Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Hello, It's me
então eu quis agora ir pro outro lado da estória, então vou falar da Garota Ruiva.
este capitulo me sugou, e eu realmente não consigo amá-lo, então dividi em duas partes.
Boa leitura



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               Fevereiro de 2012

               Era domingo, acordei e o sol brilhava fortemente, caramba, como eu gostava desses dias, eu podia sentir o calor que a cama produzia e a tranqüilidade da rua. Todos muito ocupados em não ir trabalhar e fazer suas tradições dominicais, o mais lento possível, como eu amava tudo isso.

               Levantei rápido e arrumei a cama com a colcha branca cheia de estrelas pretas, eu gosto tanto de estrelas, e isso era perceptível, o quarto era todo decorado com elas, no teto, nas paredes, luzinhas e quadros. Aquilo era o meu universo.

               Eu sentia o cheiro do café e de pães assando, o barulho de pratos e Josh falando alto e correndo pela casa.

               Me arrumei na frente do espelho, me achava muito parecida com papai, com meus olhos cor da folha do outono e os cabelos ruivos, laranja como a lava, mas tinha que concordar que o corpo era igual o de mamãe, ela é tão linda, a postura e elegância de uma bailarina que foi. Esperava ter a mesma graça dela um dia, mas aqui estou, descendo correndo as escadas por comida.

               - Eu já ia subir lá com uma jarra de água gelada pra ver se você ainda respondia a estímulos.

               - Mas humn... hoje é domingo – falei enquanto enfiava um pão inteiro na boca.

               - Florenzza! Coma direito!

               Parei de mastigar olhando assustada para ela e comecei a comer mais lentamente.

               - Sua porca! – Josh passou correndo e me deu um tapa, fugindo em seguida.

               - Seu diabinho! – peguei um pão para atirar nele.

               - Florenzza! Seu pai está lavando o carro, nós vamos a igreja e depois almoçar na vovó, sua tia Veruska vai levar o novo namorado para conhecermos hoje, parece que se chama Edu...Eduardo, acho que é isso, parece que é brasileiro.

               - Como a tia conheceu ele?

               - Eu não faço ideia, e tenho até medo de saber.

Rimos

Nesse momento papai entra na cozinha todo molhado.

               - As minhas garotas estão rindo do que?

               - Das proezas de tia Veruska, o novo namorado dela.

               - Ah sim, Nathaniel não é?

               - Não! – rimos novamente – pai esse era casado, é outro, um tal de Eduardo brasileiro.

               - Brasileiro? Como?

               - Por isso estávamos rindo – mamãe sorriu dando de ombros e guardando o café. – Robert, onde está Josh?

               - Ah ele estava me ajudando com a mangueira, vish – percebeu logo após falar isso e voltou pro jardim, à procura dele.

               Como sempre reclamavam da pouca quantidade de fiéis na igreja, mas sinceramente eu achava que tinha o mesmo tanto desde sempre, na real nada mudava muito, e no fundo era feliz com isso, viver sem grandes surpresas.

Falando em surpresas, era exatamente o que aconteceu quando conhecemos o tal Eduardo.

               Ele me arrepiou a raiz do cabelo quando o vi, era como se alguém tivesse colocado gelo em minhas costas. Não que ele estivesse com uma faca ou algo assim, mas eu o via como um ser sombrio, pálido demais, olhos negros exagerados demais, parecia fazer grande esforço para realizar cada gesto e isso me assustava.

               - Então Eduardo, Veruska disse que você é brasileiro, que interessante, eu nunca fui lá, mas já vi fotos lindíssimas.

               Eduardo parecia nem ter ouvido, talvez o cara fosse doido, ou sei lá, estava perdido.

               - Ah... ah sim, é um país muito bonito e quente, mas já faz um bom tempo que saí de lá...

               - Mas sua família ainda permanece?

               - ...Oh sim, é, continuam sim – sorriu meio sem graça.

