Os Marotos e a Casa dos Gritos (HIATUS) escrita por Bianca Vivas


Capítulo 4
O recado de Alvo Dumbledore


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos. Esse capítulo tá pronto desde segunda e eu não via a hora de postá-lo. Como amanhã tenho muita coisa pra fazer, decidi adiantar a postagem. E aí vai, espero que gostem.
P.s.: antes que esqueça, gostaria de agradecer a todo mundo que não me abandonou mesmo depois de dois sem pisar os pés aqui no Nyah.



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Hogwarts definitivamente não era uma escola comum. Seus alunos podiam sair por aí carregando armas nas mãos. Seus terrenos eram habitados por criaturas letais. Seus professores tinham habilidades incríveis, como a de se transformar em um gato. Ainda assim, todos os alunos precisavam acordar porque as aulas começavam às 8 horas em ponto. Atrasos não eram permitidos.

Talvez por isso, na manhã do dia dois de setembro, quatro alunos da Grifinória corriam apressados pelos corredores da escola de magia. Parece que como castigo, a primeira aula do dia era a de Transfiguração, ministrada pela professora mais rígida de toda Hogwarts.

Os quatro chegaram esbaforidos na sala de aula. Incrivelmente, a Professora Minerva McGonagall não se encontrava no recinto. Nem mesmo sua forma animaga — o gato com oclinhos ao redor dos olhos — estava ali. A ordem da classe também não era das melhores. Haviam vários grupos cochichando sobre alguma coisa, tão imersos nas próprias conversas que nem perceberam a chegada de Sirius, Tiago, Remo e Pedro.

Os meninos se aproximaram do grupinho formado por Lílian, Marlene, Mary, Dorca e Alice.

— O que aconteceu? — Perguntou Remo.

— Cadê a professora McGonagall? — Pedro olhava toda hora para a porta da sala, esperando Minerva entrar e dar uma bronca bem grande em todos.

— Algo terrível aconteceu — disse Mary, com um tom dramático na voz.

— Foi a sua prima, Sirius — disse Lilian, segurando a mão do amigo.

— Que prima? Eu não tenho família — Sirius rebateu, cruzando os braços e fechando a cara.

Lilian suspirou e olhou para as outras meninas, pedindo por ajuda. As outras garotas até tentaram falar algo, mas Marlene as interrompeu com um grito:

— Ah, pelo amor de Merlin, Sirius Black! — Ela pôs as mãos na cintura e ficou parecendo muito com uma mãe naquele momento. — Deixa de ser um idiota completo e escuta o que a Lílian tem a dizer. Afinal, o ouro que paga por suas lindas regalias e pelos luxos de Narcisa vêm do mesmo cofre em Gringotes.

Marlene queria chamar Sirius à realidade. Queria que ele percebesse como estava sendo infantil ao renegar tudo que vinha dos Black, mas suas palavras tiveram efeito contrário. No momento em que ouviu o nome de Narcisa, Sirius abriu um sorriso triunfante. Saber que algo ruim poderia ter acontecido a ela tornava seu dia maravilhoso.

— Ok, Marley, você venceu — ele disse, todo cínico. — O que aconteceu com Narcisa?

— Parece que ela foi atacada pelo Salgueiro Lutador — quem respondeu foi Alice. A menina tinha um olhar triste, como se estivesse imaginando a dor da sonserina.

— Ela foi atacada ou estava se metendo onde não foi chamada? — Tiago finalmente se pronunciou.

O ódio do menino Potter por Narcisa Black era quase tão grande quanto o de Sirius. Nenhum dos dois havia esquecido o que ela fizera no ano anterior. E nem iriam esquecer. Tiago, particularmente, esperava o momento certo para se vingar da menina da Sonserina.

— E isso é da sua conta, por acaso, Potter? — Lílian rebateu a pergunta, com sangue nos olhos.

Ultimamente, o simples som da voz de Tiago irritava a garota. O menino, por sua vez, não tinha a menor ideia do que poderia fazer para mudar isso. Por mais que ele gostasse de provoca-la, não havia feito nenhuma brincadeira desde o dia anterior. Lílian não tinha motivos para estar brava com ele. Então, decidiu que não iria deixar barata a provocação.

— Eu não te perguntei nada, Evans — ele disse. — Pare de se meter onde não é chamada você também!

— Eu me meti onde não sou chamada? — Lílian levantou da cadeira e bateu na mesa, irada. A essa altura, todos já tinham os olhos voltados para o grupo. — Desde quando eu me meto onde não sou chamada?

