Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Hello
It's me...
Eu demorei um pouco, porque descobri o quão boa é a preguiça causada por assistir Youtubers.
Mas está ai, eu escrevi como sempre a mão e depois digitei e caramba, eu gostei dele.
Que gostem



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O fenômeno climático ocorrido no final de semana chamou a atenção do país e saiu em todos os jornais, a tempestade de cinco minutos que destruiu uma avenida inteira e incrivelmente, apenas ela, fez as pessoas da cidade acreditar em energias obscuras e o reinado do demônio, o apocalipse ou qualquer outra dessas coisas ridículas que as pessoas dessa cidade acreditam.

Alguns jovens acabaram se ferindo com a queda da cobertura do ginásio, mas ninguém chegou a morrer, então as aulas continuaram normalmente, apenas foi suspensa qualquer atividade nele, até que o teto fosse reconstruído.

Tudo parecia bem normal, tirando o fato que eu estava sofrendo. Florenzza não me atendia, não ia as aulas, ou seja, eu não tinha notícias suas desde a festa.

               - Já sei! – Kath estava bem empolgada ultimamente, acho que o álcool ainda não a havia abandonado completamente – e se a gente fizer um programa, sabe, nós três podíamos ir jogar boliche e depois ir ao cinema, comer porcarias, tirar fotos, essas coisas, ficar de bobeira por aí. Precisamos.

               - Eu sempre estou disposto a ficar de bobeira, além do mais Greg, você tá um lixo. Desencana da Florenzza cara, ela só queria te dar uns “pega”.

               Apenas o encarei, sem nada dizer.

               - Falando da diaba – segui os olhos de Kath e a vi chegando, olhava para os lados como se procurando algo, ou alguém. Sorriu quando me achou, veio até aonde estávamos.

               - Oi pessoal – se lançou cheia de braços, me abraçou e deu-me um beijo – tava com saudade biscoitinho.

               - Sério? Porque assim, você não me atendeu, e não apareceu também e fugiu de mim na festa, cheguei a pensar que tinha morrido na tempestade. Seria bem legal você me dar uma explicação né?

Ela me olhou nos olhos e aquela expressão de ave feroz surgiu novamente em seu rosto, e eu esqueci de tudo.

               - Você deveria deixar isso pra lá, não é mesmo?

               - Verdade, esquece – levantei a abraçando de lado a fazendo soltar um gritinho de alegria – a gente se vê  depois – disse a Caliel e Kath que estavam boquiabertos, e sai com Flor.

*

               - Eu não to acreditando que vivi para ver isso! Que domínio essa garota tem sobre ele? Você viu?

               - Pois é que ridículo, “Biscoitinho?” sério? Eu ri disso.

               - Não tava falando disso. Eu estava falando que ela some por dias e de repente volta do nada sem explicações e derrete o coração dele e fica por isso mesmo.

               - Eu só acho que ele é meio babaca, ou está apaixonado, o que acaba sendo a mesma coisa...

               - Você viu a cara dela? A expressão mudou rapidamente, um rosto horrível e medonho e depois seu rosto normal, foi muito rápido.  

               - Por algum acaso você está com ciúmes do Greg?

               - Você nunca vai parar de me dizer isso? Escutou o que eu disse?

               - Não me responda com perguntas.

               - O que faz você pensar que tem autoridade sobre mim?

               - Katherina!

Mas ela já estava planejando algo.

               - Precisamos descobrir quem ela é, da onde veio, o que quer, aonde mora. Afinal ninguém se apaixona tão rápido, por causas naturais.

Era inevitável falar sobre qualquer coisa que ela não quisesse ouvir.

               - O que vamos fazer?

               - Vamos invadir a secretaria e pegar dados, principalmente endereço, então vamos até a casa dela e investigamos.

               - Não, não vamos fazer isso.

               - É claro que sim. E se ela for uma serial killer? Não podemos deixar nosso amigo correr esse risco.

               - Na verdade podemos sim, eu não ligo muito não.

               - Vamos fazer isso logo, tem que ser ainda hoje, o mal age de maneira silenciosa e avassaladora.

               - Você está falando como minha mãe, e isso me assusta um pouco. Mas Kath, não podemos ter acesso aos dados dos outros alunos.

Katherina era rápida no raciocínio, mas quando planejava algo fora da lei, era desconcertante.

               - Você vai ter que descobrir o nome completo dela, e então eu entrarei na secretaria, me passarei por ela, digo que quero alterar uma informação e pronto, vai ser fácil.

               - Onde você aprendeu tudo isso?

               - Não sei se você sabe, mas o cérebro não serve só como peso para segurar orelhas não, tá.

               - Diz isso a garota que na última festa fazia piadas com porcas que não eram sadias.

Kath revirou os olhos

               - O que uma coisa tem a ver com outra?

Na real nem eu sabia. Dei de ombros.

               - A questão é: não seria mais fácil apenas perguntar a ela o seu sobrenome?

               - Mas daí ela perceberia alguma coisa diferente e desconfiaria.

               - Como vou fazer então?

