Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Caramba, eu demorei.
So Sorry
Tive que ficar sem net uns dias, daí fui viajar também, mas eu sinceramente amei esse capítulo aí.
Espero que gostem.



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               Já fazia uma semana que tinha encontrado Florenzza, tínhamos saído no final de semana e ela havia se mostrado incrível, inconstante, proporcionalmente louca, assustadora, delicada e contida.

               Todos meus problemas pareciam tufos de fumaça que sobe pela chaminé em direção ao céu e desaparece. Eu estava exatamente onde queria, não corria mais atrás do trem, já o tinha alcançado.

Mas...

               -Greg? Você ouviu o que eu disse? Porra cara, olha pra mim!

               -Hey, hey! Quando você começou a usar palavrões?

               - Desde que sua falta de atenção estressa até a mim. Eu estava te dizendo que o pessoal de administração vai fazer uma festa pra arrecadar dinheiro pra formatura no final do ano. Deveríamos ir.

               - Eu gosto disso hein – Katherina estava com os cotovelos sobre a mesa e o queixo descansando nas mãos enquanto olhava o celular – vai ser em alguma república?

               - Não, essa vai ser no ginásio mesmo, e Greg, você podia chamar sua garota.

Sorri, aprovando a ideia.

               - Aff, eu não vou com a cara daquela guria, ela tem alguma coisa estranha, eu não sei ainda o que é. Você não devia se envolver tanto com ela Gregorius – disse torcendo o nariz em uma careta.

               - Kath, eu não pedi ela em casamento, só vou chamá-la pra ir à festa, isso não é “se envolver”.

               - Que seja.

Eu não tinha carro, nem moto, assim como a maioria dos acadêmicos, então não quis prometer que a buscaria em casa, na real nem sabia onde Florenzza morava.

Nos encontramos na entrada, Kath e Caliel já haviam entrado. Suspirei fundo quando a vi, eu era o cara mais sortudo da festa porque a garota mais bonita da cidade estava comigo. Ela vestia alguma coisa que deixava seu corpo bem a mostra, os saltos sempre altos, a deixando mais alta que eu, e os cabelos soltos, arrumados de uma maneira para parecer bagunçado. Enquanto eu vestia um jeans, All Star e uma camisa aberta por cima da camiseta básica de sempre. Éramos um casal improvável.

               - Você está linda – abri um sorriso, essa era minha maneira de cumprimentar o mundo. – sabe que todos vão olhar pra você, não é? Não sei se lidarei bem com isso.

               - Eu só quero um olhar, e já o tenho.

               Me abraçou forte pela cintura, enquanto a beijava para deixar claro qualquer coisa que ainda não estivesse.

               - Hey, até que enfim, vocês estão aí.

Caliel veio com um copo na mão e Kath atrás dele com uma cara perigosa.

               - Oi Caliel, Katherina. Tudo bem?

               - Tudo incrível, pouca comida e muita bebida – esse meu amigo parece uma criança que cresceu um pouco demais.

Kath apenas ergueu o copo num aceno forçado.

               - Preciso de mais dessa coisa alcoólica aqui. Vem! – puxou Caliel.

               - Ela não gosta de mim, não é?

               - Relaxa, ela apenas não te conhece tão bem. Esquece, vamos aproveitar a noite.

               - Tenho planos sobre isso.

Saiu me puxando. Abri um sorriso curioso e devasso.

Tínhamos passado pelo ginásio cheio, desviando do pessoal que se mexia ao som da batida e das luzes insanas, e saímos por uma porta lateral que dava para um corredor atrás dos vestiários. Estava um pouco escuro ali, mas meus olhos se ajustaram rapidamente a pouca luz.

               - Pra onde você tá me levando? – a puxei para mim, encostando na parede, prendendo bem sua cintura a meus quadris e dando-lhe beijos rápidos.

               - Seu eu falasse “ao paraíso” seria muito clichê. Prefiro dizer “a loucura” – me empurrou forte contra a outra parede do apertado corredor e me deu um beijo selvagem e longo que deixou meus lábios dormentes.

               - UAU! – ainda estava recuperando o fôlego, mas não queria parar.

Coloquei a mão por seus cabelos e a beijei de modo quente, me demorando atrás do pescoço, sentindo seu cheiro, ele estava ali como da vez que a vi na lanchonete, flores selvagens, mel e pimenta, mordi sua orelha de leve, deslizando a boca por sua pele e a mordiscando, enquanto acariciava suas coxas e me preparava para outro beijo, encontrando seus lábios já abertos.

Dessa vez senti uma eletricidade passar por meu corpo, a mesma sensação de segurar uma pedra de gelo por tempo demais, de tão fria, queima. E o beijo continuou, me sugando, cravando suas unhas na pele das minhas costas por debaixo da camiseta, as enterrando ali e mordendo meus lábios um pouco forte demais, até o gosto de ferrugem do sangue brotar na boca.

