Pov. Angélique:

Fui acordada pela leve claridade que entrava pela janela do quarto, olhei de relance para o lado e sorri assim que percebi que Conrad estava dormindo pesadamente.

Devagar, afastei seu braço que envolvia minha cintura para me levantar da cama, afinal estava faminta.

Assim que cheguei a cozinha comecei a preparar tudo para o café da manhã.

—Por que você levantou tão cedo? – Conrad perguntou visivelmente sonolento assim que apareceu na cozinha enquanto eu colocava uma vasilha com salada de frutas.

—Eu acordei faminta, e pensei que você talvez acordasse com fome.- sugeri colocando outra vasilha cheia de morango com cobertura de chocolate, o doce preferido de Conrad.

—Você caprichou.- ele sussurrou admirando a mesa e sorri.

— Que bom que gostou, é a minha forma de dizer o quanto gostei da noite passada.- disse corando e ele sorriu malicioso.

—Modéstia parte sou bom no que faço, nenhuma namorada minha reclamou de nada.- ele segredou e revirei os olhos fazendo-o rir.

Conrad sempre seria vaidoso com a sua desenvoltura na cama, e agora eu entendia sobre o que minha prima tanto falava durante anos.

—Convencido.- sussurrei e ele sorriu antes de me puxar pela cintura para um beijo.

Depois de alguns dias voltamos para NY retomando assim nossa rotina, ou melhor, nossa nova rotina.

Meus tios fizeram questão de realizar um jantar com toda a família para comemorar meu namoro com Conrad, o qual para todos havia demorado demais para acontecer.

—Pronto para conhecer as minhas tias? - questionei assim que me aproximei de Conrad após deixarem todos entrarem.

—Como se eu não conhecesse as peças.- ele confidenciou enquanto me entregava seu casaco.

Minhas tias Úrsula e Susan eram irmãs do meu tio, e elas eram aquelas tias que sempre fazem perguntas constrangedoras nas reuniões de família.

Hayley e Caleb sempre souberam se defender das duas, já eu, sempre aguentava calada, pois tinha medo de magoá-las, apesar de tudo sabia que elas só queriam meu bem.

Assim que todos haviam chegado e o jantar estava devidamente servido fomos para a mesa.

—Até que fim vocês resolveram ficar juntos, já estava na hora.- tia Úrsula disse enquanto se servia da salada de vagem.

—Pois é, depois de tanto tempo de caso, finalmente resolveram fazer tudo direito agora. Quando irão se casar? - minha tia Susan questionou antes de colocar uma fatia de torta em seu prato.

—Caso? - questionei confusa enquanto olhava para minha tia sem entender.

—Nunca tivemos um caso, sempre fomos amigos.- Conrad disse e concordei.

—E também não vamos nos casar, se não se lembram acabei de deixar meu ex-noivo no altar.

—Espera, você não pensa em se casar comigo algum dia? - Conrad questionou magoado e fiquei sem saber o que dizer.

—Mas que coisa horrível Angélique, pretende ficar fornicando com Conrad até quando? - tia Úrsula questionou indignada.

—Pai, o que é forniando? - Connie começou a questionar confusa para o pai, e Conrad olhou feio para minhas tias.

— Minhas adoráveis tias, não sei se perceberam mais temos uma criança aqui, então segurem a língua.- Hayley pediu amável e as duas olharam feio para ela.

—Tia Susan, por que acha que tivemos um caso? - questionou confusa.

—Por que vocês viviam juntos. Até aquela “namoradinha de faculdade” dele sabia disso.- minha tia disse convicta.

—Ela não era “namoradinha de faculdade” D. Susan, Lucille era minha noiva. Iriamos nos casar dois meses depois da nossa formatura.

—Então, por que ela te deixou? - Tia Úrsula questionou curiosa e Conrad respirou fundo tentando se acalmar antes de dizer algo.

—Isso não é da conta de nenhuma das duas.- ele disse rude e minhas tias o olharam chocadas.

—Mas que grosseiro, é com esse tipo de homem que você quer se casar? - Tia Susan questionou horrorizada enquanto se abanava.- O meus Deus, acho que estou tendo um ataque.

—Susan, pare com isso.- meu tio disse sério e ela o ignorou.

—Por que devo parar se é a verdade? - ela questionou e perdi a paciência pela primeira vez.

—Já chega. Não aguento mais ouvir você dois implicando comigo ou com o Conrad. E nós dois jamais tivemos um caso, fomos grandes amigos durante vinte anos. E foi por causa de pensamentos maliciosos como o de vocês que meu melhor amigo e o homem que eu amo passou três anos sem saber que tinha uma filha. Agora se vão continuar implicando podem ir embora daqui.- disse furiosa e todos me olharam surpresos, menos minhas tias que me olhavam ultrajadas.

—E é por isso que adoro jantares em família, eles sempre podem nos surpreender.- Caleb comentou antes de levar o garfo a boca e todos riram.

Após o jantar perguntei a Conrad se podia levar Connie ao meu quarto, para lhe mostrar algumas fotos de nossa infância juntos e ele concordou.

