veruska fez a frente, deixando o menino de mãos dadas com o namorado já na metade do caminho até a barraca.

               -Ahh!

               -O que você tem Josh? – Eduardo tinha os olhos arregalados observando curioso o garoto.

               -Eu...eu não quero mais ir lá.

               -E porque não? – contendo o nervosismo na voz.

               -Por conta dele – apontou para um palhaço que estava dentro da barraca tomando conta, provavelmente um funcionário.

               -Você tem medo de palhaços? – riu – que... interessante.

               -O que aconteceu Eduardo? – Veruska voltou ao encontro dos rapazes

               -Josh mudou de ideia, não quer mais ir atirar em patos, tem medo do palhaço.

               -Oh querido, não precisa, vamos comer alguma coisa pra compensar o susto, daí a gente anda você quiser, vamos?

               Ele concordou e depois de comer andaram por vários brinquedos e por fim a montanha russa.

               -Josh, você não acha muito alto e perigoso? Que tal a gente deixar pra outro dia?

               -Eu não tenho medo, eu quero ir.

               -Eu vou do lado dele Veruska, não tem perigo.

               -Eu não vou não então, meu estômago não seria capaz de agüentar, vou estar esperando, cuidado, coloca o cinto direitinho viu.

               -Ok, então deixa os rapazes aqui ir – disse dando um beijo seco e entrando no carrinho.

               Aquilo realmente era alto, tão alto e assustador que Josh já estava até se arrependendo.

               Florenzza chegou ao parque e foi correndo, mas estava um pouco cheio porque era férias, então para todos os lados tinham crianças correndo e muito barulho, mas acabou vendo Veruska fácil debaixo de uma árvore com um algodão doce rosa na mão, atenciosa na função de saborear cada tufinho que colocava na boca.

               -Tia, onde está o Josh? – falei para ser ouvida

               -Oh, o que faz aqui? – ela estava um pouco surpresa – como sabia que estaríamos aqui?

               -Eu fui buscar meu irmão na vó e ela disse onde estavam.

               -Ah sim – sua expressão estava leve de novo – Josh tá com o Eduardo, eles foram na montanha russa, eu não quis ir, sabe...

               Sai correndo pelo parque e lá estava ela, o grande monstro de ferro e trilhos que se aventurava a crescer pelo céu. Minha cabeça doía forte agora, tinha um zumbido em meus ouvidos que vinha aumentando até virar a voz Satânica de Eduardo, ele falava algo em meus pensamentos, não queria ouvir. Fecho os olhos.

               -Flo-renz-za! Você por aqui? Gostaria de brincar com a gente?

               Abro os olhos olhando para cima. O carrinho havia parado.

Minha visão estava confusa, com sombras, eu conseguia ver Josh e Eduardo na minha frente, como se estivesse juntos com eles na montanha russa. Ele sorria pra mim maldoso.

               -Já decidiu me ajudar? Ou não? Espero poder contribuir para isso.

               No momento não era ele que estava do lado do Josh, era um...um palhaço? Isso um palhaço com toda aquela maquiagem de sorrisos exagerados. E Josh gritava em pânico.

               -O que uma pessoa pode agüentar, até perder o juízo? – era a voz de Eduardo, mas eu não o via – se me ajudar, tudo isso acaba, é só dizer que sim.

               Nesse momento Josh desata o cinto de segurança e abre a barra de segurança e se levanta, quando o carrinho novamente despenca trilhos a baixo jogando seu corpo para fora numa queda eterna.

               -Não! Josh! – grito desesperadamente sentindo o gosto de sangue na garganta – sim, eu te ajudo Eduardo... sim! sim! Eu aceito, mas faça parar.

               Tudo fica preto, não vejo mais nada por um instante. Abro os olhos com o barulho infantil do parque novamente, as cores nítidas estavam de volta junto com Josh e Eduardo no carrinho já estacionado.

               Ele me observava com olhos de um caçador sobre um servo. Queria fugir daquele olhar.

               -O que você tá fazendo aqui Flo? – Josh parecia surpreso e irritado – porque você tá parada aí sua sonsa?

Olho feio pra ele

               -Vim te buscar! Vamos! – Peguei sua mão e puxei

               -Florenzza, eu levo vocês...

               -Vamos de táxi.

Saí quase correndo pelo parque cheio, arrastando meu irmão e só parei do ataque nervoso quando entramos em casa.

               -O que tá acontecendo com você – o garoto tava me encarando com a cara fechada exigindo respostas.

               -O que aconteceu hoje no parque?

               -Me responde, eu perguntei antes.

               -Quando foi que você ficou tão argumentativo menino? Não tá acontecendo nada, só estou cuidando de você, agora me diz.

               -Não aconteceu nada demais, comemos e andamos nos brinquedos, o Eduardo é muito legal, ele andou em tudo junto comigo...

               -E lá na montanha russa? Você viu alguma coisa... que te assustou? Um palhaço talvez...

Seus olhos se arregalaram com a palavra

               -Sim... quero dizer, não. Eu vi antes, logo quando cheguei – disse já não dando atenção e saindo para o quintal dos fundos.

               Eu só me aclamei completamente quando papai e mamãe chegaram. Me senti mais segura e pude descansar no quarto. Umas rodadas de música boa e livros e já tinha esquecido do dia confuso e até consegui dormi bem.

               Dessa vez não teve sonhos ruins, na verdade não teve sonho algum, teria sido perfeito se não tivesse acordado de madrugada, com o barulhinho de unhas batendo ritmadas na cômoda. Era ele encostado no móvel me observando na penumbra.

               -Acho que chegou a hora de cumprir a sua parte do acordo Florenzza.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso aí, fiquem a vontade pra comentar, criticar, perguntar... vocês são livres.
Thanks :*
I miss you
when the lights go down.. ♫♪
vamos ouvir Adele



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