 Me afastei, com uma expressão de dor, levando os dedos a meu lábio recém cortado.

Encarei seu rosto, a negritude de seu olhar desconcertava o meu. Estava vidrada, uma cena linda, um pouco terrível. A abracei forte e ela mordeu meu pescoço.

Gritei de dor.

               - Flor?!

Ela me olhou com súbita surpresa, assustada e tremendo, quase com medo.

               - O que você disse?

               - Não é... que eu não tenha gostado... é que... na verdade eu gostei um pouco, é que foi um pouco... intenso demais...

               - Você me chamou de Flor?

               - Sim, achei que seria carinhoso sabe, uma diminuição do seu nome, essa coisa de casal...

Começou a me soltar, já choramingando de cabeça baixa. Segurei seu rosto.

               - O que foi?

               - Desculpa... eu preciso ir! – saiu correndo. Fui atrás, voltando para o ginásio bem cheio. Agora estava tendo um tipo de show e todo mundo pulava e se movia, o que me dificultou muito.

               -Greg? O que aconteceu, porque essa cara? UOW!! QUE ISSO HEIN! ISSO NÃO FOI UM CHUPÃO, FOI UM ESTUPRO AO SEU PESCOÇO.

               - CALIEL! – Kath apareceu dando risadinhas um pouco embriagada.

               - VAI DIZER QUE NÃO?!

               - VOCÊS VIRAM FLORENZZA PASSAR POR AQUI? – estávamos gritando por cima da música alta.

               - QUÊ? VAMOS SAIR DAQUI – puxou Kath que tentou resistir

Assim que consegui sair corri os olhos ao redor, a procurando, mas nada.

               -Porque tá procurando ela? Brigaram? Eu te falei né, ela é uma porca que não é sadia. – ela não agüentava parar de rir da própria piada, mal se mantinha de pé.

               - Não Kath! Não sei o que aconteceu, a gente estava num momento bem... vocês sabem, então daí ela começou a chorar e quis ir embora e desapareceu.

               - Será que ela não te curtiu cara? – balançou a cabeça considerando as marcas no meu pescoço – não, não é isso. Liga pra ela.

               - Tô ligando, mas nada.

               -Acabou a reunião? Então vamos voltar pra festa! Eu descobri que se vc misturar aquela bebida da garrafa azul com vodka e amendoim, dá pra beber, acho que vou colocar o nome de Clotildes, o que vocês acham? Ou apenas Coisinha?

               - Você não vai a lugar nenhum, eu vou te levar pra casa – Caliel a segurava pela cintura, contendo as gargalhadas enquanto falava – você já fez muita história hoje... porque Clotildes?

               - É um nome bonito, não é?

Caliel a abraçou, meio sem jeito se balançando.

Como eu não percebi antes os sentimentos  que ele sentia por ela. Ele se comportava como um palco para que ela subisse e fizesse seu show. Se isso não é amor, então tá tudo errado.

Saímos, aquele trio jovem que transpirava a vida eterna, sob a luz dos postes e o céu caindo como uma coberta escura. Um apaixonado, uma bêbada e Caliel, que pitorescamente era o mais normal entre nós.

               - Que isso? Porque o céu tá tremendo?

               - Katherina? Seria pela substituição do seu sangue por álcool?

Olhei para o céu, e realmente não estava normal, o que antes era um salpicado de estrelas, agora era nuvens assustadoras que corriam rápidas e monstruosas.

               - Ela está certa Caliel, o tempo mudou rápido, é melhor a gente ir logo.

Quando acabei de dizer isso, um relâmpago cortou o céu, com um estrondo logo depois e a chuva caiu, como se ensaiado numa peça. Fomos pegos de surpresa no meio da rua. Se tivesse alguém nos controles climáticos, no plano superior, ele estava em crise.

O vendo uivava em todas as direções, era difícil tentar andar, árvores quebravam e se lançavam sobre a rua e as fiações de energia, atirando faíscas num show assustador. As janelas das casas e prédios próximos quebravam em estilhaços. Os carros soavam seus alarmes numa confusão sonora.

Tentamos voltar para o ginásio, mas no meio do caminho vimos seu teto ser arrancado como de papelão e ser jogado longe, expondo toda sua ferragem e a gritaria  apenas aumentou. Todos corríamos pra lugar nenhum, até que nos jogamos sentados na água que passava na rua debaixo de toda essa cena apocalíptica e ficamos imóveis, esperando que a tempestade nos esquecesse ali.

E foi o que aconteceu, tudo de repente cessou, as nuvens afastaram-se, o vendo se dissipou e a noite voltou ao normal, deixando ali um ônus de guerra. Caliel de olhos fechados abraçado a Kath que tinha as lágrimas confundidas com a chuva que nos ensopou, e eu, olhando ao redor, sem entender nada.   


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Notas finais do capítulo

Então?
Teve Beijo *-*
Eu quero é palmas pra esse povo.
Tô tendo ideias para os próximos capítulos.
.-.
XOXO



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