Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é como se fosse comparado a uma guerra, aonde vencemos uma batalha e o pós batalha seria o que estamos vivendo.
É uma comparação infeliz e cheia de clichês.



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Tudo depois daquela noite está normal, porém estranho. Era como se eu tivesse dormido por muito tempo e agora havia acordado no futuro.

Katherina e Caliel finalmente estavam namorando, ou pelo menos decidiram falar pra eles mesmos que assim estavam, porque pra qualquer um que os via, lhes enxergava como um casal, só eles que não.

Até o garoto branquelo, havia se mostrado bem legal e éramos amigos agora, Benjamim - o Ben, filho da provável ou improvável amiga da tia Aurora.

A única coisa diferente era não estar com Florenzza, eu ainda pensava nela e a queria junto de mim, claro que ninguém precisava ficar sabendo disso. mesmo sabendo de tudo que ela me fez ou pretendia fazer, não a ver e não ter notícias suas era como tentar negar que algo ou alguém importante não existiu.

— Greg! - Alguém estava me gritando. Procurei pelo pátio da entrada de Tulane e vi Benjamim acenando. Ele tinha o traseiro na parte de cima do banco de praça, enquanto Caliel e Kath estavam sentados embaixo distraídos conversando e rindo. Fui até eles.

— Hey, eu nem vi vocês aí - guardei o celular que tinha na mão e prendi o cabelo.

— É ainda bem que você chegou, porque esses dois estão insuportavelmente fofos - disse fazendo cara feia pro casal.

— Não é verdade Greg, não escuta esse ser oxigenado - Caliel tentou dizer, mas foi interrompido por um abraço de Kath, e então eles começaram a se beijar e dar risadas.

— Ai, alguém me dê um anti-alérgico ou uma surra, porque toda essa frescura tá me dando coceira.

Rimos

— Cala boca Ben! - Kath falou numa voz risonha.

— Vou entrar, tomara que se afoguem nessa saliva toda - eu estava rindo bastante deles, mas Ben se divertia bem mais, então entrei com ele também. - Como que pode, a alguns dias esses dois desviam os olhares um do outro e hoje estão aí, só falta jogar flores pelo pátio e cantar aquelas canções de musicais.

— Pois é - eu havia me perdido na conversa e olhava para os lados, desatento.

— Você pensa que engana alguém? - olhei pra ele como se tivesse sido surpreendido - Eu sei que está procurando ela, e que não a esqueceu.

— Não... O cordão que me ligava a ela foi destruído, você também viu...

— Mas o seu coração continua aí dentro e bate, então você ainda a ama. - sorriu - Olha Gregorius, não nos conhecemos a bastante tempo, no entanto, consigo ler em todos seus poros que você a quer, a deseja e sente sua falta.

Eu não costumo fazer isso, mas não fui capaz de fazer algo diferente e segurar meus sentimentos.

O abracei forte de uma vez, o surpreendendo  e quase derrubando-o para trás. Estava chorando e o apertava no tipo de abraço que se dá quando se está desesperado.

Ele não tentou me impedir, nem falou nada, só me abraçou de volta e deixou que me acalmasse.

— Eu sei que é otário da minha parte, mas é que eu gostei dela antes mesmo de a conhecer, antes do amuleto russo, me apaixonei a cada dia mais, me afeiçoei a seu jeito e... sei que não foi tudo em vão... eu sinto que ela também me ama e está em algum lugar por aí. Não acredito que fui apenas seu plano macabro de sangue-suga de alma... Não quero acreditar!

— Não tenho nada a dizer Greg. só direi que... isso parece contraditório, que caso você perca o seu controle novamente e esteja em perigo, te salvaremos de novo, de novo e mais uma vez, ou outras e outras vezes, ou até que você morra. Aí eu te digo, não mexo com mortos, hum-hum, sério mesmo, se liga, se tu morrer já era, meu amigo, tô nem aí, morreu já era, lavo minhas mãos.

Fiquei meio paralisado com o tanto de besteira que ele falou, não havia me acostumado ainda com essa mudança repentina que ele faz.

— Já te falaram que você não vale nada?

Rimos bastante e levei um tapa.

*

Depois de todos saírem da aula, haviam se encontrado na lanchonete de sempre, isso meio que havia se tornado tradição do grupo. Gostavam de ir nesse horário, no começo da noite, porque quase  não tinha ninguém, então podiam conversar alto e rir de qualquer coisa e também porque Ben achava o atendente bonito, na verdade ele negava, mas ficava todo desconcertado quando tocam no assunto.

