Almas Presas escrita por Gregorius


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá Queridos
Demorei de novo, mas é que essa semana foi muito boa e estive ocupado.
Então é isso. aah Tia Aurora voltou .-.
Já ouviram o Disco Cleopatra do The Lumineers? É muito bom.



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Eu já estava chegando em casa, feliz da vida, quando meu celular começa a tocar a melodia conhecida por mim, “From Eden” do Hozier.

               -Alô, Caliel?

               -Oi  Greg, precisamos falar com você.

               -Precisamos? Quem?

               -Greg, é sério, a gente precisa se falar. É sério, é importante, e urgente! – Katherina gritou no telefone.

               -Mas é que hoje não dá, já está tarde e eu to entrando em casa. Pode ser amanhã?

               -Tudo bem, mas vai ser a primeira coisa que vai fazer, antes mesmo de ver ou falar com Florenzza. Certo?

               -Ok, tudo bem. Vocês estão estranhos. Boa noite

O nível de insanidade desses dois estava alto, até pra eles.

Entrei em casa meio distraído e já ia subindo as escadas.

               -Gregorius De Lemond, por algum acaso eu faço parte da decoração?

               -Oi tia – me assustei um pouco, ela estava com os olhos grudados na panela que mexia com capricho – desculpa, estava um pouco distraído – fui até ela e a beijei na bochecha. Quem não a conhecia, acreditava que era apenas uma exclusa da cidade, mas para mim era uma senhora muito amável.

Assim que a abracei, seu corpo ficou rígido e me afastou.

               - Gregorius, aonde você conseguiu isso? – apontou para o cordão – tire isso agora!

               - Não! Foi um presente.

               - Garoto tolo! Não sabe de nada, presente de grego. Tire o agora! – tentou arrancar o cordão do meu pescoço, mas me afastei.

               - Não! Por quê? Me desculpe, mas a senhora vem agindo estranha, primeiro aquela história de deixar a cidade, agora isso?

Ela começou a se mover

               - Apenas me obedeça, não queira mexer com coisas que não sabe...

               -Porque não me conta?

Aurora o olhava com olhos cansados de súplica

               -As pessoas... têm razão em me considerarem esquisita, eu... uma velha feiticeira, e ficaria impressionado das coisas que sei. Por isso é melhor para mim e todos que seja assim, todos possuem segredos, alguns só os escondem melhor do que outros.

               - Feiticeira? A senhora quis dizer curandeira?

               - Quis dizer o que realmente disse. Faço poções, amuletos de fertilidade, proteção, filtros contra pesadelos, armadilhas contra mal olhado, feitiços pra fazer as crianças dormirem a noite, enfim esse tipo de coisa.

               - E como eu nunca vi ninguém vindo aqui, ou nada que a senhora estivesse... preparando?

               - Não é porque você não enxerga, que não exista. Ficaria espantado o quanto as pessoas nessa cidade ocultam suas vidas duplas.

Eu estava um pouco com tudo isso, e comecei a andar em círculos com as mão na cabeça, tentando encontrar a lógica em silêncio.

               - Pare de andar assim, ou vai acabar riscando todo o meu chão e vou encerá-lo com sua língua.

               - A senhora pode fazer isso?

               - Não me desafie.

Silêncio novamente

               - E o que isso tem a ver com o cordão?

               - Como uma experiente senhora, sei e sinto coisas, na verdade a grande maioria das pessoas nascem com esse dom, alguns a chamam de intuição, mas a razão vai matando isso dia a dia. A magia reside na crença. E a energia desse objeto não é boa, ela vibra da cor de ameixa seca, com o cheiro de velas apagadas. É antigo e é ruim.

Pensei em argumentar, em explicar como o consegui, as circunstâncias, mas abriria um novo problema, e algo gritava na minha cabeça para não tirá-lo.

               -Eu vou guardar então...

               - Não! O enterre em uma encruzilhada, para que se confunda e não ache o caminho de volta.

               - Ah... sim – não sabia se ela falava do cordão ou de mim.

Subi pro meu quarto e tentei esquecer tudo cantarolando James Bay  debaixo do chuveiro. Queria que as confusões se fossem pelo ralo, como a água morna e ensaboada, mas não. Elas sempre estariam aqui dentro de mim, me puxando para baixo, feito uma pedra atraída ao chão, me prendendo quando tento alçar vôo em meus devaneios e gritando em meus ouvidos, que não sou capaz.

Desci pra comer algo com titia. Agora eu a enxergava de um novo modo. Não mais tão frágil e injustiçada, mas próxima a ser brilhante.

               - Se ficar me olhando assim, irei cortar seu cabelo enquanto dorme.

Engasguei

               - O que?...oi? – gargalhei desafinado – oh desculpa é que... meus pais sabem que a senhora é uma bruxa?