Um silêncio meio incômodo.

               - Eduardo é um pouco tímido, não gosta de falar de seu passado – tia Veruska se sentiu impelida a falar – talvez seja um serial killer.

               - O... o que Veruska? – os olhos do homem estavam arregalados.

               - Brincadeirinha honey, não seja tão rude comigo. – disse fazendo biquinho.

               Eu não tinha noção de como seria um relacionamento entre eles, não via nos anteriores também, mas nesse é ainda mais.

               O dia de domingo passou naturalmente, um pouco menos a vontade que os outros pela presença gelada do namorado.

               Fomos embora já tarde e eu só queria tomar um banho e ficar ouvindo musica o resto do dia, talvez escrever um pouco, sei lá, sem grandes planos.

               Estar em casa durante as férias, enquanto seus amigos viajam é tão gostoso quanto ter bambus enfiados embaixo das unhas, e isso estava me deixando louca, ainda mais se contasse que Josh também ficava em casa e a diversão da peste era o meu sofrimento.

               Não sei ao certo quando dormi, a única coisa que sei que acordei com frio. A janela estava aberta, estranho porque eu nunca esqueço de fechar, mas de qualquer maneira iria levantar para trancá-la, porém antes disso me assustei com um vulto que vi e me congelou.

               - Quem está aí – falei gaguejando a pergunta mais ridícula a se fazer.

               Nenhuma resposta, apenas uma respiração e uma risada sussurrada, abafada. Me arrepiei ainda mais, peguei o celular e iluminei o quarto, mas para espanto não tinha nada ali.

               Talvez tudo isso foi um sonho, pensei, na verdade ninguém tem a consciência de que se trata de um sonho quando está dentro dele. Corri, acendi a luz e olhei em todos os lugares que alguém poderia se esconder, depois fechei a janela e voltei a dormir.

               “Eu estava me afogando, estava dentro de uma água suja e escura, não conseguia nadar, meus membros estavam imóveis e estava afundando.

Agora não estava mais na água, estava na lama, no chão, num lugar estranho, escuro e fedorento, parecido com um pântano a noite, todo meu corpo doía, eu tento me levantar e cães começam a latir ferozes próximos de mim, de repente são lobos, raposas e toda fera que me mataria facilmente. Forço pra gritar, mas minha voz não sai, começo a correr, no escuro, os galhos retorcidos arranhando minha pele suada e suja. De repente silêncio. Aquele tipo de quietude que antecede algo desastroso.

Fui atacada por alguma coisa e puxada fortemente, tive a sensação de estar sendo quebrada por dentro e depois caindo, caindo sem parar, sem fim, tentando me agarrar a algo, gritando sem som e agora eu ouvida gritos, não meus, outros, gemidos e ranger de dentes, barulhos que me deixavam louca, eu queria fugir, aquilo não acabava nunca. Mas do nada, não estava mais em queda livre, tava me afogando na água suja e escura novamente, como no começo do sonho.”

               Esse ciclo continuou varias vezes, sem parar e sem acordar. Estava cansada, com medo e o desespero dos pesadelos continuavam, até que fui acordada a gritos de mamãe.

               - Florenzza! Acorda, Florenzza!

               Eu a abracei e isso a deixou assustada, em primeiro momento sem reação, mas me abraçou também.

               - O que aconteceu, você não acorda nunca tão tarde e parecia estar tendo pesadelos, estava agarrada aos lençóis.

               Observei a minha mão, as pontas dos dedos estavam brancos ainda e eu tinha a testa suada.

               - Foi horrível, eu tive um pesadelo... e não acabava, ficava repetindo sem fim, não conseguia acordar também... será que significa alguma coisa?

               - É só um sonho ruim querida, vem levante, já tá tarde e eu preciso ir pro trabalho.

               Mamãe trabalhava em um escritório de advocacia. Ela havia se formado a alguns anos, mas não gostava tanto de atuar, como achou que gostaria, então ela é a secretária do escritório, uma espécie de diretora administrativa/faz tudo.

