Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Eu gostei desse capítulo, o conjuro era um poema que escrevi a algumas semanas atrás e a tradução é via google translate irmãos.
Boa leitura



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Não conseguia dormir, as cenas na lanchonete não me saíam da cabeça, tudo ficava repetindo em flashes. Não quis contar para tia Aurora, mas mesmo assim ela ficou sabendo, provavelmente por Safira, porque duvido muito que Benjamim seja capaz de manter segredo sobre alguma coisa.

A tia colocou um monte de amuletos de madeira e ossos, além de coisas desconhecidas por mim, nas janelas e portas, tinha sal por todo lugar que olhava e ela ficou meia hora em cada canto cochichando alguma coisa. Estava instalando seu “sistema de segurança” e de tudo o que vi hoje, isso foi o mais normal.

Em algum momento dormi ouvindo minha playlist e sonhei:

“Tinha uma casa grande, sem ninguém, estava chovendo lá fora e o barulho ouvido de dentro era abafado. Não sabia o que fazia ali.

Entrei em um corredor com iluminação fraca e muitos quadros nas paredes, do tipo de coisa que se espera encontrar em um castelo medieval ou em casas da nobreza. Todos os rostos eram estranhos para mim e pareciam sem vida até mesmo para uma pintura.

No final desse corredor, uma moldura grande me chamou à atenção, era oval com bordas trabalhadas em ramos de prata, logo abaixo dela tinha um móvel e sobre esse, um arranjo grande de flores azuis. O mais estranho era que não havia nenhuma figura no quadro, apenas um tom cinza azulado como um lago a noite.

Essa ideia estava tão forte na minha cabeça que jurava poder ver o movimento da água, como se alguma coisa no fundo estivesse se mexendo e isso aumentou, cresceu, até boiar na superfície um rosto branco demais, Florenzza estava diante de mim com uma confusão de fios ruivos ao redor do rosto, então ela abriu os olhos e foi a maior escuridão que já vi.”

Acordei em sobressalto, um pouco ofegante e o coração disparado. O celular ainda tocava uma música que não me lembrava o nome. Acendi a luminária e vi uma sombra do outro lado da janela, após levar um baita susto deduzi que era um pássaro e ele estava batendo com o bico no vidro.

Levantei para enxotar aquela ave de agouro, e assim que abri a janela ela voou para debaixo de uma árvore do jardim, não foi para cima e sim para baixo, o que foi estranho, então forcei minhas vistas para debaixo da árvore e a vi, minha garota estava ali, sorrindo com os cabelos soltos e a ave escura sobre seu ombro esquerdo, além do detalhe de estar completamente nua.

Sorri de volta e nem sei ao certo, mas logo estava do lado de fora, caminhando até Florenzza. Eu tinha um milhão de perguntas pra lhe fazer, mas antes que pudesse fazê-las suas mãos foram para meu rosto, da mesma maneira que fez com Ben na biblioteca. Se aproximou mais, e na minha tentativa de fugir, me beijou lentamente com os olhos fixos nos meus.

Só então senti o significado daquilo, minha energia estava sendo sugada, minhas pernas ficaram fracas demais pra manter o resto do corpo, e do nada fiquei com sono e nem se quisesse poderia permanecer acordado.

*

As garrafas dependuradas na laranjeira dos fundos se bateram uma nas outras tão fortemente que fez Aurora acordar. Ela foi rápido a quarto de Greg e ele tinha desaparecido, mas a janela estava aberta, o amuleto que tinha colocado ali havia sumido também.

A porta que dava para o quintal de trás tinha sido destrancada, então qualquer coisa que tenha acontecido saiu por ali. Srª Krava assim que pisou em seu jardim/selva, sentiu um cheio diferente e o ”farejou” até encontrar uma árvore onde o chão estava queimado e as plantas tão secas que se desfaziam.

— O que é aconteceu aqui?! – se perguntou em voz alta tocando o tronco, e isso fez todos seus sentidos falharem, como da vez que tocou o amuleto russo.

Quando voltou a si, teve certeza que Gregorius tinha sido levado por alguma coisa que exalava magia negra.

Com uma velocidade sobre-humana, Safira e Ben estavam na sua sala, logo depois que pediu ajuda.

— Você não deveria ter envolvido o menino Benjamim nisso Safira, dessa vez é algo bem maior.

— Se tornou impossível impedir Ben de se envolver... além do mais ele é... útil.

— Foi uma escolha de palavra horrível, eu diria: “ele pode nos ajudar...”

— O que foi isso?! -  Safira se assustou com o bater na porta.

— O que vocês estão fazendo aqui?

— Ben me mandou uma mensagem de “ SOCORRO/CASA/GREG!” então peguei a bike, passei na casa de Kath e aqui estamos.

— O que tá acontecendo?! Eu não entendi nada, cadê o Greg? – Kath foi entrando e ficando a par de tudo.

— Entre garoto Petrova! – Aurora fechou a porta após todos reunidos. – Greg foi levado. Eu protegi a casa da maneira que pensei que pudesse, mas não adiantou... tinha uma energia poderosa fora daqui, no jardim e provavelmente Gregorius foi até lá...