Remo, Pedro. Sirius e o resto da sala assistiam, muito atentos, àquela cena. Lílian, com os olhos tão vermelhos quanto seus cabelos, em pé fitando Tiago. Ela transparecia raiva. Seu punho estava fechado e apoiado na mesa. Com a outra mão, segurava a varinha, pronta para ser erguida. Tiago, por sua vez, olhava para ela com um sorriso rebelde, igualzinho aos seus cabelos. Parecia nem se importar com a raiva toda de Lílian. Na verdade, parecia querer que ela ficasse ainda mais brava para poder dar altas gargalhadas.

Conhecendo os dois, não era muito difícil prever onde, exatamente, aquilo ali iria levar. Por isso, Remo decidiu intervir.

— Calem a boca vocês dois! — Lupin gritou, chamando toda a atenção dos colegas para si.

Ao ver que Lílian havia sentado e o sorriso no rosto de Tiago estava se desmanchando, ele se dirigiu a Marlene:

— Onde está Narcisa Black?

— A Professora McGonagall recebeu uma mensagem estranha — quem respondeu foi Alice. — Uma fênix de luz apareceu e falou algo muito baixo, só consegui ouvir as palavras Salgueiro Lutador, ataque e enfermaria.

 Remo olhou para seus três amigos. Eles sabiam o que deveria fazer. O Salgueiro Lutador guardava a entrada de uma casa abandonada e do segredo do jovem Lupin. Narcisa já havia descoberto que havia um lobisomem nas propriedades de Hogwarts e estava disposta a descobrir quem era. Ela não ia parar. E, se algum dia ela descobrisse que aquele lobisomem era Remo Lupin, um dos melhores amigos de seu primo Sirius Black, ela iria expor o segredo do menino. Os Marotos não poderiam deixar que isso acontecesse.

Quando seus colegas perceberam, eles já haviam disparado pelos corredores de Hogwarts. Se desviaram de todos os obstáculos no caminho, inclusive de Pirraça, que decidiu pará-los para saber aonde iam com tanta pressa. Por sorte, Tiago sempre fora muito bom com desculpas e inventou que estavam indo invadir o escritório do Filch. Assim, o poltergeist correu para avisar o zelador deixando os meninos livres para fazer o que precisavam.

Ao chegarem a porta da enfermaria, encontraram com o irmão de Sirius, Régulo, saindo de fininho por um corredor lateral.

— Parado aí, irmãozinho! — Sirius gritou.

Régulo congelou onde estava e se voltou para encarar o irmão e seus três amigos. No fundo, ele não tinha medo dos Marotos. Sabia que os únicos capazes de fazer algo contra ele eram Tiago e Sirius, mas os dois precisavam dele para saber o que havia acontecido entre Narcisa e o Salgueiro. Remo era inteligente demais para se meter em confusão e Pedro era covarde demais para entrar numa briga com alguém d’Os Sagrados Vinte e Oito.

O Black mais jovem estava completamente certo. Remo já preparava, em sua mente, um discurso sobre manter a compostura. Pedro só se encolhia, perguntando-se o que deveria fazer caso Sirius e Régulo se desentendessem, como sempre. Ele não iria se voltar contra o melhor amigo, mas também não iria enfrentar Régulo — ele era uma espécie de realeza bruxa.

— Olá, Sirius. Olá amigos do Sirius — disse Régulo, com um sorriso forçado no rosto.

Tiago e Sirius se entreolharam. Haviam feito um acordo silencioso para permanecerem calmos e não partir para agressão. Sirius ainda tinha uma certa raiva de seu irmão que iria durar eternamente. Não era nada pessoal. Ele apenas não conseguia gostar de ninguém com o sobrenome Black. A natureza da família não era boa. Régulo não era uma exceção. Mais cedo ou mais tarde iria mostrar seu verdadeiro caráter e ele seria tão podre quanto o resto dos Black. Se pudesse, arrancaria o sangue das próprias veias para não pertencer aquela família.

Como seu melhor amigo, Tiago tomaria o lado de Sirius não importando o que acontecesse. Não havia ninguém no mundo em quem ele confiasse mais e, por isso, se Sirius acreditava que seu irmão não tinha salvação, ele também acreditava. E também sentiria raiva. Por isso mesmo precisavam se controlar. Não iriam arrancar nada de Régulo se o atacassem com feitiços.

— Nós não estamos com paciência, Régulo — disse Tiago. — Desembucha logo.