               - Eles são racionais demais para acreditar, mesmo que lhes dissessem, me tratariam como mais uma pessoa cheia de “crendices”

               - Mas eu acreditei.

               - Tu és jovem, acreditaria até em unicórnios.

               - Eles também existem?

               - Claro que não, você acha que isso aqui é o que? Wall Disney? Sony Pictures? Acho que não.  

Ri e continuei a comer meu ensopado de carne que agora já estava frio.

               - Aliás, sua mãe me ligou, querendo saber de você, disse que havia te ligado, mas que não atendeu.

               - Não ouvi, deve ser a hora que estava com... – parei no meio da frase.

               - Com? – me observou com a atenção aguçada feito um gato de rua.

               - Com Caliel e Kath, é, eles fazem muito barulho – sorri sem olhá-la, com medo que lesse minha mentira.

               - Caliel Petrova e Katherina Moore, não deveria mexer com essas famílias, são um bando de ignorantes.

               -Está falando sobre o que aconteceu com essas famílias no lugar aonde hoje é o Illusion’s Bar?

Ela parou de comer

               - O que você sabe sobre isso?

               - Apenas o que a bisavó de Kath nos contou, o ritual que aconteceu, Fredericko Moore, Elisabeth Petrova...

               - Pare! – me apontou um dedo em direção a minha boca, fazendo sinal de silêncio e imaginei qualquer coisa acontecendo – não diga esses nomes dentro dessa casa, tem muita energia ruim envolta nisso. Não quero que fique cavando nos túmulos dos mortos e revivendo suas histórias. Lembrar é os deixar vivos, e não queremos esses infelizes em nossas vidas.

Toda essa linguagem cheia de mística e ocultismo me causava certo estresse, muito se dizia para pouco eu entender.

               - Tudo bem, eu já vou subir então.

               - Sim certo, feche bem as janelas e não esqueça de ligar pra seus pais, aqueles dois lá não acreditam nessa velha aqui não.

               - Ok dona Aurora dramática. Boa noite

Depois de seguir a risca as instruções dadas por meu carrasco, me lancei na cama pensando em Florenzza, e em tudo que aconteceu hoje e então minha mão procurou o cordão que havia deixado debaixo do travesseiro. E como antes a mesma sensação de formigamento e arrepio passou em minha pele.

Não sei ao certo quando dormi, mas desejei sonhar com minha “namorada.” Sim, o amor é patético.

“havia fogo

Havia uma casa em chamas na escuridão da noite, não tinha ninguém ao redor, apenas o barulho das línguas de fogo queimando tudo.

Estava indo em direção a casa, para dentro dela, para o interior do inferno.

Tudo estava destruído, as paredes eram apenas torrões de cinzas que insistiam em permanecer de pé, a cada canto um foco de fumaça me fazia tossir e meus olhos arderem. O que fazia ali?

(Gregorius)

Uma voz melodiosa, suave e arrastada me chamou de algum lugar. Parei e esperei que chamasse novamente.

(Gregorius venha até mim)

Dessa vez sou mais forte, quase um grito de socorro sexy, senão trágico. Segui o som até um local que poderia ter sido uma sala e uma figura me esperava de costas, não incomodada com o ar carregado e o intenso calor das lavaredas.

Eu a reconheceria em qualquer lugar. Ela observava alguma coisa pelas grandes janelas, enquanto uma cortina se sacudia e queimava como um fantasma.

Seus cabelos longos e ruivos sempre me lembraria da lava escorrendo no gelo de sua pele branca.

               -  Florenzza? – disse caminhando até ela, que não me respondeu – Florenzza, sou eu, Greg – disse novamente já colocando a mão em seu ombro e chamando sua atenção.

Ela apenas sentiu meu toque, olhou minha mão e sorriu contida, se virando tão rápido que me fez cambalear para trás e olhar seu rosto transformado em algo medonho, aqueles mesmos olhos de ave feroz, a pele cheia de veias e vasos pretos e o sorriso que faria até o mais valente soldado tremer.

Me beijou enterrando as trevas em meus pulmões.

Grito

Estou caindo e girando no espaço sem nada enxergar, talvez estivesse de olhos fechados, só os abro quando sinto o chão duro e gelado sobre as costas.

Estava em meu quarto, tudo continuava normal e silencioso. Tentei me levantar porque senti falta de ar, então bati em uma redoma, uma espécie de parede ou talvez um... caixão? Isso! Era um caixão invisível que detinha meus movimentos.

O que era ainda pior seria o fato de estar em um caixão de vidro, dentro do meu próprio corpo, sem controle de nada, assistindo a um pesadelo.

Gritei! Gritei enquanto esmurrava minha prisão.


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Notas finais do capítulo

Então fiquem a vontade pra comentarem gostosinho se quiserem. heheh Até o Próximo.
Só isso.
XOXO .-.



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