—Essa foto aqui é de quando tínhamos cinco anos, foi tirada no dia das mães. E esses eram os pais do seu pai.- disse indicando ambos na foto e ela sorriu feliz.

—Papai sempre diz que tenho os olhos da mãe dele.

—Assim como ele, mas seu pai se parece muito com o pai dele.

—É verdade.- ela disse enquanto olhava a foto pensativa.-  Tia Ang, é verdade o que aquelas moças disseram no jantar?

—Não querida. Seu pai amava a sua mãe.- disse suave e ela levantou os olhos para me ver.

—Então por que ela foi embora? Por que ela não voltou para ele quando descobriu que estava gravida de mim? - ela questionou confusa e acariciei seu rosto de leve enquanto olhava em seus olhos com carinho.

—Eu não sei querida, Lucy teve os motivos dela, mas quero que saiba que seu pai e eu fomos amigos durante anos, esse sentimento só mudou recentemente. E mesmo que alguém diga o contrário saiba que não estou mentindo para você. Seus pais se amavam verdadeiramente, e a prova desse amor é você querida. Uma garotinha linda que Conrad ama mais do que tudo na vida.

—Sei disso tia. Papai me diz todos os dias o quanto me ama.- ela disse sorrindo e sorri.

—É bem a cara do seu pai, agora que tal se eu te mostrasse uma foto em que a sua mãe está nela? - sugeri e ela sorriu concordando antes de ei me levantar para pegar outro álbum.

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—A noite está tão terrível assim que está se escondendo? - Conrad questionou assim que me encontrou no telhado da casa dos meus tios que havia sido transformado em um lindo jardim.

—Não, ela está sendo maravilhosa.- disse e ele sorriu amoroso antes de vir até mim e me abraçar por trás enquanto olhávamos as luzes dos carros a abaixo de nós.

—Connie me contou sobre a conversa de vocês. Obrigado pelo que disse.

—Não precisa agradecer, só disse a verdade.- disse e ficamos calados por um tempo.

—Então, por que a tristeza? -  ele questionou preocupado enquanto apoiava seu queixo em meu ombro.

—Quem disse que estou triste? - desconversei e ele me virou para vê-lo.

—Te conheço há anos, sei quando algo há perturba. Por acaso, fiz algo errado? - Conrad questionou preocupado e sorri antes de acariciar seu rosto com carinho enquanto olhava em seus olhos.

—Você não fez nada errado, tem sido um homem maravilhoso não poderia querer ninguém melhor.

—Mas?

—Mas, vejo o jeito que você trata a Connie e me pego pensando sobre o meu pai. Pensando se ele sabe que eu existo, pensando em como ele reagiria ao saber de mim...- sussurrei perdida em pensamentos.

Nunca soube quem era meu pai, pois minha mãe morreu quando nasci já que sua gravidez havia sido cheia de complicações. Meus tios me adotaram como filha, e acabei sendo criada ao lado de Hayley que era seis meses mais velha que eu.

Uma vez perguntei aos meus tios sobre meu pai, mas os dois disseram que não o conheciam, tudo que sabiam era que ele era um ex- namorado dos tempos de colégio da minha mãe, mas pode perceber que havia algo mais nessa historia toda.

—Você quer ajuda para encontra-lo? - Conrad questionou me despertando dos meus pensamentos.

—Claro, mas como você irá encontra-lo? - questionei confusa e ele sorriu.

—Claro que sim, você ficaria surpresa em saber como o sobrenome Labonair abre portas em todos os lugares. Só vou precisar de qualquer informação que tiver.- ele pediu e concordei suave. – Agora que tal se entrássemos, está esfriando?

—Claro.- disse antes de acompanha-lo para dentro

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Após o jantar, fui ajudar a minha tia a lavar as louças.

Mesmo tendo lava-louças em casa e empregada, ela adorava lavar –louças. Para ela era uma verdadeira terapia.

—Quer ajuda tia? - questionei e ela sorriu concordando.

—O jantar foi ótimo, não foi querida? - ela questionou suave e sorri concordando.

—Foi tia, obrigada por tudo.

—Que isso querida, tudo que faço é por amor a você.- ela disse amorosa enquanto lava as louças e eu enxugava.

—Sei disso, mas posso lhe fazer uma pergunta? - questionei temerosa por sua reação.

—Claro filha.

—Tia, a senhora conheceu meu pai? - questionei e ela piscou confusa.

—Que tipo de pergunta é essa? - ela questionou nervosa.

—Tia, preciso saber quem é meu pai. Já não conheci minha mãe, acho que tenho o direito de saber quem é meu pai.- disse decidida e ela suspirou cansada.

—Querida, você sabe que não conheci os namorados da sua mãe, pois na época que ela engravidou eu já estava casada e estava gravida da Hayley.

Na época em que nasci minha tia tinha 24 anos e minha mãe tinha acabado de fazer 18 anos.

—Sei disso tia, mas qualquer coisa pode me ajudar.- implorei e ela suspirou suave.

—Tudo bem, me dê alguns dias para me lembrar de algo.- ela disse resignada e sorri agradecida antes de abraça-la com carinho e agradecimento.