— Porra! Greg é muito burro mesmo, o que ele foi fazer? – Caliel jogou as mãos pra cima num sinal de “PUTZ”

— Foi ela. Greg me disse hoje de manhã que ele ainda a amava e que o fato do amuleto russo ter sido destruído não mudava seus sentimentos.

— Isso todos nós sabíamos, né Benjamim, mas ele achou o quê? Quase morremos num ataque na lanchonete há algumas horas atrás! – Kath tinha as mãos fincadas na cintura num sinal de raiva mal controlada.

— Eu mato aquele idiota!

— Tem uma grande fila namorado.

— Aurora, o que você pensa em fazer? – Safira já pensava em ações.

— Primeiro vamos achar ele. Eu peguei esse tênis, ele semre usa esse, então deve ser mais forte a energia.

— Ela tá querendo dizer chulé, quando disse “energia” né? – Caliel cochichou com Ben.

— Garoto Petrova, tira aquele mapa da parede e põe nessa mesa aqui. – Srª Krava apontou pra uma mesa grande de madeira.

— Isso tá parecendo “The Vampire Diaries” e vocês são tipo a Bonnie e...

— Não faço ideia do que esteja falando Benjamim Angelo.

Safira e Aurora se deram as mãos, fecharam os olhos e ordenaram que prestassem atenção no mapa.

Por um momento, nada aconteceu, então de repente uma chama se acendeu no papel, bem diante deles.

— Caramba!

— Puta merda!

E se apagou rapidamente.

Kath procurou o chamuscado que ficou.

— Não acredito.

— Onde ele está? – As senhoras perguntaram.

— No Illusion’s Bar.

*

Quando acordei, minha cabeça doía como se tivesse sobrevivido a cadeira elétrica. Estava no chão do Illusion, o que era bem estranho porque não me lembro como vim parar aqui.

— Biscoitinho, bom que você acordou.

— Flor? – você me trouxe pra cá... temos que conversar... eu sei que fez coisas más, porém... – tentei levantar.

— Quieto! – e no mesmo instante caí novamente de joelhos, minhas pernas não me obedeciam. – Eu ainda vou te amar um dia depois do para sempre.

Então surgiu quatro pessoas, só conhecia uma delas, que era o barmen que me serviu a primeira vez que estive aqui.

Eles ficam em volta de mim, sem expressão, enquanto Florenzza sorria feito uma diaba, com uma faca na mão.

— O que você vai fazer?! Eu sei que essa não é você, tem algo errado contigo, minha tia pode te ajudar...

Ela me olhou com aqueles olhos, que não eram olhos, mas sim só escuridão.

— Tacet.

Engasguei com minhas palavras e a voz sumiu, a garganta ficou tão seca que chegava a doer, tentei tossir e ao invés de saliva, saiu areia.

Florenzza passou por cada um dos quatro indivíduos e eles esticaram a mão esquerda, então ela os sangrou com um corte grande na palma e o sangue pingou até o chão se empoçando. Após fazer isso neles, fez também em si e posicionou junto deles, formando um circulo a meu redor e começaram a falar uma língua estranha em coro.

 

“Non sunt tenebrae

Sentire potes?

Ego capiam

Quid abscondere.

Niger silva

Arbores retorta.

Flores, flores undique.

Albus, sunt alba est

Cogitation pro defunctis.

Videte manus meas pleni

Bestiarium exterminate sunt.

In plaga mea ego tenebris.

Hina tenebrae iram tuam,

Et vivat in aeternum.”

“Somos sombrios

Você consegue sentir?

Eu sinto o cheiro

Do que você esconde.

Floresta negra

Árvores tortas

Flores, flores por toda parte.

Brancas, são todas brancas

Para os mortos.

Olha minhas mãos,

Estão cheias de insetos.

Em meus machucados

Recebo as trevas.

Liberte seu lado sombrio

E viva para sempre.”   

 

Nesse momento o sangue começou a “deslizar” sobre o chão enquanto pegava fogo. O bizarro foi que por fim formou uma espécie de estrela de 5 pontas, com um circo em volta e em cada uma dessas pontas tinha alguém. Aquilo era um pentagrama.

Assim que o desenho ficou pronto senti algo dentro de mim ficar sem sentido, como se tivesse acabado de acordar de um longo coma e não me lembrava quem eu era, mas foi tão rápido que não assustou, porém o que veio depois, sim.

Minha coluna se contorceu num ângulo impossível, conseguia ouvir meus ossos quebrando e o barulho do sangue correndo nas veias. Caí com as mãos no chão e senti o calor vindo através delas. Eu estava queimando e não conseguia sair dali. Fiquei cego e algo me forçou a abrir a boca, o que me fez lembrar da minha primeira tentativa de fumar um cigarro, engoli tanta fumaça que tudo dentro de mim parecia se contorcer e achei que fosse morrer sem ar. Mas dessa vez era o contrário, eu não havia engolido fumaça, eu a estava expelindo.

Doía tanto que quando acabou não consegui levantar. Aquilo que saiu de mim, pairou sobre os quatro indivíduos e os possuiu.

No momento seguinte seus corpos estavam chacoalhando de uma maneira assustadora e seus olhos não tinham divisão, assim como os de Florenzza.

Foi aí que tudo aconteceu.


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Notas finais do capítulo

Só isso. Lembrando que esse é o penúltimo.
XOXO .-.



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