— Só porque ainda sinto que te devo um favor. — Régulo olhou para o irmão de maneira muito séria. O que ele estava dizendo ali era que sua dívida estava sendo paga, Sirius não poderia exigir mais nada dele.

Sirius assentiu com a cabeça.

— Narcisa descobriu que pode haver uma passagem secreta embaixo do Salgueiro Lutador — Régulo começou e tratou de acrescentar: — Eu não ligo se é verdade ou não, são vocês que gostam de se meter em confusão. — O olha de Régulo ia diretamente para seu irmão e o melhor amigo dele, numa leve alfinetada. — O fato é que ela tentou entrar lá e o Salgueiro Lutador a jogou longe.

— E aí? — Pettigrew perguntou. Estava ansioso para descobrir o que acontecera em seguida, já estava quase roendo as unhas de tanta curiosidade.

— E aí que Dumbledore ficou furioso, não é? — Régulo respondeu como se fosse óbvio. — Agora Narcisa está com tanto medo de levar alguma punição no seu último ano aqui ou estragar o casamento que estão arranjando para ela que não quer nem chegar perto do Salgueiro Lutador.

Os meninos assentiram. Sirius murmurou um “obrigado” e assistiu o irmão voltar para a aula que estava tendo, ou qualquer que fosse o lugar que ele estava antes de ir visitar Narcisa na enfermaria. Agora não precisaram mais entrar e interrogar a Sonserina. Nem levariam uma bronca da Madame Pomfrey por importunar seus pacientes.

Por algum motivo, no entanto, eles se sentiam tristes com isso. Não todos eles — Remo agradeceu por não levar mais uma detenção. Mas os outros três, especialmente Tiago e Sirius, sentiam como se algo tivesse faltando. As aulas já haviam começado, mas nada de interessante estava acontecendo. A não ser Narcisa se metendo onde não era chamada. Ainda assim, perderam a chance de confrontá-la, uma vez que Régulo Black já havia feito todo o trabalho quando chegaram.

Outra coisa que estava incomodando os Marotos — e, dessa vez, Remo estava no meio — era a falta de propósito. No ano anterior, eles sabiam exatamente o motivo de estarem indo à Hogwarts: criar o Mapa do Maroto. Quando o Mapa falhou, pareceu que tudo foi em vão. Eles não tinham nem ideia de qual seria a grande aventura daquele ano porque, a bem da verdade, não haviam planejado.

Claro, sempre poderiam andar pelo castelo durante a noite vestindo a Capa da Invisibilidade de Tiago, importunar Lilian Evans ou pregar peças em Severo Snape e Filch. Depois de um tempo, contudo, até isso se tornaria chato se não houvesse um motivo para fazê-lo. No fim das contas, até uma escola de magia precisava de alguma aventura para ser legal. Além do mais, Hogwarts não era Hogwarts sem alguns dragões.

Os meninos foram pensando e comentando sobre isso enquanto voltavam para a aula de Transfigurações. Esse pensamento, inclusive, ocupou a mente deles por todo o dia. Eles não podiam acreditar que aquele seria um ano letivo calmo. Eles não queriam que aquele fosse um ano letivo calmo.

O que nenhum deles sabia era que a hora do jantar revelaria surpresas.

 Não é comum que os professores façam discursos durante os jantares. As exceções são reservadas para o dia primeiro de setembro e datas comemorativas. Por isso, todos estranharam quando Alvo Dumbledore, o diretor da estimada escola de magia e bruxaria, se levantou e pediu silêncio.

— O que você acha que ele quer? — Mary McDonald perguntou a Pedro Pettigrew, deixando o garoto um pouco corado devido a sua proximidade.

— Não sei — ele disse.

— Deve ser algo importante — interrompeu Dorcas. — Vamos ouvir.

— Boa noite — começou Dumbledore, com muita naturalidade. — Espero que tenham aproveitado bastante o primeiro dia de aulas e se divertido aprendendo magias novas. — A resposta ao comentário de Dumbledore veio na forma de risadas irônicas de alguns alunos do último ano.

Ninguém entendia porque Dumbledore parecia ter essa fixação gigante com “a diversão das aulas”. Nenhum aluno naquela escola gostava de acordar cedo, fazer dever de casa ou ter aulas com o Professor Bins. Talvez Remo, Dorcas, Lilian e Severo, mas todos eles eram meio esquisitos mesmo, então já era de se esperar.

— Mas eu não estou aqui para falar sobre os conhecimentos inestimáveis que os professores de Hogwarts podem transmitir-lhes — ele continuou. — Eu estou aqui para dar um recado muito importante.

