Estávamos assistindo filme de lobisomem as meia noite. Estava chovendo muito e fazia muito frio. Nós deveríamos estar dormindo como nossa mãe havia ordenado, mas Ingrid, minha irmã, disse que seria ótimo ver filmes enquanto nossa mãe dormia. Nosso pai era mais rígido, mas não estava em casa neste dia. No meio do filme escutei uma porta se abrir. Ingrid se levantou e foi até o quarto de nossa mãe para se assegurar que ela não tinha acordado. Foi nesse momento que ouvi os gritos de minha irmã.

                Fiquei sem fazer nada, pois não sabia de que maneira agir e nem sabia o que estava acontecendo. Ingrid chegou chorando e disse ”mamãe morreu, ela está morta lá na cama nós temos que fugir daqui, alguém a matou”. Eu fiquei de boca aberta e quase comecei a ter um ataque de pânico quando barulhos começaram a fazer no quarto onde nossa mãe estava.

                Sem pensar muito saí correndo, mas todas as portas e janelas estavam trancadas e não conseguir abrir. Fui para a cozinha onde tinha uma entrada para um porão que tinha saída para o lado de fora da casa. Ingrid estava comigo quando todas as luzes se apagaram. Procurei pelo interruptor e ao passar minhas mãos em volta dele já havia outra mão e não eram as de Ingrid. Foi então a hora que relampeou e a cozinha toda clareou, foi quando vi minha mãe bem pertinho de mim. Eu gritei e saí correndo para o porão. Havia uma escada para descer, mas fui cambaleando até chegar ao chão.

                Ao tentar abrir a porta dos fundos que era minha única saída minha falecida mãe aparece e me pega pelos ombros. De alguma forma eu me solto e me afasto da saída. Desesperada, subo pelas escadas da entrada para o porão saindo de lá. Corro para meu quarto, mas minha mãe vem logo atrás e consegue me alcançar. Então ela grita “para com isso”.

                Tremendo eu me viro e vejo minha mãe vivinha e apavorada. Com a respiração acelerada eu pergunto “mãe, você não está morta?”. Ela ficou assustada com a minha pergunta e disse “claro que não querida, foi outro de seus pesadelos?”.

—mãe eu não estava sonhando. Disse eu não entendendo absolutamente nada.

                Caminhei até a sala e continuava passando o filme que Ingrid e eu estamos vendo.

—foi a Ingrid que me assustou, ela disse que você tinha morrido. Falei abraçando a mamãe.

                Minha mãe afastando-se de mim perguntou “quem é Ingrid?”.

—como assim “quem é Ingrid”? Minha irmã, sua filha. Disse eu levantando as sobrancelhas.

                Então minha mãe deu um leve suspiro e disse “Jamilly, você não tem irmã”.