Ela se aproximou bem perto de meu rosto, olhando nos meus olhos. Eu amava aqueles seus olhos grandes e brilhantes e seu cheirinho de flor de laranjeira. Sussurrou.

               - Se vira! – sorriu abertamente e a fuzilei com um olhar.

Não ser tão popular tinha suas vantagens, você pode falar com muitas pessoas sem chamar atenção, e foi assim que descobri que Florenzza teve prova hoje e agora estou aqui, esperando a professora de história da arte, sair com as avaliações em mãos, para que eu coloque meu plano em ação. Matei algumas aulas e talvez até pessoas (nem tanto), para estar aqui. Não podia fracassar.

Assim que a Sra. Whiteriver saiu, me lancei “distraído” sobre ela e seus papéis, derrubando ambos. Acho que entraria para o time esse ano, ou não.

               - Garoto! O que pensa que está fazendo? – a expressão da professora era furiosa e teria me xingado até a morte, se não fosse sua condição de pedagoga.

               - Me desculpe senhora, estava distraído no celular. Deixe que eu recolho seus papéis.

Se isso fosse uma comédia romântica, teríamos nos apaixonado ali mesmo, mas isso era a vida real e meus planos eram sórdidos.

Mais rápido que um gato, fui recolhendo as folhas até encontrar a que tinha o nome de Florenzza. O li algumas vezes até ter certeza que não esqueceria. Devolvi as folhas, pedindo mais uma vez desculpa e implorando com o olhar que não me punisse.

Acenou me dando as costas. Ela nem sabia quem eu era.

— E então? Conseguiu descobrir o nome dela?

Encontrei Kath 2 minutos após o atentado a Sra. Whiteriver. Ela estava tão excitada por informações que teria gritado comigo ali mesmo caso eu não tivesse boas notícias.

               - Sim, se chama... – li a mão que tinha escrito minha cola – Florenzza Laura Fox Potsklova.

               - Ok, agora é comigo. Ela não podia ter um nome mais fácil não? Liberado até a etapa 3 Caliel.

               - Mal posso esperar – disse com desdém.

Até o final do dia, tínhamos tudo pronto, os dados da garota, principalmente seu endereço, mas essa parte da missão ficaria para amanhã, já que ela morava um pouco longe e não compensava arriscar ir agora, já no final das aulas.

               - Eu ainda não acredito que você teve coragem de alterar o endereço de Florenzza, pelo do açougue que sua mãe compra – eu já havia rido antes e ria de novo cada vez que lembrava.

               - Foi o primeiro que me veio a cabeça, além do mais, combina com a condição de vaca dela.

Parei de rir.

               - Eu ainda não entendo o porquê de toda sua raiva, isso só pode ser ciúmes. Diz de uma vez que você gosta do Greg...

               - Larga de ser ridículo Caliel, você nunca entende nada mesmo... – silenciou me encarando, contendo as palavras. – uma mulher sente quando a outra não presta, você vai ver.

               - Eles estão vindo aí.

               - Hey pessoas, vocês ainda estão aí – Greg andava com uma felicidade irritante – hein, só pra falar que não vai dar pra sairmos juntos hoje, vou sair com a Flor... afinal devíamos marcar um desses encontros de casais sabe... como nos filmes.

               - Para ser um encontro de casais tem que ter mais do que um casal!

O mau-humor de Kath aumentava consideravelmente.

               - Tenho certeza que Caliel me entendeu.

               - Do que ele está falando? Caliel?

               - Eu também não sei de nada – fiz aquele sinal que diz que alguém é louco e sussurrei – totalmente insano.

               - Então já vamos né Gregorius? – Florenzza puxou ele toda fresca – vai ser bem legal.

               - É isso mesmo, tão legal quanto se engasgar com o próprio vômito – Kath falou pra dentro, alto o suficiente pra mim ouvir e gargalhar.

               -Quê?

               - Nada, ela apenas disse que mal sabem que também vamos sair – sorri mostrando todos os dentes, meio desajeitado.

*

               - Você foi um pouco estranho, falando que íamos sair, fez parecer que realmente vamos “sair” e não invadir a casa de alguém.

               - Essa era a ideia.

O endereço levava para uma rua silenciosa, um pequeno prédio de esquina, que provavelmente outrora teria sido uma mansão, ou um palacete com seus três andares e arquitetura um pouco antiquada, talvez reformado.

Entramos

A construção tinha um salão grande de entrada com uma espécie de portaria antiquada, com escadas que se abriam e desaparecia ao redor dos corredores dos apartamentos.

               - Aonde pensam que vão? Vocês não moram aqui.

Levamos um baita susto.

               - Oi desculpa nem o vimos aqui – era um rapaz negro de drads nos cabelos, vestia jeans e um suéter azul escuro – não, não moramos aqui. Sou prima de Florenzza, Veronícka Potsklova e esse émeu namorado Federicko...

               - Tanto faz, mas ela não está em casa.

               -Oh, sim sabemos, mas é que hoje é seu aniversário e eu sou seu único parente próximo e viemos fazer uma surpresa, apenas precisamos saber pra qual lado fica o apartamento dela – Kath deu seu melhor sorriso.

