Maze Runner - A Rebelião escrita por darkshowerd


Capítulo 5
Capítulo 4




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4

Thomas havia acordado cedo naquela manhã. Sentado na cama, virado para seu lado e com os pés para fora, tocando o chão, olhou a penumbra roxa do céu, ainda com algumas estrelas, clareando aos poucos, à medida que o sol ia nascendo ao leste, bem distante, atrás de verdes montanhas.

Virou o pescoço para trás e um pouco do corpo, e viu Brenda, deitada, com seus cabelos negros e curtos cobrindo-lhe uma boa parte de seu rosto. Ele não queria acordá-la. Levantou-se devagar da cama de casal e começou a andar com cuidado. Havia mais gente ali. Crianças, adolescentes e adultos, dormindo em colchões no chão. Eram poucas casas para muitas pessoas.

Thomas seguiu para o banheiro. As paredes com ladrilho branco reluziam com os primeiros sinais de claridade do dia. Thomas se olhou no espelho, lavou o rosto, desceu e foi para fora de casa. Ele se encaminhou para o refeitório do Caçarola, a poucos metros dali.

Caçarola voltava a fazer sua especialidade: Cozinhar. Algo que aprendeu com seu pai. Na verdade, era uma das últimas lembranças que tivera com ele.

O refeitório era todo coberto com palha de capim e repleto de mesas de madeira fabricadas ali mesmo, na nova Clareira. Ao fundo, havia uma cabana, com uma imensa abertura, onde se encontrava Caçarola e uns dois ajudantes, preparando o café da manhã.

Thomas encontrou Jorge em uma mesa ao lado esquerdo do refeitório. Ele subiu o degrau do assoalho de tábuas de madeira, se dirigiu a cabana do Caçarola, pegou um copo de água, um sanduíche especial preparado pelo mestre-cuca, uma maçã e foi a mesa de Jorge, onde sentou de frente para ele e o cumprimentou.

— Será que o rei dos Cranks me concede a honra de tomar café com ele?

— Sente-se, jovem gafanhoto.

Os dois riram e Thomas começou sua refeição. Ele comia, mais não conseguia disfarçar sua preocupação: Cabisbaixo, com a respiração profunda e com os olhos perdidos na mesa.

— O que foi Thomas?

— Ãh?... Nada não... É que ... Sabe, e difícil engolir tudo o que passamos. Tudo o que fizemos e... e o que deixamos de fazer — pronunciou essa última frase suspirando, devido ao resumo de memória que passavam em sua cabeça no momento. O labirinto, Chuck, Teresa, Newt, o CRUEL. Tudo lhe invadiu a cabeça repentinamente.

— Não se culpe pelo que aconteceu antes. Você fez o que pode. Esqueça o CRUEL e suas malditas torturas inúteis. Precisamos de um líder forte e que consiga seguir em frente pra nos guiar, certo Muchacho?

Thomas sentiu certo conforto com o apoio de Jorge. Suas memórias iam se ordenando e sumindo aos poucos com a culpa.

— Quanto a esse negocio de líder, quando foi que decidiram isso mesmo?

— Ué, porque não?

— Não. Bem, no momento não acho que eu seja a melhor opção para liderar a Clareira. È só que... Não quero esse peso para mim, entende? Não me sinto preparado para isso.

Jorge deu de ombros. Não concordava com Thomas, mas parecia não querer forçar a barra.

Thomas continuou.

— E quanto ao que falaram ontem? Sobre terem avistado algum objeto voador? E se tivesse sido um Berg ou outra coisa desse tipo? E se o CRUEL estiver nos testando mais uma vez com o pouco que sobrou deles? — Thomas exibia um semblante de preocupação e tristeza cada vez que fazia uma pergunta — Eu não sei o que vou fazer se perder mais alguém.

A medida que Thomas e Jorge iam conversando, mais pessoas acordavam, mais claro ficava o dia e aos poucos, o refeitório ia se enchendo.

— Esse é o espírito Thomas! Não deixar que nada aconteça com aqueles que você ama. Siga em frente Hermano. Seja forte. Aquilo sobre ter visto um Berg pode ter sido só um engano. Eu acho bem difícil que eles ainda tenham condições de nos torturar.

— Quem teria condição de torturar o que?

Thomas e Jorge viraram a cabeça e viram Minho quase em frente a ponta da mesa, com uns dois sanduíches um copo de água e uma maçã.Ele parou e cumprimentou Thomas:

— Bom dia cara!

— E ai?

Cumprimentou Jorge e se sentou no banco ao lado de Thomas. Agradeceu mentalmente por Minho interromper toda aquela insistência de Jorge para que ele fosse líder.

— Do que estavam falando?

— Era sobre a tal nave. — disse Thomas, agora um pouco mais animado.

— Aquilo? Acho que foi um cara de mértila que inventou isso. — Minho abocanhou um sanduíche — Mas sei lá? Vamos ver se vemos algo de diferente na caminhada de hoje. — falou de boca cheia.