Um burburinho começou pelo salão. Todos estavam tentando adivinhar o que de tão importante Dumbledore tinha para comunicar a eles.

— Aposto que é sobre aquele bruxo das trevas novo que surgiu — disse Marlene para seus amigos da Grifinória.

— Cala a boca, Marlene. — Sirius olhou furioso para a garota. — Eu quero ouvir.

Dumbledore limpou a garganta umas duas vezes para chamar a atenção dos alunos de volta a ele.

— O que eu vou dizer é muito importante — ele alertou. — Eu sei que gostam de brincar com o Salgueiro Lutador, e não irei proibir que brincadeiras inocentes aconteçam. Entretanto, uma aluna se feriu tentando encontrar uma suposta passagem secreta embaixo do Salgueiro Lutador que levaria à Hogsmeade. — Mais burburinhos irromperam no Salão Principal. Eles se dividiam entre tentar adivinhar qual aluna fizera tal façanha e em como conseguiriam usar a tal passagem secreta. — Diante deste incidente eu devo alertá-los que não há nenhuma passagem secreta que irá leva-los de Hogwarts a Hogsmeade. Todas as passagens secretas que já existiram neste castelo foram destruídas por mim e pelo antigo diretor, o Professor Dippet, anos atrás. O aluno que tentar entrar embaixo do Salgueiro Lutador com esse propósito, será expulso.

Dumbledore voltou ao seu lugar. O Salão Principal ficou alguns segundos em silêncio até ser enchido pelas conversas dos alunos. Os únicos ainda quietos eram Remo Lupin, Tiago Potter, Pedro Pettigrew e Sirius Black. Eles se entreolharam, sabendo que o que Dumbledore acabara de falar era mentira. Nenhum deles, entretanto, gostaria de falar sobre aquele assunto ali, perto dos outros alunos da Grifinória. Foi então que Tiago levantou da mesa e chamou seus três amigos com um olhar.

Eles saíram correndo até estarem na segurança da Sala Comunal da Grifinória, vazia aquela hora.

— Por que acham que Dumbledore mentiu? — Pedro disparou, assim que passaram pelo quadro da Mulher Gorda. — Só para proteger o Remo?

— Não acho que ele tenha mentido. Não totalmente — disse Remo, se jogando em uma poltrona. — Acho que Dumbledore realmente fechou todas as passagens secretas de Hogwarts, mas não anos atrás. Acho que fechou tudo durante as férias, exceto a da Casa dos Gritos.

— Dumbledore nem sabe onde ficam as passagens secretas — reclamou Pedro. — Ele mesmo confessou isso no ano passado pra gente!

— Ele pode ter descoberto...

— Isso não importa! — Tiago, que estava calado, gritou de repente. — Será que vocês não percebem que não interessa quando Dumbledore ou fechou as passagens secretas. O que realmente interessa é o motivo dele ter feito isso.

— O novo bruxo das trevas que Marley falou. — Sirius estava fitando a lareira, com uma expressão e uma voz mais grave ainda. Voltou-se para os amigos com uma expressão alarmada: — Dumbledore está com medo de que ele possa invadir Hogwarts.

Um silêncio caiu sobre o grupo de amigos. Eles haviam começado o dia pensando que este seria um ano entediante. O oposto estava acontecendo. Mas não do jeito que imaginavam. Os dragões que agora ameaçavam perturbar a paz de Hogwarts não eram inocentes crianças-lobisomens ou duelos entre irmãos. A escola de magia e bruxaria poderia enfrentar um perigo real.

Tal perigo não estava restrito apenas a escola. Toda a comunidade bruxa estava a mercê desta ameaça, mesmo que ainda não soubessem. E o medo de Dumbledore provava como esse tal bruxo maligno representava um perigo grande. Qualquer um que pudesse deixar Dumbledore com medo, a ponto de cercar a escola com proteções, deveria ser considerado um bruxo com talentos e poderes extraordinários.

Na Sala Comunal vazia da Grifinória, os quatro Marotos começaram a perceber que deveriam se preocupar com o futuro do mundo bruxo.


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Notas finais do capítulo

Eu gostaria muito de ouvir as opiniões e sugestões de vovcês, viu?
Fiz o planejamento dessa fic em 2015, então, provavelmente, muita coisa vai mudar ou tomar rumos diferentes (até pq novas ideias irão surgir, né?). Por isso, apesar de já estar tudo planejado, estou muito aberta a tudo o que vcs disserem.
Bjs e até semana que vem!



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