               - Certo, fica por ali – encarando bem nossos rostos, apontou para a escada direita.

               - Valeu cara – disse

Kath já tinha partido degraus acima, só parou quando encontrou a porta do apartamento trancada, obviamente.

               - O que você queria, um tapete de boas vindas e uma xícara de chocolate quente?

               - Eu confesso que não pensei nesse detalhe, mas você está aqui, arrombe!

               - Isso é crime Kath.

               - Como se o que fizemos o dia todo hoje não tivesse sido também. Ande logo e não me venha com desculpas para a sua falta de massa muscular.

               - Eu não disse isso... Katherina, você sabe como me magoar não é? – Piscou o olho sendo fofa – dissimulada.

Chutei a porta, que por sorte não fez tanto barulho. Foi preciso mais do que um também, até conseguirmos entrar.

Era o apartamento mais estranho que já vi, não tinha praticamente nada normal.

               - É serio que é esse mesmo?

Kath deu de ombros.

               - Vamos procurar algo que a incrimine.

               - E o que isso seria? Correntes? Serrotes? Armas de fogo?

               - Não vai nem ser preciso, alguém com esta decoração deveria ser punida.

No geral não tinha na sala, apenas uma grande janela e uma mesa no centro, além de prateleiras pelas paredes com vários potes com conteúdos duvidosos. Também tinham papéis por todo canto e rabiscos nas paredes que na verdade ao se aproximar percebíamos que tinham uma seqüência lógica, porém não normal.

               - Kath, olha isso aqui, não é muito parecido com aquela imagem que Gregorius arrancou do tal livro lá, você lembra?

Ela se assustou quando viu

               - Vamos tirar fotos de tudo, mas qual o sentido disso, Florenzza nem chegou a ver essa folha, só se Greg mostrou, mas acho que não ele já tinha até esquecido disso... – sua ficha caiu, e teve certeza do que todo aquele lugar se tratava. – vamos embora agora!

Apenas tirei mais uma última foto e saímos correndo sem parar pra conferir se o porteiro tinha nos visto. Apenas paramos depois de virar a esquina.

               - Ela é o mesmo que o meu bisavô se transformou, você estava você viu é tudo como a bisa nos contou, as coisas e as imagens provam.

               - Sim, mas talvez ela só seja excêntrica, ou louca, tem muita gente assim na internet, mas não quer dizer que dançam ao redor de uma fogueira e invocam o satanás.

               - Nem você mesmo acredita que ela seja apenas uma excêntrica.

               - Claro que acredito, acredito bastante, acredito pra caramba, se tem uma coisa que eu to, é acreditando. Talvez, muito provavelmente nem tanto assim.

*

Pra uma garota que se diz nova na cidade, estava bem confiante pelas ruas de Nova Orleans. Florenzza me levou em um restaurante japonês e rimos muito com nossas tentaivas de comer com os hashis, depois tomamos sorvetes e um cappuccino, existe algo no estomago dos jovens que realmente tem que ser estudado, e por fim ficamos andando pelas calçadas, grudados de um lado pro outro. Parecia estar num filme romântico antigo, nunca pensei que essa combinação seria tão boa.

               - Sabe Flor...

               - Não gosto que me chame assim.

               - Desculpa, eu esqueço, mas então eu queria te dizer que to muito feliz e que tô com muito medo de acabar ferrando tudo, isso de sentir algo por alguém é novo pra mim, eu ... não lido bem com sentimentos, mas sinceramente não desista de mim.

Ela me dá um beijo, e como todos os outros, suga minha vitalidade.

               - Eu queria te dar algo, não, não é isso que você tá pensando – tirou do pescoço um cordão comprido com asas aladas em prata escura presas a uma pedra da cor do mel e colocou no meu. – ele é antigo, minha avó me disse que uma feiticeira russa deu a seu amado seminarista e que foi por esse motivo que ele não se tornou sacerdote, a feiticeira tomou conta dos seus pensamentos e ele só pensava nela a todo minuto...

               - Acho que eu não o quero – gargalhei – tô brincando, relaxa.

               - É claro que eu não acredito que isso realmente aconteceu, mas é bonito pensar que seus pensamentos são também os meus, estaremos ligados.

Senti um formigamento assim que a peça tocou minha pele e um arrepio me fez girar o pescoço.

               - Poxa Florenzza, mas é que eu não tenho nada pra você, isso não tá muito convencional.

               - Enquanto você o usar, ninguém nunca vai nos separar, seremos um, teremos os mesmos pensamentos, eles serão todos meus e os meus todos seus.

               - Então leia meus pensamentos agora.

               Abracei forte, a apertando como se quisesse compactá-la em mim, beijando sua boca fria e suave, aquele seu jeitinho de sorrir enquanto move os lábios. E ali estávamos, jovens apaixonados se abraçando no frio da noite, debaixo de uma árvore, em um banco de praça, com mania de sermos infinitos, invencíveis, inquebráveis e eternos.  Seríamos normais se não fossemos incríveis demais.


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Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui, graças a Deus, comenta pra gente, a gente ser do bem e só quer os comentário inspirador.
XOXO .-.



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