Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olha que esse veio em tempo recorde.
Eu gostei dele. Espero que vocês também.
Sugestões? Críticas?
Boa leitura



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Abri os olhos e estava vendo um teto da cor de sorvete de creme. Uma luz comprida que atravessava o quarto e pousava na minha cara, fiquei procurando de onde vinha, e era de uma parte da cortina que estava aberta. Me levantei e fui até a janela.

A vista Dalí dava para ver o quintal de todos da rua, com certeza esse prédio não combinava com a vizinhança.

Florenzza ainda dormia. Era tão bonita, os traços finos, os cabelos ruivos – peguei o celular e tirei uma foto – seria meu segredo.

Continuei olhando seu quarto, sua personalidade não era tão visível ali, até que encontrei alguns desenhos. Eram paisagens, rostos, animais, mas tinham alguns rabiscos estranhos, que não se pareciam em nada com os outros, eram linhas desenhadas com força e rapidez, porém reconheci um, e me assustei, deixando uma luminária cair.

               - Greg? – Ela acordou com o barulho – O que você tá fazendo?

               - Eu só estava vendo seus desenhos – fui até ela e a beijei – Bom dia, como você conhece essa imagem?

Mostrei o desenho idêntico ao que havia arrancado do livro.

               - Como assim biscoitinho? É apenas um rabisco... espera aí, você já viu isso antes? Aonde?

               - Sim, a imagem original, acredito. Num livro da biblioteca de Tulane.

               - E esse livro ainda está lá?

               - Não sei, acho que sim, mas...

               - Vamos pegar ele.

               - Porque você o quer? É um livro estranho.

               - Você precisa dele, Gregorius. Eu preciso dele também. Você não quer saber o motivo, só o quer, e se quer alguma coisa, tu vais lá e pega.

*

               - Não está mais aqui. Eu não entendo, não é um livro que alguém queira pegar. Tenho certeza que esse foi o lugar que o encontrei da outra vez.

               - Talvez algum bibliotecário estúpido trocou de sessão.

               - Bom dia Sr. Rooney, o senhor sabe me dizer se foi feita algum tipo de troca de sessão nos últimos dias, ou semanas?

               - Não meu jovem – ele me olhou por cima dos óculos antigos – porque a pergunta?

               - Um livro que vi a algum tempo, desapareceu.

               - Algum professor pode ter pego.

               - Sim, pode ser, obrigado Sr. Rooney.

               - Aliás garoto, deveria cortar esse cabelo.

Apenas mostrei um pouco dos dentes e saí.

               - O que tem de errado com meu cabelo Florenzza?

               - ÃH? Nada. Então, não está aqui mesmo né? Tem certeza Greg, que...

               - Estavam procurando alguma coisa?

Kath estava com Caliel e o garoto polaco que não desgrudava mais deles.

               - Vocês pegaram!

               - Não sei do que você está falando, querida. – nunca havia visto essa versão irônica de Kath.

               - Katherina, se vocês pegaram, eu quero que me dê. Eu preciso dele – entrei entre as garotas, antes que acontecesse algo mais sério.

               - Porque você o quer Greg?

Eu realmente não sabia, mas não importava.

               - Não sei, não interessa. Apenas quero.

               - Man, se escuta, você nem sabe o porquê, deixa de usar esse cordão, isso tá bichado cara. Confia nos seus amigos.

 Florenzza falou em meu ouvido esquerdo palavras lentas e felpudas. “eles não são mais seus amigos, veja como estão falando. Já te trocaram por outro garoto. Te substituíram.”

               - Eu não confio! E vocês não são amigos, colocaram esse aí no meu lugar – apontei para o rapaz branquelo. – não precisam de mim, e não preciso de vocês.

               - Isso não é verdade! É ela que quer manipular a sua cabeça...

Benjamim avançou em Greg para arrancar o cordão a força dele, e teria conseguido, se não fosse Florenzza entrar na frente.

Suas mãos foram para o rosto do Ben, e no mesmo instante o corpo do garoto fico rígido e ele começou a puxar o ar com força pela boca, os olhos se reviraram e ficou mais pálido. Enquanto as veias e as unhas das mãos dela tomaram um tom roxo azulado e seus olhos, sem branco, apenas escuridão.

               - O que você está fazendo?! Seu demônio!!

Kath a empurrou, quando ela soltou Bem, que caiu inconsciente nos braços de Caliel.

               - Vem biscoitinho.

Fui atrás da minha garota mesmo vendo o que aconteceu. Não entendia, mas a seguia, tudo me levava a ela.

               - Ben! Benjamim! – Katherina batia e chacoalhava ele, sem sucesso. – caramba Caliel, o que a gente faz, ele não quer voltar como da outra vez.

               - Vou ligar pra mãe dele. Ela deve saber o que fazer.

 Safira mandou levar ele pra casa, então Kath e Caliel o arrastaram até o táxi, e se foram.

Com toda certeza, todos da biblioteca teriam uma história a contar amanhã. Ou várias.

*

               - O que você fez com o garoto, lá dentro? Ele... morreu?

               - Do que você está falando biscoitinho? Eu não fiz nada, o garoto só desmaiou, você viu – beijou minha bochecha e encostou a cabeça no meu ombro – hoje nós vamos nos divertir um pouco. Tá afim?

               - Como ontem?

               - Melhor.

Tínhamos ido até a casa do Caliel, mas ele não estava lá, é claro, porque íamos procurar o livro. O que acaba sendo bem normal. Ele está com algo que não é dele, então de certa forma estamos lhe fazendo um favor e livrando-o de se tornar um criminoso.