Eles ficaram ali conversando por um tempo, e enquanto isso, mais pessoas foram aparecendo. Brenda, Sonya, Gally, Aris também, porém Thomas quase se esquecera dele. Mal se falaram desde que chegaram a aquele lugar. Talvez, manter contato com ele lhe traria lembranças sobre Teresa, algo que o perturbaria todos os dias. Já bastava o sentimento de culpa.

Depois do café, Thomas tirou um tempo para andar por ali. Começou a olhar tudo em volta e refletir sobre todas as coisas que encontraram: os abrigos no meio da floresta, os suplementos e as sementes que encontraram nas maletas, e como se organizaram em apenas alguns meses.

Logo depois das casas, vinham as plantações: Trigo, milho, feijão, tomates e muitas outras plantas, ordenadas em hortas. Todas dentro de um grande cercado improvisado de estacas e sarrafos de madeira.

Seguindo adiante, uma fazenda com alguns animais. Aquilo era bem improvável. Todos pensaram que para obter carne teriam que caçar cervos ou aves que aparecessem nas árvores. Entretanto, algumas caminhadas nas trilhas os levaram até galinha, porcos selvagens e ovelhas nas encostas das montanhas distantes.

Casas de trabalhos, como madeireiras, armazéns e um arsenal subterrâneo, com todas as armas que conseguiram trazer, junto com o Braço Direito depois da batalha contra o Cruel, eram as outras coisas que haviam por ali, todas construídas depois que chegaram, além das reformas em todas as cabanas.

Thomas, assim como muitos outros, chegaram a um consenso de que os sistemas de funções e até as linguagens que usavam na Clareira do labirinto, era aplicável ali também. Ele nunca pensara que veria de novo ou que entenderia muitas das funções que vira no labirinto: Retalhadores, Desbastadores, Construtores, Socorristas... A maioria desses nomes passou a ser usados novamente, juntos com novos nomes, como os Vigias, e inclusive os Corredores também voltaram. Thomas fora indicado para ser o encarregado, mas passou o cargo para Minho.

+++

Agora ele se encaminhava para uma trilha na floresta ao norte, onde estava o grupo de Corredores se aquecendo para começar uma nova exploração pelos arredores. Eles faziam aquilo durante todos o dia de semana, uma hora depois do almoço. O grupo era composto por Minho, Thomas, Brenda, Sonya, Aris, Gally, Alisson, uma garota de cabelo marrom curto e liso, olhos castanhos, magra e com uma personalidade radiante, que era do grupo B e Peter, um garoto loiro cacheado e curto, caucasiano, de olhos azuis, era alto e brincalhão, fazia parte do Braço Direito. Todos se separavam em duplas, que foram escolhidas desde que começaram a explorar as proximidades.

— É o seguinte, o mesmo de sempre pessoal: Todos já sabem sua dupla. Explorem as proximidades e marquem pontos de referências. E não se esqueçam, voltem antes do anoitecer, só pra garantir que não vamos encontrar verdugos nessa selva ou algo assim. — Thomas terminou sua frase com tom de ironia. Ficou impressionado de começar a se sentir bem novamente e diminuir os pesos da sua consciência. Antes de se separarem Thomas foi abordado por Sonya.

— Será que poderíamos mudar as duplas? Pelo menos uma vez, sabe? Para nos adaptar com mudanças... conhecer melhor os outros.

Thomas ficou surpreso com a ideia dela, mas não questionou muito.

— Ah... Tudo bem... Então, vamos trocar.

— Eu posso ir com o Minho?

— O que?Bom... Por mim tudo bem — falou Minho, saindo de seu torpor.

Gally saiu da dupla de Minho e ficou com Peter.

— Thomas, posso ir com você? — Chamou Aris. Ele chegou perto de Thomas — Eu gostaria de conversar com você. Por favor!

Thomas não gostou do convite. E embora não estivesse demonstrando isso, estava relutante por dentro. Olhou para Brenda que acenou um sim com a cabeça e se dirigiu a Alisson.

— Tudo bem — Thomas deu de ombros e não disse mais nada.

Todos seguiram caminhos diferentes e começaram a explorar.

Não demorou muito para Aris puxar assunto com Thomas

— Então... É tão estranho não é? Há pouco tempo estávamos lutando por nossas vidas. Mal nos conhecíamos e agora estamos livres e unidos para poder sobreviver.

— Pois é... — Thomas respondeu um tanto desanimado. Não queria falar com ele. Aquele papo não estava realmente interessante. Mas ele não estava a fim de conversar com Aris em si, mesmo que parecesse alguém mais confiável agora. Assim, eles continuavam andando floresta adentro, Thomas vasculhando todas as direções, Aris com o olhar perdido no chão.

— Thomas, eu só quero que saiba que sinto muito! Desculpe-me por fazê-lo se sentir traído no deserto...

— Tudo bem.

— Mas sinto muito principalmente por Teresa.