               Ela se levantou da beirada da cama, abriu a janela e acenou para mim.

                Beijinho, cuida da casa e do Josh, ele ta lá embaixo no jardim dos fundos, o café está na mesa e tem dinheiro na gaveta do armário, na cozinha. Clarissa ligou falando que não vai poder vir hoje, então vocês vão comer alguma coisa na rua e se cuidam. Tchau.

               Só entendi que não teríamos almoço e que tinha dinheiro pra comprar.

               A manhã se esticou preguiçosa, eu estava cansada, tinha o corpo dolorido, fiquei no sofá vendo TV até Josh reclamar que estava com fome, e então saímos pra comer.

               Comprei dois lanches e refrigerantes e fomos comer no parque, tinha muitas árvores e o gramado estava bem cuidado.

                Josh havia amado a ideia de ficar por ali, devorou seu almoço rápido e foi pra grama correr atrás de qualquer coisa que se movimentasse. Mas eu tinha a sensação de estar sendo observada, tinha algo errado, fiquei muito incomoda e quis ir embora e vi que Josh já tinha sumido.

               - Josh?!

Silêncio

               - Josh! Vamos embora. Sem brincadeiras, vamos logo ou eu te deixo aqui.

Ele não respondia, comecei a me desesperar, Josh não faria isso. Estava procurando, entrei na parte do parque em que as árvores se juntavam mais, e chegava a parecer uma espécie de floresta e tinha algo atrás de alguns galhos baixos.

               - Josh, não tem graça!

Vou até lá e não vejo nada

Vejo um vulto passar rápido. Viro e novamente outro vulto em direção oposta.

De repente paro, fico atônita e sinto o frio no pescoço, viro.

               - Ah! – grito

               - Shiiu, porque tão nervosa?

               - O que você ta fazendo aqui Eduardo? – disse recuperando o fôlego após o susto.

               - Eu diria que ... eu quero algo de você – disse se aproximando.

               - O que você quer comigo? Eu preciso achar o Josh ele...

               - Crianças né, se distraem tão facilmente, nem imaginam os perigos que correm...

Eu estava assustada, tremendo, pra ser realista.

               - O que foi que você fez com o meu irmão – tentei bater nele sem sucesso que segurou minha mão.

               - Eu apenas quero que me escute, preciso de você Florenzza.

Ele disse meu nome lentamente, como se saboreasse o som de cada sílaba.

Esse cara conseguia me dar mais medo que antes. Ele tocou meu cabelo e minha pele avisou com arrepios, que corria perigo.

               - Para com isso Eduardo! Eu não gosto de você, e se não sair daqui e me deixar eu vou gritar... eu vou ligar pra tia Veruska, vou contar para meu pai...

               - Florenzza, eu só quero jogar com você, depois tu vai ficar em paz, eu prometo, se bem que talvez não devesse prometer isso... diria que você vai ficar bem. Você só precisa me dizer que sim.

               - Eu não quero jogar, eu não quero nada com você, me larga -  disse afastando sua mão fria de mim.

               - Não quer se livrar dos sonhos?

               -  O...O que?! – como ele poderia saber sobre isso, ah, mamãe deve ter comentado com tia Veruska, só pode ser.  – foram apenas sonhos, ninguém se livra...

               - Se você acha isso, que são apenas sonhos sem sentido, tudo bem. Mas eu estarei esperando.

Ele tinha um sorriso assassino.

               - Olha Flo, eu peguei um esquilo.

Viro vendo Josh correndo em minha direção com um esquilo entre as mãos, se debatendo.

Viro novamente e Eduardo tinha sumido. Melhor assim, mesmo que sua podridão ainda ficou no ar.


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Notas finais do capítulo

Então queridos, alguma sugestão, crítica? fiquem á vontade a comentar e fazerem o que quiser.



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