               - Olá Srª Petrova, sou Gregorius, amigo do seu filho. Ele acabou de me ligar implorando pra mim passar aqui e pegar um livro que ele esqueceu, se eu não levar ele tá bem ferrado com certeza.

               - Ah... sim, entra. Caliel já me falou sobre você, mas pensei que estudavam juntos.

               - Ah, é, estudamos sim, só que hoje acabei perdendo o primeiro horário. Com licença, essa é minha namorada. Veio me ajudar a procurar.

               - Olá querida – dona Petrova era muito sorridente – será que a senhorita não teria algumas amigas pra apresentar a meu filho? – gargalhou – brincadeira – gargalhou um pouco mais – nem tanto.

               - Claro, farei isso, mas me deixe subir lá pra ajudar Greg. Não quero atrapalhar a senhora, sei que dia de faxina é sempre uma bagunça né.

Eu tinha certeza que a mãe do Caliel não estava fazendo faxina e Florenzza sabia disso, mas fazer o quê se ela é “Bad Bitch”

Vasculhamos tudo no quarto, e talvez eu não merecesse o perdão dele por isso, era constrangedor esse tipo de coisa.

               - Droga! Não está aqui Greg. Vamos embora.

               - Não seria melhor arrumar a bagunça?

               - Não, assim combina mais com ele. Você tá muito tenso amoreco, se solta, é divertido, não é? Vamos a outro lugar.

Toquei a campainha várias vezes e ninguém atendeu, mas Florenzza insistiu que entrássemos pela janela que estava aberta. Acontece que não tinha janela aberta, tinha uma janela que acaba de ser atingida por uma pedra.

               - Você acabou de quebrar a janela dos Moore, vamos ser presos com toda certeza. – eu ainda conseguia rir disso.

Entrei logo depois da namorada, que já tinha ido direto ao quarto da Kath e revirava tudo, como um cão farejador.

               - Vaca! Porca maldita! – ela gritava e xingava a todo momento, tendo ataques de fúria a cada tentativa frustrada de achar o objeto. – aonde foi que você escondeu isso Ka-the-ri-na? Se eu fosse uma vadia como você, aonde eu enfiaria um livro?

               - Já passou pela sua cabeça que talvez eles não pegaram?

Ela gritou e continuou gritando. Eu estava assustado com essa Florenzza descontrolada e raivosa que rasgava travesseiros e arranhava paredes. Suas veias do rosto se sobressaíam na pele cada vez mais branca.

Quando parou, levantou, sorriu e tudo pegou fogo, literalmente. As chamas consumiram o quarto como se fosse de papel. Saímos e toda a casa queimou numa confusão de cinzas, estalos e fumaça.

*

               - O que ela fez com o meu Ben? – a pose de matriarca alemã da Srª Zariff havia caído por terra quando viu o filho.

               - Foi muito rápido, ela não disse nada, Bem tentou arrancar o cordão do pescoço do Greg, então Florenzza colocou as mãos nele e ele ficou assim.

               - Garoto Petrova, se ela tivesse feito isso com vocês, estariam mortos. Isso que ela fez, é magia negra, arte proibida, é abominável. Suga a energia vital da pessoa para si e ela morre dependendo.

               - Dependendo do quê?

               - Ben é meu filho, e eu sou uma bruxa de primeira geração, logo Ben também é um bruxo. Me ajude tirar a camisa dele. Kath pegue uma vela na cozinha.

               - Mas ele não sabe que é, sabe?

               - Não, seus “dons” não se manifestaram com tanta força ainda.

Quando Katherina traz a vela acessa, Safira pega uma pedra branca leitosa em formato de disco.

               - Uma pedra da Lua. Agora esquentem a mão na chama da vela, com pensamentos de nascimento na cabeça; crianças nascendo, flores desabrochando, despertar da manhã, nascer de uma estrela... coisas assim. E liguem os braços assim – fez um gesto formando um triangulo – e depois fiquem ligados em cima da pedra, que fica sobre o coração do meu Bem.

               Seguimos as ordens, mas eu não conseguia tirar meus olhos da Kath. Assim que dona Safira começou a falar algumas palavras, senti uma energia passando por meu corpo, que deixava meu braço dormente. Katherina também sentiu, porque de repente ficou assustada.

Então segurei forte seu braço e sorri, o que fez seu rosto desanuviar e rir um pouco de lado para mim de volta.

Em alguns instante Ben respirou fundo, igual alguém que passa tempo demais  debaixo d’água, mas aos poucos foi voltando ao normal e nossa ligação pode ser quebrada. Porém assim que nos soltamos, Kath me abraçou forte, como nunca antes, então eu a beijei, sem me importar se era um péssimo momento ou se ela nunca mais seria a mesma comigo. Apenas fiz o que eu realmente queria.

Foi um beijo rápido, mas cheio de sentimento e ela retribuiu, meio sorrindo, meio chorando.

               - O que eu perdi aqui casal? – Ben mostrava todos os dentes, como sempre – acho bom, acho gostoso, gosto do negócio beijo, mas quem quase morreu fui eu, foca em mim?!

Gargalhamos um pouco desafinados e o abraçamos, porque esse garoto é um puta estranho.

               - Mas alguém tá com fome, ou só eu e meu estomago?


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Notas finais do capítulo

Eu diria que vou colocar algumas coisas no hard daqui pra frente.
Thank you so much!
Volte sempre.
XOXO .-.



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