Thomas se deteve de costas para ele. Estava um pouco a frente de Aris, que também parou e parecia estar encarando Thomas. Aris continuou:

— Eu sei que o principal motivo para você não querer falar comigo é pela Teresa. Mas acredite, eu sei como você se sente. — Aris terminou gemendo e olhando para o chão. Então se sentou num tronco de árvore caído ali por perto, largou sua mochila com suprimentos e Thomas sentou ao seu lado, fazendo o mesmo.

— Quer dizer, quando eu cheguei no labirinto, estava confuso, com medo e cercado de garotas.

Eu era desprezado, por ser o único garoto, porém, a Rachel, tornou-se minha amiga muito rápido. Ela também se comunicava telepaticamente comigo. Não sei o que ela viu em mim, mas eu me sentia cada vez mais próximo dela. — ele falava enquanto gesticulava.

"Ela era inteligente, gostava de prender os cabelos compridos e castanho-claros dela. E olhos, nossa cara, olhos esverdeados como nunca tinha visto antes.

"Quando conseguimos fugir do labirinto, ninguém se sacrificou por ela, quando a Beth atirou aquela faca. Nem mesmo eu. Eu me senti muito inútil muito fraco. Eu nunca me perdoei por isso. Vi minha melhor amiga morrer na minha frente. Alguém, que talvez fosse mais do que uma amiga.

Thomas sentiu-se comovido.

— Tudo bem — ele deu dois tapinhas no ombro de Aris. Aquilo era estanho, mas sentiu que confortá-lo era o certo a se fazer — Não tem o que se desculpar. O que aconteceu foi tudo culpa da covardia do Cruel. Fique tranquilo, nunca mais vamos ver aqueles vermes de novo.

— Obrigado Thomas. Por entender.

Thomas deu um leve sorriso e se levantou.

— Bom, agora vamos. Temos muito o que vasculhar por ai! — ele disse isso, agora sentindo um pouco mais de confiança em Aris. Aos poucos, sentia que não tinha mais motivos para não falar com ele. Querendo ou não, tinha que esquecer o que passou. E também, todos estavam no mesmo time agora. Ele lhe estendeu a mão e o levantou. Os dois juntaram suas coisas novamente e continuaram a vasculhar a floresta.

Enquanto isso, Brenda estava se enturmando cada vez mais com Alisson. E Minho, estava mais focado em avistar qualquer coisa estranha por ali. Sonya tentava conversar com ele, mas algumas vezes, ele dava de ombros.

— Então, você era como o líder dos Corredores antes?

— Ãh? Ah, sim.

— Acho isso bem legal!

— Pois é. — Apesar das respostas curtas de Minho, ela insistia em continuar puxando assunto, com esperança de desenvolver alguma coisa com ele.

Mais distante dali, Thomas e Aris continuavam a explorar. Já era fim de tarde e não haviam encontrado nada de diferente. De repente, no meio do percurso, Thomas se deteve, levantando um pouco seu braço direito para que Aris, logo atrás dele, parasse também.

— Olha isso — Thomas ajoelhou-se e passou a analisar cinzas que haviam por ali. Estavam concentradas em um só lugar.

— Cinzas? Quem iria acender uma fogueira tão longe das cabanas? Acha que tem mais alguém aqui?

— Não sei. Mas, se tiver... — Ele se levantou devagar — vamos encontrar.

E seguiram em frente, apesar de estarem bem distante da Clareira. Mais a frente encontraram marcas e cortes nas árvores. Todos ali levavam facões para abrir caminho pela mata, mas Thomas sabia que aquelas marcas não eram deles. Não eram riscos aleatórios nos troncos. Pareciam símbolos.

— Pare! — Aris olhou para lado — Ouviu isso? — e fez um sinal com a cabeça para Thomas.

— O que?

De repente, um barulho distante começou a ecoar. Era um barulho de turbinas. Num ímpeto, Thomas começou a correr na direção do barulho. Aris demorou um pouco para acompanhá-lo, mais consegui alcançá-lo e seguir seu ritmo. Thomas dava investidas rápidas com seu facão em galhos e cipós que apareciam na sua frente, mas mesmo assim não consegui atravessar tudo aquilo sem se arranhar. Quando se deram conta, estavam numa espécie de trilha, que havia sido feita ali há pouco tempo. O barulho continuava. No entanto, quanto mais se aproximavam, mais o barulho ia diminuindo, até que de repente, ele parou. Thomas foi diminuindo os passos até parar de correr.

— Perdemos eles — disse ele ofegante.

— Quem? O que acha que era? — Aris perguntou na mesma situação de Thomas

— Eu não sei. Mas estou começando a acreditar nessa história de terem visto um Berg por perto.

Terminando de falar, Thomas pegou seu cantil de água e sorveu muitos goles.

— Ah cara! E agora?

— Vamos voltar aqui amanhã, mais cedo. Mas enquanto isso, vamos manter isso só entre os Corredores, tudo bem Aris?

— Ok.

— Agora vamos voltar. Temos que estar na clareira antes do crepúsculo.

Os dois seguiram num ritmo um pouco mais lento, até retornarem a Clareira, onde encontrariam todos os corredores novamente.

 


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