— Sabe o que eu acho? - Kath disse soltando o canudinho do refrigerante - Que devíamos fazer a noite do cinema.

— Você tá bem louca né? Já viu o valor do ingresso pro cine? Mesmo que meus rins fossem bons, não conseguiria pagar, se os vendessem.

— Larga de ser exagerado Benjamim, dentre nós você é o que tem mais grana.

— Grande coisa, mesmo assim ainda continuo na merda.

— Eu acho que podíamos tentar fazer a nossa noite do cinema na casa de alguém, locamos filmes e séries, ou fazemos download ilegalmente.

— Não vou mentir, gosto dessa ideia.

 -É Caliel, e daí compramos sorvetes e pizzas e ficamos "doidão"  - Ben se parecia com uma criança endiabrada. - Pode ser na minha casa.

Concordamos

— Vocês estão sentindo isso? - Ben ficou muito sério, de repente do nada, os olhos um pouco vidrados.

— O que foi? - perguntei.

— Ben? - Caliel deu um tapa em seu braço e ele recobrou os sentidos.

— Vamos sair daqui. - levantou

Ao mesmo tempo que levantamos da mesa, as portas se fecharam e as luzes se apagaram. Algumas pessoas começaram a reclamar e pegaram os celulares para se iluminarem, porém as luzes voltaram ao normal.

— Que merda é essa? - Kath olhou pra cima, atraída pelo barulho, como o do vento e viu. - Isso é o que estou pensando?

O salão da lanchonete estava cheio de baratas de asas, grilos, louva-Deus, borboletas, mariposas, abelhas, morcegos e pequenos pássaros pretos, todos numa confusão, em forma de nuvem escura que não se atacavam, mas se pareciam com dardos voadores que atirava para todos os lados e se incendiavam. seria uma questão de tempo até encontrarem uma saída de gás e nos mandar pelos ares.

A lanchonete virou uma confusão, apesar de não ter quase ninguém, as poucas que tinham gritavam e corriam e se debatiam fugindo dos bichos incendiários.

— Caliel, me ajude a quebrar as porta. Ben e Kath nos dê cobertura com essas bandejas.

As portas eram de vidro e se quebraram facilmente, mas até as grades de ferro haviam se fechado por fora.

— Como vamos sai daqui?! Tá trancado. Que diabos está acontecendo  Greg?! - Caliel gritava.

O papel de parede já estava devorado pelo fogo.

— O rapaz da lanchonete deve ter as chaves das grades.

— Ericko! -  Ben gritou e uma voz tremida respondeu por detrás do balcão.

— Fuck shit!

Ericko veio correndo de encontro as grades, enquanto uma parte da cozinha explodiu e as chamas lamberam o teto. Até conseguir estar sobre a proteção de Ben e Kath, serviu de alvo e sua roupa estava com buracos aonde queimou devido os ataques.

— Isso se parece com uma das pragas do Egito – o rapaz falou ofegante – consegui encontrar algumas chaves – e mostrou um molho com mais de vinte.

— Acho melhor andarem logo, estão aumentando cada vez mais – Kath gritou por cima do barulho ensurdecedor de milhares de morcegos, corvos e insetos voadores.

Caliel pegou uma bandeja para tentar ajudar, mas não adiantou, elas se quebraram logo e viraram montes de cinzas.

Kath deixou cair suas últimas defesas e gritou quando uma nuvem negra cresceu sobre eles, os atacando. Então seu namorado a abraçou, a protegendo como um escudo humano e sentiu suas costas esquentarem.

No mesmo instante de desespero, cresceu dentro de Benjamim um poder que não tinha explicação e com autoridade jogou as mãos pra cima, como se estivesse cortando o ar, e todo seu corpo se contorceu, por um momento seus olhos se reviraram e a nuvem que os atacava foi lançada para o teto e desapareceu em fumaça escura.

Mais explosões aconteceram logo em seguida, porém por sorte Ericko e Greg acharam a chave que abria as grades, e conseguiram sair antes.

Assim que Gregorius conseguiu enxergar fora da fumaça preta, viu no banco do outro lado da rua, Florenzza sentada. Na verdade ele deduziu que era ela, mas não chegou a ver nitidamente e nem precisou, correu até lá e não tinha ninguém, apenas voltou os olhos para trás e viu Caliel, Kath, Ben e Ericko o olhando intrigados.

O banco estava coberto de borboletas amarelas mortas.


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Notas finais do capítulo

XOXO .-.



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